Fanfics Brasil - Capítulo 6 - O francês A Criada Francesa

Fanfic: A Criada Francesa | Tema: Sherlock Holmes


Capítulo: Capítulo 6 - O francês

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Nosso homem francês agora possuía nome, sobrenome e endereço, e eu, temendo que ele pudesse deixar o país a qualquer segundo, sugeri que fôssemos imediatamente procurá-lo. Pelo que sabíamos, já fazia cerca de quatro dias que ele havia sido despachado da Scotland Yard após receber apenas descaso da parte dos policiais, e em minha opinião, isso já seria motivo mais do que suficiente para desencorajar qualquer um. Não havia provas de que Lestrade realmente o estivesse ajudando, portanto, era impossível estimar quanto tempo ele ainda pretendia permanecer na cidade. Ao que me constava, ele poderia estar fazendo as malas naquele mesmo instante.


- Acho que deveríamos ir agora mesmo procurar o tal Sr. Renard ou poderemos correr o risco de que ele volte para a França antes de termos a chance de descobrir qualquer coisa. – falei.


- Embora seja imperativo que o visitemos ainda hoje, tenho certeza de que ele permanecerá conosco por mais algum tempo.  – afirmou Holmes.


- E como você tem tanta certeza disso? – perguntei, curioso em saber o que lhe dava tanta confiança.


- Isso é bastante elementar. Se a irmã do rapaz está desaparecida há tanto tempo e ele continua à sua procura, significa que ele é um homem bastante obstinado. Ele claramente ainda não perdeu as esperanças de encontrá-la e creio que só não veio antes porque algo o impediu. E se ele realmente encontrou alguém disposto a ajudá-lo, garanto que não voltará enquanto não tiver uma resposta satisfatória.


- Você tem razão.  – disse eu, já entendendo onde meu colega queria chegar. - Se ele tivesse alguma intenção de desistir tão facilmente, já teria partido no mesmo dia. Só o fato de ele ainda estar por aqui, pode indicar que ele realmente pudesse estar recebendo ajuda de Lestrade.


- Muito bom, meu caro Watson! Agora você está raciocinando! É exatamente isso. Ele continuou aqui, porque estava esperando por alguma coisa, talvez respostas de Lestrade. Ele já deve ter visto a notícia nos jornais e provavelmente está se perguntando o que fazer, agora que seu único aliado não está mais no jogo. É possível que o inspetor e ele tenham trocado informações e que ele tente fazer alguma coisa por conta própria e acabe atrapalhando as investigações de Lestrade ou se machucando no processo, uma vez que me parece que estamos lidando com gente perigosa, que não vê problemas nem mesmo em tirar a vida de um policial. E é justamente por acreditar que ele possa fazer algo impensadamente que concordo que devemos vê-lo o quanto antes, e não por temer que ele vá embora do país.


Holmes tinha razão em acreditar que a partida de nosso francês não era tão iminente como eu havia imaginado de início, mas nem por isso deveríamos postergar nosso encontro, então, pouco tempo depois de recebermos o bilhete, tomamos uma carruagem de aluguel e rumamos para Covent Garden, onde ficava a tal Pensão Castleton.


O lugar não era muito distante e com apenas alguns minutos de viagem, já estávamos em frente à entrada de um sobrado grande de dois andares. Era um estabelecimento modesto, mas aparentemente limpo e aconchegante, e a contar pelo número de janelas, possuía apenas dois quartos por andar.


Não havia um saguão, propriamente dito, e logo que passamos pela porta já demos de cara com a recepção, onde nos deparamos com uma senhora baixinha e simpática, que equilibrava os óculos na ponta do nariz. Ela nos recebeu por detrás do balcão, que quase a escondia.


- Boa tarde, senhores! – cumprimentou-nos, com um sorriso e um olhar curioso.


- Boa tarde. – respondemos em uníssono.


- Eu procuro pelo Monsieur Gilbert Renard, um jovem francês que chegou há poucos dias. – disse Holmes. - Ouvi dizer que ele está hospedado aqui. Poderia avisá-lo que Sherlock Holmes deseja  vê-lo?


