Fanfics Brasil - Capítulo 3 Química perfeita - adaptada AyA

Fanfic: Química perfeita - adaptada AyA | Tema: AyA, Ponny


Capítulo: Capítulo 3

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Anahi


Dirigindo meu novo conversível prateado pela Vine Street, rumo ao Colégio Fairfield, comento com Angel, minha melhor amiga:


— Sempre que desço a capota deste carro, meu cabelo fica todo arrepiado... Como se
eu tivesse passado pelo centro de um ciclone!


“Aparência é tudo”: meus pais me ensinaram esse lema, que rege minha vida. Foi só por isso que não comentei nada sobre o BMW, este extravagante presente de aniversário que meu pai me deu, duas semanas atrás.


— Moramos a meia hora de distância de “Windy City” — diz Angel, mantendo a mão contra o vento, enquanto nos deslocamos. — Chicago não é exatamente famosa por seu clima ameno. Além do mais, Any, você parece uma deusa grega, loura, de cabelos
rebeldes... Só está um pouco nervosa, porque vai rever Colin.


Meu olhar passeia pelo painel do carro, até um porta-retratos em forma de coração, com minha foto e a de Colin.


— Um verão inteiro à distância faz as pessoas mudarem.


— A distância torna a paixão mais intensa — Angel replica. — Você é a líder da  torcida e, ele, o capitão do principal time de futebol do colégio. Vocês dois têm que dar certo... Senão, os planetas do sistema solar vão acabar se desalinhando.


Durante o verão, Colin me ligou algumas vezes, da cabana de sua família, onde foi passar férias com os amigos. Mas não sei em que pé está, agora, o nosso relacionamento.


Colin só voltou ontem à noite.


— Adoro esses jeans — diz Angel, olhando minha calça desbotada, made in Brasil. —
Vou pedir emprestado, bem antes do que você imagina.


— Minha mãe detesta jeans, principalmente este — respondo, parando num
semáforo e ajeitando os cabelos, tentando domar meus cachos louros. — Ela acha que
parece roupa comprada em brechó.


— E você não contou a ela que vintage está na moda?


— Contei, mas você acha que ela ouviu? Mal prestou atenção quando perguntei sobre a nova enfermeira de Giovanna...


Ninguém entende como são as coisas, lá em casa. Felizmente, posso contar com Angel. Ela pode até não entender, mas tem paciência para me ouvir e sabe manter segredo sobre minha vida familiar. Além de Colin, Angel é a única pessoa que conhece minha irmã.


— O que aconteceu com a outra enfermeira? — ela pergunta, abrindo minha caixa de CDs.


— Giovanna arrancou um punhado de cabelos dela.


— Uiii!


Entro numa vaga, no estacionamento do colégio, com a mente mais concentrada em
minha irmã do que no local onde estou. Dou de cara com um rapaz e uma garota, numa motocicleta. Freio bruscamente e os pneus “cantam”. Pensei que a vaga estivesse vazia.


— Ei, você não enxerga por onde anda, sua cadela?! — grita Carmen Sanchez, a garota na garupa da moto, com a mão direita fechada e só o dedo médio erguido.


Obviamente, ela perdeu a palestra sobre a boa educação no trânsito.


— Desculpe — eu digo, elevando a voz para ser ouvida, apesar do rugido da moto.


— Pensei que o lugar estivesse vago.


Só então percebo de quem é essa moto em que quase bati. O piloto se vira... Olhos verdes, furiosos. Lenço vermelho e preto na cabeça. Eu me afundo atrás do volante,
tanto quanto posso.


— Droga! — digo, estremecendo. — É Poncho Herrera!


— Meu Deus, Any! — diz Angel, em voz baixa. — Eu quero estar viva, para ver a nossa formatura. Vamos dar o fora daqui, antes que ele resolva matar nós duas.


Poncho me lança um olhar diabólico, enquanto desce o descanso da moto, com o pé.
Será que ele vai me encarar? Tento engatar a ré, movendo freneticamente a haste do câmbio, para trás e para frente. Não é nenhuma surpresa que meu pai tenha me comprado um carro de transmissão manual, sem ter tempo de me ensinar como funciona a coisa. Poncho avança. O instinto me diz para abandonar o carro e fugir, como se ele estivesse preso nos trilhos e um trem viesse em minha direção. Olho rápido para Angel, que remexe na bolsa desesperadamente, como se procurasse alguma coisa. Ela só pode estar brincando!


