Fanfic: One-Shots: Romanogers & WinterWitch | Tema: Vingadores
A noite estava fria como o esperado para o inverno de Nova Iorque fazendo com que além do aquecedor do apartamento, Wanda usasse alguns cobertores a mais na cama. Mas não era deles quem ela precisava no meio da noite, dois braços fortes a envolvendo, puxando-a de encontro ao calor de seu corpo era mais que o suficiente.
Passando um dos braços pela cama a procura da sua fonte de calor favorita, ela só encontrou um grande espaço vazio e frio. Frustrada, ela enfiou o rosto no travesseiro soltando um grande suspiro e se levantou da cama, sabendo exatamente onde encontra-lo.
— Bucky Barnes, o que você está fazendo acordados as... — Ela fez uma pausa procurando o relógio para ver que horas eram. — As 03:15 da manhã? — Repreendeu, entrando no escritório dele.
— Estou terminando de montar um caso, juro que em dez minutos eu vou para a cama — prometeu já prevendo que ela ficaria preocupada com o tanto de tempo que ele estava sem dormir.
— O caso dos Smulders? — Perguntou já sabendo que a resposta seria positiva.
— É. É um caso grande e bem importante para o escritório. — Tinham dois meses que o escritório de advocacia dos Barnes estava com um grande caso de desvio de dinheiro por um dos CEOs de uma grande empresa de construção, que era bem influente em NY e o caso era enorme por envolver várias pessoas e outras pequenas empresas, e se ganhassem o caso, os Barnes seriam ainda mais influentes no mundo da advocacia.
— Ok, eu entendo — Como recente formanda de advocacia, ela realmente entendia o que aquele caso era enorme — Quer um café para continuar? — Ofereceu, alisando os ombros dele, beijando o topo de sua cabeça.
— Se você quiser, eu não vou reclamar — Sorriu.
— Já volto com sua xícara de café e eu volto para a cama fria e vazia — Disse se fazendo de pobre coitada e ele riu. Tentaria terminar os pequenos detalhes que faltavam o mais rápido possível para ficar com ela.
Depois de deixa-lo sozinhos por alguns segundos, Wanda retornou ao escritório com uma xícara fumegante de café e uma de chá para si mesma.
— Aqui está, senhor Barnes. Algo mais? — Relembrando a forma como se conheceram, ela perguntou como costumava fazer quando estava trabalhando como estagiária para ele e Bucky pedia para que ela pegasse algum arquivo ou qualquer coisa do tipo.
— Um beijo seria o suficiente, senhorita Maximoff — Sorriu insinuante.
— Abusado — Acusou se curvando e o beijando calmamente, sentindo o calor dele aquecê-la lentamente. — Te espero na cama — Avisou se afastando e deixando mais uma vez o ambiente.
Aumentando um pouco mais a temperatura do aquecedor, Wanda voltou para debaixo das cobertas e tentou voltar a dormir, Bucky demoraria mais uma hora e meia no mínimo para voltar ao quarto e ela tinha certeza de que não aguentaria ficar acordada até ele voltar. Ou foi o que pensou.
Quando estava quase caindo no sono, sentiu o outro lado da cama afundar e os braços dele a envolverem em um abraço quentinho, depositando um beijo em seu pescoço e fungando um pouco ali.
— Humm, o que te fez desistir tão cedo dos papeis? — Murmuro ela com a voz arrastada e sonolenta, se acomodando melhor nos braços dele.
— Eu acabei com os papeis — Afastando os cabelos dela para deixar a nuca dela livre, distribuindo vários beijos pela região.
— Bucky Barnes, pode parar com isso — Se virando para ele, Wanda deu um selinho ele e fechou seus olhos delicadamente com os dedos — Dormir, Barnes.
— Mas não estou com sono — Sorriu beijando-a, ficando por cima dela.
— James!!! — Exclamou rindo e o envolvendo com seus braços e pernas. — ♪ Don’t stay awake for too long, don’t go to bed, I’ll make a cup of coffee for your head, it’ll get you up and going in bed ♪ — Cantarolou a música, alterando a parte da letra que a interessava. — Vou te dar café mais vezes — Soltou com malicia.
