Fanfic: O Milagre do Reencontro - Ponny e Vondy | Tema: AyA

  Distraído em seus pensamentos, Alfonso voltou para o hotel. Assim que entrou, viu Anahí com Manu. A criança que já estava quase dormindo, despertou quando viu Poncho abrindo a porta. 

        - Tio Poncho! - ele sorriu.

        Anahí também sorriu para ele e Poncho teve uma sensação boa. Apesar de todos os pensamentos ruins que estavam vindo na sua cabeça relacionados a culpa, percebeu que estava no lugar certo. Ali, em sua frente, estava uma mulher que amava e uma criança que embora não fosse seu filho de sangue, Poncho já conseguia perceber que havia um amor recíproco entre eles.

        - Oi amor! - Anahí disse. - Está tudo bem? 

        - É... Está!

        Poncho foi até eles, deu um beijo em Manu, um selinho em Anahí e acariciou a barriga dela na intenção de cumprimentar Emiliano. 

        - Viu a Diana?  - Anahí perguntou. 

        - Não. Falei com a mãe dela. Está bem decepcionada comigo, não quis me ouvir muito e disse que não precisavam de nenhuma ajuda da minha parte.

       - É, - Anahí suspirou. - as mães sempre vão tomar as dores dos filhos! Eu entendo!

      - Fico preocupado porque eu queria ajudar de alguma maneira! - Poncho disse olhando para a parede.

        Aquele olhar deixou  Anahí receosa. Ela sabia que Poncho estava  preocupado com Diana e sentia medo de qual seria a atitude que ele teria diante de tudo o que estava acontecendo. 

        Não queria conversar sobre o assunto na frente do filho. Deu  um beijo na cabeça de Manu e olhou para Poncho. 

        - Vou fazer o Manu dormir e depois vou para o quarto para conversarmos. 

        - Tudo bem! - ele disse. - Eu vou tomar banho para esfriar a cabeça. - deu um beijo na testa de Manu que sorriu. - Boa noite, tenha bons sonhos!

         - Boa noite, tio Poncho!

         Ele deu um selinho em Anahí e foi para o banheiro tomar banho. Ver Poncho andando cabisbaixo daquele jeito deixou Anahí aflita. 

          Leu uma história para o filho, mas sua cabeça estava em seu relacionamento. Temia que a preocupação dele levasse a reflexão de que deveria voltar com a ex.

          Quando o filho dormiu, foi para o quarto e Poncho estava na cama deitado. 

          - Amor... - Anahí deitou ao seu lado e deu um beijo em seu rosto. - O que está passando pela sua cabeça? Pode me falar, seja o que for!

         Ele passou o braço atrás dela e a trouxe mais para perto do ser corpo.

          - Eu estou abalado com o que está acontecendo com a Diana. Sinto que é minha culpa que ela tenha ficado naquele estado. Sei que errei. A separação foi muito repentina e por tudo o que estava acontecendo, ela se sentiu enganada.

          - Você não precisa carregar essa culpa. Fomos movido pela emoção. E foi o que conversamos naquela época. Você não a amava e se ficasse com ela só por causa do Dani, seu filho cresceria vendo e percebendo tudo isso!

           - Eu sei! Não me arrependo de ter separado. Eu me arrependo pela forma que eu conduzi as coisas. Eu devia ter preparado melhor, para que o baque não fosse tão forte. 

            - Mas o que você pensa em fazer? 

           - Não sei! - ele suspirou. - Elas não querem nenhuma ajuda, então não sei se posso fazer alguma coisa!

            Ficaram em silêncio por alguns segundos e Poncho conseguiu notar o medo em Anahí. Segurou o rosto dela e lhe deu um selinho. 

           - Eu não pretendo voltar com ela! 

           - Você acha que ela vai fazer algum tipo de pressão para isso? 

          - Acho que não! Nem ela e nem a mãe querem me ver por perto!  

         Poncho preferiu omitir a parte de que Vera havia comentado isso. Ficou com receio de Anahí pensasse que havia levantado essa possibilidade.

         - O que tenho que fazer é cumprir meu dever como pai. E isso eu vou fazer da melhor maneira possível! 

         - E faz! - Anahí sorriu. - Dani, Manu e Emi têm sorte de ter você na vida deles!

        - E de ter você!

       Ele trouxe Anahí para um beijo e ali naquele carinho, cada um tinha a intenção de acalmar o outro. 

           Dulce ficou ali parada, com o carro estacionado, sem saber para onde ir ou o que fazer. Pensou em ir para um hotel e no dia seguinte iria para a casa de seus pais. Assim, poderia sentar e explicar com mais calma sobre o que havia acontecido.  

          Ficou imaginando: Se Christopher estava em um jantar de "oficialização de namoro" com certeza não teria coragem de terminar naquela noite. E será que teria coragem de terminar algum outro dia? E se terminasse, ficaria mesmo com ela?

