Fanfic: As consequências de te amar perroyer adaptada | Tema: perroyer
Por Angelique
Na casa da familia Boyer
– Angeliqueeeee!
Ouvi o grito do chefão todo poderoso já imaginando o tédio que sentiria por ouvir mais um dos muitos sermões que meu pai me dava todos os dias. Eu e meu pai não nos dávamos nada bem desde que comecei a compreender a falta de explicação para suas falhas como pai e marido. Sr. Augusto é o tipo de homem que acha que tudo se resolve com dinheiro e isso me faz sentir enojada.
Desci as escadas lentamente após ouvir mais um dos seus gritos histéricos. Eu sempre fui a única nessa família a bater de frente com o todo poderoso, a única capaz de deixá-lo transtornado. Não era preciso fazer muito esforço para desestabilizá-lo, bastava fazer seu precioso sobrenome surgir em algumas manchetes, principalmente se fosse numa dessas mídias sem escrúpulos que não medem esforços para publicar alguma fofoca
– Desde quando ficou tão escandaloso assim? Você pensa que é só gritar que todos devem cair aos seus pés?
Pude ver uma veia latejar em seu pescoço, seus olhos eram puro ódio e eu apenas me contentei com o efeito alcançado.
– Pelo amor de Deus, não é possível que vocês já estejam aos berros logo cedo!
Minha mãe chegou junto com Daniel na sala onde eu e meu pai nos enfrentávamos com o olhar.
– Ela não me respeita, Soraya, sua filha dedica cada minuto da vida dela para me destruir. – Sorri com seu exagero. – Olha isso!
Ele lançou para minha mãe uma revista que tinha meu rosto estampado na capa. A manchete dizia que mais uma vez a herdeira de uma das maiores empresas do país havia sido pega pela polícia por estar dirigindo alcoolizada. Bom, mentira não era, mas isso era o tipo de coisa que aprendi com o meu papaizinho querido a resolver com dinheiro. Será que todo brasileiro tem noção de como a corrupção nesse país ocorre das mais variadas maneiras? Às vezes está bem embaixo do nosso nariz e não conseguimos enxergar. Na maioria das vezes a corrupção é propagada por aqueles que deveriam nos proteger e representar, e nós assistimos a tudo passivamente.
– Angel, minha filha, isso é verdade?
Minha mãe era a única a quem eu sentia dever tudo da minha vida e aquele seu olhar de tristeza me matava por dentro, mas eu não poderia me mostrar vulnerável diante daquele homem.
– Não se preocupe mamãe, eu resolvi tudo. Estou bem, não estou? – Tentei ser sarcástica.
– Tudo o que você não é, é bem da cabeça Angel. – Daniel provocou, mas não entrei na sua.
– Cala a boca, moleque! – Meu pai o repreendeu. – E você... – Voltou-se para mim. – Está bem, mas poderia não estar. Você não passa de uma mimadinha irresponsável.
– Está reclamando do que, hã? – Fui para mais próximo do meu pai ficando a centímetros de distância do seu rosto. – Resolvi tudo não resolvi? Você sequer foi chamado, aliás, você deveria se orgulhar, afinal resolvi tudo do jeitinho que você gosta, aprendi direitinho com meu papai querido.
– Olha como você fala comigo, Angelique! – Eu pude vê-lo falar com os dentes quase rangendo. – Eu não sou esse tipo de homem!
– Calma, Augusto. Vamos conversar como pessoas civilizadas. – Minha mãe tentou intervir, mas ele não poderia sair ganhando assim.
– Não vai me dizer que agora vai dar uma de papaizinho preocupado a essa altura do campeonato, Sr. Augusto? Me economize! – Continuei a provocar.
