Fanfic: O Milagre do Reencontro - Ponny e Vondy | Tema: AyA

 No quarto, Christian foi até uma das poltronas e sentou. Esperou que Diego se sentasse na poltrona a sua frente e ficou em silêncio esperando o que o rapaz tinha a falar.

     Diego estava nervoso. Coçou a cabeça e ficou batendo os pés, antes de começar a falar

   — Er... Sei que você está chateado comigo!  — começou dizendo.  — Mas eu fiquei muito assustado quando vi uma pessoa conhecida além de nós... Nós, er... Nosso grupo que já sabe. Sobre a gente, entende?

     Christian continuou em silêncio, apenas esperando o que ele tinha para dizer.

      — Você sabe... Eu te falei o quanto para mim isso ainda é muito novo. — Diego falava, enrolando-se nas palavras. — E foi isso! Eu fiquei sem graça! Aí a Renata se aproximou e eu fiquei receio...

      — Que ela percebesse que você estava a rejeitando e achasse que você é gay?

    Diego abaixou a cabeça e voltou a olhar para ele.

    — Er... É!  — ele suspirou.  — Talvez seja isso mesmo.

     Christian balançou a cabeça indignado. 

    — Sou leigo no assunto, mas posso te falar sobre uma rápida leitura de expressão corporal.  — Christian começou a dizer.  — Assim que ela chegou, imediatamente você se afastou de mim e em nenhum momento voltou a ficar ao meu lado. mesmo quando eu me afastei para beber, você não teve nem a ideia de me acompanhar, mesmo que fosse para bebermos como bons amigos que sempre fomos.  Claramente a Renata estava sendo simpática com você de um modo bem mais intenso que estava sendo com os outros. Isso estava explícito no jeito dela de falar, olhar e dançar com você. Mas eu não a julgo! Ela apenas estava demonstrando interesse a um amigo solteiro, indicando que estava afim de ficar com ele aquela noite.

     O tom das palavras de Christian era forte e deixava evidente a sua mágoa em relação ao que havia acontecido àquela noite.

      — E ela fez isso a noite inteira! Sabe por que?  — Christian continuou.  — Porque em nenhum momento você a cortou. Não precisava nem dizer que estava comigo! Você podia dizer que está comprometido. Que sua namoradA não estava, mas você estava ali para se divertir com os amigos. Você podia afastá-la e dizer claramente que não estava afim. Tinham várias possibilidades. Mas você preferiu se afastar de mim e deixar com que a Renata ficasse na sua cola a noite inteira.

        — Desculpe... Eu sei que poderia ter feito diferente.  — Diego disse.  — Mas com a Maite e Mane juntos, e a Dulce e o Christopher também, eu fiquei imaginando que ela pudesse ligar os pontos e deduzir que nós também éramos um casal. Eu fiquei muito sem graça, sem saber o que fazer.

        — Na festa do Mane éramos dois amigos e você não viu problema nenhum em ficar do meu lado.

        — Er....  — Diego coçou a cabeça mais uma vez.  — Mas naquela noite, a nossa aproximação resultou em um beijo. E foi aí que toda a confusão começou.

       — Confusão?  — Christian levantou a sobrancelha.

       — Confusão na minha cabeça. Eu gosto de você. Mas ao mesmo tempo, todos os meus medos martelam na minha cabeça e eu não tenho coragem de assumir isso. Não ainda...

        — O que mais me abalou foi a Maite ter tomado uma iniciativa para te afastar dela... O que a Renata queria afinal? Ir em um lugar mais reservado com você?

         Diego abaixou a cabeça, sem falar nada.

       O silêncio durou muito tempo e Christian não estava disposto a quebrar sem uma resposta.

      — Sim. Era isso...  — Diego respondeu em voz baixa.

      — E você não disse nada? A Maite que teve que te tirar da situação? Você não precisava dizer absolutamente nada sobre a gente. Só precisava dizer que não queria...

          — Er... Eu sei.

         Christian se levantou e foi até a janela. Depois de olhar p céu, voltou a olhar Diego.

        — Você queria, não é mesmo?

       — Não! - Diego respondeu rapidamente.  — Claro que não! Eu não faria isso de jeito nenhum.

       — E se eu não estivesse aqui? Você iria?

       Christian caminhou até perto da porta.

       — Diego, eu sou muito seu amigo e de jeito nenhum quero estragar a nossa amizade. Eu estava disposto a esperar o seu tempo, mas diante de todo o meu sofrimento que venho enfrentando ultimamente, eu não tenho condições psicológicas para aguentar esse tipo de coisa. Não sei se você me entende, mas um namoro escondido e seus medos, eu até consigo compreender. Mas não tenho estrutura emocional para aguentar ver você dar moral para outra pessoa unicamente por medo de que percebam algum "problema".

      Encostando na maçaneta, Christian abriu a porta.

      — Quando você se decidir. Você fala comigo.

      — Chris!  — Diego se levantou e foi até ele.  — Eu gosto de você. Só que estra entre as pessoas, faz eu...

