Fanfics Brasil - Aprendendo a usar as mãos À Prova de Som (Portinon) AyD

Fanfic: À Prova de Som (Portinon) AyD | Tema: Portinon


Capítulo: Aprendendo a usar as mãos

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Eram seis da manhã e a pequena Anahí já havia levantado, olhando através da porta da cozinha enquanto Marichelo bocejando cambaleava até a cafeteira. Levantou a vista e encontrou com grandes olhos azuis.


- Anahí, pequena estrela! O que faz acordada a essa hora?


- Quantas horas e minutos faltam para que minha amiga possa vir brincar comigo? - Perguntou entrando na cozinha, sentando na cadeira mais alta, apoiando suas mãos na mesa e olhando com expectativa para sua mãe.


- No mínimo umas duas horas princesa.- Marichelo rodeou a mesa e beijou sua cabeça.


- Quando o ponteiro grande estiver onde?- Perguntou Anahí, olhando para o grande relógio que estava pendurado na parede.


- Quando o ponteiro grande fizer um grande movimento até o 12 e o ponteiro pequeno deve apontar para o 8. - Respondeu Marichelo, servindo o café em uma xícara e colocando em cima da mesa antes de abrir a geladeira em busca de leite para o cereal de sua filha.


- Mamãe, como é que você e o papai gostam tanto de café?


- Porque é uma bebida que os adultos gostam princesa.


- Posso provar um pouquinho? - Olhou com seus olhos brilhantes para sua mãe e a senhora sorriu, não podia resistir a esse olhar.


- Você já provou uma vez e não gostou, lembra? - Serviu seu cereal em um prato em formato de estrela e acrescentou leite.


Anahí fez uma careta.


- Sim, mas eu provei com o papai e não com você.


- É o mesmo Anahí!


- Só um pequeno gole, por favor? - Perguntou já segurando a xícara.


Marichelo suspirou. - Está bem! Mas só um gole.


A pequena menina sorriu e levou a xícara aos lábios antes de soprar o vapor e beber um pouco, fazendo uma careta logo depois de provar.


- Eww! É muito asqueroso!


- Eu te avisei. – Marichelo riu vendo a cara de Anahí. - Aqui, come teu cereal que o mal gosto vai desaparecer.


...


Anahí balança as pernas com impaciência, estava sentada no sofá com seu pai assistindo desenho. Isso na teoria, na prática seus olhos miravam o relógio a cada 5 minutos.


- Papai, o ponteiro grande já está no 12 e o pequeno já está no 8! - Exclamou levantando e correndo até a janela, para olhar a casa do outro lado da rua. - Porque ainda não está aqui?


- Ainda é cedo pequena estrela. - Explicou Enrique, olhando para sua travessa filha.


- Mas papai, já são 8h da manhã... e... e... Que acontece se ela não quiser brincar comigo?


- Não se preocupe, ela estará aqui daqui a pouco. E se ela não vier, podemos ir a sua casa depois do almoço.


- Mas eu quero que ela venha e... - Parou de falar quando viu a porta da casa em frente se abrir, parou de respirar por um segundo. - Ela está vindo! Já está vindo!- Sua pequena mão puxou a maçaneta da porta a tempo de encontrar uma mulher que ia tocar a campainha.


- Oh! Olá. - Disse a mulher, olhando a radiante loirinha.


Dulce fez um sinal a Anahí enquanto segurava a mão de sua mãe.



- Então você deve ser a Anahí...- Sorriu. - Sou Blanca, a mãe de Dulce. Ouvi falar muito de você a noite.

- Sério?


- Dulce não parou de falar em você, apenas estava preocupada com sua nova amiga. - Enrique riu com o comentário e finalmente chegou até a porta. - Enrique! - Se apresentou estendendo a mão para Blanca.


- Prazer em conhecer! Meu esposo disse que estará em casa o dia todo, espero que não seja um problema deixá-la aqui. Nenhum problema, em absoluto!- Enrique sorriu. 

- Nossa filha mais velha está em casa, se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode chamá-la. - Tirou um pedaço de papel da bolsa. - Aqui estão os nossos telefones, o sinal para “mamãe” é assim... Anahí imitou o sinal, vendo como uma oportunidade de aprender a se comunicar com sua nova amiga.