– Você se acha esperta não é mesmo? Acha que pode tudo, mas no final você não é nada sem mim, não é nada sem meu dinheiro. – Sua expressão suavizou rapidamente me fazendo sentir um calafrio com o que eu poderia ouvir a partir dali. – Sabe Angelique, eu estive pensando muito e cheguei a uma conclusão. – Seus olhos eram recheados de deboche. – Já aguentei demais seus chiliques de garotinha mimada, hoje você já é uma mulher e chegou a hora de se comportar como tal. Essa... – Ele apontou para a revista. – Vai ser a última vez que seu nome surgirá em manchetes como essas, a partir de hoje você vai se comportar como uma verdadeira Boyer, vai honrar o nome da nossa familia e só surgirá em manchetes que enalteçam seu potencial para os negócios.
Gargalhei não acreditando nas palavras que estava ouvindo, ou meu pai estava me testando ou ele estava ficando muito louco. Eu não fazia a mínima questão em aparecer na mídia com o seu precioso sobrenome, eu nem gostava quando esses urubus sedentos por audiência à custa dos outros me perseguiam, mas eu não podia evitá-los, o peso do sobrenome Boyer me levava sempre às suas lentes. Agora daí ele imaginar que eu teria potencial para os negócios? Loucura pura!
– Você só pode estar de brincadeira não é mesmo? – Olhei para ele que mantinha uma expressão assustadoramente calma. – O que está querendo dizer com isso?
– Estou dizendo que a partir de amanhã ou você começa a levar o trabalho a sério ou perderá o cargo que tem. – Meu queixo caiu. – Sua administração está péssima e se não fosse pelo esforço da Maite nós já estaríamos na lama.
Estava demorando meu pai começar com as comparações entre mim e a filha do seu grande amigo. Seria cômico se ele não estivesse falando tão firme.
– E por falar nisso, tenho um assunto importante a tratar com você.
– Augusto não, agora não é o momento. – Minha mãe quase implorou me causando medo do que estava por vim.
– Por que não é o momento? O que está acontecendo?
– Você vai se casar com a Maite e acho muito bom que a trate bem.
Ele jogou a bomba de uma só vez com uma naturalidade assustadora, eu tentava processar aquelas palavras sem saber se gargalhava ou se chorava com o ódio que me consumia. Quando eu penso que Sr. Augusto não pode se superar ele vem e me mostra que jamais devo subestimá-lo. Aquele senhor só poderia estar fazendo uma pegadinha com a minha cara, não é possível. Como assim ele acha que pode determinar com quem e quando vou casar? Aliás, eu sequer quero casar, ainda sou jovem demais para me prender a alguém e perder toda minha vida.
– Você só pode ter enlouquecido, bebeu ou fumou alguma erva estragada. – Sorri sem humor.
– Angelique! – Minha mãe me repreendeu.
– A senhora sabia dessa barbaridade?
– Sim.
Ela sequer teve coragem de me olhar para responder me deixando com a sensação de ter sido traída pela minha própria mãe. Como assim ela sabia? Ela concordava com aquilo?
– Vocês todos me enojam! – Cuspi as palavras vendo os olhos da minha mãe lacrimejarem. – Sabe quando eu vou casar porque o senhor quer? Nunca!
– Qual o seu problema, Angelique? Desde quando você se tornou esse poço de rebeldia sem fim? Essa não foi a educação que eu e sua mãe te demos.
– Qual a educação que o Sr. meu deu? Até onde eu consigo me lembrar você sempre foi um pai ausente. Vivia por essas estradas viajando em busca de poder e dinheiro sem se importar com a mulher e os filhos que deixava em casa sozinhos por dias. Quantas vezes faltou nas festas do dia dos pais? Quantas noites me deixou aqui sozinha com a mamãe nas festas de aniversário? E tudo por que mesmo? Ah é, lembrei... Por essa droga de empresa que você sempre deu prioridade, sempre foi assim. E agora você quer me sacrificar por ela? NUNCA!
O homem ouvia tudo que eu falava com fúria nos olhos. Eu sempre amei o meu pai, sempre o admirei e costumava dizer que ele era meu herói, que eu queria ser igual a ele quando crescesse, mas os anos foram passando, fui amadurecendo e descobrindo que o herói era na verdade um bicho papão. Não que ele fosse um pai ruim, ele só era um pai ausente, o que na minha opinião dava no mesmo.
