Fanfic: Revanche - Vondy | Tema: Vondy

Dulce 

Pelo menos uma vez no mês eu ia ao cemitério visitar o tumulo dos meus pais, eu sentava no meio dos dois túmulos e começa a conversar com eles, era um modo de senti-los perto de mim, depois da conversa eu enchia os tumulos de flores, algumas vezes deixava as rosas que cultivava, minha mãe amava cuidar delas, então eu pegava algumas e colocava bem pertinho dela. 

Hoje era dia de visita-los então coloquei um vestido longo e folgado de tom neutro, dispensei o motorista, quando ia vê-los preferia sempre ir sem o meu motorista, peguei um punhado de flores, e segui até o cemitério da cidade, estacionei meu carro, peguei as flores, e sai depois de travar o carro. 

Caminhei entre os túmulos sentindo a brisa da tarde, avistei os túmulos dos meus pais, e acelerei o passo, as flores que deixei no mês passado já estavam murchas, me sentei no meio dos dois e comecei a recolher as flores. 

" Olá mamãe, olá papai " eu digo, me inclinando pra terminar de recolher as flores " espero que não se importem com minha demora, eu me atrasei um pouco por que estava colhendo as flores  " digo dando um sorriso, e pego as novas flores pra colocar em seus túmulos " são lindas não ? essas são as flores que eu mesma cultivei no nosso jardim, aposto que a mamãe esta surpresa agora, mas, é verdade, eu estou me saindo muito bem nessa coisa de jardim " comento dando um risinho. 

" Você é completamente louca " ouço uma voz dizer 

Eu me levanto de supetão e me viro " Christopher " digo seu nome num sussurro, em minha frente estava Christopher com uma garrafa de cachaça nas mãos, seu terno estava amassado, e ele tinha os olhos vermelhos e sombrios 

" Sim, Christopher " ele diz e então faz careta apontando pro tumulo dos meus pais " você realmente acha que eles podem te ouvir ? " 

" Claro que podem " afirmo 

Christopher ri de modo histérico " que coisa mais estupida " 

" Você não esta nada bem " comento baixo 

" É claro que não estou bem, eu estou péssimo e sabe de quem é a culpa disso ? do desgraçado do meu pai, e o pior é que ele nem esta vivo pra eu poder socar a cara dele " ele grita, e então se senta em um dos túmulos, e dá um grande gole da garrafa 

Me aproximo dele com cautela " quer me dizer o que aconteceu pra você estar desse jeito ? " 

" Por que eu deveria falar ? eu nem te conheço " ele resmunga 

" Claro que me conhece, sou Dulce, amiga da sua irmã " digo 

Ele ri irônico " claro, você é amiga daquela idiota não minha  " 

" Ei, não fala assim dela " digo séria 

" É o que ela é, é o que ela sempre foi " Ele afirma, e então suspira " eu nunca entendi o que eu tinha feito pra que ele me odiasse tanto mas, acho que nunca fiz nada, no fim ele só não gostava mesmo de mim " diz abaixando o olhar 

Estreito os olhos " desculpa, não entendo do que esta falando " 

Christopher ergue os olhos pra mim " meu pai me odiou enquanto esteve vivo, e deu um jeito de deixar isso ainda mais claro depois que morreu " 

" Não diz isso, tenho certeza que seu pai não nunca te odiou Christopher " afirmo, e engulo a seco colocando a mão no ombro dele 

" Você não sabe de nada " ele rebate

Suspiro " sim, não sei mas, o que sei é que um pai não odiaria o filho, odio é um sentimento muito negativo " comento 

Christopher suspira " quando eu era pequeno sempre tentei ser o filho que ele queria, eu fazia de tudo pra ele gostar de mim, só que com o tempo eu não quis mais tentar, eu não quis por que vi que Annie nunca precisou fazer nada pro nosso pai gostar dela, ele sempre a amou sem ela precisar fazer nada pra agrada-lo, então pensei: por que comigo tem que ser diferente ? por que tenho que me esforçar tanto pra ele me querer ? " ele nega com a cabeça 

Pigarreio " olha, eu tenho um irmão, ele se chama Dario e ele era muito apegado a nossa mãe, enquanto eu era a princesa do nosso pai, mas, ele sabia que meu pai o amava, claro que sabia só que com ele nosso pai tentava fazer a linha durão, ele queria que Dario fosse um homem sério, e diciplinado, achava que tinha sempre que manter esse personagem pro meu irmão mas, não passava disso Christopher, um simples personagem " desvio os olhos " na frente do Dario ele nunca demonstrou nenhuma emoção, nunca chorou, ou disse que se orgulhava dele, quando Dario dava as costas papai me dizia coisas maravilhosas sobre ele, sorria emocionado pelo sucesso dele, dizia que ele era seu orgulho, comigo ele se sentia bem em desfazer esse personagem mas, com Dario ele achava que era necessário se manter sempre firme" 

" Meu pai não é o seu pai, ele com certeza nunca disse ou pensou nada de bom sobre mim " Ele diz amargurado, e então toma outro gole de sua bebida " eu nem sei por que estou falando sobre isso com você, acho que você nunca vai entender como me sinto " 

" Se você me dizer talvez ... " 

" Não, eu não quero falar nada, eu só quero sumir " ele se levanta, e olha os tumulos dos meus pais " eles não podem te ouvir, você deveria saber " comenta 

" Eles podem sim, estão sempre comigo " comento, colocando a mão sobre o peito 

" Não estão " Christopher rebate " e você continuar pensando isso só a torna patética, seus pais já eram, morreram ficar alimentando a ideia de que ainda estão por aqui só vai te deixar pior, é mais fácil aceitar que quando se morre acabou " afirma 

" Você esta errado Christopher " digo, e me levanto " a morte não é o fim de tudo " 

" É claro que é, eu prefiro acreditar que seja " 

" Por que ? " 

" Por que não quero acreditar que meu pai esta em algum lugar se divertindo por ter ferrado comigo " ele diz entre os dentes, e então se vira pra ir embora " não, quer saber ? eu quero sim que morte não seja um fim, eu quero mesmo, por que ai vou poder imaginar que meu pai esta no inferno pagando por ter sido um pai de merda pra mim durante sua vida  "  ele quebra a garrafa num os túmulos e sai, eu permaneço ali parada vendo-o se afastar.