Fanfics Brasil - Capítulo 1 Química perfeita - adaptada AyA

Fanfic: Química perfeita - adaptada AyA | Tema: AyA, Ponny


Capítulo: Capítulo 1

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Anahi


Todos sabem que sou perfeita. Tenho uma vida perfeita. Roupas perfeitas.
Até minha família é sinônimo de perfeição. E embora tudo seja uma
completa mentira, me esforcei muito para manter as aparências, para ser “perfeita” em
todos os sentidos. Se soubessem da real, minha imagem iria por água abaixo.


Parada em frente ao espelho do banheiro, com o som ligado no último volume,
corrijo, pela terceira vez, mais uma linha torta que tracei, sob o olho. Droga! Minhas
mãos estão tremendo. Começar o último ano do segundo grau e reencontrar meu
namorado, depois de ficarmos longe um do outro nas férias de verão, não deveria ser tão
estressante assim... Mas hoje o dia começou mal. Primeiro, o meu modelador de cachos
começou a soltar fumaça e logo parou de funcionar. Depois, o botão da minha blusa
predileta quebrou. E agora este delineador resolveu que tem vontade própria!
Se eu pudesse escolher, ficaria em minha cama, bem confortável, comendo biscoitos
com gotas de chocolate, quentinhos, o dia todo.


— Venha, Any!


Hum... Acho que ouvi minha mãe gritar, lá do hall.
Meu primeiro impulso é ignorá-la, mas isso nunca me traz nada de bom, a não ser
bronca, dor de cabeça... E mais gritos.


— Já vou! Só um minutinho — respondo, esperando conseguir passar esse
delineador direito e acabar logo com isso.


Por fim, acerto o traço, jogo o delineador no balcão da pia, confiro minha imagem no
espelho, uma, duas, três vezes. Desligo o som e desço correndo para o hall.


Minha mãe está parada, aos pés da nossa esplêndida escadaria, analisando meu
visual. Endireito os ombros. Sim, eu sei... Tenho dezoito anos e não deveria ligar para o
que mamãe pensa... Mas não é você que mora aqui, na casa dos Portillas.


Minha mãe sofre de ansiedade... Não do tipo facilmente controlado por pequenas
pílulas azuis. E, quando está estressada, todos os que convivem com ela sofrem também.
Vai ver que é por isso que meu pai sai para trabalhar cedinho, antes que ela se levante:
para não ter que lidar com... bem... com ela.


— Odiei a calça, amei o cinto — diz minha mãe, apontando com o indicador para
cada uma das minhas peças de roupa. — E aquele barulho que você chama de música
estava me dando enxaqueca. Ainda bem que você desligou.


— Bom dia para você também, mãe — eu digo, antes de descer a escada e dar-lhe um beijinho no rosto. Quanto mais me aproximo dela, mais meu nariz sofre com o tormento seu perfume forte. Minha mãe parece uma milionária, em seu uniforme de tênis Blue Label, da Ralph Lauren. Claro que ninguém poderia levantar sequer um dedo para criticar suas roupas.


— Comprei o muffin que você mais gosta, para o seu primeiro dia de aula — ela anuncia, me mostrando um saquinho que tinha escondido atrás das costas.


— Não quero, obrigada — eu digo, olhando em volta para ver se acho minha irmã.


— Cadê a Giovanna?


— Na cozinha.


— A nova enfermeira já chegou?


— Seu nome é Baghda. E, não, ela só vai chegar dentro de uma hora.
— Você já contou a Baghda que a lã irrita a pele de Giovanna... E que ela puxa os
cabelos de quem está por perto, quando fica nervosa?


Giovanna sempre deixou claro, mesmo sem falar, que detesta o contato da lã contra a
pele. Puxar cabelos é sua nova mania que, aliás, já causou alguns desastres... E desastres,
em minha casa, são quase tão sérios quanto um acidente de carro. Portanto, evitá-los é
uma coisa crucial em nossas vidas.


— Sim... E sim — responde minha mãe. — Dei uma bronca em sua irmã, hoje cedo,
Anahi. Se ela continuar desse jeito, perderemos mais uma enfermeira.


