Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Dulce Maria

Se não fosse pelas gêmeas, teria mandado minha cunhada e meu irmão embora, só para ficar mais tempo com Christopher. Tentei ao máximo me concentrar nas visitas, mesmo com minha mente me traindo lembrando do beijo.

─ Você está com um sorriso diferente. ─ Michelly cochichou enquanto me ajudava a lavar a louça.

─ Não é nada.

─ Sei... ─ terminou de enxugar a pia e se virou para mim com os braços cruzados, oscilando o olhar entre o marido, as filhas e eu.

─ E o vizinho bonitão? Senti um frio na barriga quando Michelly falou de Christopher.

Me concentrei em enxugar os pratos e fingir que aquela pergunta não tinha me abalado.

─ O que tem ele?

─ Você tem uma quedinha por ele, não é? Olha só como ficou vermelha.

─ Você está delirando.

─ Unhum...  Você é solteira, por que não investe nele? Encarei minha cunhada que tinha um sorriso divertido no rosto e voltou a se concentrar na arrumação da cozinha.

─ Vou colocar esses camarões que estão separados na geladeira

─ Que camarões? Olhei curiosa para o fogão e só agora notei que tinha uma panela.

─ Não foi você que fez essa comida, não é?

Ah, droga! Minha cunhada e suas manias de pegar as coisas no ar. Ignorei a pergunta dela e saí da cozinha, dizendo que ela colocasse na geladeira. Sabia que tinha deixado a pergunta no ar e que especulações viriam, mas responder me deixaria enrolada com minhas próprias palavras, afinal até eu estava tentando entender o que tinha acontecido entre mim e Christopher. Michelly não voltou a tocar no assunto, mas percebi suas olhadas de canto. Aproveitei a tarde com minhas sobrinhas, até sugeri que o casal fosse passear, que eu ficava sozinha com elas, mas Marcos, estava cansado e acabou cochilando no sofá. As horas voaram e quando menos percebi, eles já estavam se despedindo. Abracei as gêmeas sem vontade de soltá-las e dei um pirulito a cada uma delas. Eu era a tia que estragava, tinha consciência disso, mas era impossível dizer não a duas criaturas lindas e que te quebra no meio quando lhe abraça e enche de beijo.

Me despedi da porta de casa mesmo, e antes de entrar, meu olhar seguiu para porta da frente como se eu pudesse ter algum poder para saber se ele estava lá dentro. Estava terminando de colocar uma roupas para lavar, quando a campainha tocou, caminhei até a sala e vi uma boneca no sofá. No mínimo, eles perceberam a falta e veio buscar.

Abri a porta com um sorriso no rosto e dei de cara com Christopher, com mão no batente e me olhando desconfiado.

─ Aconteceu alguma coisa? ─ questionei olhando para fora, pelo pouco espaço que o corpo dele deixava. Christopher deu um passo e envolveu sua mão em minha cintura.

─ Aconteceu que eu quero te beijar de novo. ─ Christopher parou a milímetros da minha boca. Eu podia sentir sua respiração em minha pele.

─ Como sabe que estou sozinha?

─ Escutei vocês conversando.

─ Você estava me espionando? ─ Cerrei os olhos para encará-lo.

─ Não diria espionar, porque eu estava na minha casa. O sorriso maroto apareceu e me quebrou inteira. O que aquele homem estava querendo afinal? Uma hora, um ogro sem chances de ser domado, outra hora se faz de amigo, agora quer me beijar, me deixando mais maluca do que já estava. Aproveitei a liberdade que ele havia me dado e levantei a mão para acariciar sua barba. Christopher fechou os olhos, sentindo meu toque, voltou a abrir os olhos e nos encaramos por longos minutos que pareceram durar a eternidade. Nos aproximamos mais um pouco e quando senti o lábios dele tocar os meus, escutei meu nome.

─ Dulce! No impulso nos afastamos e olhei em choque para meu irmão, que olhava para Christopher.

─ Você está namorando? ─ a pergunta dele me faz querer entrar em um buraco e sumir do mundo.

─ Não... ele... Merda! O que eu ia dizer ao meu irmão? Que ele é o vizinho que brigo e decidimos ser amigos?

─ Sou Christopher. Muito prazer. ─ Olhei chocada para a mão esticada na direção do meu irmão.

─ Marcos. ─ meu irmão aceitou o cumprimento, mas continuou olhando desconfiado para meu vizinho.

─ Então,Christopher... você é namorado da minha irmã? Apertei os dentes e olhei feio para meu irmão.

─ Veio buscar a boneca que esqueceu? ─ Tentei entrar pelo meio.