— Eu vou adorar. — Voltando a beijá-la, as coisas seguiram compara algo que os manteve acordados pelo resto da noite.
***
Uma semana depois
— Bom dia, campeão — Wanda desejou entrando na cozinha e encontrando Bucky já de pé.
O processo que Bucky e a família trabalharam por meses tinha acontecido na semana anterior e eles ganharam. Não tinha sido tão difícil quando os argumentos usados pela defesa eram facilmente refutados pela acusação.
— Bom dia, boneca — Retribuiu sorrindo. — Dormiu bem? — Perguntou curioso. Wanda costumava ter um sono tranquilo, mas naquela noite, ela se levantou várias vezes durante a noite.
— Mais ou menos, acho que vou entrar no período fértil ou coisa assim. — Comentou pegando uma maça na fruteira e a lavando. — E você, dormiu bem? — Devolveu a pergunta e ele assentiu a observando, naquela semana ela parecia diferente de alguma forma que ele ainda não tinha identificado, mas estava diferente.
— Você está de dieta? — Observou e Wanda negou — Você está mais magra.
— É? — Analisando o próprio corpo, ela reparou que o short estava realmente mais larga do que costumava, só um pouquinho, mas ainda larga. — Meu apetite não estava muito bom esses dias.
— E hoje, como está?
— Muito bem, eu acho. Vou pegar até pegar uma tigela de cereal.
Wanda se virou para o armário para pegar uma tigela para se servir com um pouco de cereal. Ao levantar para alcançar o recipiente, a blusa que ela vestia subiu mostrando a lombar dela com uma grande mancha roxa, um grande hematoma.
— Aonde você bateu as costas? — Saindo da bancada, ele foi até ela para analisar melhor a mancha — Está doendo?
— O que? — Tentando ver do que ele falava, Wanda se virava para alcançara de alguma forma aquela parte do corpo.
— Tem um hematoma nas suas costas — Repetiu assustado.
— Eu não lembro de ter batido — Tentando puxar na memória algum momento em que pudesse ter batido as costas, mas ela não se lembrava de nada.
— Está doendo? — Perguntou mais uma vez.
— Não, eu não sinto nada. — Tranquilizou. — Não é nada, acho que eu sentiria se fosse algo.
— É, acho que sim — concordou sem muita convicção. — Vamos na casa da Nat hoje?
— Vamos — Balançando a cabeça e voltando sua atenção para a seu café da manhã.
Como costumavam fazer todas as semanas, Wanda e Bucky iam a casa de Natasha e Steve e vice-versa, e naquele final de semana não seria diferente.
***
Pela janela do quarto entrava a pálida luz do sol, iluminando fracamente o ambiente. Bucky tentava encontrar uma posição confortável na poltrona, que apesar de ser grande não era muito confortável, ainda mais quando se passava tanto tempo sentado nela. Os barulhos vindos do aparelho de monitoramento cardíaco e respiratório tinham se tornado canções de ninar nos últimos meses e ele já estava acostumado com aquilo, temia que quando aquilo passasse, por que iria passar, não conseguiria voltar a dormir normalmente.
— Bucky? — A voz cansada e fraca de Wanda o alcançou e em segundos ele estava de pé ao lado da cama. — Que eficiente — Os lábios secos e pálidos dela se abriram em um sorriso brincalhão.
— Para você, sempre eficiente — Retribuindo o sorriso, ele se abaixou um pouco e a beijou na testa — O que foi? Está com dor, quer alguma coisa? — Perguntou atencioso.
— Água — Pediu se sentando na maca. — E algo para comer também — Acrescentou, antes que ele saísse. Bucky assentiu e saiu do quarto deixando Wanda a sós com seus pensamentos.
Iriam fazer um ano daquela rotina de hospital-casa-hospital. Tinha um ano que os sintomas mais deixavam de ser apenas algumas manchas roxas pelo corpo, suor a noite e falta de apetite que resultavam em uma grande perca de peso e passaram a fadigas e fraquezas, que se confundiram com uma possível gravidez, mas depois de vários testes negativos e a piora dos sintomas que evoluíam para hemorragias e inchaços, a levaram para uma bateria de exames e um diagnostico que foi um grande choque.
