Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Dulce Maria 

Ainda não estava acreditando que o meu vizinho estava dividindo uma mesa comigo como se fôssemos grandes amigos. Eu mal conseguia encará- lo, pois se fizesse isso correria o risco de beijá- lo mais uma vez.

Poderia simplesmente culpar a bebida, mas a verdade foi que fiz tudo consciente.

Quando disse para ele que o jeito carrancudo atraía atenção, não estava mentindo, porém as pessoas normais se afastam desse tipo de gente e eu, queria ficar mais próxima dele.

─Você está me evitando? ─a pergunta dele me pegou desprevenida, encarei- o e maldita hora que fiz isso, pois ele tinha o queixo apoiado nas mãos, enquanto os cotovelos estavam em cima da mesa. Engoli em seco.

─Não. Por que estaria? Ele sorriu de canto.

Ah, droga! Se não quer contato, Christopher, pode ir parando de me olhar assim.

─Desde que decidiu permanecer na festa, não falou nada e nem tocou na bebida que o garçom lhe entregou. Sorri. Olhei para a bebida e depois para as pessoas dançando.

Permaneci em silêncio, observando a música mudar para um ritmo lento e vários casais começaram a se formar para dançar. Christopher ficou de pé repentinamente e esticou a mão para mim.

─Dance comigo. ─dessa vez não consegui conter a surpresa, arregalei os olhos e encarei. O que deu nele?

─Acho melhor não. ─Peguei o copo de bebida e bebi um pouco para esconder o sorriso que estava querendo vacilar.

Christopher tirou o copo da minha mão e devolveu a mesa, me puxou lentamente para ficar de pé.

─Não tem ninguém sentado. Apenas aceite logo, antes que eu desista.

Revirei os olhos. Ele estava certo, todos ali estavam dançando. Nunca vi todo mundo dançar em um casamento de uma só vez.

─Você poderia continuar fingindo ser educado. Estava quase lá.

Caminhamos até a pista de dança e paramos um de frente para o outro. Tentei não encarar seu rosto, desviei o olhar para os lados e hesitei por um tempo para colocar a mão em seu corpo. Esse homem me fazia perder o juízo e tê- lo tão perto, estava sendo torturante demais.

Coloquei a mão em seu ombro, enquanto a outra estava sendo segurada por sua mão. Meus batimentos estavam muito acelerados.

─Você está tensa, Dulce. E muito me admira, já que é tão atrevida. Parei de mover os pés e o encarei.

─E você é um ogro, mal- educado.

─Eu sei disso. Já me falou. ─ Christopher sorriu e apertou um pouco a mão em minhas costas aproximando mais o contato. Voltamos a dançar.

─Por que decidiu bancar o amigo?

─Já disse, praticamente fui obrigado a vir nessa festa e uma companhia faz com que as horas passem mais rápido. Parei de novo e encarei aqueles olhos penetrantes. Queria beijá- lo novamente, mas ele só estava a salvo disso porque tinha muita gente nessa pista.

─Espero que eu esteja sendo uma boa companhia. ─falei com sarcasmo e sorri para ele.

─Melhor impossível.

Voltamos a dançar em silêncio. Não ia mais forçar um diálogo, ter ele perto de mim é bom demais, mesmo achando tudo aquilo estranho, não ia procurar briga para afastá- lo.

Depois da dança resolvi ir embora e Christopher fez questão de me acompanhar.

No carro, o silêncio foi constrangedor, mas conseguimos chegar vivos em casa pela tensão que estávamos. Meu coração era traidor, batia descompassadamente pela ansiedade do próximo passo. Quando subi o primeiro degrau da escada, meus pés reclamaram. Maldita hora que resolvi dançar com aquelas sandálias. Ela era do tipo que colocava apenas para se manter sentada.

Parei de repente, arranquei os saltos e gemi ao sentir os pés no chão frio.

─Agora está bem melhor. Subi as escadas rapidamente.

Meu vizinho acompanhou meu ritmo. Por algum motivo não conseguia conter o sorriso no rosto, e quando parei no último degrau do último andar, parei e virei- me para ele. Christopher me olhou assustado, talvez pensando que eu fosse beijá- lo. Não era por falta de vontade, mas não iria ultrapassar mais uma barreira hoje.

─Obrigada pela carona. O cabelo dele ainda estava impecavelmente penteado e amarrado em um coque samurai. Nos meus pensamentos mais pecaminosos, desejava tirar o terno e beijar cada centímetro daquele corpo. Sacudi a cabeça espantando os pensamentos e voltei a fazer o papel da boa vizinha.

─Não ache que se tornou amiga íntima depois de hoje.

Não deixei me abalar por aquele comentário.

─Boa noite vizinho, melhor cada um ir para sua casa antes que a noite termine mal.

─Boa noite vizinha.

Christopher se aproximou e beijou meu rosto rapidamente. Prendi o ar com aquele contato, piscando os olhos para voltar a si. Acenei concordando e me afastei para não agarrar no pescoço dele.

Peguei a chave dentro da bolsa e fingindo não estar abalada, entrei em casa. Fechei a porta e apoiei meu corpo contra a porta, tapando a boca com a mão para não gritar eufórica. Acho que consegui progredir um pouco no caminho até chegar na vida dele.

Fui em direção ao quarto dançando pelo meio da sala, larguei as sandálias no chão e fui para o banheiro. Estava feliz. Hoje foi uma das melhores noites desde que me mudei. Pensei que eu fosse pegar logo no sono, mas estava enganada. Rolei na cama por um bom tempo, pensando em tudo o que tinha acontecido.

Foi sonho ou realidade?

Olhei para o chão e vi a sandália jogada no chão. De fato, o que aconteceu foi bem real.

Cobri parte do rosto com o edredom para esconder o sorriso bobo que eu tinha nos lábios. Eu o beijei na boca. Ele beijou meu rosto. Ainda não acreditava que tudo aquilo tinha acontecido. Quando finalmente senti minha mente sossegar, fechei os olhos para dormir.