Fanfic: Para sempre meu player 2 | Tema: original, escolar, adolescentes, amizade, romance
Passaram-se alguns dias desde aquele trabalho que havia sido feito na casa do Leandro. Eu nunca fui do tipo estudioso, odiava ter que fazer atividades e em grupo então! Esses momentos para mim era só festa.
Simplesmente deixava que as pessoas tomassem a liderança do trabalho e ditava o que cada um iria fazer, pois assim todos participavam, ficando tranquilo para ambas as partes. Para mim, quanto menos trabalho, melhor.
Desde que aquele dia eu praticamente orava para que até o universo passasse algum trabalho para então eu ver a moça com nome de flor novamente. Parecia até que as estrelas tinham ouvido minhas preces, pois em pouco mais de um mês a vi outra vez e a sensação era como da primeira vez.
Ela estava tão bonita, mas algo nela era diferente daquele dia em sua casa. Não saberia dizer se era em função da companhia de duas jovens que pareciam ser amigas próximas dela ou se algo havia de fato acontecido para que mudasse tanto.
A sensação era de que eu estava olhando outra pessoa, outra garota. Mas não tinha como eu errar, era ela! Era a moça com nome de flor, a irmã mais velha do meu amigo de sala. Não tinha como eu errar…
A Dahlia trajava calça jeans, blusa preta, tênis, cabelos soltos e um crucifixo no pescoço. Aquele objeto estava sendo usado aquele dia em sua casa? Eu tinha quase certeza que não. Suas unhas estavam pintadas em um tom escuro fazendo contraste com as várias pulseiras prateadas e anéis em seus dedos. A cor absurdamente marrom dos lábios tingidos de batom faziam um contraste exagerado à sua cor de pele extremamente clara e ainda assim eu gostava do que via.
Por mais que ela estivesse totalmente diferente e fizesse meu peito se aquecer de uma forma estranha, ao mesmo tempo que o coração descompassava de um jeito esquisito, as borboletas insistiam em deixar meu estômago revirando e eu simplesmente não conseguia pensar em outra coisa que não fosse nela.
A Dahlia era tão bonita, mas porque aparentava tão… Diferente e triste? Seu semblante sem dúvidas demonstrava que algo não estava certo. Aquele dia em sua casa ela tinha um temperamento forte, aparentava brava quase que o tempo todo, no entanto, ainda sim eu conseguia ver doçura nos seus traços e também em tudo que fazia. Era aquele contraste estranhamente diferente que me deixava fora do ar.
As garotas seguiram rumo a biblioteca e eu mais que depressa virei para falar com o Leandro. Precisava saber o que sua irmã estava fazendo no colégio naquela tarde e se algo havia acontecido. Se eu tivesse sorte ele me diria pelo menos a metade do que gostaria de saber.
— Aquela não era a sua irmã, Leandro? — Perguntei como quem não queria nada tentando fazer com que fosse algo natural. Ele olhou para fora vendo ela seguindo em direção a biblioteca e balançou a cabeça em sinal afirmativo.
— Sim. Ela veio fazer um trabalho com as amigas dela. A pesquisa vai ser feita por elas e minha irmã vai digitar em casa para entregar — Explicou ele baixinho para que a professora de geografia não chamasse nossa atenção.
— Ah sim, entendi. Ela parece bem estudiosa. Por que ela tá toda de preto daquele jeito? São duas da tarde! — Perguntei rindo e fazendo ele rir também dizendo que ela estava parecendo um morcego.
A risada gostosa ecoou pela sala e logicamente a professora pediu silêncio, Virei-me para frente seguindo de tempos em tempos olhando pela janela que dava acesso ao pátio. Quando será que ela iria passar ali outra vez?
No intervalo ficamos na porta da sala conversando com mais dois amigos quando senti que as pessoas silenciaram ao meu redor e quando percebi, lá estavam elas. Como eram bem maiores que todo mundo daquele período, todos pareciam até desnorteados com a visão de ter pessoas mais velhas naquele horário junto deles.
Ela conversava com duas meninas mais novas que as abordaram no caminho e eu as conhecia somente de vista. A maior, o Leandro disse que sua irmã fazia questão deles namorarem, mas que ele não gostava dela e por isso nem chegava perto. A outra era até mais bonita, porém meu amigo também não parecia animado.
Dahlia se despediu às abraçando e por um momento pensei em como seria receber um abraço daquela moça tão bonita. Será que era um abraço quente, protetor, carinhoso? Eu gostaria muito de experimentar um dia, mesmo tendo certeza que seria quase impossível. Depois da despedida, as alunas mais velhas caminharam em nossa direção.
Eu tentei ao máximo parecer natural. Puxei com calma a camiseta de uniforme e ajeitei os óculos de armação grossa para que não perdesse nenhum detalhe. Não era como se isso fosse mudar algo na minha aparência, mas achei que fosse necessário para uma boa apresentação.
Agora mais de perto, conseguia ver seus olhos de ônix delineados com lápis preto, fazendo suas olheiras naturalmente arroxeadas parecerem ainda mais evidentes. Ela se aproximou dizendo um oi para nós e logo suas amigas fizeram o mesmo.
