Fanfic: Irmãos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, Romance

Dulce

DEUS! O que eu estava pensando? Dizendo algo tão particular, tão próximo da verdade, em voz alta. Ninguém precisava saber essas coisas. Isso levaria a mais perguntas. Respostas exigentes que eu nunca daria. Ele estava muito perto. Tê-lo comigo, era... Surpreendente. Tornou meu pequeno trailer seguro perfeito. Não cheirava a mofo com Christopher dentro. O cheiro de menta e couro agora o enchia. Christopher tornou as coisas mais brilhantes.

Permitir-me querer isso me levou de volta a um caminho sem esperança.

"Você vai ficar em silêncio durante todo o trajeto de dez minutos até o restaurante?" ele perguntou, quebrando o silêncio.

Eu não conseguia olhar para ele. Eu sabia que ele queria que eu olhasse. Eu simplesmente não consegui. Eu abri. Disse demais.

"Dul, o que há de errado?"

Suspirando, continuei olhando pela janela do lado do passageiro. "Nada. Só estou tentando entender as coisas na minha cabeça.”

"Que coisas?"

“Explicando a você que quero a vida que tenho aqui. Eu estou feliz. Eu não estava lá." Talvez feliz estivesse exagerando. Mas seguro. Livre do... Do mundo sujo e feio em que eu vivi. Os segredos, a máscara que eu usava diariamente para cobrir minha realidade. Isso estava atrás de mim. Nenhuma quantidade de aconselhamento em que os médicos me colocaram me senti tão livre. Além disso, se eu dissesse a um psiquiatra que meus problemas reais seriam lançados no sistema muito rápido. Longe de Dixie. E eu precisava de Dixie então. Ela era meu meio de sobrevivência.

"Você estava infeliz em casa?" ele pediu esclarecimentos.

Eu balancei a cabeça, mas não disse mais nada. Eu terminei com esse tópico. Ele sentiu e no resto da viagem não falamos. Quando ele estacionou em frente à lanchonete, agarrei a maçaneta, esperando que ele agarrasse meu braço e me perguntasse mais. Dizer algo. Mas foi só quando eu estava na metade do caminho para a porta dos fundos que me dei conta de que ele não estava me perseguindo. Ele não estava chamando meu nome.

Ele estava indo embora.

Parando, eu me virei para olhar quando o caminhão dele estava saindo na estrada principal. Não levando ao meu trailer. Ele estava voltando para o norte. De volta para sua casa. Meus ombros caíram. Minha garganta entupiu. Era o que eu sabia que tinha que acontecer, mas tinha sido tão fácil.

"Você vem ajudar, ou está aqui de pé contemplando o dia?" Perguntou Diesel.

Eu virei minha cabeça para vê-lo jogando um saco de lixo na lixeira.

"Cale a boca", eu bati. De volta a ficar com raiva dele.

"E ela voltou. Irritada, assim como eu gosto,” ele disse com sarcasmo.

Passei por ele e entrei na cozinha.

"Ele não vale a pena. Se ele não ficou e te implorou, ele deveria ir embora."

Eu queria gritar com ele um pouco mais. Ele pensou que isso era simples. Que eu era uma garota superficial que queria atenção de um garoto mau. Que se tratava de amor e felicidade para sempre. A ideia me deixou furiosa. Eu odiava ele me julgar pelos outros. Porque eu gostaria de ser como os outros. Eu gostaria de não ter essa cabeça fodida e inseguranças e medos. Eu gostaria de não ter visto os monstros e a feiura em tenra idade.

E eu gostaria que minha mãe o tivesse parado. O primeiro. Os depois dele. Eu gostaria que ela tivesse sido a mãe amorosa que protege seu filho. Ou apenas um humano com compaixão. Isso teria me ajudado também.

"Você não tem ideia do que está falando", eu disse em voz baixa, mas firme, enquanto olhava para ele.

"Então me esclareça", ele respondeu.

Comecei a rir. Não é do tipo que vem da diversão. Mas o tipo que veio da dor cruel demente. Ele está preso há alguns meses. Eu moro na prisão há anos. Minha infância segura tinha sido um mundo de medo, sujeira e terror quando outro homem entrou no meu quarto e me chamou de princesa. Um homem que minha mãe permitiu entrar lá.

"Não! Eu não vou te iluminar!” Eu gritei com ele. “Pare de tentar ser meu amigo. Pare de fazer perguntas e dar conselhos. Porque você não tem ideia!” Os olhos dele estavam arregalados. O lugar estava silencioso. Deve haver algum barulho.

Os outros, Netty e Ethel, estavam me ouvindo gritar. Como eles não puderam? Eu estava gritando. Meu coração estava batendo contra o meu peito. Emoções agitando dentro de mim. Eu gritei com ele como se ele tivesse me prejudicado. Quando ele não fez nada além de tentar ser meu amigo. Como ele saberia como minha vida era um monte de merda.

Eu não olhei para nenhum deles, apesar de sentir seus olhos em mim.

"Desculpe", eu disse não apenas a Diesel, mas a Netty e minha chefe. Voltei para a porta pela qual acabara de entrar. Fechou-se firmemente atrás de mim. Meu carro estava onde eu o havia deixado noite passada. Minhas chaves na bolsa no meu braço. Cheguei lá dentro e os encontrei. Eu gostei desse trabalho. Eu gostei das pessoas daqui. Mas eu apenas gritei e amaldiçoei o sobrinho de Ethel como a pessoa louca que eu era. Eu mostrei a eles meu caráter instável. A garota que eu escondi tão bem há anos. Isso estava prestes a acontecer. Meu estalo. Mentalmente em combustão. Foi isso? Meu ponto de virada na terra do mal.

"Dulce!" A voz de Ethel chamou em voz alta. Eu não queria olhar para ela. Ouvir ela. Mas eu devia a ela. Ela me deu um emprego quando eu precisei de um. Confiava em uma garota sem referências ou empregos anteriores. Com uma inspiração profunda, tentei me equilibrar por qualquer coisa que estivesse prestes a conseguir. Então me virei para encará-la.

Ela estava me perseguindo. Uma expressão séria no rosto. Não era exatamente uma carranca, mas foi determinação. Não queria que Ethel me odiasse. Ela foi legal comigo. Tipo. Todos eles eram. Mal sabiam eles que eu era uma bomba-relógio.

"Onde você pensa que está indo? A multidão do café da manhã estará aqui em alguns minutos. Deus sabe que o garoto não pode lidar com isso sozinho.”

Eu esperava que ela gritasse comigo, me repreendesse, me dissesse para sair e não voltar. Nunca por um breve momento pensei que ela viesse aqui para me dizer para voltar para dentro. Ela não tinha me visto agindo como um lunático?

"Você não quer que eu vá embora?" Eu perguntei, certificando-me de entendê-la corretamente. Talvez ela quisesse que eu terminasse meu turno e depois saísse.

“Porque você gritou com o garoto? Não sei por que ou o que ele disse, mas às vezes uma mulher tem um motivo para gritar com um homem. Acontece. Nós somos mulheres. Eles podem dizer merda estúpida. Agora vamos lá. Não tenho muito tempo." Ela disse acenando com o braço na direção dela e da lanchonete.

Eu ainda tinha um emprego.

Eu pensaria em Christopher mais tarde. Esta noite. Quando eu estava sozinha.

Eu poderia gritar e gritar na minha caravana. Mas não aqui. E não com Diesel. Ele não fez nada além de ser curioso. Como ele conheceria meu passado?