Leucemia.
Como se a doença já não fosse um choque grande o suficiente de uma doença tão grave, era um dos tipos raros.
No começo as esperanças eram maiores, a aplicação para que tudo acontecesse o mais rápido possível, para que ela se recuperasse e voltasse logo a vida normal, a rotina corrida de ir para o escritório e se dedicar um pouco a alguns estudos, sair com Bucky e os amigos...enfim, coisas da vida que em situações normais não damos o mesmo valor.
Um ano depois, a doença tinha avançado bastante e ela precisava de um transplante de medula o mais rápido possível. O problema era que ninguém era compatível o suficiente com Maximoff e seu estado de saúde não permitiria que eles arriscassem o transplante com alguém com pouca compatibilidade, Wanda muito provavelmente não resistiria a uma síndrome do enxerto em uma recusa do organismo a nova medula.
— Achei que estaria dormindo — Natasha entrou no quarto como sempre, abrindo a porta do jeito mais estrondoso que conseguia.
— Com o barulho que você faz toda vez que entra nesse quarto, é impossível alguém continuar dormindo — Desdenhou se acomodando melhor na cama — Como eles deixam você trabalhar aqui? — Questionou curiosa.
— Eu sou cirurgiã, a maior parte do tempo estou na sala de cirurgia e os pacientes não costumam reclamar do meu barulho. — Deu de ombros se sentando na poltrona que minutos antes Barnes estava sentado. — Como está se sentindo hoje? — O olhar médico era visível na pergunta de Natasha, mas também o olhar de amiga preocupada.
— Tentando não desistir — Confessou forçando um sorriso.
— Wanda! — O tom de repreensão era obvio, mas a ruiva entendia o porquê. Aquele processo era cansativo, desgastante de mais para a família e amigos, para o paciente era duas vezes mais.
— Eu sei, mas Nat... — O grande suspiro foi a continuação da frase. O folego e a energia já tinham se esvaído de seu corpo a muito tempo.
— Você tá cansada, eu sei. — As duas ficaram alguns segundos em silêncio — Barnes?
— Foi buscar água e algo para comer — Se lembrando do namorado, Wanda estranhou a demora. A cantina não ficava tão longe do quarto em que ocupava. — Acho que ele foi fazer na verdade, ele está demorando muito — Reclamou.
— Cheguei impaciência — Brincou entrando no quarto. Tinha conseguido ouvir a última parte da conversa. — Água e salada de frutas — Entregando os dois a ela, ele se sentou na ponta da cama e ficou a observando — O que ela faz aqui? — Fingindo desdém, Barnes apontou Natasha que jogou um papelzinho que estava em seu jaleco nele.
— Como você pode namorar com ele? Ele é insuportável — Reprovou fazendo um sinal negativo com a cabeça. Wanda riu de leve, enquanto destapava seu potinho com a salada de frutas.
— Você é igualmente insuportável, Natasha Romanoff — Observou sem se preocupar com o que eles diziam. Pareciam duas crianças, crianças que animavam sua internação.
Tinham dias fáceis, dias difíceis e dias muitos difíceis. Aquele era um dos dias fáceis, estava sem dores, conseguiu comer alguma coisa, sem enjoos muito fortes... É, era um dos dias bons.
— Acho que tenho que ir — Natasha anunciou olhando em seu bip que começava a apitar avisando que ela tinha alguma coisa para resolver. — Mais tarde eu volto para te ver, Maximoff — Avisou saindo do quarto.
— A gente pode impedir que ela entre? — Brincou saindo de onde estava para se sentar na poltrona, seu território naqueles últimos meses.
— Vocês são duas crianças — Determinou sorrindo, terminando a salada de frutas.