- Ah! Eu sabia que já tinha visto esse rosto em algum lugar! – falou a senhora, ainda mais entusiasmada. – E esse deve ser o Dr. Watson, estou certa?


- Ao seu dispor. – respondi com uma mesura.


- Já li várias de suas histórias, doutor! – disse ela, já engatando uma conversa animada. - Não temos muitos hóspedes atualmente e passo boa tarde do meu tempo lendo. Às vezes vejo o nome dos senhores nos jornais. Também fico horrorizada com os crimes que acontecem aqui em Londres! Mas cá entre nós, tudo o que o senhor escreve é mesmo verdade?


Eu estava abrindo a boca para responder, mas Holmes, que já começava a perder a paciência com a senhora faladeira, respondeu por mim.


- Não, senhora. O Dr. Watson adora romantizar coisas insignificantes e fazer com que eu pareça um herói, mas eu não sou. Eu sou uma pessoa extremamente irritante e impaciente, então, poderia avisar ao M. Renard que desejamos vê-lo?


Um pouco surpresa com o rompante de meu colega, a mulher subiu as escadas imediatamente para chamar o hóspede. Não vi mais nenhum funcionário no lugar e acredito que ela mesma deveria ser a dona, talvez a própria Sra. Castleton.


Alguns minutos depois, ela voltou e pediu para que a acompanhássemos, pois o Sr. Renard nos receberia em seu quarto, afinal, não havia outro lugar onde pudéssemos nos reunir ali. Ele estava hospedado no último andar e assim que a senhora bateu à porta do quarto número 3, um homem jovem de bigodes e cabelos escuros atendeu. Era exatamente como o policial Hobbes o havia descrito. Não havia dúvidas de que se tratava do mesmo homem.


- Bonjour, monsieurs. – respondeu ele educadamente.


- Bonjour, M. Renard. Eu sou Sherlock Holmes e este é o meu colega, Dr. John Watson. Nós poderíamos lhe falar por alguns minutos?


- Mas é claro, Sr. Holmes. Fico muito honrado por recebê-lo. – disse o homem num inglês praticamente perfeito, quase não havia sotaque. – Saiba que sua fama já chegou à França.


- Vejo que está me tornando um homem famoso internacionalmente, Watson. – disse ele, envaidecido por saber que sua fama já tinha atravessado as fronteiras do país.


- É sempre um prazer. – respondi.


Assim que fomos devidamente apresentados, entramos no quarto, que como era de se imaginar, não era muito grande, mas bem arrumado. Não havia muitos móveis, tinha apenas uma cama de solteiro, uma cômoda e uma mesinha quadrada com duas cadeiras, que nos foram oferecidas. O dono do quarto usou sua própria mala como banqueta e se juntou a nós ao redor da mesa.


- Então, Monsieur Holmes, a que devo a honra de sua visita? – perguntou o homem, bastante curioso.


- Soubemos que o senhor está na cidade à procura de sua irmã desaparecida e que foi, inclusive, até a Scotland Yard, onde parece não ter encontrado muita ajuda. – disse Holmes, iniciando a conversa.


- É verdade. Eles disseram que o caso dela já prescreveu e que depois de tanto tempo não poderiam investigar seu desaparecimento. O fato de ela não ser uma cidadã inglesa e de estar morando no país de forma ilegal, também não ajudou muito a encorajá-los.


- Sim. Isso foi o que ficamos sabendo e é a versão oficial da história, mas queremos saber da outra parte da história. Aquela em que o Inspetor Lestrade participa ativamente.


O homem pareceu surpreso ao ouvir o nome do inspetor. Ele tentou negar, afinal, parecia que sua participação no caso deveria ter sido mantida em segredo, mas ele não conseguiu ser muito convincente, principalmente pelo fato de nós já sabermos da verdade.


- Não sei do que fala, M. Holmes. Não conheço nenhum Inspetor Lestrade. Na verdade, não conheço praticamente ninguém na cidade.


- Sr. Renard, não se preocupe. Nós estamos aqui para ajudá-lo, mas para que isso aconteça, precisamos que nos conte tudo o que aconteceu desde o início. – disse eu, tentando convencê-lo a se abrir. Era nítido que ele estava receoso, mas não vi medo em seus olhos. Ele realmente parecia ser um homem obstinado como Holmes havia deduzido.