       — Já disse que entendo o seu tempo. Mas tem certas coisas que eu não tenho estruturas para suportar... Espero que você me compreenda.

       — Sim, eu entendo...  — ele abaixou a cabeça.  — Desculpa por hoje! Eu não tinha a intenção de te magoar!

      Diego deslizou a mão no rosto de Christian e tentou dar um beijo em seu lábios, porém ele se esquivou.

      — Reflete no que você quer de verdade!  — Christian disse.  — Depois voltamos a nos falar...

      — Tudo bem...  — Diego disse tristemente, enquanto saia do quarto.  — Mais uma vez, desculpa por hoje....

        Assim que Diego saiu, Christian foi tomar banho e enquanto deixava a água cair pelo seu corpo, ficou pensando em tudo o que estava acontecendo. Achava que não era apenas o medos que impediam com que Diego se abrisse com ele. Talvez, ele não estivesse tão interessado assim. Depois de tudo que passou nos últimos meses ao lado do seu ex, não estava com disposição de sofrer novamente por amor. Achou que era melhor dar um tempo para si, sozinho, para acalmar o seu coração e juntar os pedaços que haviam se dividido diante de tudo o que aconteceu.

     Em seu quarto, Diego também refletiu sobre tudo o que havia acontecido. Deitado na cama, olhando para o teto, reviveu toda a noite. Será que ficaria mesmo com a Renata? Só não ficou com medo de decepcionar Christian  — mais do que já havia feito a noite toda? Realmente achava ela uma mulher muito atraente e, no passado, até já havia cogitado em conhecê-la melhor. Mas e Christian? Estava curtindo a aproximação com ele, ainda que o seu medo gritasse dentro de si.

      Durante a madrugada, Anahí e Poncho foram acordados por Emiliano, alertando que era a hora de se alimentar.

      — Eu busco!  — Poncho deu um beijo no rosto de Anahí e se levantou para pegá-lo enquanto ela se ajeitava na cama.

       — Obrigada, meu amor.

       Depois que Emiliano voltou a dormir, eles logo conseguiram voltar a pegar no sono, porém, de manhã cedo, foram surpreendidos por Manu que pulava na cama deles.

     — Mamãe! Papai! Está sol! Vamos brincar lá fora? Vamos, papai?

     Poncho sorriu ao olhar Manu, com toda a sua alegria, chamando-o de "papai" e dizendo que queria brincar com ele. Aquilo enchia de amores o coração dele e de Anahí, que se derretia a cada demonstração de carinho do filho com o seu namorado.

      — Vamos, vamos!  — Poncho disse, puxando Manu para um abraço.  — Mas primeiro, vamos tomar banho e tomar um super café da manhã! Assim vamos ter energia para brincar bastante.

       — Oba!!!  — Manu disse.

       Poncho se levantou, com a intenção de levar Manu para o banho. Anahí ficou olhando toda a cena com um sorriso nos lábios. Ver Manu feliz, também a deixava muito mais tranquila.

       Depois de dar alguns passos, Poncho voltou para a cama rapidamente, dando um beijo nos lábios de Anahí.

         — Bom dia, meu amor!

          — Bom dia!  — ela sorriu, dando-lhe mais um beijo.

       Depois de tomarem banho e trocarem de roupas, a família desceu para o restaurante do hotel e tomaram o café da manhã. Depois de se alimentarem, foram para a área de piscina onde Manu ficou brincando com Pocnho, enquanto Anahí ficou na sombra, cuidando de Emiliano.

       Já era quase meio-dia quando Mane acordou e sorriu ao ver Maite ao seu lado. Sem conseguir resistir, debruçou-se sobre ela e começou a fazer carinho em seu rosto, admirando a sua beleza. Deu um beijo demorado na bochecha da namorada e a viu se mexer, dando uma leve espreguiçada, enquanto sorria, ainda de olhos fechado.

       — Já acordou, meu amor?  — Maite disse, ainda com dificuldade de abrir os olhos.  — Está tarde?

       Mane se esforçou e conseguiu alcançar o celular de Maite para olhar o horário.

         — São onze e cinquenta e sete.  — respondeu olhando o visor e colocando-o de volta na cabeceira.

       — Nossa, já?

        — Sim... Mas temos pressa?

       — Não!  — ela disse se aconchegando mais perto de Mane para receber o seu carinho.

       Ele voltou a acariciar o seu rosto e admira-la. Achava lindo o jeito que ela demonstrava seu afeto. Desviando seu olhar, mirou novamente o celular de Maite. De repente lhe bateu uma insegurança pensando na mensagem que havia visto no dia anterior.

     Pegou o celular novamente e ficou olhando. Ao estranhar a pausa dos carinhos de Mane, Maite abriu os olhos e viu que ele pegava o seu celular.

      — O que foi, amor?

      — Já viu todas as suas mensagens de aniversário? Devem ter muitas...

      Maite deu um suspiro enquanto seu coração gelava por dentro. Ela sabia exatamente sobre o que Mane estava inseguro. Sabia que a mensagem de Tovar tinha mexido com ele e também sabia que era por causa disso que ele estava tentado a ver o seu celular.