— Encontrei com a doutora Mills antes de voltar e ela disse que essa semana você teve uma grande melhora e que, se continuar assim por mais dois dias, você pode receber alta. — Contou animado e Wanda sorriu recostando-se na cama. Seria ótimo voltar para casa e descansar de verdade, passar por aquilo em casa era bem menos cansativo.
— Eu quero tanto deitar na nossa cama, é bem mais confortável — Estava ali fazia uma semana, entretanto, com todas as idas e vindas de hospital parecia que ela estava ali por uma eternidade.
A internação tinha acontecido por Wanda ter tido uma hemorragia gigante na semana anterior. Hemorragias eram normais, mas naquela quantidade era de assustar, ela precisou de quase quatro bolsas de sangue para ficar bem, na medida do possível.
E agora, uma semana depois, depois das transfusões, sessões de quimio e outras coisas, ela estava “OK” para a situação.
— Logo você estará em casa, boneca — Consolou com um meio sorriso. — Você está linda sabia?! — Wanda o encarou com um olhar de “conta outra”. A quimio já tinha levado todos os cabelos de seu corpo, estava incha e pálida, mal mantinha o brilho dos olhos.
Apesar da autoestima estar abaixo de zero, Bucky fazia questão de sempre a elogiar, de sempre ressaltar que ela era a mulher mais linda e amada do mundo.
— Estou parecendo um fantasma, mas obrigada — Sorriu agradecida.
Como a médica havia dito, se Wanda continuasse bem pelos próximos dias, poderia receber alta.
O caminho para casa tinha sido calmo e ansioso pelo cheirinho de casa, com o conforto e aconchego que o ambiente trazia. Chegando em casa, ela tomou um banho rápido, colocou roupas confortáveis e se deitou com Bucky, era só o que precisava naquele momento.
— Barnes? — O chamou depois de alguns minutos em silêncio. Ele respondeu com um “uhum”, esperando que ela continuasse. — E-eu preciso que me prometa algumas coisas — A voz levemente esganiçada denunciava que ela estava prestes a chorar, e ele apertou um pouco mais o abraço.
— O que quer que seja, vai ter que continuar aqui para me fazer cumprir cada uma das coisas — Advertiu sentindo um grande aperto no peito. — Me fala, o que você quer que eu prometa?
— Você vai ter que dormir, esquecer as vezes que tem projeto, que tem que entregar alguma coisa. Porque você precisa dormir — Advertiu, sabendo que precisaria de um milagre, ou uma promessa, para que ele cumprisse com aquilo.
— OK, dormir, isso não vai ser tão difícil. O que mais, mocinha?
— Sem café altas horas — Acrescentou.
— Humm, já que eu não vou poder mais mexer nos processos a noite, acho que vai dar para acabar com esse vício de madrugada. — Mais alguma coisa?
— Por enquanto não pensei em mais nada, mas vai ter que cumprir com as exigências.
— Cada uma delas, senhorita Maximoff — Afirmou beijando a testa dela de leve — Amo você.
— Eu também amo você.
***
— Acordou, estagiaria? — Barnes constatou ao vê-la se mexer levemente e abrir os olhos.
— Acordando — Corrigiu com um tem cansado. — Bom dia — Desejou.
— Bom dia — Retribuiu. — Como você está?! — Depois de alguns dias em casa, fazendo suasas consultas de rotina e o tratamento para a leucemia, Wanda teve umaum nova crise e essa tinha sido mil vezes pior que as outras, a deixando alguns dias em isolamento para ajudar a recuperar parte do sistema imunológico. Anteriores.
— Um pouco menos pior — Deduziu tentando entender também o que se passava.
— Ei, você já está bem melhor que ontem. Hoje você me respondeu ao menos — Nos dias anteriores ela estava tão fraca que mal conseguia abrir os olhos. Em resposta, ela apenas sorriu e mexeu-se um pouco, voltando a fechar os olhos. Bucky apenas sorriu triste e voltou sua atenção ao artigo que estava lendo sobre tratamentos holísticos alternativos para leucemia. Estava em busca de algo, qualquer coisa que os ajudassem, que ajudasse a mulher que ele amava sair daquela cama de hospital, que devolvesse a ela o que tinha antes, os sonhos, metas e fantasias... qualquer coisa que devolvesse o sorriso iluminado que ela tinha, aquele brilho nos olhos que iluminava seus dias.
