Fanfic: Two Horizons - Horizontes do coração | Tema: Original, Índio, Pocahontas, Genderbender
“É o vento... Novamente... O que ele quer ? “ – Aaron pensou, sabia que estava sonhando, só conseguia olhar para cima, via o céu azul e ouvia o farfalhar de folhas e sentia novamente aquela mesma brisa lhe acariciando o corpo nu, alguns galhos ricos delas pareciam arranhar o céu, parecia querer alcançá-lo e fundir seu verde com o azul. Estava deitado mas sentia como se houvesse mais alguém ali perto, não conseguia se mexer e, de repente, ele sorriu.
– Acorde, querido, está na hora de se levantar. – Ouviu uma voz suave e conhecida, Aaron acordou então de seu sonho e a visão turva logo se normalizou e o rosto sereno, enrugado e vivido de sua governanta preencheu sua visão. Mesmo contente com a presença da senhora, ele sentia como se quisesse chorar, seu coração em agonia desconhecida, não havia motivo. Ele rastejou pelas costas até sentar-se na cama, a senhora Kathleen logo pousou uma bandeja de prata com seu café da manhã com pães frescos, queijo recém feito e o chá de mel com um pouco de chocolate que tanto gostava.
– Obrigado, senhora. – Ele sorriu e agradeceu. Ela havia pegado um pedaço de tecido do bolso e limpara os olhos do rapaz, como a uma mãe muito prestativa. Ela não dissera nada, sabia que ele havia chorado e lacrimejado novamente enquanto dormia, isso acontecia já fazia alguns anos, mas não conseguia entender. Ela se retirou do quarto para ele poder se alimentar em paz. Aaron podia ouvir a cidade acordando aos poucos: Crianças brincando lá fora, bebês chorando, cães latindo, cavalos trotando e caixotes sendo colocados “carinhosamente” no chão.
Ainda de manhã, Aaron decidiu sair para esticar as pernas e matar saudades de Londres. Vestindo de uma camisa branca de algodão comum, seu velho casaco de marrom e suas calças largas que davam-lhe mais movimento e o fazia se sentir mais a vontade, seu conjunto era do tipo que fazia os elitistas de Londres se indignarem por um rapaz renomado e rico usar tamanha vulgaridade como o de um camponês abusado, mas dessas críticas nada o importavam, estava em paz com seu espírito e não se dava o trabalho de ligar para opiniões e nem seguir tendências de moda, rejeitava qualquer convite de estilista que adoraria usá-lo de propaganda ambulante pelo rapaz ser famoso e ainda possuir um bom corpo e um belo rosto de um menino na puberdade. O sol da manhã batia em seu rosto, obrigando-o a fechá-los parcialmente, via a rua tranqüila naquele dia e isso só era comum quando um grande evento aconteceria na cidade. Kathleen sabia do evento com muito mais antecedência do que ele e ela mesma já havia preparado sua roupa, a senhora era a única que sabia muito bem dos gostos de vestimenta dele e encorajava-o a seguir sua própria tendência como sempre, logo ele gostara das vestes que a governanta havia preparado para ele; Mrs. Kathleen havia pedido certas ervas para tempero e pediu para o rapaz ir até a loja de horticultura ao centro da cidade, a mesma loja da senhora tão famosa com sua fabulosa mistura de flores para chá.
Seguiu pela rua de pedras até dar vista para o centro da cidade, muito lá acontecia: Pessoas andavam para todos os lados carregando caixas, sacos; depenavam frangos e removiam escamas de peixes, lavavam frutas e vegetais, vendiam distintos tecidos e entre outros objetos triviais para a realização do evento a noite. Seguiu pela rua até encontrar a loja de equipamentos, há muito que havia encomendado novos equipamentos de exploração e escalada como uma nova bússola já que sua antiga havia sido devorada por um crocodilo muito furioso pelo rapaz ter pisado em sua cauda. Ao sair da loja, foi até a loja de ervas.
Aquela maravilhosa loja de ervas e horticultura! Adorava aquele lugar desde criança, comprava lá ervas para chás, temperos, entre outros mantimentos naturais e flores para sua mãe e irmãs, estas morando na Irlanda. Um baque surdo e uma queda feia no chão, de bunda direto para a rua de pedras. Aaron havia desmantelado no chão e seus equipes também foram juntos, ao se recuperar, pensou que havia dado de cara com a porta do local mas viu que havia batido em um homem. Fitou o homem minuciosamente: O rapaz aparentava cerca de 30 anos, alto, loiro-escuro, olhos azuis esverdeados, maxilar saliente e viril, seus ombros largos projetavam-se na veste azul e preta também larga como se fosse um colega explorador; este se abaixou rapidamente para coletar os equipamentos de Aaron e devolvê-los além de levantá-lo, puxando-o pela mão.
– Perdão, eu não o vi. Está tudo bem? – Ele disse, educadamente, com sua voz forte e acolhedora com um sotaque diferente, uma expressão facial de preocupação, mas sorrindo prestativamente.