- Nós sabemos que o Inspetor Lestrade estava investigando o caso da sua irmã, - continuei - e como o senhor deve ter visto nos jornais de hoje, ele se encontra em estado grave no hospital e temporariamente não poderá fazer nada. O que o senhor não sabe, é que o que levou o inspetor ao hospital não foi uma crise convulsiva qualquer. Alguém tentou assassiná-lo e acreditamos que isso possa estar ligado ao caso da sua irmã.


O homem ficou em silêncio por alguns instantes e pareceu surpreso com a informação, mas isso foi o suficiente para conseguirmos sua colaboração.


- Bem....  – disse ele, após um breve suspiro. – O inspetor me pediu para que mantivéssemos tudo no mais completo sigilo, já que ele estava agindo sem a autorização da Scotland Yard. Agora, sem a colaboração dele, não sei como prosseguir, mas mesmo tendo os senhores aqui diante de mim, não posso pedir-lhes ajuda.


- Mas por que não? – perguntei surpreso, sem entender nada.


- Como eu disse, eu já conhecia a fama do Sr. Holmes e pensei em procurá-lo, mas como pode ver pelo lugar onde estou hospedado, não tenho condições financeiras para contratar seus serviços. Eu levei praticamente dez anos para conseguir dinheiro suficiente para vir até aqui e permanecer por alguns dias. Não tenho como arcar com seus honorários.


- E quem aqui falou em dinheiro? – perguntou Holmes, ligeiramente ofendido. – Estamos aqui não somente para ajudá-lo, mas também para descobrir quem quase tirou a vida de um dos poucos profissionais realmente competentes dentro da Scotland Yard. Não estou lhe cobrando pelos meus serviços, na verdade, eu estou aqui para pedir a sua ajuda, já que é o único que possui as informações de que preciso. Também não se preocupe com a honra do inspetor, porque ela jamais será manchada.


O rapaz ficou comovido ao ouvir as palavras de Holmes, e confesso que até eu fiquei. Eu sabia que ele desejava pegar o culpado, mas naquele momento eu pude confirmar que não era apenas por mera vaidade ou um capricho em demonstrar novamente suas habilidades, mas sim porque ele realmente desejava punir quem quer que fosse o responsável por machucar o inspetor. Holmes não tinha praticamente nenhum amigo além de mim, já que poucas pessoas eram capazes de suportá-lo, mas Lestrade certamente era um delas, e embora Sherlock Holmes fosse um homem frio e calculista na maior parte do tempo, ele sempre protegia a todo custo àqueles a quem queria bem. Mesmo sendo incapaz de admitir isso.


O jovem Sr. Renard pareceu convencido das palavras de meu colega e se alegrou em ver que tinha conseguido novos aliados em uma batalha que parecia já vir enfrentando sozinho por um longo tempo.


- Os senhores não sabem o quanto eu me alegro ao ouvir isso! Eu vim a Londres não somente para descobrir o que aconteceu com a minha irmã, mas também para que minha mãe possa finalmente descansar em paz.


- Então vamos aos fatos, M. Renard. Conte-nos todos os pormenores, desde o começo, que parece ter sido há bastante tempo.



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Autor(a): Claen

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 43



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  • Diva. Escritora Postado em 16/09/2022 - 13:29:54

    Ai não acredito que terminou :( sinto tanta saudade da série e agora que a sua fanfic finalizou bateu mais ainda. Você vai escrever outra? Algum projeto em mente?

    • Claen Postado em 17/09/2022 - 12:55:19

      Oi! Muito obrigada por acompanhar até o final, mesmo que ele tenha demorado uma eternidade para chegar hahaha. No momento não tenho planos para uma nova história, mas quem sabe no futuro. ;)

  • Diva. Escritora Postado em 25/08/2022 - 14:15:20

    Já estou com saudades do Holmes e do Watson!!!

    • Diva. Escritora Postado em 16/09/2022 - 13:29:18

      Vou ler agora mesmo!