Queria devolver a ela as promessas do pedido de casamento. Queria ver a alegaria nos olhos dela organizando as coisas do casamento, a felicidade de vê-la em um caso grande e apoia-la da mesma forma que ela fazia com ele. De ser ele a oferecer uma xícara de café a ela e perturbá-la com perguntas tão infantis que só uma criança de três anos poderia fazer.
Queria devolver e ter a sensação de que eles ficariam velhinhos, sentados em cadeiras de balanço na varanda de uma casa, vendo seus netos correndo por um jardim florido.
Entretanto, aquele ainda não era o cenário do momento. Eles ainda estavam em um quarto branco de hospital, continuavam a espera da médica para boas notícias, continuavam ouvindo os bips da máquina e os vários tubos conectados a ela.
— J-james — A voz bem fraca e rouca o chamou. Desviando a atenção dos papeis que lia, ele foi até ela, se sentando próximo.
— O que foi? — Pegando a mão dela e fazendo um leve carinho, ele esperou que ela falasse.
— Esses dias t-tem sido b-bem difíceis, mas você ficou aqui todo o tempo. Todo esse ano, na verdade. E e-eu só queria dizer q-que você... — Ela fez uma pausa talvez procurando as palavras certas ou apenas recuperar as forças. — Foi um namorado, amigo, companheiro maravilhoso. E eu só q-queria agradecer e d-dizer que te amo! — Declarou sentindo as lágrimas verterem facilmente.
— Eu faria tudo de novo. Eu amo você, Wanda e nada me faria sair daqui — As lagrimas saiam dos olhos dele também.
— Eu também te amo — Correspondendo ao sentimento, Bucky se aproximou dela e a beijou, um beijo calmo e profundo, tentando passar o máximo do amor que ambos sentiam. — Mais uma coisa — Você continua jovem, tem muitas coisas que não conseguimos fazer juntos, mas eu espero que você se case, comece uma família e os veja crescer e envelhecer.
— Nós vamos realizar isso junto, Wanda — Ele disse entre dentes. Bucky não sabia o que estava acontecendo, porém era um claro tom de despedida e isso ele não admitia, aquilo, ela não poderia ir. Ele não queria. Não deixaria.
— Eu queria que fosse eu, que fosse diferente, mas tem que ser assim — Ela deu um sorriso triste, segundando o rosto dele próximo do seu. — E-eu não sei quanto tempo mais isso vai durar, mas parece que não será por muito tempo.
***
Os dias pareciam sempre o mesmo desde que aqueles aparelhos pararam. Quando o pi continuo dos aparelhos de monitoramento pararam ele teve certeza de que sua vida tinha parado também, tinha ido junto com Wanda.
Ele não queria se despedir, ele não podia se despedir, eles não deviam se despedir. Tinham tanto para viver, para ver, experimentar.
O casamento estava começando a tomar forma, a data tinha sido marcada, os detalhes começavam a sair do papel e tudo tinha parado, na esperança de que um dia eles pudessem voltar para aquela história, um tanto encantada, que eles viviam. Porém, a vida não quis assim.
Wanda tinha partido. Em uma tarde chuvosa e fria, um dos climas que ela mais gostava. A imagem deitada na cama não demostrando metade da beleza e ternura que ela tinha.
Com os dias se arrastando como uma lesma, ele vivia a mesma rotina de trabalho-casa-trabalho, muito de vez em quando indo a casa de Steve e Natasha, visitar os pais e os sogros e só, se passavam seis meses desde que Wanda tinha partido e ele não conseguia ver o mundo com as mesmas cores, cheiros e sabores.
Enfim, a vida estava pintada em tristezas e cinzas.
— Barnes! Tô entrando e espero que você esteja pelo menos vestido — Natasha anunciou entrando na casa dele.