         Em sua mente vieram vários flashbacks do relacionamento dos dois. Essa situação que estava vivendo não era nenhuma novidade. Sempre passavam por isso e tudo desandava. 

         Suspirou e começou a pensar em quais hotéis haviam perto de onde estava. Havia decidido que não iria para casa de Christopher. 

         - Para quê? - ela disse sozinha. - Para amanhã ter que me esconder no banheiro porque a Muriel apareceu na casa dele? Fingir que nada está acontecendo?  Eu não mereço isso...

        Estava mal por tudo o que estava acontecendo. Pegou o celular e começou a olhar os hotéis da região. Ela sabia que não precisava escolher muito, precisava apenas de um lugar para passar a noite. Mesmo assim, ficou olhando e analisando cada uma da opções. Era como se não tivesse força para decidir nada. 

       Christopher saiu do banheiro, foi para  sala e viu Muriel junto com a sua família, conversando animadamente. Ele ficou com pena de terminarem naquela noite - Muriel estava muito feliz ali reunida com todos e a situação ficaria bem constrangedora caso conversassem sobre o término. 

       Porém, naquele instante pensou em Dulce. Lembrou do estado em que ela chegou na sua casa. Ela não merecia mais sofrer novamente. 

        Refletiu que haviam feito um combinado e havia cumprido: separou-se do marido. Seria muita covardia se não fizesse o mesmo, além de ser um grande desrespeito com Dulce. 

         Respirou fundo, foi até a cadeira onde Muriel estava sentada e tocou seu ombro. 

         - Vamos no quarto um pouco?

        - Claro! - ela sorriu.

        Foram para o quarto e Muriel estranhou a expressão pesada de Christopher.  Sentou-se na cama e ele se sentou ao seu lado. 

         - O que foi, amor? 

         - Desculpe... - Christopher respirou profundamente para tomar coragem. - Isso que você está fazendo é uma loucura!         

          - O que? Um jantar em família?

          - Sim, para oficializar o namoro! 

         - Ah, amor! - Muriel bateu a mão no ar, em sinal de que aquilo não era algo importante. -  "Oficializar o namoro" foi só um modo de dizer. Eu quis traz minha família para jantar e como você também estaria junto, todos saberiam que estamos namorando. Mas não é nada demais! 

        - É que dizer que estamos  "namorando" é algo muito forte, nós...

        - Ucker, - Muriel interrompeu. - é apenas um namoro! Não é um jantar de noivado!

       - É que quando você falou de namoro eu ainda não estava preparado. Estava refletindo sobre outras coisas que aconteceram. Eu não respondi nada quando você falou. Sei que meu silêncio fez entender que estávamos namorando e sei que errei ao perceber isso e não falar nada.

       - Existe outra na história, é isso? - ela olhou decepcionada.

       - Sim... - ele disse. - Eu amo outra pessoa.

        Ela abaixou a cabeça decepcionada. 

       - Mas, - ele suspirou. - não estávamos namorando. Sei que estávamos ficando sério, só que durante todo esse tempo, minha cabeça estava em outro lugar. 

         - Eu não entendo! - ela disse. - Nós passamos essa semana juntos e estava tudo tão bem!

        - Minha cabeça estava a mil! - ele disse. - Eu não queria te magoar, mas eu percebo que fazendo isso eu estou te enganando, me enganando e, possivelmente, magoando outra pessoa. 

          - De verdade eu não entendo, Ucker! - Muriel disse. - Quando nos encontramos com seus amigos, você não se importou que pensassem que eu era a sua namorada e...

           Ao se lembrar, Muriel arregalou os olhos e se levantou olhando para ele.

          - É a Dulce, não é?

          Christopher ficou em silêncio. 

         - Você me usou para fazer ciúmes nela naquele dia! - Muriel disse indignada. - Estava na cara! Mas, sei lá, eu me iludi de que era algo passado!

          - Você tem razão! É a Dulce a pessoa que eu amo. - ele disse. - Naquele dia eu não te usei para fazer ciúmes. Pelo contrário, eu queria me sentir bem!

          - Não! - ela balançou a cabeça sem acreditar. - Você queria se sentir superior para mostrar que também estava com alguém! 

           - Eu não te enganei! - Christopher disse. - Eu tinha a intenção de te conhecer cada vez mais e me apaixonar. É que infelizmente eu...

         - Você me traiu? - ela perguntou com raiva.

         - Nós não namorávamos... - ele disse um pouco sem jeito. 

         - Você me traiu e ela traiu o marido! - falou com os olhos cerrados e a raiva impregnada em sua voz.

       - Desculpa! O erro foi meu em continuar alimentando os sentimentos, quando na verdade eu estava muito confuso!

         Ela começou a andar de um lado para o outro e depois o olhou novamente. 

         - E agora? A gente vai para sala e termina o jantar como se nada tivesse acontecido? 

         Christopher suspirou. Pensou em Dulce que provavelmente estaria lhe esperando  na garagem do seu prédio. 