    • Claen Postado em 27/08/2022 - 13:15:25

      Ainda vamos ter um epílogo, pra finalizar a história. ;)

  • Diva. Escritora Postado em 18/07/2022 - 12:59:12

    Coitado do Ethan, sério, espero que esses 3 de alguma forma se conectem. Eles já sofreram demais. E agora, a velha deve ter enterrado o corpo da Juliette no jardim.

  • Diva. Escritora Postado em 13/06/2022 - 14:41:20

    Caiu uma lágrima aqui gente!! Esse capítulo foi muito emocionante, fico feliz que o irmão da Juliette não culpe muito o Ethan. Ansiosa aqui para saber o fim da Violet e que Jules, Ethan, Gilbert e a Corine não se "separem" quero que eles permaneçam em contato hehehe

    • Diva. Escritora Postado em 18/07/2022 - 12:55:46

      Ah infelizmente :( a gente sempre quer descobrir tudo já no começo mas quando chega a hora das revelações dá um aperto no coração de que está acabando kkkkk

    • Claen Postado em 05/07/2022 - 13:15:41

      Haha, não era pra ser um drama, mas acabou virando um pouquinho. Mas o drama e os mistérios já estão chegando ao fim. :)

  • Diva. Escritora Postado em 26/04/2022 - 14:22:22

    Eita!!! Toma velha, achou que tinha se livrado de tudo, achou errado kkkk nossa ia ser demais se ela fosse parar no sanatório. Aii gente, que bom que o senhor Vicent conseguiu salvar o bebê <3 poosta mais e já tô com saudades da fanfic hehehe

    • Diva. Escritora Postado em 13/06/2022 - 14:36:16

      Tá bom amore, com muita dor no coração kkkk

    • Claen Postado em 27/04/2022 - 02:26:12

      Oi! Como você pode ver, já estamos na reta final da fanfic, mas ainda teremos uns 4 capítulos pela frente :)

  • Diva. Escritora Postado em 17/03/2022 - 12:59:02

    Caramba!! Finalmente o Holmes está desmascarando tudo. Gente, queria muito que a Juliette estivesse viva, coitado do Ethan e do Gilbert. Já pensou? A velha ia ter um ataque do coração kkkk

  • Diva. Escritora Postado em 03/01/2022 - 14:26:40

    Quando eu achei que íamos descobrir toda a verdade, fui tapeada kkkk mas estou igual ao Watson, com certeza o Holmes sabe de alguma coisa e não vejo a hora de sabermos o que realmente aconteceu com a Juliette. Posta mais Claen!!! Tõ louca para o Holmes desmascarar essa família!!!

    • Diva. Escritora Postado em 17/03/2022 - 13:00:18

      Obrigada amore!! Estou feliz e triste ao tempo com isso kkkk triste que logo a fic acaba e feliz porque o Holmes está desmascarando essa velha sem coração kkkk

    • Claen Postado em 04/01/2022 - 02:14:21

      Bem-vinda de volta Diva, Escritora :D Fique tranquila, porque logo logo vamos saber de toda a verdade. Aguenta aí. haha

  • Diva. Escritora Postado em 03/01/2022 - 14:24:11

    Caramba!! Eu perdi tantas coisas, vou me atualizar logo!!

  • Diva. Escritora Postado em 06/09/2021 - 14:59:12

    Ah!! E posta mais, claro. Quero muito ver quando o Sherlock irá desmascarar a Violet e o filho :)

  • Diva. Escritora Postado em 06/09/2021 - 14:58:19

    Caramba, não sabia disso. Eu até ia perguntar se esse hospital era de verdade mas só fiquei mais chocada com as informações :o e a beladona eu conheci em um filme de suspense - que pode ser bem perigosa - esses últimos capítulos foram bem informativos hehehe

    • Claen Postado em 07/09/2021 - 20:25:48

      Obrigada por não desistir de acompanhar a história! :D Eu não sou especialista em nada, mas gosto de pesquisar um pouco antes, para não escrever nada muito absurdo. hahaha Aguenta aí, que estou começando a encaminhar a fanfic para a reta final. Até o próximo capítulo!


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