— Tô vestido, Romanoff, pode entrar — Como o velho ranzinza de trinta anos que ele tinha se tornado, ele respondeu. — O que devo a honra da visita, Romanoff? — Questionou se arrastando até a cozinha para pegar uma xícara de café
— Assuntos muito sérios, Barnes — O tom divertido aliviava um pouco a cara séria de quem daria um diagnóstico muito sério.
— Café? — ofereceu já colocando uma xícara na frente da ruiva, que pegou o objeto esperando que ele a enchesse com o liquido preto. — Steve? — Geralmente os dois apareciam juntos.
— Foi na casa da Carol, eles têm que terminar um projeto para terminar — Explicou a ausência do marido, observando que ele tinha feito a barba e cortado um pouco os cabelos — Mudou o visual, Buckyzinho? — Zombou o fazendo revirar os olhos.
— Era isso ou começar a comer com o meu cabelo — Comentou olhando a geladeira — E se você está com fome, vai continuar, a menos que goste de azeitonas e pizza de três dias.
— Ok, você precisa de compras — Decidiu surpresa pela falta da comida na dispensa do amigo. — Mas antes eu realmente preciso conversar com você — Retomou ao assunto que ela iniciara ao chegar. Bucky se sentou com ela no balcão da cozinha e ficou à espera do que ela falaria. — Hoje fui ao consultório da Yelena e eu quase a matei.
— Fratricídio? Você é réu primário? — Perguntou divertido, sabendo que aquilo era comum entre as duas.
— Felizmente ainda não gastei meu réu primário, ainda mais com a Yelena. — Desdenhou dando um gole na bebida que rodava na xícara, deixando a conversa cair em um silêncio. Natasha não sabia como falar aquilo, não sabia como ele reagiria, só sabia que ele tinha o direito de saber. — Eu fui no consultório da Yel porque...bem, ela disse que era uma coisa sua, mas que eu deveria buscar antes. — Tentando organizar melhor as palavras, ela fez uma pausa e o encarou por alguns segundos. — Antes da Wanda começar a fazer os tratamentos para a leucemia, ela foi até a Yelena.
— Por que ela iria falar com a Yelena? — Confuso, Yelena também era médica, ginecologista, não era do que Wanda precisava.
— Yelena é especialista em fertilidade e reprodução assistida, Bucky — Disse como se aquilo fosse novidade.
— E...?
— Wanda demorou seis meses para iniciar o tratamento da leucemia pra fazer um tratamento de fertilidade — Não havia outro jeito de contar mesmo, que fosse na lata.
— Por que era faria isso? — Confuso, aquilo não fazia muito sentido na sua cabeça.
— Se...se Wanda tivesse viva provavelmente ela não conseguiria engravidar naturalmente e nem usar os próprios óvulos pelos tratamentos fortes. — Bucky parecia começar a fazer sentido em sua cabeça. — Ela foi até a Yel, fez todo o tratamento para fertilidade, retirou os óvulos e deixou lá para ela fazer a inseminação depois da leucemia.
— Só a Yelena sabia?
Natasha assentiu, pegando sua bolsa vasculhando por alguma coisa.
— Ela deixou isso aqui com a Yel. — Retirando um envelope branco da bolsa, ela entregou a ele que reconheceu a letra de Wanda. — Também tinha uma para mim, foi como se ela conversasse comigo, sabe?! — Mesmo sem saber do que ela falava, Bucky moveu a cabeça em sinal positivo. — E-eu vou fazer umas compras para você e deixá-lo a sós para ler o que quer que Wanda o quisesse dizer.
Bucky não viu a hora em que Natasha saiu. Deixando o corpo pesado o guiar até o closet de Wanda, aonde seu perfume ainda estava vivo, aonde ele poderia imaginá-la melhor. Enfim, seu abrigo, seu refúgio para os dias mais escuros.
No alto do envelope ele reparou que tinha um círculo perfeito de papel molhado que secou e ficou levemente enrugado. Ela tinha se emocionado com o que quer que tivesse escrito e sabia que ele também se emocionaria.
