Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Christopher

De repente tudo parecia diferente. Eu já não odiava mais ter uma vizinha. Na verdade, estava me acostumando a ter Dulce morando em um dos meus apartamentos. Era um sentimento estranho que sentia em meu peito e por mais que minha mente gritasse para não se aproximar, quando eu menos percebia estava bem próximo. Não sabia explicar o que estava acontecendo, eu só sentia a necessidade de tê-la por perto. Nem sempre fui babaca com as mulheres, isso aconteceu depois do fatídico dia em que fui abandonado no altar. Rebeca me fez desacreditar nas mulheres e no amor. Mas por algum motivo, tudo parecia mudar e a culpada dos novos sentimentos era da minha vizinha.

A mulher linda do sorriso fácil, da língua afiada. Estava começando a gostar dela. Contudo, a razão sempre dava um jeito de aparecer e me lembrar de que em pouco tempo voltaria a minha rotina de trabalho, de que me mudaria daquele apartamento, afinal o escritório da minha empresa fica um pouco longe e não queria de forma nenhuma ter que viajar mais de sessenta quilômetros todos os dias.

Correndo há quase trinta minutos, ainda não conseguia esquecer o rosto surpreso de Dulce por me ver na retaguarda. Já tinha a visto comendo cookie algumas vezes, foi por isso que pedi um para ela. Eu não via nada demais naquele alimento, era só um simples biscoito com gotas de chocolate, mas se ela gostava não iria discutir.

Meu peito ardeu quando acelerei o passo, a respiração ficava cada vez mais difícil. O tempo estava frio, mas a umidade do ar não ajudava muito. Aumentei o volume do celular para que à música bombardeasse minha mente e eu enfim pudesse esquecer um pouco de Dulce.

Os minutos seguintes foram rápidos, conferi o horário e percebi que já fazia mais de uma hora que estava correndo, decidi voltar para casa. Sentia-me cansado o suficiente para depois do banho cair na cama e recuperar as poucas noites de sono que tive naquela semana. Fui bombardeado pelo cheiro do meu perfume preferido quando alcancei o último lance de escada, quando olhei para cima a vi com as pernas de fora em um vestido solto e curto. Engoli em seco. Imaginei tanta coisa se eu estivesse a centímetros daquela pele.

─ Oi, de novo. ─ disse com um sorriso largo ao me ver, o vermelho em seus lábios se destacava, deixando-a ainda mais bela. Desejei por um minuto agarrar aquela cintura e levá-la para dentro da minha casa e reivindicá-la como minha.

─ Vai sair? ─ Não consegui esconder o interesse em saber para onde ela ia. ─ Vou ao cinema com, Cat. Dulce começou a descer as escadas, enquanto eu permaneci no último degrau. Queria ter algum vislumbre daquelas pernas à medida que o vestido balançasse com o movimento.

─ E os outros? A verdade era que eu queria saber se aquele paquerador de merda também ia. Dulce terminou de descer e parou na minha frente, um degrau acima do que eu estava, o cheiro do perfume agora estava mais forte e senti invadir cada maldito centímetro do meu corpo.

─ Você anda muito estranho Christopher. Devo me preocupar? Fixei os olhos no dela.

Aquele cheiro...

─ Já disse. Podemos tentar ter uma boa relação. Maria sorriu de uma forma sexy.

─ Minha mente é muito maliciosa, deveria não usar palavras com duplo sentido.

Limpei a garganta tentando não perceber o que ela tinha acabado de falar. Droga queria provar mais um pouco daquela mulher.

─ Não duvido nada vindo de você, vizinha.

Dei espaço entre a parede para passar, ela desceu, ficou no mesmo degrau que eu e quando seu braço roçou no meu, meu corpo inteiro pareceu incendiar.

─ Bom filme.

─ Obrigada! Mais uma vez, Dulce me surpreendeu com um beijo no rosto.