      Não queria ter um namorado que regulasse a sua vida, entretanto já havia confiscado o celular dele uma vez e sabia que, caso desconfiasse de algo, voltaria a ver as mensagens novamente.

       — Você quer olhar? — ela perguntou. — Fica a vontade... Afinal, já fiz isso com o seu celular! — ela deu uma leve risada. — Só não precisa bloquear ninguém. O único que me interessa está bem aqui na minha frente!

      Ele deu um beijo nos lábios de Maite e voltou para o celular. Não queria ser uma pessoa controladora, mas a curiosidade estava lhe matando e preferia fazer isso na frente da namorada do que escondido.

     Abriu o whatsapp e seus olhos procuraram imediatamente "Andrés Tovar". Ao abrir a conversa se surpreendeu que ele havia tentado ligar para ela três vezes, além das mensagens de voz que ele havia deixado. Sem resistir, deixou a sua insegurança falar mais alto e apertou o botão do play para ouvir o que ele havia deixado.

"Olá, Maite! Tentei te ligar algumas vezes, mas imagino que você deva estar comemorando o seu aniversário. Quero mais uma vez deixar registrado o carinho imenso que sinto por e o quanto eu espero que você realize todos os seus sonhos. Você merece por toda a sua dedicação e esforço. Você é uma mulher incrível e eu tenho certeza que irá triunfar cada vez mais. Bom, tudo isso eu já te disse, não só agora na mensagem de aniversário, como olhando nos seus olhos. Mas tudo isso são os meus profundos desejos em respeito a admiração que tenho por você."

     Maite engolia seco a cada palavra de Tovar que ouvia. A duração da mensagem parecia ser muito mais longa do que realmente foi. O pior, ao ouvir suas palavras, foi lembrar exatamente da sensação que teve ao escutar tudo aquilo pessoalmente, com o olhar fixo dele que a cativava de uma maneira inexplicável.

     Para o seus desespero, havia outro áudio ali.

" Eu estava pensando... Talvez pudéssemos marcar um jantar, mas só nos dois. Sem focarmos em trabalho. Acho que precisamos de um momento nosso para relembrar os velhos tempos e colocar realmente a conversa em dia. O que acha? Sei que está viajando, mas pense nessa possibilidade quando voltar. Eu adoraria voltar te ver.

     Por alguns segundos, Maite até perdeu a respiração. O que ele queria afinal? Mane olhou para ela e Maite sentou na cama, puxando o lençol para se cobrir.

       — Relembrar os velhos tempos?  — Mane levantou uma das sobrancelhas.

       — De amizade!  — Maite respondeu.  — Eu nunca tive nada com ele, além de amizade!

       Mane continuou olhando o celular e deu um suspiro.

       — Dá vontade de fazer o mesmo que você fez com a Natalia...  — ele a olhou.  — E bloqueá-lo.

       Os olhos de Maite abriram mais por estar assustada com aquela possibilidade.

       — Não faça isso...  — Maite disse com a voz fraca.  — A Palomo está analisando uma proposta de trabalho. Seria muito indelicado da minha parte bloqueá-lo.

        — A Natalia também tinha uma proposta de trabalho...

        — A Natalia é uma oferecida!  — Maite disse com raiva.

       Mane ligou mais uma vez o segundo áudio e olhou para ela enquanto escutavam novamente aquelas palavras.

        — Ele também não está se oferecendo?

       — Amor, ele é apenas um amigo.  — Maite disse com carinho.  — E, além do mais, ele pode ter sugerido, mas eu não vou aceitar esse jantar com ele. Ainda mais porque não temos nada para conversar sozinhos. Ele é casado e se for para acontecer algum encontro entre amigos, só vai acontecer se você e a esposa dele estiverem presentes!

         Na cabeça de Mane passavam várias coisas. Ele não queria repetir toda a insegurança que teve na época que desconfiava de Maite em relação ao Willian Levy, seu companheiro de trabalho na época em que Mane e Maite namoravam. Entretanto, conseguia sentir a mudança de comportamento e voz de Maite, por mais que ela tentasse disfarçar. Era como se, nos pequenos detalhes, ela transmitia o sentimento diferente que sentia por aquele amigo em questão.

      Sabia que isso seria prejudicial  para a relação dos dois e, de fato, não queria estragar tudo novamente.

      — Essa não é uma desculpa para desbloquear a Natalia, né? — Maite tentou descontrair para quebrar o clima tenso em que estavam.

      — Claro que não. Ela não me interessa em nenhum aspecto.

     — E nem esse Andres! — Maite se aproximou para um beijo. — É apenas um amigo e até possível colega de trabalho. nada mais que isso. Como eu te disse, quem eu amo está aqui na minha frente.

       Maite segurou a nuca de Mane e o conduziu para um beijo que foi totalmente correspondido. Queria deixa-lo o mais tranquilo possível e estava disposta a não sentir raiva de seu comportamento, até porque a sua culpa interior lhe dizia que ele não estava errado.