Respirando fundo, ele abriu a carta e começou a ler:
“Oi, se você está lendo isso quer dizer que o pior aconteceu e eu já não posso mais te abraças, beijar, fazer cosquinhas em você ou te importunar. Enfim, eu não estou mais aí. Pelo menos não fisicamente, onde quer que eu vá sempre estarei com você, no seu coração.
Você foi a melhor pessoa, melhor amigo, melhor namorado, noivo, futuro marido, médico, enfermeiro, médico, cuidador...enfim, você foi o melhor que a vida poderia me dar e eu fico feliz de ter compartilhado um pouco dela com você.
Obrigada por ter estado aqui nos dias bons, não tão bons, ruins, péssimos e horríveis. Você esteve aqui todo o tempo e... bem, acho que eu pensei em um jeito de, de alguma forma, você me ter com você.
Quando tudo isso começou, a médica tinha me conscientizado que meu tipo de leucemia era bem raro e não iriamos achar um doador fácil, uma outra alternativa era engravidarmos porque assim teríamos certeza de que o bebê seria cem por cento compatível comigo, mas eu queria um bebê, para amar, vê-lo crescer, me dedicar a ele, e não para ser peça de reposição para mim.
Entretanto eu ainda queria um bebê e sabia que você também, ainda lembro da sua linda carinha de ansiedade no início de tudo quando achávamos que eu estava grávida.
Por isso retirei alguns óvulos, acho que o suficiente para cinco tentativas ou coisas assim (Pergunte para a Yelena, ela que entende), caso você queira, tentar ter filhos, ainda comigo. Não quero que faça por obrigação ou como “meu último pedido”, quero que seja algo de seu coração e que você queira isso, assim como eu queria.
Não se sinta pressionado, concordaria com você em qualquer decisão que tomasse estando aí, então pense da mesma forma, por mais difícil que esteja.
Caso você queira ter esse bebê, a Yelena vai te explicar tudo e te dar o resto das coisas que eu preparei durante seis meses. Acho que essa foi minha gestação, a maneira de gerar uma vida, mesmo que eu ainda não esteja aí.
Espero que você esteja bem, se alimentando e dormindo nos horários certos, como me prometeu.
Eu amo você e sempre vou amar. Você foi é e sempre vai ser o amor da minha vida, Bucky Barnes.”
***
Alguns minutos depois
Os capelos foram jogados para cima com a maior alegria, finalmente tinham se graduado com louvor na turma de advocacia de 2045.
— Parabéns, minha boneca — Bucky parabenizou a filha com um beijo no rosto e um abraço apertado.
— Obrigada pai — Retribuindo o abraço, Stella sentiu algumas lágrimas verterem de seus olhos.
Lendo a carta de Wanda, Bucky não teve muita certeza do que fazer. Ela tinha dado uma chance para ele tê-la um pouquinho mais perto, ter um pedacinho, que crescera e virara uma mulher incrível, dela para sempre.
Depois de alguns meses pensando, ele procurou Yelena para saber como fariam. Tudo explicado, Natasha se voluntariou para gestar o bebê pelos nove meses que se seguiriam, era uma forma de ter a amiga ainda mais viva dentro de si.
Nove meses e um dia depois, Stella Barnes Maximoff, nasceu saudável e uma mistura linda dos pais, com a personalidade e o temperamento da mãe. O nome escolhido por Wanda em uma dezena de cartas que deixará para que ele fosse se guiando quando se encontrasse perdido, significava estrela. A estrela que o guiava todos os dias e mantinha viva a lembrança da pessoa que fora e sempre seria o amor de sua vida.
Os primeiros meses foram difíceis, o primeiro ano quase impossível. Dos dois aos cinco anos, Bucky já esperava que o concelho tutelar fosse buscar a filha por que ele se considerava um péssimo pai. Mas de alguma forma, ele sentia a presença de Wanda em um aviso que ela estava ali, o apoiando e dando forças e assim se seguiram os anos até ali, quando Stella se formara, advogada, como os pais.
Bucky tinha sido contra no início por achar que a filha estava fazendo aquilo apenas por ele, mas com o tempo, ele entendeu que aquilo era uma forma de Stella se sentir conectada com a mãe e manter um vínculo que elas não puderam construir durante os anos.
