Fanfic: Irmãos ao sul do Mason Dixon - Vondy(finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, Romance

Dulce

É hora de você voltar.

Christovão seguiu em frente. Ele está feliz. Mas Christopher não está. Ele está perdido. Machucando. Está nos olhos dele.

Dixie precisa de você lá.

Você sabe que quer ficar com ela.

Apenas pense sobre isso. Mas não por muito tempo. O casamento começa às seis.

Olhei pela janela e vi o carro de Dallas sair do estacionamento. Ele se foi, mas suas palavras permaneceram. Eles estavam brincando na minha cabeça repetidamente. Sua insistência de que eu deveria estar no casamento. Que Christovão tinha superado o que tinha acontecido. Que Christopher não tinha.

Meu peito apertou. Sempre acontecia com o pensamento de Christopher. Meu cérebro doente tinha pensado que Christopher era a única coisa que poderia me salvar. Eu tinha me agarrado a ele esperando encontrar uma alegria. Isso tinha sido tão ferrado quanto minha cabeça. Minha alma tão retorcida e fraca.

Perdoar a mim mesmo foi a parte mais difícil. Ainda não consegui fazer isso. Eu temia que nunca fosse. Meu desespero egoísta por Christopher doeu demais. Eu sempre machucava pessoas. Eu precisava ficar sozinha. As coisas que haviam entortado meu cérebro desde tenra idade me arruinaram por uma vida normal.

"Esse foi um garoto bonito", disse Ethel vindo ao meu lado. "Ele é o motivo de você estar aqui vivendo esta vida?"

"Não."

"Acho isso difícil de acreditar. Ver ele com certeza causou uma expressão em seu rosto. Pura mágoa.”

“Ele tem irmãos mais velhos. Vê-lo me lembrou um deles.” Eu admiti apenas o que pude.

Ela suspirou. "Senhor, há mais deles? Aquele parecia realmente determinado a algo. Foi embora parecendo derrotado.”

Finalmente desviei os olhos do estacionamento que o carro agrícola de Uckermann havia deixado vago.

"Hoje é o casamento da minha melhor amiga", disse a Ethel. "Ela está se casando com o irmão mais velho. Eu amei os dois seguintes. Eles são gêmeos. Eu causei muita dor.”

Ethel soltou um assobio baixo. “Isso com certeza parece uma bagunça quente. O que trouxe aquele aqui para vê-la? Ele temia que você aparecesse no casamento?”

Eu balancei minha cabeça. “Ele acha que eu deveria estar lá. Para Dixie, a noiva. Diz que seus irmãos podem lidar com isso agora. Aquele que machuquei mais mudou. O outro... Bem, você nunca sabe com ele. Ele é sombrio, fechado, muitas vezes desapegado e pode ser possessivo, apaixonado, selvagem... Ele é especial." Quando eu estava com ele, minha alma não estava tão manchada.

Ethel deu um tapinha nas minhas costas. “Parece que você precisa continuar e se preparar para um casamento. Eu acho que sua amiga iria querer você lá. Faça o dia dela ainda mais especial. E pelos sons desse garoto, você pode ser o charme que o domina. É uma daquelas coisas na vida em que você joga. Ele poderia quebrar você em mil pedaços ou tornar seu mundo mais brilhante do que uma queima de fogos de artifício. Os melhores nunca são fáceis.”

Eu queria estar lá por Dixie. Eu vivi minha vida inteira naquela cidade. Ela foi a primeira amiga de verdade que eu já tive. Outras garotas não me convidariam. As mães deles conversaram sobre a minha. Eles sussurraram. Eles mantiveram suas filhas longe de mim. E eu entendi o porquê. Dixie foi a primeira pessoa no meu mundo a me fazer sentir normal. Eu estava fora sete meses. Eu me mostrei que não era fraco. Eu era forte Eu poderia voltar para aquela cidade. Encare os demônios lá esperando para me agarrar. Fique forte. Sorrir. Finja que está tudo bem. E depois do casamento. Por Dixie.

"Volto amanhã", disse antes que pudesse mudar de ideia.

“É melhor você não voltar. Vejo você em três dias. Não tenha pressa. Tome a decisão da qual não se arrependerá. Não é o que você acha mais seguro.”

Eu me virei e abracei Ethel. "Se fosse assim tão fácil", eu sussurrei. "Obrigada por me deixar ir."

Ethel me abraçou de volta com força. “Todos nós lamentamos, querida. Sempre há uma chance de redenção. E não apenas com o bom Deus.”

Se fosse apenas arrependimento, eu voltaria há muito tempo. Minha redenção não estava em um Senhor de quem nunca recebi ajuda quando criança, implorando que ele me resgatasse. Minha redenção foi Ethel e esse trabalho. Talvez até aquele pequeno campista que liguei para casa.

