Fanfic: A Eleita | Tema: Anahi y Alfonso, AyA, traumadas aya

Olá, depois de alguns anos afastada, finalmente resolvi voltar, devo isso a Mila Puente Herrera...obrigada pelo incentivo amiga ❤

Espero que gostem!

ANAHI

Era para ser mais um dia qualquer em nossa Comunidade Crystal Lake, mas acordei com a notícia de que a sexta esposa do nosso guia Joe, havia morrido. Misteriosamente.
É sempre assim, quando um grupo de garotas da comunidade completam dezoito anos, e se o guia Joe se interessar por elas, sua esposa anterior simplesmente morre.
Uma queda da escada, um acidente na cozinha ou no celeiro, um afogamento no lago. Ninguém nunca contesta o guia. Mary só estava casada com ele há dois anos e acho que a culpada de sua morte sou eu. O guia sempre mantém um olhar estranho sobre mim.
Nasci nessa comunidade e até o momento em que era inocente demais para prestar atenção a esses detalhes, eu gostava de viver aqui. É tudo calmo, todos se ajudam como em cidadezinhas pequenas distantes de tanta tecnologia e mais próximas das pessoas reais.
Nunca saí daqui, assim como a maioria de nós também, minha avó conheceu o exterior e sempre me disse que era algo que eu nunca gostaria de ver, que deveria ser grata ao guia Joe por nos manter em segurança, longe de tanta violência. Isso antes dela completar oitenta anos e começar a falar demais sobre assuntos que não deveria. Vovó Nanah foi uma das primeiras moradoras da comunidade, se mudou para cá após seu casamento, buscando a tranquilidade do campo para criar seus filhos. Se casou por amor e foi bem aí, quando ela deixava escapar histórias sobre ela e meu avô, que eu compreendi que não era normal os homens baterem em suas esposas e filhos como castigo por algum erro cometido e que também não era normal a mulher ser escolhida por um homem só porque ele desejava, passando por cima dos sentimentos da mulher. Fui criada para acreditar nisso. Também fui criada para acreditar que o guia Joe tinha o direito de escolher qualquer garota para tomar como sua, independente se era casada ou solteira, a única regra que ele impunha é que tivessem dezoito anos completos. Ele fazia as regras, assim como o pai dele fez, era a autoridade suprema, graças aos céus por essa obsessão pela idade, ele dizia que era a idade da perfeição, quando a mulher estava pronta e corretamente treinada.
Infelizmente eu completei dezoito no dia anterior e desde então estou trancada em meu quarto, desesperada e sem esperança.
Ninguém aqui vai me ajudar a escapar desse destino, meus próprios pais estão radiantes com a idéia de eu ter a honra de ser a Eleita.
Eu falei com uma assistente social que apareceu aqui há três anos atrás, mas nunca um membro é deixado sozinho para falar com estranhos, e eu fui pega por Willian, filho do Joe. Desde então não tentei falar com mais ninguém, eu bem sei que se abrir a boca para contar os segredos daqui para qualquer um, ele terá o mesmo destino que as esposas do guia Joe. Eu já vi acontecer antes, é assim que nosso guia mantém seu poder, mostrando do que é capaz caso seja traído ou enganado.
Ele pode ter quase setenta anos, mas é incrível como sua fala calma e doce consegue manter todos ao seu lado, principalmente distorcendo as palavras da bíblia. Quando usada por um louco, ela vira uma arma poderosa. Sem contar os seus oito filhos que o protegem como se fosse um rei.
-Anahi, saia desse quarto, precisamos te preparar, a cerimônia da Eleita já foi marcada!
Posso ouvir a euforia na voz da minha mãe. Claro! Ela não vai ser obrigada a se casar com um velho assassino, então tudo bem, não é?
Levantando da cama, escondo minha mochila atrás da cômoda, junto com o mapa que roubei da classe de geografia e alguns biscotos e salgados para minha fuga. O medo de fugir rumo ao desconhecido é grande, mas o medo de ficar é ainda maior.
Vou para a sala, um pouco mais animada porque sei que a noite da Eleita, será a noite da minha fuga. É o único dia que todos se reunem em totalidade, os 142 habitantes, todos no salão do Conselho, até mesmo os vigias dos portões. Terei uma brecha de uma hora para contornar as cercas e atravessar a floresta.
Apesar de tudo sentirei saudades da minha familia, mas sei que Kaillah ficará feliz com meu sumiço. Ela parece realmente contente em ser a Eleita, talvez porque não saiba o que terá que fazer com seu marido. Só de pensar me causa náuseas e arrepios, tive sorte de Nanah ficar delirante o bastante para me contar os detalhes conjugais. Nenhuma outra garota sabe sobre isso porque lições sobre a vida conjugal são proibidas. Aprendemos sobre tudo na escola, menos a parte amorosa ou sexual, como a vovó diz. Semana passada foi a primeira vez que ouvi a palavra sexo e desde então sei que não posso me casar obrigada com qualquer homem. Se for para compartilhar algo tão íntimo com alguém, quero que seja por amor, assim como foi com Nanah e vovô Tom.
Paro ao lado do balcão da cozinha, encarando minha mãe cantarolando.
-Quando? - a pergunta sai um pouco mais ansiosa do que eu queria.
-Sábado agora, querida. E tenho certeza que você será a eleita.
Ela ergue as sobrancelhas de uma maneira que me assusta.
- Como pode ter tanta certeza, mãe?
-Porque o guia Joe procurou seu pai esta manhã e disse para avisar que você deve usar seu melhor vestido e que ele e eu devemos nos sentar no banco principal.
-Melhor vestido? - tenho certeza que ele quis dizer o mais curto possível.
O velho tarado não perde uma oportunidade de ajeitar suas calças quando vê uma mulher nas ruas. E é por isso que parei de nadar no lago quando fiz 15 anos, apesar de não tocar nas garotas, nada o proíbe de olhar.
Um novo arrepio de nojo passa pelo meu corpo ao lembrar quando ele parou nas pedras e ficou me olhando sair do lago, mexendo em suas calças. Eu usava um short e uma blusinha e mesmo assim me senti nua. Nunca mais vou passar por isso de novo.
-Anahi, anime-se! Você será a garota mais amada e invejada de nossa comunidade!
-Decida-se mãe, ou eles me amarão, ou me invejarão. As duas coisas é impossível. Vou voltar para o meu quarto.
-E o jantar?
-Estou sem fome, obrigada.
Hoje é quarta, isso me dá dois dias para repassar meus planos, engolir o meu medo e fugir.