Fanfic: Irmãos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, Romance

Dulce

Toque. Houve um toque. Longe. Eu fiquei no meio de um deserto e me virei em círculos procurando o som. Não foi até que comecei a entrar em pânico porque não consegui encontrar o barulho que percebi que estava sozinha no deserto.

Finalmente me atingiu. Eu estava sonhando. Então comecei a cair para trás no nada.

Meus olhos se abriram, meus braços voaram batendo na cama de cada lado de mim na tentativa de me segurar... E o toque continuou. O sol estava tão brilhante atravessando as cortinas que tive que apertar os olhos. Não me lembro de ter sido tão brilhante no meu quarto antes. Minhas cobertas foram jogadas para o lado e quando olhei para o meu corpo, percebi que estava nua. Um leve brilho de suor me cobriu. Por que estava tão quente? Eu dormi com as janelas rachadas pela brisa. E por que o sol estava tão brilhante?

O toque começou de novo. Esfregando os olhos, bocejei. Meu corpo parecia como se tivesse caído naquele outono em que eu estava sonhando. A ternura entre as minhas pernas...

Christopher.

Sentei-me na cama e comecei a olhar em volta. Meu telefone ainda estava tocando, então pulei da ponta da cama e corri os quatro degraus até a mesa da cozinha para pegá-lo.

"Olá", eu disse, e bocejei prontamente novamente.

"Graças a Deus você está viva!" A voz de Ethel tocou alto no meu ouvido.

Ethel? Por que Ethel estava me ligando tão cedo? Por que eu não estaria viva?

"O que?" Eu perguntei então comecei a olhar em volta e descobri que tinha que olhar de soslaio pela luz do sol aqui. Por que estava tão assustadoramente brilhante?

"Eu ligo para você desde as seis e meia da manhã, quando ficou claro que você não chegaria a tempo de abrir. Você não estava respondendo e eu estava prestes a entrar no meu carro e vir ver se algo terrível havia acontecido.”

Minha cabeça levantou e olhei para o pequeno relógio que estava no fogão embutido.

Eram 8:25. Meu Deus!

“Ethel, eu sinto muito. Esqueci de ligar o alarme ontem à noite e...” Comecei a procurar no pequeno trailer qualquer sinal de Christopher. Andando até a janela, vi que sua caminhonete sumir. Mas sua mochila estava aberta no sofá. Ele deixou aqui. Aquela pequena promessa de que ele não cumprira definitivamente me deu alívio suficiente para que eu pudesse pensar direito o suficiente para falar com Ethel.

“E você estava ocupado amando aquele jovem ontem à noite. Eu sou uma mulher. Eu sei essas coisas. Você nunca chegou atrasada antes. Não é como se você fosse uma preguiçosa."

“Mas Ethel, eu te decepcionei! Eu estarei lá em dez, eu juro. Deixe-me me vestir e...”

"Você passa andando por essas portas hoje e eu vou demiti-le. Fique em casa. Descanse. Deus sabe que você precisa depois do dia e da noite. Nós resolvemos as coisas aqui. Só precisava saber que era o ato sexual o dia inteiro que não fazia você aparecer.”

Eu cobri meu rosto com a mão livre. Isso foi tão embaraçoso. Todos eles podiam ouvi-la. Conhecendo Ethel, ela estava falando alto ali na sala de jantar. Ela anunciava a todos que estou viva, mas exausta pelo sexo. Eu gemi.

Ethel riu. "Vejo você de manhã, menina", disse ela, então a ligação terminou e eu estava sozinha, confusa e nua em pé no meu trailer.

Não era como Christopher fugir sem motivo. Ou para me deixar dormir quando eu tinha um emprego. Fui até sua bolsa e espiei dentro. Parecia que ele havia tirado uma roupa da maneira como as coisas eram jogadas. Suas roupas da noite passada estavam ao lado da bolsa.

Passei meus dedos por uma de suas camisetas. Era macio e preto. Eu já o vi usar este antes. Estávamos na casa de Jack e eu passava a mão nas costas dele secretamente. Ele cheirava a um charuto que Jack havia lhe dado e disse que era melhor ele se esconder para fumar. Eu gostei do perfume nele. Muitas noites, eu tinha acordado pensando em como seria ter uma de suas camisas para vestir. Eu poderia me abraçar e fingir que ele estava comigo. Eu me perguntei se isso me faria sentir mais seguro.