─ Eu estou suado. ─ Sorri involuntariamente para ela. Dulce apenas sorriu e desceu me deixando feito um bobo naquela escada. Observei-a ir embora, o toque do meu celular que me tirou daquele transe momentâneo. Achei estranho Rafael me ligar àquela hora em plena sexta-feira, atendi e me concentrei em ir para casa tomar um banho.

─ Oi Rafael!

─ Que tal um barzinho hoje?

─ Não! O que aconteceu que você está me ligando?

─ Está em casa? Comecei me irritar com a enrolação de Rafael.

─ Fala logo o que quer.

─ Estou indo em sua casa. O que tenho que falar, tem que ser pessoalmente, pois tem que assinar um contrato.

Rafael e seus dramas para me passar algum trabalho que ele não resolvia.

─ Ok.

Larguei o celular em cima da mesa depois de desligar e fui tomar um banho. Quando a campainha tocou, já sabia que era meu amigo. Eu não estava esperando ninguém e levando em consideração que minha vizinha foi ao cinema, ela não aparecia em minha casa bêbada, batendo na porta.

─ Algum problema com algum fornecedor?

─ Não vim falar das cafeterias. Vim falar do contrato de aluguel da Dulce. Passei a semana pensando em como quebrar o contrato e aqui está outro contrato, informando que o dono do apartamento é você, então se vocês dois querem... ─ Rafael empurrou o envelope na minha mão e se sentou no sofá. ─ Por um momento, pensei que fazer você ter uma vizinha faria você voltar a ser o Christopher que conheço. Poderíamos quebrar o contrato… Não sei se estou feliz com isso.

─ Não vamos falar do que me fez agir assim.

─ Meu amigo, sei que você sofreu pra caralho... mas a vida segue. Você tem uma vizinha gata, poderia pensar em seguir sua vida.

Abri o envelope e me sentei no sofá também, li o que estava escrito.

─ Não preciso disso. Rasguei os papéis. Rafael olhou confuso os meus movimentos.

─ Ficou maluco? Se quer a mulher fora do apartamento... os dois teriam que assinar esse contrato.

─ Eu já conversei com ela, disse que ela poderia permanecer no apartamento.

─ Você o quê?

─ Você me ouviu. Rafael abriu o botão do blazer do terno relaxando no meu sofá.

─ Agora coloquei fé em você, meu amigo. Você tem cerveja? Não adiantaria mandá-lo embora, sabia que ele não iria naquela hora então me levantei e fui pegar o que ele pediu.

─ Aqui. ─ Abri a minha e voltei a me sentar no sofá.

─ Valeu cara.

─ O Cristiano vai se casar.

─ Recebi o convite. Você está bem em ir a esse tipo de evento?

─ Não! Principalmente porque a cerimônia será no mesmo local que a recepção.

─ Você precisa encarar para superar.

─ Eu sei.

─ Convide a Dulce para ir com você. Tossi, engasgando-me com a cerveja.

─ Ficou maluco?

─ Não! Percebi que você fica balançado com ela. Convide-a. Peça para ajudá-lo a superar esse trauma.

─ Não vou contar para ela que fui abandonado no altar.

─ Por que não? Isso será bom para ela saber o porquê você age como um babaca.

─ Você está na minha casa e bebendo minha cerveja. ─ Fingi uma ameaça.

─ Que está muito boa por sinal. ─ Rafael levantou a lata em minha direção. ─ Pense no que eu te falei. Sei que alugar esse apartamento para uma mulher foi a melhor decisão que já fiz, e você sabe disso também.

─ Como ia imaginar que daria certo?

─ Fiz uma aposta, parece estar dando certo. ─ Piscou o olho.

Liguei a televisão para assistir. O assunto logo se dissipou e engrenamos em comentários no jogo que estava passando. Bebemos umas seis latas, quando Rafael foi embora, me pedindo para pensar mais uma vez no que ele havia sugerido. Desliguei a TV e fiquei em pé, próximo a janela da sala pensando em toda conversa que tive com meu amigo. 

Tô de volta amores!!! devo continuar????