— Não consigo achar a ré na droga deste carro. Preciso de ajuda. O que você está procurando? — pergunto.


— Eu? Nada... Estou só tentando evitar um contato visual com um cara da Sangue
Latino — diz Angel, entre os dentes. — Vamos, mexa-se, garota. Além do mais, eu só sei dirigir carros com transmissão automática.


Finalmente consigo engatar a ré e recuo, com os pneus cantando alto, enquanto procuro outra vaga para estacionar. Depois de deixar o carro no setor oeste, bem longe de um certo membro de uma certa gangue, cuja reputação assustaria até o mais violento jogador de futebol de Fairfield, Angel e eu começamos a subir a escadaria que leva à entrada principal do colégio. Para nosso azar, Poncho Herrera e seus amigos da gangue estão bem ali, junto à porta.


— Passe direto — diz Angel, baixinho. — E, principalmente, não olhe nos olhos deles.


Mas é bem difícil fazer isso, quando Poncho Herrera se aproxima, bloqueando meu
caminho.


Que oração se deve rezar, no momento em que a gente sabe que vai morrer?


— Você é uma péssima motorista — diz Poncho, com seu leve sotaque latino, a voz grave e a postura típica de quem diz: “Eu Sou o Cara.”


Poncho até pode parecer um modelo da Abercrombie, com esse corpo espetacular e esse rosto perfeito. Mas, pelo seu jeito e sua pose, parece antes ter saído de um arquivo da
polícia.


Meninos e meninas da zona norte não se misturam com meninos e meninas da zona
sul. Não pense que nos achamos melhores do que eles... Apenas, somos diferentes.
Crescemos na mesma cidade, mas em lados totalmente opostos. Vivemos em grandes casas, à margem do Lago Michigan, enquanto eles vivem à margem dos trilhos de trem.


Nós somos, parecemos, falamos, agimos e nos vestimos de modo distinto. Não digo que isso seja bom ou mau... É apenas a maneira como as coisas são, em Fairfield. E, sinceramente, a maioria das meninas da zona sul me tratam como Carmen Sanchez fez, me odeiam por ser quem sou... Ou melhor: quem elas pensam que sou.


O olhar de Poncho passeia lentamente por meu corpo, percorrendo-me inteira, antes de voltar ao meu rosto. Não é a primeira vez que um garoto me observa de cima a baixo. Só que nunca vi alguém fazer isso, tão descaradamente, como Poncho. E, assim, tão de perto...


Posso até sentir meu rosto corando.


— Na próxima vez, tente guiar de olhos abertos — diz ele, numa voz fria e controlada. — É bom a gente olhar por onde anda, entende?


Alfonso Herrera está tentando me intimidar. É um verdadeiro profissional, nisso. Mas não vou deixar que me vença, nesse joguinho de intimidação. Não vou, mesmo me sentindo assim, petrificada de medo. Dando de ombros, olho para ele com desdém, o mesmo desdém que uso para afastar pessoas indesejáveis, e respondo:


— Agradeço a dica.


— Se estiver precisando de um verdadeiro homem, para ensiná-la a dirigir, posso lhe
dar umas lições.


As vaias e assovios dos parceiros de Poncho fazem meu sangue ferver.


— Se você fosse um homem de verdade, abriria a porta para mim, em vez de bloquear meu caminho — digo, admirada com minha resposta ferina, embora meus joelhos ameacem dobrar-se.


Poncho recua alguns passos, abre a porta e se inclina, como se fosse meu mordomo. Está
zombando de mim... Ele sabe disso, eu sei disso, todos sabem disso. Olho de relance para
Angel, que continua remexendo desesperadamente na bolsa, à procura de nada.


Angel é totalmente sem noção.


— Vá cuidar da sua vida — eu digo a Poncho.


— Assim como você cuida da sua? — ele reage, asperamente. — Pois vou lhe contar uma coisa, otária: sua vida não é real, é falsa... Assim como você.