"Obrigada, Ethel", eu disse tirando o avental e entregando a ela.

“Continue com você mesmo agora. Dirija com segurança,” ela respondeu.

Com um último sorriso falso, fui para a porta.

"Para onde ela está indo?" Netty chamou da janela da cozinha. "Recebi três pedidos!"

"Eu estou no lugar dela. Ela tem algumas coisas a fazer,” respondeu Ethel.

"Deus nos ajude", respondeu Netty e se virou.

Não esperei que meu bom senso voltasse. Enquanto eu tinha coragem de ir, eu precisava fazer um movimento. Indo para o meu carro, enfiei a mão no bolso e peguei o telefone. Ligar para minha mãe não era algo que eu queria fazer, não que ela estivesse preocupada por eu ter saído em primeiro lugar. Ir para aquela casa era a última coisa que eu queria fazer. Ela me ligou uma vez para perguntar se eu tinha pegado um par de brincos de diamante. Ela desligou quando eu disse que não. Eu liguei e deixei meu novo número no correio de voz dela meses antes de ela fazer a ligação.

O homem que chamei de pai também tinha esse número, mas ele nunca me procurou. Ele nunca demonstrou preocupação com a minha vida desde o momento em que nasci. Ele sempre viajou. Ele era um estranho para mim. Mesmo quando ele voltava para casa, estava ausente do meu mundo. Ele se manteve trancado em seu escritório. Trabalhando. Ignorando a vida ao seu redor. Até o dia em que ele teve que enfrentar a verdade. Só então ele me ajudou.

"Olá." Minha mãe parecia que ela ainda estava na cama. Eram nove. Eu deveria ter esperado isso. Ela normalmente dormia até a tarde.

"Estarei lá em três horas para me vestir. Preciso de algumas roupas que deixei para trás.” Havia uma boa chance de ela ter um homem lá. Possivelmente fazendo sexo na minha cama anterior. As coisas que eu aceitei dela normalmente.

Eu a ouvi bocejar e esticar. "Dulce?"

"Sim", eu respondi irritado, quem mais poderia ser? Felizmente, eu era a única filha trazida ao mundo por ela.

"O que você está fazendo?" Ela estava confusa.

"Eu te disse. Estou vindo para me vestir. É o casamento de Dixie hoje."

Ela suspirou e murmurou algo para alguém. Eu esperei.

"Acho que toda a sua merda que não enviei para o lixão está encaixotada. Escondido no depósito,” ela resmungou.

Responder a isso foi inútil. Eu deveria estar agradecida por tudo isso não ter sido destruído. Pelo menos eu tinha algo guardado. Embora houvesse uma possibilidade, poderia ter mofo.

"Os bloqueios foram alterados para a casa", continuou ela. "O código ainda é o mesmo." Abruptamente, a ligação terminou. Foi isso. Nada mais. Sem perguntas ou explicações.

Larguei o telefone no banco do passageiro. Houve uma dormência que veio ao lidar com minha mãe. Era um mecanismo de enfrentamento. Eu li sobre isso.

Determinado, segui para o norte. De volta ao mundo de onde eu fugi. A bagunça que eu criei e deixei para trás. O peso que pairava sobre aquela cidade fazia meu peito doer ao respirar. Só lá, os pesadelos vieram a mim enquanto eu estava acordada. Estive fora o tempo suficiente para fingir menos e esquecer. Não havia esquecimento quando entrei nos limites da cidade.

Eu me concentrei na razão pela qual eu estava indo. Pensei em ligar para Dixie e avisá-la de que estava a caminho de prepará-la para minha aparição repentina. Ela se preocuparia e eu não queria estragar o dia dela. Eu só queria estar lá. Eu não tinha certeza se me esconderia para observá-la secretamente antes que ela andasse pelo corredor ou entrasse como todo mundo. Eu tive três horas para reproduzir os cenários na minha cabeça. Planejamento seria o que me mantinha sã e me mantinha unida.

Se não fosse pela culpa, eu estaria trabalhando agora. Lidar com idosos, turistas queimados e salada de batata. Dallas teve que aparecer e me deu um empurrão extra para fazer a coisa certa.

Depois de passar pelo sinal de boas-vindas de Moulton, virei à esquerda em vez de ir para a casa da qual finalmente havia escapado. Eu não precisava de nada dela. Se eu pudesse passar o resto da minha vida sem ver aquela casa novamente, ficaria bem.

O brechó dentro do shopping Moulton Circle estava aberto. Eu tinha dez dólares de sobra. Eu esperava encontrar algo que não cheirasse a naftalina ou roupa suja.