Fanfic: O Milagre do Reencontro - Ponny e Vondy | Tema: AyA

           Usar a foto como desculpa foi a ideia que Poncho teve para ligar para Anahí, já que ela havia pedido que ele não a procurasse.

              Quando ela viu o nome de Poncho aparecendo na tela do celular, seu coração disparou. Por um segundo, pensou em não atender. Entretanto, sua vontade de falar com ele era tão grande que não conseguiria resistir.

            E se Poncho já estivesse com a resposta? - ela pensou. Talvez ele já tivesse decidido pelo divórcio e estaria ligando para lhe avisar. A ilusão fez seu coração acelerar ainda mais.

           - Anahí? - ele sorriu só de ouvir sua respiração.

            - Oi Poncho! Tudo bem?

           - Tudo! Estou ligando para te lembrar sobre a foto que iriamos postar hoje! 

            - Ah! - disse decepcionada. Suas expectativas eram grandes e acabava de perceber que nada era real. - Certo, obrigada por me lembrar!

             - De nada!

             Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.

            - Era só  isso? - Anahí perguntou. 

            - Sim, era...

           Poncho olhou em volta com cuidado, para ver se Diana não estava por perto. Mesmo percebendo que não estava, falou bem baixo para que não corresse o risco de que ela escutasse.

            - Aproveito para desejar um feliz ano-novo, meu amor! Lembre-se que eu te amo muito!

         Ela deu um longo suspiro. 

         - Eu também te amo, Poncho! Muito!

         Eles desligaram e Anahí não segurou a vontade de chorar. Queria ser forte e lidar com aquela situação de outra forma, porém seus sentimentos estavam mais aflorados devido a gravidez e estava sendo impossível de se controlar.

             Dulce se levantou para pegar o celular e voltou para a cama. Antes de fazer a postagem, deu uma rápida passagem pelo Whatsapp para mandar uma mensagem para o Paco, dizendo que estava tudo bem. 

             Ali, haviam várias mensagens dele dizendo que a amava e estava com saudades. Ela respondeu rapidamente, antes que Christopher visse. Ela achou estranho escrever que o amava. Aquilo lhe trazia uma sensação de traição com Christopher. Aqueles dias estavam sendo tão especiais que se sentia mais esposa dele do que de Paco. Por causa disso, decidiu escrever apenas que estava tudo bem e desejou um feliz ano-novo.

               Entrou no seu Instagram e tomou um susto em ver a última postagem. Era ela e seu marido, porém não tinha sido ela quem havia postado. Paco tinha acesso as  suas redes sociais, bem como sua assessoria, que inclusive também haviam feito uma postagem de propaganda de um produto. Mas ela sabia que foto só podia ter sido Paco que havia escolhido. 

              Dulce olhou aquilo e sentiu uma coisa estranha dentro de si. Não achou pertinente que ele tivesse feito aquilo. Pior ainda foi ter visto que na rede social dele, Paco também havia postado fotos de Dulce e além de ter usado o perfil dela para comentar um "eu te amo".

                  Olhou tudo aquilo com indignação e teve vontade de contar para Christopher sobre a audácia de Paco. Mas quando ia falar, ela recuou. Lembrou-se do pedido dele em não tocar no nome de Paco e ela sabia bem o que era isso, pois também não havia se sentido bem com a história de Muriel que ela mesmo havia levantado. Preferiu respeitar a vontade de Christopher e não comentar nada sobre o assunto.

                  Procurou a foto dos seis juntos no reencontro e postou "Que el 2020 esté lleno de sorpresas que llenen su ❤️ Feliz año!!🤗😍💫💫💫"

                   Então cada um postou a foto em seu instagram e como eles mesmos já imaginavam, os fãs foram ao delírio.

                  Assim que enviaram, Dulce e Christopher deixaram o celular de lado. Não queriam perder tempo com as redes sociais para que pudessem aproveitar um ao outro ao máximo.

                - Vamos nos arrumar para a nossa festa privada de Réveillon? - Christopher disse.

                - Festa privada? - Dulce riu.  - Teremos uma festa?

                - Claro! Você fica aqui no quarto se arrumando que eu vou preparar a decoração e a comida e te chamo quando tudo ficar pronto!

                 - É sério mesmo? - Dulce continuou a rir.

                - Sim, não sei se vai superar suas expectativas quanto a Tulum, mas eu juro que estou me esforçando!

                - Sabe o que eu pensei? - Dulce continuou rindo. - Que do jeito que você é pervertido, a sua ideia de ano-novo era passar a virada do ano transando!

                Christopher deu um sorriso malicioso para Dulce e um selinho.

              - Agora vemos quem é a pessoa pervertida! Isso nem passou pela minha cabeça!

              - Sei, sei... Até parece! - Dulce se levantou e foi até sua mala.

              - Quando você ver a festa que eu programei, vai perceber que eu realmente não pensei nisso! Quero que seja uma noite incrível!

             Dulce se apoiou na cama  para dar um selinho em Christopher e bagunçou o cabelo dele.