— Antes isso, do que viver como um perdedor — eu rebato, esperando que minhas palavras firam Poncho tanto quanto as dele me feriram.


Puxo Ang pelo braço, empurrando-a em direção à porta aberta. Vaias e comentários nos acompanham, enquanto entramos no colégio. Finalmente, solto a respiração que estava presa... E então me viro para Angel.


— Any! — Minha melhor amiga me encara com os olhos arregalados. — Você está querendo morrer, ou algo assim?


— Por que Poncho Herrera se dá o direito de intimidar todo mundo?


— Bem... Talvez por causa da arma que ele traz escondida, nas calças... Ou das cores da Sangue Latino — diz Angel, destilando sarcasmo em cada palavra.


— Poncho não é tão estúpido, a ponto de trazer uma arma para a escola — eu argumento. — E me recuso a ser intimidada por ele, ou por qualquer outra pessoa...


Ao menos aqui, no colégio, o único lugar onde posso manter minha fachada de “perfeição”... E todo mundo acredita. De repente, excitada pelo fato de estar iniciando meu último ano em Fairfield, seguro


Angel pelos ombros:


— Estamos no último ano do segundo grau! — digo, com o mesmo entusiasmo que uso quando comando a torcida, durante os jogos de futebol.


— E daí?


— Daí que, a partir de agora, tudo vai ser per-fei-to.


O sinal toca... E não é exatamente o som convencional, desde que os estudantes
votaram, no ano passado, pela substituição do sinal comum por trechos de músicas, nos
intervalos entre as aulas. Agora, está tocando Summer Lovin’, da trilha sonora de Grease.


Angel começa a caminhar pelo corredor.


— Vou cuidar para que você tenha um funeral per-fei-to, Any, com flores e tudo o
mais.


— Quem morreu? — pergunta alguém, atrás de mim.


Eu me viro... E ali está Colin, com os cabelos louros ainda mais claros, por conta do sol de verão, e um sorriso tão largo, que ocupa quase todo o seu rosto. Eu gostaria de ter um espelho para ver o estado da minha maquiagem. Mas com certeza Colin vai me convidar para sair, mesmo se ela estiver borrada, não é mesmo? Corro para lhe dar o maior abraço do mundo...
Ele me envolve em seus braços, me beija suavemente, nos lábios. Então se afasta um
pouquinho e torna a perguntar:


— Quem morreu?


— Ninguém — eu respondo. — Esqueça isso. Esqueça tudo, lembre-se apenas de que
estamos juntos.


— Isso é fácil... Ainda mais quando você está assim, tão gata.


Colin volta a me beijar.


— Peço desculpas por não ter ligado ontem, Any. Foi uma loucura, havia muita bagagem para descarregar e tudo o mais... Você sabe.


Eu sorrio, feliz, porque apesar de termos passado o verão separados, nosso
relacionamento não mudou. O sistema solar está seguro, ao menos por enquanto.


Colin me enlaça pelos ombros e a porta da frente se abre. Poncho e seus amigos
irrompem por ela, como se estivessem ali para cometer um assalto.


— Por que eles insistem em vir ao colégio? — Colin murmura, para que somente eu escute. — De qualquer jeito, metade deles provavelmente vai cair fora, antes que o ano termine.


Meus olhos rapidamente encontram os de Poncho... E um calafrio me percorre a
espinha.


— Quase bati na moto do Herrera, nesta manhã — eu conto a Colin, já que Poncho não pode nos ouvir.


— Quase? Pena que você não acertou.


— Colin! — eu o repreendo.


— Ao menos nosso primeiro dia de aula teria alguma emoção. Este colégio é terrivelmente entediante.


Entediante?


Quase sofri um acidente, uma garota da zona sul me fez um gesto obsceno, um membro de uma gangue perigosa me desafiou... Se isso foi uma amostra do que me espera, neste último ano, bem... Eu diria que o Colégio Fairfield pode ser tudo, menos entediante.



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Autor(a): naty_h

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • Nandacolucci Postado em 13/06/2020 - 13:05:25

    CONTINUAAAAAAAA

    • naty_h Postado em 15/06/2020 - 02:24:05

      Sempreeee, obrigada pela motivação


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