– Estou sim, tudo bem, eu não deveria sonhar acordado. Estrangeiro? – Aaron respondeu, sorrindo sem jeito.
O rapaz assentiu, era realmente um estrangeiro que também tinha como língua nativa o inglês em terras inglesas e isso, para Aaron, ela meio engraçado por conta de ser o mesmo idiomas mas com diferenças tão distintas e até mesmo o sotaque engraçado. Aaron fitava aqueles brilhantes olhos do rapaz, pareciam bolas de gude em uma dimensão branca, curioso por absorver detalhes, cheiro e hábitos de estrangeiros.
– Meu nome é John. John Skellar. E o seu é? – John disse, sacudindo a mão de Aaron. O rapaz nem havia percebido que eles continuavam de mãos dadas após o estrangeiro levantá-lo.
– Aaron. Meu nome é Aaron Ethel. – Aaron se deu conta de que estava com o rosto todo enrubescido e acabou ficando sem jeito, retribuiu o cumprimento mas largou rápido da mão do homem que, provavelmente, tinha cerca de 1,85m e até mesmo a sombra deste protegia-o do sol fazendo-o sentir um pouco de frio naquela manhã rara ensolarada de Londres mas ainda fazia frio. – O que veio fazer de bom por estes lados?
– Vim a negócios, deverei estar em uma jornada a pouco. Eu preciso me retirar agora. – John disse levantando um cesto contendo muitas ervas e frutos.
–A-Ah sim, todo mundo ocupado com isso. Participará da festa? – Aaron disse mas quando se deu conta, John já havia partido e podia vê-lo caminhando pela rua assobiando.
Aaron olhou para ele e notou até como suas costas dançavam como um felino em movimento e achou isso extremamente curioso. Como seria John sem suas vestes? Não que Aaron tivesse qualquer interesse por homens, ele nunca sentira interesse e nem atração por ninguém, isso fazia dele o que chamavam de virgem e “pessoa que ainda tinha o lacre” mas isso não o perturbava. Ele entrou na loja de ervas e foi bem recebido pela dona do estabelecimento, a senhora Amelia.
– Muito bom dia, senhora Amelia, eu gostava de levar salsa, sálvia, alecrim e tomilho. –Disse sorridente a velha mulher.
– Isso muito me lembra uma canção, menino. – Ela disse, rindo, dirigindo-se até por trás do balcão e abrindo algumas caixas de madeira aonde mantinha separada cada estoque de erva.
– E, por favor, algumas unidades daquela sua esplêndida mistura de flores para chá. – Aaron respondeu não se esquecendo dos místicos saches de chá que adorava desde criança.
– Oh querido, aquele rapaz estrangeiro que acaba de sair levou todo o estoque da mistura floral. – Ela disse com ar de desculpas e sorrindo sem jeito.
Aaron logo se desanimou com a notícia, mas compreendeu, pagou as compras, agradeceu a Mrs. Amelia e se retirou da cheirosa loja de ervas. Chegando em casa, encontrou seu gato Mr. Rice em cima da mesa do cômodo de entrada onde depositou as compras, o gato cheirou a cesta de ervas curiosamente, espirrou e saiu de cima da mesa. Aaron notou algumas sacolinhas brancas e ali estavam algumas unidades daquela “esplêndida mistura de flores para chá” que tanto adorava.
– Mrs. Kathleen, o que é isto? – Ele perguntou curioso, quando a senhora entrou no cômodo da entrada.
– Ah, John esteve aqui. Esqueceu dele? Seu amigo de infância? – Ela disse com ar risonho.
– John? Mas não era John Allen e com sotaque correto? – Respondeu, surpreso.
– Ele casou-se com uma estrangeira quando partiu, deve ter pego o costume dos estrangeiros. – Ela disse sentando-se uma poltrona do cômodo e pegando seu crochê. – Agora que ela faleceu, ele se dedica ao trabalho, igual a ti.
– Ele não me disse nada, e acabei por esquecê-lo. Ele... Mudou tanto. – Aaron retrucou, ainda surpreso e logo pensativo.
– John sempre foi sutil e adorava pegar peças em você, deve ter sido mais uma pegadinha dele. Ele partira na mesma época em que começaram os seus pesadelos e lacrimejos. – Mrs. Kathleen acreditava que eram pesadelos que faziam-no chorar a noite.
O coração de Aaron deu um pulo e sentiu como se um corredor misterioso acabasse de ser brutalmente iluminado.
– Johnny.
Autor(a): Ciaran
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Noite de Londres, um tumulto por tanto movimento. Aaron admirava as luzes e o movimento da cidade pela sacada de seu quarto, debruçado ali e novamente imerso em seus pensamentos. Quanto tempo havia se passado desde que não via seu melhor amigo? Desde a partida de John, ele sempre tivera dificuldade de fazer amizade por ter sido uma criança tímida, ...
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