              - Ao seu lado, tudo será incrível!

              - A seu lado...- ele sorriu. - Sim, para mim também!

            Em casa, Maite batia com os dedos na mesa em um ritmo rápido. Seu vestido estava jogado em cima do sofá e ela o olhava fixamente enquanto refletia.

            Poderia ir na festa de Mane apenas para se distrair e esquecer a tensão que estava passando. O que fazia desistir era lembrar que justamente o dono da festa fazia parte de todo seu tormento.

           Decidiu levantar e começar a se arrumar. Para algum lugar ela iria, então já estaria pronta.

           Depois de se arrumar, pegou o celular e ligou para sua amiga Jessica. Ela sabia que a amiga colocaria juízo em seus pensamentos. Jessica já estava sabendo de toda história e quando Maite falou que estava com vontade de ir para a festa, a amiga reprovou a ideia na mesma hora.

           - Não vai adiantar nada você ir na festa e depois querer provar para o Koko que não havia traído com o Mane. Qual vai ser seu argumento?

           - Esse que é o problema, Jessy! - Maite disse. - Eu estou tão confusa que nem sei se quero argumentar algo para o Koko! Fui totalmente sincera e ele não acreditou em mim, porque eu vou ter que provar alguma coisa?

           - Ele não está totalmente errado! Você estava tão animada com a traição dos seus amigos que até eu me assustei! Parecia algo normal! Você sabe que eu detesto traição e nunca apoiaria uma coisa dessas!

             - Eu sei! - Maite suspirou. - Mas agora eu estou solteira!

            - Certo... Você está solteira e está louca para ir na festa, é isso? Bom, amiga, se essa é a sua vontade, nada do que eu fale vai fazer você mudar de ideia!

            - Acho que é porque eu não quero passar o ano-novo sozinha! 

            - Quanto a isso, você pode vir na minha casa ou de qualquer outro amigo! Não é uma boa desculpa! - Jessica deu risada.

            - É... - ela soltou um riso fraco. - Eu sei...

            - Bom, amiga! Pense bem no que você vai fazer. Mas se sua vontade é conversar com o Koko e mostrar que você nunca o traiu, eu te aconselho a não ir nessa festa. 

             - Obrigada, amiga! Eu você pensar bem no que devo fazer... - ela suspirou.

            Maite ainda ficou olhando o celular após desligar. Ficou deslizando o dedo sobre a tela, até que decidiu contar seu dilema para outra amiga.

             - Vai!!!!! - Anahí disse empolgada. - Falo por mim e principalmente pela Dulce! Se ela pudesse, com certeza estaria aí na sua casa te pegando pelos cabelos! Mas nossa amiga está muito ocupada pegando em outra coisa!

            Maite começou a rir. 

               - Ai amiga! - Maite suspirou. - Eu estou tão confusa. Não estou com raiva do Koko, mas não estou nem sentindo vontade de chamar para uma conversa depois que ele não acreditou em mim! 

             - Eu entendo! Você contou toda a verdade e ela insiste em acreditar em uma traição! Então, se joga amiga! Você disse que não ia trair o Koko de jeito nenhum e tudo se encaixou perfeitamente: Você está solteira e pode curtir a festa com o Mane numa boa!

              - Não, Any! - Maite balançou a cabeça e suspirou. - Eu não vou ficar com ele!

             - Ainda essa história? Já está solteira, não vai trair ninguém! O que foi agora?

             - Eu gosto muito dele, fico super mexida quando ele está perto de mim... mas eu ainda não esqueci o que aconteceu no passado!

             - Ah não! - Anahí disse com reprovação. - Amiga! Essa história faz quanto tempo? Quase dez anos? Conversa com ele! Vocês precisam resolver essa história antes que seja tarde mais! Olha, amiga! Escuta o que eu estou te falando: aproveita para resolver as pendências antes de você ter filho com o Koko ou ele ter filho de qualquer louca por aí! Depois com os filhos, toda decisão fica mais difícil.

              Maite sentiu uma vertigem só de imaginar a cena de Mane sendo pai do filho de outra mulher. Aquele pensamento havia lhe causado uma sensação estranha.

               - Olha o meu exemplo com o Poncho! - Anahí continuou. - Eu estou vivendo um pesadelo de preocupação porque não sei o que o Velasco é capaz de fazer para pegar os filhos e o Poncho não quer se separar porque não quer ver o filho apenas aos finais de semana! 

               - É... - Maite refletiu.

               - Olha para as nossas vidas, amiga! - Anahí disse com a voz embargada. - Eu e o Poncho podíamos ser felizes juntos se não fosse a nossa falta de comunicação que viemos arrastando por todos esses anos! Olha a Dulce e o Christopher na mesma situação! Só que o caso deles é um pouco mais fácil de resolver.

                - É que assim, eu sei que é um pouco de orgulho da minha parte e...

                - O orgulho destrói tudo, amiga! - Anahí interrompeu com a voz nítida de quem estava segurando o choro. - Não faz isso com a sua vida! 

