Fanfic: Irmãos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, Romance

28 de março de 2006

Sparkle Rose,

Há um novo agora. Ele vem no meu quarto quando chega aqui. Eu não quero que ele faça. Mas mamãe diz para eu calar a boca e me bateu no rosto se eu chorar ou fugir dele. Ela disse que é o mínimo que posso fazer para arruinar sua vida. Não quero chorar, mas não gosto quando ele me toca. É uma sensação ruim e fico doente de estômago. Então eu choro.

Dulce Espinoza

Nove anos de idade

**

23 de novembro de 2006

Sparkle Rose,

Hoje é dia de ação de graças. Fiz espaguete e sanduíches de queijo grelhado. Mamãe não estava aqui. Ela foi visitar amigos no Colorado, disse ela. Eu liguei para o papai. Ele não respondeu. Mas a casa está tranquila e eu gosto dessa maneira. Ninguém está aqui para me fazer abrir as portas. Eu assisti o desfile do Dia de Ação de Graças na televisão. Então eu fiz pipoca e assisti Miracle na 34th Street. Eu gostaria que ela ficasse fora o tempo todo. Talvez ela também tenha ido embora no Natal.

Dulce Espinoza

Nove anos de idade

**

1 de junho de 2007

Eu sei que ele não é meu pai. Eu não tenho um. Ele estar fora o tempo todo é porque ele quer se afastar dela. Eu também. Nós temos isso em comum. Eu gostaria que ele me levasse com ele.

Dulce?

**

3 de dezembro de 2008

Eu soquei o novo. Bem nas bolas. Ele gritou e me bateu no rosto. Chamou-me de putinha. Mas eu não me importei. Nem mesmo quando mamãe começou a me bater com o cinto, ela saiu do armário do pai. Ainda não se importava. Porque tudo valeu a pena. Ele saiu. Ele não me tocou em nenhum lugar, mas na minha coxa desta vez. Eu o parei.

Dulce?

**

Outubro de 2009

Aconteceu. Pai chegou em casa inesperadamente. O nova amigo da mãe ainda não tinha entrado no meu quarto. Eu sabia que ele faria. Ele me segurava enquanto ela amarrava minhas mãos. Comecei a fechar os olhos e a pensar em outras coisas. Se eu me esforçar muito, posso sair completamente da zona. Deixar o quarto quase.

Não sei como ele sabia, mas sabia. Meu pai é isso. Ele me chamou para sair do meu quarto. Eu ouvi vozes altas e gritas. Eu não queria ir lá, mas fui. Ele nunca esteve em casa. Talvez desta vez ele estivesse me levando embora. Mesmo que ele não fosse meu pai de verdade.

Ele me perguntou se aquele homem já esteve no meu quarto. Eu nem olhei para minha mãe. Eu conhecia as ameaças dela. Que eu iria para a cadeia. Mas eu era mais velha agora. Pesquisei on-line e sabia que isso não era verdade. Quando eu disse a ela, ela puxou uma arma de uma gaveta e me perguntou se eu queria levar um tiro. Às vezes eu pensava que levar um tiro pode não ser tão ruim. Então eu estaria morta.

Eu disse que sim e que ele me tocou e não consegui dizer mais nada. Admitir isso me fez sentir como se a sujeira estivesse sobre mim. Que estava lá em mim para que ele pudesse vê-lo.

O homem começou a correr para a porta quando o pai entrou no seu caminho. Ele disse a ele que não queria isso. Que se o homem prometesse nunca mais voltar, ele o deixaria ir. Mas voltar seria uma passagem de ida para a prisão. Eu não sabia que você precisava de ingressos para a prisão. Mas acho que sim.

Quando éramos apenas nós três, ele me disse para voltar para o meu quarto. Não sei do que eles falaram. Ou por quanto tempo. Mas já faz duas semanas e ele não está aqui, mas nenhum dos homens.

Dulce

**

23 de agosto de 2010

Hoje eu comecei o ensino médio. Mamãe não saiu do quarto para me ver na escola, mas se ela tivesse, eu pensaria que ela estava tomando algum tipo de droga novamente. Sua breve passagem por pílulas felizes que o pai a colocou no ano passado durou apenas dois meses. Ela arrumou meus almoços naqueles dias e lavou a roupa. Algumas noites ela preparou o jantar. Mas ela também ganhou vinte libras e se recusou a tomá-las mais. Dentro de uma semana, ela voltou a beber demais, dormindo com homens que nunca mais chegavam perto da minha porta. Eu até tinha um novo bloqueio instalado. Os homens eram jovens agora. Como eles poderiam estar na faculdade.

O melhor foi que acho que fiz uma nova amiga. Ela é quieta e doce. Eu já a vi por aí antes, mas ela não fala muito. Quando aquela cadela Emily James pegou sua bandeja de almoço e a jogou no lixo, eu fui até ela e joguei Emily nas latas de lixo também. Eu disse a ela que ela jogou o lixo errado fora. Então me sentei ao lado de Dixie, que é o nome da minha nova amiga, e me ofereci para compartilhar minha bandeja de almoço.

Este ano pode não ser tão ruim, afinal.

Dulce