Blanca fez alguns outros sinais importantes antes de dar um forte abraço em sua filha. Dulce nunca havia ficado sozinha em um lugar onde ninguém sabia a linguagem de sinais.


- Dulce entende um pouco de leitura labial, mas tem que falar de frente para ela e devagar. Começamos com a terapia de fala no começo do ano e usamos para que consiga comunicar algumas coisas, mas não muitas. É muito difícil falar sem ter escutado antes.


 A mulher beijou a testa de sua menina antes de deixá-la ao lado de Anahí.


 - Comporte-se! Te amo. - Disse fazendo sinais.


 - Eu também te amo mamãe! - Dulce respondeu com um sorriso antes de fazer os sinais. Antes de sair, Blanca deu uma última olhada preocupada.


 Tão logo quando a porta se fechou, a pequena menina se encontrou sendo arrastada em direção a escada. Anahí a levou ao seu quarto e Dulce podia ver seus lábios movendo a mil por hora, mas não importava a compreensão do que Anahí dizia, sorrindo para ela mesma ante a possibilidade de brincar com outra criança além das crianças da escola (que ela considerava que eram muito implicantes e chatos, além do que não os via a mais de um mês).


 - Este é o meu quarto! - Falou Anahí abrindo os braços e olhando a Dulce e como ela olhava ao redor com os olhos bem abertos.


 O quarto da loirinha era tão colorido e cheio de brinquedos e coisas para meninas... Dulce se moveu rapidamente em direção ao monte de bichos de pelúcia perto da cama. Ela amava os bichos de pelúcia e a coleção de Anahí era quase tão grande quanto a sua.


 - Você gosta? - Perguntou a loirinha ao ver-la pegar Alex, a girafa, pelo pescoço e acariciando seu suave pêlo. Minha mãe disse que daqui a pouco eles vão dominar o meu quarto, creio que vou ter que doar alguns deles para outras crianças que são muito pobres e não podem comprar de natal... Mas eu não quero fazer isso porque todos eles são meus amigos e eu não sei se outra criança cuidaria bem deles. Eu posso te dar se você quiser, e eles podem ficar na sua casa e eu vou visita-los quando quiser. Creio que ficarão melhor e eu...


Dulce que a olhava com uma expressão neutra, deu um passo à frente e tampou a sua boca com a mão, os olhos de Anahí se arregalaram, Dulce deixou cair a girafa e moveu sua mão para cima e para baixo, fazendo o sinal de “calma”. Ela sacudiu a cabeça e tocou a têmpora com o indicador e o polegar, dizendo que ela não entendia.


 Anahí levantou as sobrancelhas, também sem entender, e tirou a mão de Dulce de sua boca.


 - Paaapaaaiii!!! - Ela gritou e em menos de um segundo Enrique apareceu na porta.


 - Que aconteceu? Está tudo bem? - Perguntou preocupado olhando em volta do quarto extremamente feminino.


 - Papai, o que ela está dizendo?


 Enrique suspirou.


 - O que falamos sua mãe e eu sobre gritar desse jeito princesa?


 - Desculpa! - Ela abaixou a cabeça. Enrique se colocou de joelhos de frente a Dulce.


 - Que aconteceu carinho? - Perguntou lentamente, como Blanca disse que ela entenderia.


A menina apontou para Anahí e sorriu, movendo a boca como se falasse, sacudiu a cabeça e mais uma vez tocou sua têmpora.


- Anahí, estava falando com ela?


- Sim!- A pequena loirinha respondeu.


 - Ela não pode escutar o que diz princesa... Tem que falar com ela através de sinais.


 - Mas eu não sei como fazer!


 - Vai ter que aprender...


Dulce empurrou o braço de Enrique e Apontou para Anahí e depois para si mesma e fez o sinal de “minha casa”, que Enrique entendeu, ainda que não sabia o que queria dizer. Ele assentiu com a cabeça e observou como seu rosto se transformou com um grande sorriso. A menina correu de mãos dadas com Anahí e apontou para fora.


 - Que devo fazer papai?


 - Creio que quer que vá com ela.


