Fanfic: Christopher (Adaptada) | Tema: VONDY

Dulce Maria

O vizinho barbudo passou a fazer parte dos meus sonhos e pesadelos desde o dia que entrei em sua casa para fazer um favor para a delicatessen que comprei o pão.

Sempre acordava no meio da noite, porque quando eu ia tocar aquele rosto, eu não conseguia senti-lo.

Fazia três dias que o vi enrolado em uma toalha. Todas as vezes que precisei sair de casa, conferia pelo olho mágico se o caminho estava livre e saía às pressas para não dar de cara com ele. A verdade era que eu estava fugindo daquele homem lindo, pois sabia que minha mente o imaginária naquela cena quando o encontrasse.

Depois que mudei, atualizei meu site com as fotos do ateliê e aquelas mudanças já estavam surgindo efeito, pois estava negociando alguns contratos para venda de vestidos.

Deixei alguns croquis na casa de uma cliente e na volta para casa passei na delicatessen. Estava ansiando por um cappuccino desde cedo, mas como a correria foi grande, deixei para matar à vontade quando finalizasse meu dia.

Cat estava no caixa e quando me viu entrando, acenou para mim escandalosamente, retribui com um sorriso e um aceno de mão.

No balcão, além do Leo, havia outro homem, que não estava no dia que vim aqui pela primeira vez. Percebi que mais ao fundo tinha algumas mesas e clientes conversando. Na parede branca lateral, o nome Love Story Cafeteria estava em destaque. Iria apenas pegar o que vim comprar e iria embora, mas aquele local me pareceu convidativo.

Como não percebi isso no primeiro dia?

Aproximei-me do caixa para falar com a funcionária e sua alegria me contagiou.

─ Ei, Dulce . Você sumiu. Pensei até que não tivesse gostado do nosso atendimento ou dos nossos produtos. ─ Cat lembrou do meu nome o que me deixou feliz, afinal só vim aqui uma vez e várias pessoas passam pelo estabelecimento.

─ Impossível não gostar do pão daqui. Estive ocupada com o trabalho. Hoje estou precisando de um cappuccino.

─ O melhor cappuccino do bairro, saindo para a moça bonita. ─ sempre com um sorriso no rosto, ela recebeu o dinheiro e pediu ao colega de trabalho.

─ Sente-se em alguma das mesas, que já levamos para você.

─ Obrigada. Fui até uma mesa mais no canto e me sentei. Enquanto esperava, peguei meu celular para verificar as mensagens. Nos últimos meses não teve encomenda de vestidos, comecei a cogitar ideias de expandir meu trabalho para vestidos de madrinhas, festas e formaturas.  Recebi uma ligação de número diferente e conversando com a cliente, marquei uma visita para amanhã às cinco da tarde no meu ateliê. A mulher, foi indicação de uma das minhas clientes e disse que gostaria de ver alguns dos modelos que eu tivesse pronto.

Cat fez questão de trazer meu pedido, e junto trouxe um acompanhamento.

Encerrei a ligação e olhei para ela puxando uma cadeira para se sentar à minha frente, debruçou um pouco sobre a mesa como se fosse contar algum segredo. Era simplesmente impossível segurar o sorriso perto dela.

─ Esse cookie é por conta da casa. ─ ela piscou o olhou

─ Na verdade foi o Ruy que colocou.

─ Quem é Ruy? ─ É o que está no balcão com o Leo. Mas não ligue para as cantadas dele. Ele é gente boa.

─ Ahh ─ disfarçadamente olhei para o homem e vi o quanto era bonito, voltei a encarar a Cat sem entender o porquê ela estava tão próxima de mim. ─, o caixa...

─ O Leo passa o olho para mim. Quis vir trazer o café, porque quero saber se o bonitão te tratou bem ou foi mal educado. ─ segurei a xícara no ar e encarei-a.

─ Sabe, é porque você fez um serviço nosso e como você não apareceu aqui, pensei que tivesse se aborrecido com...

─ Está tudo bem. O Christopher... Na verdade, foi um pouco constrangedor. ─ dei risada e bebi um pouco do café e coloquei a xícara de volta na mesa.

─ Ele esperava pelo Leo, acho que não gostou de ver outra pessoa entregando o pão dele.

─ Argh! Ele é impossível.

─ Espero que não tenha prejudicado a empresa por eu ter entregado.

─ Ah, não. Fique tranquila. O Cristopher, compra pão com a gente há meses. Mas é sempre frio. Quando vem aqui, entra mudo e sai calado.

─ Talvez ele não seja de muita conversa.

Apesar da intromissão da Cat, eu me sentia à vontade conversando com ela. Parecia que nos conhecíamos há tempos, sendo que essa era a segunda vez que nos víamos.

─ Eu vou voltar para o caixa. Depois conversamos mais.

─ Está bem. Obrigada.

Me concentrei naquele líquido da xícara e no cookie com gostas de chocolate. A combinação estava simplesmente divina. Enquanto relaxava um pouco, li um livro para descansar a mente. Fazia quase uma hora que eu estava naquele local, antes de ir embora resolvi passar no balcão para agradecer o Ruy. Ao me ver, sorriu ainda mais.

─ Obrigada pelo Cookie. Estava uma delícia.

─ Por nada. A Cat me disse que é nova no bairro, foi minhas boas-vindas.

─ Obrigada pelas boas-vindas. Até mais... Virei-me rapidamente e meu corpo foi bloqueado por uma parede de músculos. Ao levantar a cabeça para me desculpar, sentir meu cérebro paralisar ao ver aqueles olhos... boca e barba tão de perto. E o perfume... ah, ele estava cheiroso demais. Quando finalmente acordei daquele transe, me afastei.

─ Desculpe... eu...

─ Da próxima vez tente prestar mais atenção. A voz dele é de uma rouquidão que leva qualquer pessoa ao delírio.

─ É só não parar atrás das pessoas. ─ Empinei o nariz desafiando-o. ─ Se não estivesse flertando no horário de trabalho do funcionário, isso não teria acontecido.

─ O que disse? ─ Dei um passo à frente. Tudo a minha volta tinha sumido, eu só enxergava o vizinho e quando ele me afrontou dizendo que eu estava flertando, vi o sangue correr pelas minhas veias. Seus olhos fixaram nos meus.

─ Ei, bonitão deixe nossa cliente em paz. O que você deseja hoje? ─ Cat chegou e agarrou Christopher pelo braço, tirando-o da minha frente.

─ Eu só vim pagar pelo pão que foi entregue por terceiros. Da próxima vez, mande seus prestadores de serviços fazerem o serviço completo, para que não precise trazer o dinheiro.

Meu sangue voltou a ferver. Virei-me na direção deles, pronta para atacá-lo pelas costas.

─ Christopher, deixe de ser mal-educado... a moça te fez um favor, ou ficaria sem pão já que Leo estava sozinho.

─ Cat ─ Leo, olhou para a colega de trabalho como se não quisesse procurar confusão.

─ Aqui está o dinheiro. Cat gesticulou para eu ir embora, mas eu queria encher aquele homem de desaforos. Realmente, o que tem de bonito tem de grosseiro.

Saí do estabelecimento, estressada. Entrei no carro e segui para o prédio. Resmungando sozinha, peguei minha bolsa e subi as escadas como se meus pés pesassem toneladas, pois as pisadas eram fortes. Entrei em casa e só não bati a porta com força, porque não queria ouvir reclamações dos vizinhos. Larguei minha bolsa no sofá e partir para o banho.