A loira parecia bem à vontade com meu amigo Leandro. Ela o abraçou e ele parecia contente com a aproximação. Será que ele gostava dela ou era só carinho de anos de convivência? Eu não fazia ideia de quanto tempo elas eram amigas, mas parecia bastante tempo por conta da interação das jovens.
Dahlia abraçou também o irmão e em seguida deu bronca alegando que a camiseta dele parecia suja antes mesmo do intervalo começar. Leandro já havia me contado que sua irmã tinha mania de banho e que às vezes ela achava que ele não estava limpo o suficiente para dividirem o quarto e era impossível fugir dos banhos que costumava dar nele. O garoto ficava muito descontente com isso alegando que conseguia muito bem tomar banho direito sozinho.
Como nós tivemos educação física e ele foi jogar bola com os outros, acabou sujando o uniforme e seu cabelo estava bagunçado, arrepiado em todas as direções possíveis. Como sou gordinho, achei melhor ficar sentado só olhando e rindo dos passes errados dos colegas durante o jogo. Meu amigo não gostou da reação da irmã mandando-a embora, o que me fez rir e então Dahlia se virou para me encarar.
Aquele olhar. Não sei porque razão mas parecia que todas as vezes que via seus olhos, eles tinham um brilho distinto. Mesmo que ela brigasse comigo todas as vezes que nos falávamos, ainda sim seu olhar era diferente do que suas palavras duras me diziam.
— O-Oi? — Perguntei meio confuso. Será que fiz certo? Dahlia me olhou de cima abaixo antes de responder fazendo suas amigas rirem com a carranca dela.
— Olá, garoto! Vê se ensina meu irmão a se comportar melhor na escola, pois pelo menos o seu uniforme está limpo — Respondeu ela fazendo-me automaticamente olhar para baixo, para minha roupa e quando olhei de lado percebi que todos ao redor faziam o mesmo.
Os garotos da minha sala estavam preocupados com a cor de suas roupas, por quê? Ela estava falando comigo, não? E por que todos olhavam estranhamente para ela como algum tipo de… Curiosidade?
Isso me fez sentir algo como raiva e decepção. Algum tempo depois aprendi que isso se chamava ciúmes e eu ainda não sabia que teria que conviver com esse sentimento por muito tempo, já que ela era tão bonita.
Todas elas se despediram de nós e foram embora. Eu fiquei embasbacado vendo ela ir após dizer tchau para mim. A Dahlia disse tchau para mim e não para os outros. Senti-me especial naquele momento porque fui notado. Bem ou mal não sei, mas fui notado e isso importava demais.
Aqueles garotos me olhavam talvez pensando em porque ela havia se despedido somente de seu irmão e eu, fazendo-me inflar o peito de satisfação. Afinal de contas, aquele momento era todo meu!
Após o lanche, resolvi sondar um pouco mais sobre ela e meu amigo as vezes era um pouco tagarela e confessou tudo mais cedo do que eu esperava.
— A Dahlia anda azeda desse jeito desde o dia que meu pai descobriu que ela estava namorando um cara do segundo ano. Lógico que meu pai não deixou e obrigou ela a terminar com o cara. Depois disso ela ficou assim, amarga — Respondeu ele sem muito ânimo. Então ela tinha um namorado ou teve um. O pai era super protetor e foi por isso que eles se separaram. Não tinha ideia do que essa informação fazia comigo. Naquele momento não havia possibilidade de pensar nas coisas corretamente.
— E por que seu pai não deixou eles namorarem? Ela não é mais velha que você? — Perguntei já ciente que a diferença de idade dos dois era mínima.
Às vezes o cara não era alguém bom o suficiente para ela e o pai deles não gostou. Como será que ele era? Que tipo de caras ela gosta? Não sei porque razão pensar sobre isso me deixou de mau humor.
— Meu pai disse que só vai deixar ela namorar depois de terminar os estudos. Não quer que ela acabe igual a prima que engravidou aos quinze anos e nem formação tem — Respondeu Leandro e logo olhou para a frente, para o pessoal que passava de um lado para o outro — Espero que volte tudo ao normal porque ela não é assim e está me enlouquecendo com esse humor terrível.
Não deveria ficar feliz por isso porque dava para ver que não era fácil terminar um relacionamento, visto que a mudança foi drástica, mas algo dentro de mim me alertou para algo além. Se ela não poderia namorar agora porque seu pai queria que terminasse pelo menos o ensino médio, isso quer dizer que posso ter alguma chance até lá, não?
Eu só precisava ter sorte porque o resto eu claramente não tinha. A única certeza era que eu havia me apaixonado por Dahlia. Eu sabia que aquele sentimento no dia em que fui em sua casa era amor à primeira vista. Ninguém ficaria tanto tempo pensando em alguém se não fosse amor.
Autor(a): zoraidapierre
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Vários dias se passaram desde o meu encontro com a flor mais linda que eu havia visto em qualquer jardim ao longo da minha vida. Fiquei muito feliz por Dahlia ter me notado e ter pelo menos se despedido de mim aquele dia no colégio. Só de ouvir sua voz se dirigindo a mim, parecia coisa de outro mundo. Eu estava me viciando em algo tão normal, era ...
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