Dulce abriu a porta e a levou para fora, puxando ela até sua casa. Tocou a campainha várias vezes até que uma jovem de 15 anos, com uma cara de sono e com pijama rosa, abriu a porta.


Cláudia olhou a sua pequena irmã que entrava em casa acompanhada de outra garotinha que jamais havia visto na colônia.


- O que está fazendo aqui? - Perguntou em voz alta e fazendo os sinais para Dulce rapidamente.


- Ensina a ela como falar comigo! - Disse Dulce soltando a mão de Anahí para ficar de frente para sua irmã. Ela não estava nem se importando com a sua irritação.


- E porque eu teria que fazer isso?


A pequena menina cruzou os braços e abriu a boca, deixando escapar um grito tão alto como do dia anterior, o que fez com que Anahí a olhasse assustada. Ela mesma não conseguia gritar tão alto.


- Dulce! - Cláudia gritou um pouco mais alto. - Que feio! Você sabe que é errado gritar.


- Ensina a ela!


- Como quer que eu faça isso?


- Diga os nomes dos meus sinais.


- Tenho outras coisas para fazer e isso é muito difícil. - Anahí olhou de uma para outra, tentando entender o que estava acontecendo. - E o papai disse que eu não teria que cuidar de você hoje.


- Direi a mamãe que não quis me ajudar e ela te castigará para sempre! - Dulce repetiu o sinal de “castigo” uma vez mais, pressionando com os dedos dobrados sobre a palma de sua mão.


Cláudia teve vontade de rir. Era muito engraçado ver uma menina daquele tamanho fazendo sinais como um adulto.


- Porque você mesma não ensina? - Perguntou Cláudia fazendo os sinais ao mesmo tempo e ganhando uma olhada da pequena loirinha.


- Ela continua falando com a boca!


- Você tem que ensinar os sinais para que possa falar sem a boca.


- Ela não me entende! - Dulce pisou forte no chão e Cláudia suspirou.


Olhou ao redor e seus olhos encontraram um livro infantil que estava no sofá.


- Está bem! Mas depois vocês vão brincar na casa dela.


Dulce sorriu adoravelmente, fazendo sua irmã revirar os olhos antes de sentar em frente a elas com o livro nas mãos.


- Então, você é a Anahí? - Perguntou passando a mão em seu cabelo.


Anahí assentiu com a cabeça e sentou com as penas dobradas ao lado de Dulce. - O que vocês estavam falando antes?


- Ela quer que eu te ensine, para que possa entender o que diz. E minha irmã sempre consegue o que quer...- Falou a última frase em voz baixa. - Dulce me disse que estava falando com a boca, mas ela não pode te entender se não usar as mãos. - Cláudia tentou explicar. - Vai ter que pedir que te mostre os sinais das coisas e logo terás que aprender, certo?


A pequena loirinha assentiu com um brilho decidido em seus olhos que era bastante intenso para uma menina de sua idade. Cláudia sorriu satisfeita.


...


Cláudia passou a seguinte hora mostrando os sinais a Anahí, até que decidiu que as duas meninas tinham palavras suficientes para se comunicarem sem ajuda.


- Isso será suficiente! - Levantou-se. - Vou voltar a dormir, usem o livro para mostrar outros sinais e não me perturbem mais.


- Adeus, irmã da Dulce! - Anahí disse antes de ser arrastado de novo para sua casa.


As duas meninas se sentaram no quintal detrás da casa e Dulce olhou o livro com uma expressão de concentração antes de apontar a figura na primeira página, a figura de uma menina com o cabelo vermelho. Ela fez o sinal para a figura e viu sua nova amiga imitar corretamente na primeira tentativa.


Ensinou as cores e alguns animais que estavam no livro, assim como algumas letras que estavam no texto, ainda não soubesse ler direito. Em pouco tem a quantidade de informação se tornou muito para a pequena loirinha que começou a se distrair com outras coisas, como a presilha do cabelo que mantinha a franja de Dulce longe de seus olhos.


Uma pequena estrela dourada.


Anahí observou como brilhava com o sol enquanto a pequena menina seguiu gesticulando e apontando as figuras do livro. O som de algo incoerente a trouxe de volta a realidade. Dulce a olhou com uma mistura de ansiedade e aborrecimento, a loirinha apontou para a presilha com indecisão, antes de fazer o sinal de “bonita” que Cláudia havia lhe ensinado antes.


