Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Christopher

Respirei fundo quando cheguei ao refúgio da minha casa. Dulce iria me enlouquecer a qualquer momento. Amigos não beijam, Christopher! Que se dane a amizade. Ver aquela mulher de roupão com água escorrendo pelo seu pescoço, me fez ter visões realmente eróticas.

Abri a geladeira me concentrando nos ingredientes que deveria pegar, e saí de casa com uma sacola cheia de coisas. Esperava que ela já estivesse vestida. Da porta de entrada avistei Dulce, afinal a cozinha era integrada a sala. Não sei bem o que deu em mim para me oferecer para cozinhar, também não queria entender. Estava gostando do nosso contato.

Ela se virou no momento em que fechei a porta. Nossos olhares se encontraram e sabia que aquele beijo, não poderia simplesmente ser ignorado.

─ Já coloquei a água para ferver. ─ O sorriso que me desarmava estava estampado em seu rosto. Caminhei na direção do balcão da cozinha e coloquei a sacola em cima, tirando as coisas de dentro. Comecei a cortar os temperos para fazer o molho e refogar o camarão. Dulce me observava como se eu fosse um estranho. Tudo bem que não somos íntimos, mas somos vizinhos alguns meses, não vejo motivo de me olhar atravessado.

─ Você tem creme de leite?

─ Tenho. ─ se afastou para pegar, enquanto coloquei o macarrão na água que já fervia.

─ Você sabe cozinhar mesmo? Ela parou do meu lado, olhando tudo o que eu estava fazendo. Virei-me e a peguei pela cintura, colocando-a sentada no balcão.

─ Apenas sente-se aqui e observe. ─ Se ela continuasse ao meu lado, não conseguiria me concentrar.

─ Ficou maluco? Olhei para ela fixamente. Queria dizer que fiquei maluco desde que a vi, mas voltei a me concentrei na comida. Dulce permaneceu calada enquanto eu já finalizava a comida, percebi ela mexendo os dedos nervosos como se quisesse falar alguma coisa. Escondi diversas vezes meu sorriso. Um celular começou a tocar e como não trouxe o meu, sabia que era o dela.

─ Senhor chef, posso descer para atender a ligação? ─ o sarcasmo dela me fez sorrir, a encarei e olhei também para suas pernas expostas por um short curto, voltei a olhar para ela e meneei a cabeça concordando.

─ Aff, você é um babaca. Pulou do balcão e caminhou até a sala.

─ Eu sei disso. ─ respondi em bom tom para que ouvisse. Coloquei o macarrão com o molho e os camarões e coloquei no forno para gratinar. Deixei alguns separados para caso Dulce quisesse comer um pouco deles separado. A conversa no telefone me deixou curioso e por isso parei o que ia fazer e me concentrei em ouvi-la.

─ Faz tempo que deixei o comentário, mas eu gostaria de ver. Estava mesmo planejando procurar imóveis... Dulce estava dispersa próximo a janela. Saí da cozinha e parei na sala, cruzei os braços e continuei escutando a conversa.

─ Qual o valor do aluguel?... huum... Está ótimo. Eu vou querer ver sim... Aluguel? Ela pirou? Avancei o espaço e tomei o celular da mão dela.

─ Ei o que está fazendo? ─ Maria me encarou enfurecida.

─ Eu que pergunto.

─ Christopher me devolva o celular...

─ Você está atrás de casa para alugar?

─ Estou. Coloquei o telefone no ouvido e sorri para ela. Dulce avançou na minha direção, mas consegui impedi-la de tomar de volta.

─ Desculpa, mas ela não tem interesse. A casa que mora é ótima e ela tem um contrato que não pode quebrar. Desliguei o celular e a entreguei.

─ Por que fez isso? ─ Dulce gritou comigo, olhou o celular sem acreditar e me encarou de volta.

─ Conversamos sobre isso ontem.

─ Christopher... ─ respirou fundo e cruzou os braços ─ Eu não quero morar num lugar, onde o dono um dia está doce como mel e no outro azedo como limão.

─ Estamos tentando manter uma relação boa.

─ Você não podia ter tomado o celular da minha mão.

─ Esse apartamento é maravilhoso, Maria. Foi até reformado...

─ Como sabe da reforma?

─ Eu entrei aqui quando você estava se mudando. Me desculpe...

─ Ok. Olha só... se você vier para cima de mim azedo, eu te arrebento.

Sua cara de malvada me fez querer agarrá-la novamente, e quando estava a um passo de puxá-la para reivindicar aquela boca novamente a campainha tocou.

─ Eles chegaram. ─ Dulce correu até a porta. Não tinha intenção nenhuma de falar com outras pessoas. Girei na direção dela e comecei a caminhar para a cozinha.

─ Dulce, eu vou sair pela porta de serviço.

─ O quê? Por quê?

─ Não quero atrapalhar o almoço em família. Não se preocupe comigo. A campainha tocou de novo e Dulce ficou parada com a mão na maçaneta.

─ Almoce com a gente.

─ Obrigada pelo convite, mas já tenho compromisso. O telefone dela começou tocar e seu olhar vacilou para a porta. Acenei e saí pela cozinha, passando pela área de serviço. Escutei as vozes das pessoas e quando o som da porta se fechando me deu certeza de que a frente estaria livre, eu saí.

Parei em frente ao meu apartamento e encarei a porta da frente. Sorri e entrei em casa. Já tinha marcado de almoçar com minha mãe, sabia que sua tática era para me entregar logo o convite do meu primo. Avisei que levaria Rafael, quem sabe, ela não ficasse pegando no meu pé, dizendo que já passou da hora de eu voltar a viver minha vida. Dona Julieta ainda não sabia, mas eu havia encontrado um caminho instigante para me fazer voltar a curtir a vida. Só resta esperar.