        - Na verdade, eu tenho que ir...

         - E vai deixar minha família aqui? Eu vou lá e falo o que? Que terminamos aqui no quarto porque você me traiu e resolveu ir embora?

         Ele deu mais um suspiro e olhou para cima. Não havia pedido o jantar para ela. Achou que era injusto sacrificar Dulce por algo que nem ele tinha culpa.

          - Você mesma disse que era um jantar normal. Eu vou avisá-los que tenho que ir e, se quiser, eu explico que não estamos namorando. 

         - Não precisa explicar nada! - falou com rispidez. - Vai embora mesmo, é melhor! 

          Ela abriu a porta, voltou para a sala e sentou-se de volta na mesa de jantar. Christopher a acompanhou e quando chegou na sala, viu todos olhando para ele, menos Muriel.

          - Er... - disse sem graça. - Eu tenho que ir. 

          Começaram a perguntar se havia acontecido alguma coisa, porém ele apenas disse que tinha outro compromisso que já estava marcado. Sentiu-se mal em estar fazendo aquilo com Muriel e achou que talvez fosse melhor voltar outro dia para conversar com ela com calma. 

      Seu coração estava preocupado com Dulce e gritava dentro de si a necessidade de voltar logo para casa. 

         Ele se despediu rapidamente dos familiares de Muriel e quando foi dar um beijo em seu rosto, ela virou dando um selinho. 

         - Vai com cuidado, amor! Depois nos falamos. - falou isso na intenção de que seus familiares não ficassem mais questionando. Não queria se sentir mal na frente deles e, por mais que estivesse com raiva, iria fingir que não havia acontecido nada. 

          A noite de Christian estava sendo difícil. De novo estava vivenciando a violência psicológica com o namorado e isso estava lhe torturando. 

        Falar em separação acabava piorando o clima entre eles. Quando tocavam nesse assunto, Maico vinha com mais insultos e críticas destrutivas que deixavam Christian muito mal. 

         Depois de muito brigarem, Christian saiu para beber. Sentia que precisava relaxar de alguma maneira e achava que essa era a melhor forma para recuperar sua autoestima. 

        Deitada na cama com Anahí, Poncho acariciava sua barriga com delicadeza.

        - Já está quase chegando o dia!

       - Sim! - ela sorriu. - Fevereiro! 

       - Será que eu posso acompanhar o parto? - Poncho perguntou, fazendo Anahí sorrir.

       - Mas é claro! - ela segurou o rosto dele e lhe deu um selinho demorado. - Vai ser muito importante ter você ao meu lado neste momento! 

         - E o Manuel? Não vai querer participar?

         Anahí revirou os olhos. 

        - Acredita que eu até tinha me esquecido dele? - ela riu e deu um suspiro de tédio. - Vou ter que chamar, né? Ele vai querer postar foto dos três juntos, tenho certeza!

       - E com certeza vai querer estar junto com você no momento do parto!

       - Você já teve filho e sabe bem como é esse momento! É super íntimo e delicado! Não quero estar com ele! Prefiro mil vezes que você que esteja ao meu lado! Ele entra depois para a foto! - ela riu. 

        - Como você quiser! - ele deu mais um beijo em Anahí. - estarei feliz em estar junto neste momento! Estou louco para conhecer o Emiliano! - sorriu.

       - Eu também! - ela alisou a barriga. 

         Christopher chegou na garagem do seu prédio e estranhou ver uma de suas vagas de carro vazias. Era para Dulce já estar ali. 

         Ligou para ela que demorou um pouco para atender. 

        - Oi... - Dulce disse secamente. 

        - Cadê você? Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupado. 

        - Estou procurando um hotel para ficar! Mas ainda não tive forças para decidir nada! 

        - Como hotel? Você não vir para minha casa?

        - Não quero, Christopher! - Dulce puxou o ar para tomar fôlego.  - Não quero ter que me esconder no quarto porque ela apareceu na sua casa ou ficar na expectativa de que você termine um namoro sem saber até quando esperar... Eu não quero isso pra mim, Christopher! Eu não mereço esse sofrimento mais!

          A cada palavra o coração de Christopher apertava, ele conseguia sentir a dor de Dulce na sua voz. 

        - Meu amor, - ele sorriu. - pode ficar tranquila! Eu já me separei da Muriel!

        - Que? - ela perguntou sem acreditar. 

        - Eu me separei da Muriel!

     Dulce ficou em silêncio. Então era real? Finalmente os dois estavam livres um para o outro?  

     - Estou te esperando aqui em casa. Quer que eu vá te buscar? - Christopher perguntou. 

     - Não precisa! Eu estou no meu carro!

     - Certo! Vou te esperar lá em cima, mas já vou deixar avisado que você vai entrar com o carro! 

     - Ok! - ela sorriu.  - Obrigada, Ucker!

     - Estou te esperando! Eu te amo! - ele disse e Dulce sentiu o coração mais leve.

     - Também te amo!