Dulce levou a mão ao seu cabelo e sorriu, puxando a pequena estrela com os dedos e deixando a franja cair rapidamente em seu rosto. Ela fez o sinal de “estrela” e Anahí a imitou sorrindo também. Amava as estrelas. Seus pais sempre diziam que seria uma grande estrela algum dia, como todas as mulheres que apareciam na televisão e cantavam na Broadway.


Queria dizer que amava as estrelas, mas não sabia como fazer o sinal da palavra “amor”, acabou por dizer em voz alta. Não estava certa se Dulce havia entendido, mas o que Dulce fez a seguir a surpreendeu e pela terceira vez em dois dias, Anahí sentiu que seu coração batia aceleradamente.


Dulce ficou de joelhos e colocou o livro ao lado, e com muito cuidado colocou a pequena estrela no cabelo loiro de sua amiga, distanciando-se para ver como havia ficado nela.


- Linda! - Fazendo o sinal junto com um sorriso de satisfação.


- Meninas! O almoço está pronto! - Gritou Enrique de dentro de casa. Anahí se levantou.


- Vamos comer! - Dando-se conta de que tinha fome e pretendia comer muito. Não era o sinal adequado para “comer”, mas Dulce entendeu e a seguiu para dentro de casa.


Comeram e brincaram, Anahí tratou de dividir um pouco do seu mundo de sons com Dulce, mostrando seus filmes favoritos e inclusive fazendo com que a menina aplaudisse a linda canção que estava cantando, pintaram alguns desenhos e fizeram uma guerra de ursinhos de pelúcia.


Na hora do jantar os pais de Dulce chegaram para buscá-la e as duas meninas se abraçaram, satisfeitas com o dia que tiveram e cansadas por todas as coisas que haviam feito. Logo se tornou uma rotina e nem sequer podiam passar um só dia de maneira diferente. Anahí ganhou um sinal de sua melhor amiga, o sinal de “estrela” que lhe encantou, obviamente, e mostrou para todos os seus conhecidos, amando a atenção que recebia quando falava de Dulce aos amigos de seus pais.


O verão passou tão rápido e as meninas foram a diferentes escolas, mas elas ainda se viam nos fins de semana e inclusive durante a semana, quando conseguiam perturbar aos seus pais o suficiente.


E realmente viraram melhores amigas.


No início foi difícil para Anahí não falar. Era faladeira por natureza e não era como se ela esquecesse que Dulce não podia ouvir, mas era tão fácil mudar o tema da conversa que não podia se conter. Sem dúvida, havia algo na outra menina que a influenciou profundamente que a pesar de ter somente 6 anos, sentiu a necessidade de aprender.


Aprender a respeitar o silêncio e expressar-se de diferentes maneiras.


E com o tempo, ela realmente o fez...



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Autor(a): siempreportinon

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8 anos de idade Anahí bateu a casa de Dulce, abraçando sua nova aquisição com firmeza, como se o objeto pudesse ganhar vida e fugir dela se não o mantivesse bem seguro. - Olha quem está aqui! - Fernando sorriu. - Olá Anahí, como está passando nessas férias de verão? A loirinha sorriu. - Maravilho ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 8



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  • NoExistente Postado em 25/06/2021 - 18:52:34

    Fiquei completamente soft. Essa leitura me deixou completamente leve, então muito obrigada.

  • Ardilla Postado em 30/06/2020 - 18:17:14

    Maravilhosa, uma das melhores que já li!

  • _mariaruth Postado em 22/06/2020 - 02:52:35

    Meu deus continua, perfeitaaaaaa essa web. Tô apaixonada

  • Lene Jauregui Postado em 21/06/2020 - 10:14:10

    Tão fofo meu Deus. Eu amei amoré. Continua.

  • candy1896 Postado em 20/06/2020 - 13:37:54

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 19/06/2020 - 12:18:56

    Continuaa, adorei o capitulo

  • dada Postado em 19/06/2020 - 08:42:18

    Cont.....

  • Lene Jauregui Postado em 19/06/2020 - 08:18:03

    Oh meu Deus, que fofo. Eu já adorei baby. Continua logo viu.


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