Vou até a cozinha, pois não estou a fim de ouvir a lengalenga de minha mãe, nem
suas teorias sobre os motivos que levam Giovanna a partir para aqueles repentinos ataques.
Minha irmã está sentada à mesa, na cadeira de rodas, ocupada em ingerir sua
comida, que precisa ser especialmente preparada. Pois, apesar de seus vinte e um anos,
Giovanna não consegue mastigar nem engolir, como fazem as pessoas que não têm as
mesmas limitações físicas que ela. Como de costume, a comida acabou grudada em seu
queixo, lábios e bochechas.


— Ei, minha Conchinha Barulhenta1 — digo, inclinando-me na direção
dela para limpar seu rosto com um guardanapo. — Hoje é o meu primeiro dia de aula.
Não vai me desejar boa sorte?


Desajeitadamente, Giovanna estica os braços e sorri seu sorrisinho torto... Como amo
esse sorriso!


— Quer me dar um abraço? — pergunto, já sabendo a resposta. Os médicos sempre
nos dizem que quanto mais Giovanna interagir com as pessoas, melhor ela ficará.
Giovanna responde “sim”, com a cabeça. Deixo-me envolver por seu abraço, tomando
cuidado para manter suas mãos longe do meu cabelo. Quando me endireito, dou de cara com minha mãe, que está ofegante. Até parece um juiz apitando, interrompendo minha
vida por um momento, só para dizer:


— Any, você não pode ir à escola assim.


— Assim... como?


Ela balança a cabeça, com um suspiro de frustração:


— Olhe só para a sua blusa.


Obedeço... E vejo uma grande mancha úmida, bem na frente de minha blusa Calvin
Klein branca. Ops! Baba da Giovanna. Só de olhar para o rosto tenso da minha irmã, capto a
mensagem que ela não consegue expressar facilmente, com palavras: Giovanna sente muito.
Giovanna não queria sujar a minha roupa.


— Não foi nada — digo a ela, apesar de saber, lá no fundo, que a mancha acabou
com meu visual “perfeito”.


Franzindo a testa, minha mãe umedece um papel-toalha, na pia, e esfrega a mancha
com ele. Quando ela faz essas coisas, eu me sinto como uma criancinha de dois anos.


— Vá trocar de roupa.


— Mãe, é só pêssego — digo, com todo cuidado, para que essa estória não vire uma
gritaria daquelas. A última coisa que eu quero na vida é deixar minha irmã se sentindo
mal.


— Pêssego mancha. Você não quer que as pessoas pensem que não se importa com
sua aparência...


— Tudo bem.


Puxa, eu gostaria que minha mãe estivesse num de seus bons dias... Dias em que ela
não me enche com essas bobagens. Dou um beijo bem no alto da cabeça da minha irmã,
para mostrar a ela que não me incomodei, de jeito nenhum, com sua baba.


— Vejo você depois da escola, Flor... — digo, tentando manter a animação
matinal — para terminar nosso jogo de damas.


Subo a escada correndo, agora de dois em dois degraus. Chego ao meu quarto e olho
o relógio... Oh, não! São sete e dez. Fiquei de dar uma carona a Angel, minha melhor
amiga. E ela vai surtar se eu chegar atrasada. Pego um lenço azul claro, no meu armário,
e rezo para que dê certo... Se eu o prender direito, talvez ninguém veja a mancha de baba.
Volto a descer a escada e lá está minha mãe, de novo, analisando o meu visual...


— Amei o lenço.


Ufa!


Quando passo por minha mãe, ela me entrega o saquinho com o muffin:


— Para você comer no caminho.


Acabo aceitando. Enquanto caminho na direção do meu carro, vou mordendo o
muffin, distraída. Infelizmente, não é de blueberry, meu sabor preferido. É de banana com nozes... E as bananas passaram do ponto. É, esse muffin está bem parecido comigo: por
fora, aparentemente perfeita... Mas, por dentro, um verdadeiro mingau.



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Autor(a): naty_h

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • Nandacolucci Postado em 13/06/2020 - 13:05:25

    CONTINUAAAAAAAA

    • naty_h Postado em 15/06/2020 - 02:24:05

      Sempreeee, obrigada pela motivação


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