– Filha, não seja injusta com seu pai. Ele sempre fez o melhor por nossa família. Se ele se ausentava era para nos dar tudo o que temos hoje.
Minha mãe sempre tentava argumentar a favor do meu pai em nossas brigas, ela odiava nos ver brigar e sabia que o motivo era a revolta que eu sentia por sermos para ele menos importante que seus negócios. Mas eu não poderia julgá-la, ela sempre o amou verdadeiramente e apesar de nunca ter conhecido o amor eu podia ver esse sentimento transbordar nos olhos da minha mãe. Nós costumávamos ser muito amigas, era para ela que eu sempre corria quando tinha meus conflitos internos na infância e juventude, mas quando alcancei a fase adulta liguei o botão do foda-se e não permitia que nada nem ninguém me atingisse, ou melhor... Eu não demonstrava isso.
– Mamãe, você está se ouvindo? Você acha certa essa loucura de me forçaram a casar com alguém que eu não amo?
Vi minha mãe tentando encontrar palavras para defender aquela insanidade.
– Eu te dei todas as oportunidades para mudar. Te pedi muitas vezes para se importar mais com a empresa e você sempre fez o quê? Afastava-se cada vez mais da nossa família e do nosso patrimônio. São pilhas de matérias que eu coleciono onde você aparece como a patricinha mimada herdeira de um dos maiores patrimônio desse país, mas completamente sem limites. Você parece disposta a arruinar meu nome.
– Eu estou pouco me lixando para seu precioso sobrenome. Você não pode me obrigar a ser como você, o poderoso Augusto Boyer que deixou de viver por causa daquela empresa.
– Eu não me importo com o que você diz e pensa, ou você casa com a Maite e torna-se uma mulher responsável em dois anos, ou você não terá um centavo do que é meu.
Ele gritou e meu ódio só cresceu. Eu sabia dos planos que meu pai tinha para sua vida e dois anos era exatamente o tempo que ele precisava para cair na graça do povo e finalmente alcançar o cargo de governador do Estado. A única coisa que eu não conseguia acreditar é que ele pretendia usar toda a família para chegar onde queria.
Eu conhecia Maite desde a infância, afinal nossos pais não eram apenas sócios, mas também melhores amigos. Nossas famílias tornaram-se praticamente uma só, mas nunca consegui conviver bem com a mulher que era constantemente uma pedra no meu caminho. Maite era exatamente o que meu pai sempre sonhou que eu fosse e esse sempre foi o principal bloqueio para que não existisse comunicação entre nós. Nosso contato era limitado às instalações da B&P Construtora onde mesmo sem gostar eu dava expediente algumas vezes perdida. Cresci vendo meu pai elogiando como a filha do amigo era estudiosa, bem educada e dedicada à empresa que ele tanto amava. No entanto eu era o oposto. Claro que durante um tempo cultivei o desejo de vê-lo sentir esse mesmo orgulho de mim, gostaria que ele falasse de mim com o mesmo entusiasmo que ele falava de Maite. Por vezes me senti inútil, nada do que eu fizesse parecia ser bom o bastante para fazer Sr. Augusto sentir orgulho de mim e quando percebi que isso destruía meu coração resolvi não cultivar mais, simplesmente liguei o foda-se.
O fato é que por alguma razão Maite me fazia sentir vergonha do que me tornei, eu me sentia incomodada com sua presença. Mesmo sem ter noção disso, ela era a única que tinha esse poder sobre mim e agora como eu poderia conviver tendo-a como esposa? Por que eu faria isso? Eu nunca me imaginei nem ao menos ficando com aquela mulher e a ideia de tê-la como esposa era assustadora.