─ Sim, a Luísa está chorando e chamando pela tia.

─ Aconteceu alguma coisa com ela? ─ Meu corpo retesou, minhas sobrinhas eram tudo para mim.

─ Não. Só começou a chamar titi, e danou-se a chorar, fazendo Lara chorar também.

─ Eu vou vê-las. Christopher, a gente pode conversar outra hora? ─ Olhei para aquele homem que balançava minhas estruturas e ele acenou com um sorriso contido. Meu irmão estava de braços cruzados olhando para Christopher. Entrei em casa, peguei a boneca e a chave e passei pelos dois homens que se olhavam como se estivesse duelando.

─ Você não vem, Marcos?

─ Vai esperar minha irmã voltar? Ela pode demorar. Era só o que me faltava agora.

Olhei para Christopher, que tinha as sobrancelhas levantadas com a audácia do meu irmão. Do jeito que é ogro, é bem arriscado querer avançar para cima. Agarrei no braço de Marcos e puxei para sair do lugar. Estávamos mais afastados quando meu irmão indagou sobre a cena que tinha presenciado.

─ Quer dizer que está namorando e nem conta.

─ Ele não é meu namorado, Marcos. ─ tentei manter a voz baixa.

─ Eu vi vocês quase se beijando, Dulce.

─ Disse certo, quase. Mas você apareceu e interrompeu. Uma hora dessas eu estaria no sofá agarrada com aquele homem.

─ Dulce! ─ Marcos parou de repente.

─ O que é?

─ Você está transando com aquele homem?

─ Aquele homem tem nome, e não, ainda não estou transando com ele. Agora pare de bancar o irmão ciumento. Estou na seca há muito tempo, não coloque o homem para correr.

─ Mamãe que vai adorar saber que você tem um namorado.

─ Eu já disse que ele não é meu namorado, e faça o favor de manter o bico calado. Eu e Christopher, estamos apenas nos conhecendo. Ele é meu vizinho, e antes de chegar aquela cena que você viu, trocamos muitas farpas.

─ Ahhh... Então ele é o vizinho que te deu remédio, quando estava doente.

─ Exatamente. Agora pare de tagarelar e apresse o passo. Voltei a descer as escadas e caminhei na direção do estacionamento. Assim que cheguei no carro, vi Michelly com Luísa no colo balançando. Sabia que era ela, por causa da roupa, pois de longe é difícil identificá-las.

─ Ei meu amor, o que houve?

─ Cheguei pegando a criança no colo que me abraçou apertado.

─ Acho que é sono, cunhada. A Lara consegui acalmar. Mas a Luísa... Voltei a atenção a pequena que estava no meu colo e comecei a conversar com ela. Me afastei dos pais e balancei um pouco, logo ela estava dormindo. Com cuidado, coloquei na cadeirinha e dei um beijo nas duas meninas.

─ Elas passaram da hora de dormir. ─ Michelly comentou mais um vez, enquanto fechava a porta do fundo.

─ Tomara que não acorde chorando.

─ Vocês demoraram, já estava para gritar por vocês.

─ Conheci o namorado da Dulce, amor. Revirei os olhos para o comentário do Marcos.

─ Namorado? ─ Michelly praticamente gritou e me olhou confusa.

─ Shiii... podem não falar alto, por favor?

─ Huumm... bem que eu reparei no seu sorriso de hoje.

─ As meninas vão acordar, é melhor vocês adiantar. ─ acenei, praticamente mandando-os embora.

─ Já vamos, mas antes quero saber quem é ele. Não encontramos com ninguém na escada quando...

─ É um vizinho. Um tal de Christopher ─ Meu irmão não perdia a oportunidade de abrir a boca. ─ Aquele gatão? ─ Michelly me olhou com cara de espanto e vi meu irmão fechar a cara.

─ Ah, você o achou gatão foi? ─ Dei risada do ciúmes de Marcos.

─ Exatamente ele, Mi. Depois a gente conversa e eu te conto tudo. Senhor Marcos, pare de ciúmes besta. O gatão é meu e a Michelly só tem olhos para você.

─ Viu só amor... O gatão é meu. Uiiii. ─ Michelly comentou, sorrindo enquanto entrava no carro. Me afastei e acenei para eles. Não tinha para onde correr, teria que contar a história para minha cunhada. Subi as escadas devagar para controlar a ansiedade de encontrar com meu vizinho novamente. A verdade era que eu estava morrendo de vontade de continuar de onde paramos, não me importaria de avançar um pouco mais.

Com meus pensamentos fervilhando, esbarro com ele logo no segundo lance de escadas.