— Ela estaria muito orgulhosa de você — Sussurrou Bucky para a filha. — Você se parece muito com ela e ela adoraria vê-la.
— É, você disse — Ela se afastou forçando um sorriso e, naquele momento, Bucky pode sentir Wanda na filha, naqueles olhos verdes que eram idênticos aos da mãe.
— Mais uma advogada para a família! Mais um para me defender contra a Yelena e Steve — Natasha se aproximou da sobrinha querendo parabeniza-la pela conquista. Stella sorriu e foi abraçá-la, assim como o resto de sua grande e barulhenta família.
O “After Party” aconteceu na casa dos avós maternos que deram uma grande festa pela formatura da neta que durou o dia todo. Ao final do dia, Stella e Bucky voltavam para a casa, felizes e cansados. Porém, Bucky parecia inquieto enquanto dirigia, Stella conhecia bem o pai e percebia a diferença nas rugas de preocupação do pai e as de idade.
— Eu sei o que está pensando e quando chegar em casa eu te falo — Bucky anunciou quebrando o silêncio do carro, quase chegando ao destino.
Chegando em casa, Stella espera ansiosa pelo que o pai diria. Ele pediu que ela esperasse na sala enquanto ele seguiu para o escritório em busca de algo que alguém lhe dera anos atrás. Assim que voltou ele tinha um envelope branco, o mesmo que recebera de Natasha, porém aquele, era destinado a filha.
— Eu sei que por mais que eu tenha tentado suprir as suas necessidades de uma mãe, acho que não fui muito bem sucedido nisso. Sua mãe, por ser sua mãe, faria um trabalho mil e uma vezes melhor. Mas as coisas aconteceram do jeito que aconteceram e tudo foi de um jeito meio torto, mas ao mesmo tempo certo para a gente. Enfim, anos atrás, sua mãe deixou algo pra você e eu espero que você a sinta um pouco mais depois de ler isso. — Entregando a ela o envelope, Stella o analisou alguns segundos e encarou o pai — Leia quando quiser, ela me pediu para te entregar assim que se formasse. — Comentou e a filha assentiu.
— E-eu acho que vou ler no meu quarto — Avisou subindo a escada até o quarto.
Uma vez no quarto, Stella deixou a carta em cima da escrivaninha, próximo a uma foto que tinha da mãe. Bucky dera diversas fotos, vídeos, gravações... enfim, tudo o que pudesse fazer Stella se ver, conhecer e lembrar a pessoa que ela deveria chamar de mãe.
Depois de tomar banho e colocar uma roupa confortável, ela pegou a carta e ficou pensativa por um tempo. Saindo do quarto e indo até o quarto do pai, que estava vazio, ela foi até o closet chegando à parte da mãe, tinha uma parte em que ela cabia direitinho, desde pequena. Ali era seu refúgio, seu lugar seguro, onde ela sentia que mãe e filha se conectavam ainda mais. O cheiro da mãe era mais que presente e de alguma forma ela sentia a presença da mãe ali com ela.
Com um longo suspirar, ela abriu a carta e começou a ler as linhas que a mãe, mesmo antes de nascer, dedicará a ela.
Ao final da carta, Stella sentia se abraçada pela mãe de uma forma que ela jamais imaginou que poderia sentir. Era come se Wanda estivesse ali. A abraçando, sussurrando as palavras em seu ouvido de uma forma reconfortante e maternal. Seu rosto estava lavado em lágrimas mas seu coração estava mais cheio que nunca.
Amava ainda mais aquela mulher.
Para ler a carta da Wanda para Stella, entre no ig : @__romanogerswinterwitch__
Autor(a): lety_atwell
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Natasha acordou sentido os primeiros raios de sol passarem pela cortina de seu quarto. Já era tarde, bem tarde, pra quem acordava antes mesmo do sol nascer. Ela se remexeu na cama tentando se levantar, mas dois braços fortes a impediram a fazendo sorrir. — Você tem que ir antes que sintam sua falta, capitão. — Observou sorrindo se vira ...
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