– Angel... – Meu pai falou de forma tão amorosa que quase me assustei. – A hora de você e Maite assumirem o comando da empresa está chegando. Vocês sempre foram preparadas para isso e agora com a minha entrada na política preciso que as duas assumam suas devidas responsabilidades, mas a sua imagem não passa confiança aos acionistas. A cada novo escândalo que você se envolve eles me pressionam a tirá-la da empresa antes que tenhamos perdas por termos o nome da empresa envolvida nas suas histórias de mulher rebelde. Tenho informações que eles pretendem vetar sua nomeação, eles não confiam que você seja capaz de administrar nem mesmo a sua vida quanto mais uma empresa da dimensão da nossa. Para eles você é uma ameaça aos investimentos que eles fazem.
– Eles não podem me tirar da empresa, aquele lugar é tão meu quanto da Maite, eu não tenho porque ceder às chantagens absurdas desses seus amiguinhos hipócritas.
– Eles podem e eles vão se você não mudar esse comportamento imediatamente.
Meu pai agora falava com uma falsa tranquilidade, mas pela primeira vez em anos ele parecia estar sendo verdadeiro ao conversar comigo. Eu lutava para não deixar lágrimas rolarem em meu rosto demonstrando o quanto me sentia fraca naquele momento.
– Filha, você não sabe como é doloroso para mim como pai não ter argumentos para defender minha própria filha diante daqueles leões em pele de cordeiro. Angelique, eu quero poder lutar por você, quero poder ter argumentos para mostrar o quanto você é capacitada e, acredite, eu sei que você é. – Aquelas palavras atingiram meu coração. Quantos anos quis ouvi-las? – Você pode não gostar da ideia, mas você parece comigo muito mais do que você pode imaginar e eu nunca vou conseguir me perdoar se não vir você ocupar o lugar que sempre reservei para você. Eu sempre sonhei em ver você se tornar o que eu sou, não falo de sucesso na carreira, mas sim de felicidade, de realizações. Eu quero ver você alcançar o pódio da vida e no que depender de mim eu vou até o fim do mundo para ver isso acontecer, mas eu preciso de você nisso.
– Por que casar? – Perguntei ainda na defensiva.
– Eu e Carlos chegamos à conclusão que seria uma boa opção para mudar sua imagem, você se tornaria mais responsável, apareceria menos na mídia e deixaria de frequentar esses lugares estranhos que costuma andar. O casamento não seria real e com sorte nós conseguiríamos torná-la influente no meio empresarial.
– Você consegue se ouvir? – Sorri sem humor. – Isso soa tão patético que não consigo sequer argumentar.
– Você não tem escolha, Angelique. É isso ou perderemos o controle da nossa empresa porque certamente a diretoria vai surgir com um nome alternativo para ocupar o lugar da vice-presidência.
O silencio se formou e meus pais pareciam ansiosos por uma resposta minha. Era possível ouvir o tic-tac do relógio da sala e minha cabeça fervilhava com tantas emoções. Naquele momento eu vi uma oportunidade de pela primeira vez na vida fazer meu pai sentir orgulho de mim. Mas será que ainda era isso que eu queria?
– NUNCA! – Respondi com fúria.
– Uma semana, esse é o tempo que te dou para me dar uma resposta mais bem pensada.
Saí daquela sala sentindo o estômago revirar e uma raiva incomum surgir em mim.
Autor(a): maluzinha12
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Pov Dulce Minha casa estava virando um verdadeiro cenário de guerra fria. Meu pai e minha irmã viviam conversando sobre o único assunto que parecia interessa-lo naqueles dias: o casamento de Maite e Angelique. Sr. Carlos tentava convencer Maite em aceitar aquela ideia fadada ao fracasso e confesso estava sendo mais difícil do que imaginei. Minha ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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AndC Postado em 18/07/2020 - 02:40:05
Confesso q estou curiosa apesar de nunca ter nem imaginado esse casal kkkk
maluzinha12 Postado em 20/07/2020 - 19:48:52
fico feliz que esteja gostando,eu adoro as duas ai resolvir adaptata-la espero q goste