Alcançando a sacola, puxei a camisa e sorri enquanto a puxava sobre minha cabeça. O tecido me atingiu no meio da coxa e pendeu de um dos meus ombros. Cheirava a amaciante e Christopher. Envolvendo meus braços em volta do meu estômago, sorri contente. Não, foi mais do que isso. Eu estava feliz. Christopher me fez feliz. Ele sempre teve. Mas ontem à noite, ele não usou o sexo como uma ferramenta para me controlar. Para tirar de mim. Ele estava dando e lento. Eu me senti especial e desejada. Amada. Importante. Todas as coisas que eram estranhas para mim.

Ele queria que eu confiasse nele. Ele me amou. Ouvi-lo dizer tudo o que tinha sido bom demais para ser verdade. Coisas assim não aconteceram comigo. Eu fui amaldiçoada. Eu tinha que estar. Isso me fez temer quanto tempo isso duraria...

O que acontece quando eu tenho a minha primeira noite de gritos incontroláveis ​​e choros presos em um sonho do passado? Uma memória que não me deixa ir. Isso o assustaria? Ou quando entrei em mim porque algo ativou uma memória e não consegui parar. Eu teria que lutar para impedir que isso me fizesse parecer um psicopata. Dixie chamou-os de feitiços de zoneamento e pensou que era apenas eu sendo idiota. Eu a deixei pensar isso. Mas Christopher acreditaria nessa desculpa?

Afastando todos esses pensamentos, fui ajeitar suas roupas quando minhas mãos tocaram o canto de um livro rosa. Por que Christopher estaria carregando um livro rosa escondido em suas roupas? Que estranho. Ele não era um tipo rosa de cara. Deslizando meus dedos entre as camisas e jeans, puxei o livro.

Antes mesmo de entregá-lo em minhas mãos, eu sabia. Eu reconheci isso. Talvez meus dedos o tivessem tocado tantas vezes que o diário fosse uma lembrança para eles. Uma que eles não podiam esquecer. Minhas mãos começaram a tremer. Minha garganta se fechou com força. Era como se o diário tivesse uma mão e estivesse enrolada na minha garganta, apertando-a. Minha saliva engrossou, tornando ainda mais difícil de engolir.

Por que ele tinha isso? Eu escondi isso há muito tempo. Pensando que se eu pudesse tirar essas memórias de mim, eu poderia esquecer. No entanto, a ideia de jogá-lo fora ou queimar parecia impossível. Porque isso aconteceu. Por mais que eu quisesse esquecer. As coisas que aconteceram não puderam ser apagadas da destruição das entradas em um diário. Foi prova. Que eu não menti. Que eu não era louca. No final, eu decidi esconder. Christopher não tinha negócios com isso. Meu aperto aumentou no diário e lutei com a traição. Era como se ele tivesse se forçado a entrar nas minhas memórias mais sombrias sem ser convidado. A bile queimava quando subia na minha garganta. Estes eram meus. Ninguém deveria ter visto isso. Especialmente Christopher.

Foi preciso cada grama de força que eu tinha para virar o familiar diário rosa na minha mão e ler a capa. Era prata, embora o tempo tivesse embotado o brilho um pouco. A maior parte do brilho havia passado, deixando apenas o material brilhante de que a capa era feita. Era algum tipo de plástico. Sem abri-lo, eu sabia que as páginas eram todas 5x7 e tinham linhas rosa com uma estrela de prata no topo de cada uma. A cor do papel era de um roxo pálido. Estava embrulhado em uma pequena caixa naquele Natal com papel de embrulho vermelho de Macy e um laço verde. O homem que eu chamei de pai comprou e mandou embrulhar. Como ele fez todos os meus presentes naquele ano.

Todos deveriam ser do Papai Noel, mas disseram Macy no adesivo dourado que também continha o cartão-presente. Para: Dulce. Era tudo o que dizia. Escrito com a letra de um estranho. Provavelmente uma universitária embrulhando presentes durante as férias. Ou uma avó aposentada assumindo um emprego extra para comprar os presentes dos netos.

Quem quer que fosse, não tinha sido o Papai Noel. Ou meus pais. Minha mãe mal ficou acordada enquanto eu abria meus três presentes. No ano seguinte, ela saiu antes de eu terminar de abrir meus presentes. Então, no ano seguinte, ele não voltou para casa, mas meus presentes foram enviados para mim. Eles chegaram pelo correio uma semana antes do Natal. Uma bolsa Gucci, uma pulseira de prata e um ursinho de pelúcia com uma camiseta com a inscrição Boston.

Todo Natal e aniversário a partir de então eram os mesmos. Eu pegava os presentes e os colocava embaixo da árvore que Dixie sempre me ajudava a colocar. Então, na manhã de Natal, eu os abria. Sozinha. Eu fazia torradas de canela, assistia a um filme de Natal e rezava para que ela nunca saísse do quarto. E que ela estivesse sozinha.