                Maite deu um longo suspiro, enquanto Anahí respirava para não chorar ao telefone. 

                 - Aproveita essa oportunidade. Vai para a festa, se diverte e depois conversa com o Mane sobre vocês dois. Respeita todos os seus sentimentos e todas as sensações que seu corpo tem quando está ao lado dele! Você precisa resolver isso antes que seja tarde demais!

                Refletindo sobre as palavras da amiga, ela percebeu que Anahí tinha razão. Pegou a chave do carro e saiu de casa.

              Conversar com Maite havia causado em Anahí uma sensação ruim. Lembrar de tudo lhe fez perceber o quanto havia errado durante a sua vida.

             Olhou para o seu filho que brincava perto dela e suspirou. Talvez ele teria cabelos e olhos mais escuros e não se chamaria "Manuel". Nunca pensou em colocar o nome do filho de "Alfonso" e pensando do nome em que ele havia escolhido para o filho, talvez esse também não fosse um desejo seu.

            Era estranho pensar que talvez Manu, Daniel e Emiliano não existissem. Viria uma outra criança que seria fruto da relação dela com o Poncho.

           De repente seu pensamento mudou. Essa criança poderia existir. Se Poncho se divorciasse também e aceitasse viver com ela, então poderiam ter um filho juntos.

           - Mamãe! - Manu a fez acordar de seus pensamentos.

           - Oi meu amor! - disse se abaixando e sentando ao seu lado.

            - Cadê o papai? 

            Anahí suspirou. Ainda não tinha tido coragem de conversar com o filho sobre isso.

             - Estou com saudades... - ele disse em voz tristonha.

              - Ah, meu amor! - Anahí abraçou o filho e olhou para ele. - A mamãe e o papai vão começar a viver em casas separadas. 

               - A gente vai morar na casa da vovó?

              - Não, meu amor... Nós vamos ter nossa própria casa!

               - Com o tio Poncho?

               Anahí engoliu seco e sentiu um ar gelado em seu corpo inteiro. Como assim o seu filho sabia disso?

               - Poncho? Por que ele?

             Manu havia deduzido apenas pela presença masculina que ele havia visto ao lado da mãe e pelo abraço que viu os dois dando. Em sua fértil imaginação, pensou que ali poderia ser um casal de namorados. 

            Porém, ele não conseguiu explicar em palavras essa teoria que sua mente infantil havia criado e apenas ficou em silêncio.

             - Bom, filho, vai ser assim: eu, você e o Emiliano vamos morar em uma casa e de vez em quando o papai vai visitar vocês! Ele continuará te amando e te dando muito carinho. A única diferença é que vamos morar em casas diferentes.

              - Eu quero ver o papai...

              - Você vai ver, meu amor... mas não hoje!

              Então, Manu começou a chorar. Anahí que já estava sensibilizada, abraçou o filho e chorou junto com ele. Mais uma vez bateu a insegurança em relação a separação: será que valia a pena sacrificar seu filho para que ele ficasse longe do pai, se ela não iria voltar com Poncho? Conseguia entender a posição de Poncho em relação ao filho, a cada ruído de choro de Manu em seus braços.

              - Calma, meu amor! - ela disse entre lágrimas. - Vai tudo ficar bem!

           Em seu último dia do ano, Poncho tirou o dia para aproveitar cada segundo com o filho. 

            Com a correria do dia-a- dia, não conseguia se dedicar inteiramente para o Dani e percebeu como isso lhe fazia falta. 

            Jogou futebol, correu, brincou com vários jogos e brinquedos e tudo mais que o filho pediu. No final da tarde, Dani já estava tão cansado que dormiu no colo do pai. 

           Com cuidado, Poncho o levou para cama e ficou admirando o filho enquanto ele dormia. Ficou refletindo em toda a situação. Era feliz com o seu filho e sabia o quanto sua presença era importante para ele, porém, ele sabia que a sua felicidade implicaria em ver os pais felizes. Isso já não estava acontecendo e provavelmente a tendência seria piorar. Valia a pena levar esse casamento adiante? 

Diana entrou no quarto e admirou a cena. Observou Poncho e achou estranha a sua expressão.

              - Meu amor, - Diana disse. - Você parece tão abatido hoje! Aconteceu alguma coisa?

              Um filme passou na cabeça de Poncho neste momento. Lembrou de Anahí sorrindo na cama, naquele hotel no Brasil em 2007; O beijo em que deram escondido na Espanha, quando se trancaram no camarim para que ninguém os vissem; O sorriso de Anahí quando ele disse que passariam as férias juntos em 2008; Anahí com os olhos brilhando ao dizer lhe amava; Ela na banheira de hidromassagem daquele hotel em que escaparam há alguns dias... e o último abraço que deram em menos de 24 horas.

               Tudo girava em sua cabeça, enquanto olhava para Diana. 

               - Nós precisamos conversar! - Poncho lhe disse.