Fanfics Brasil - A Stolen Christmas 🎄⛄ - Romanogers One-Shots: Romanogers & WinterWitch

Fanfic: One-Shots: Romanogers & WinterWitch | Tema: Vingadores


Capítulo: A Stolen Christmas 🎄⛄ - Romanogers

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O clima em Nova Iorque começava a esfriar, obrigando seus habitantes a usarem mais roupas a cada dia que se aproximava do mês de dezembro. As ruas começavam a receber uma leve camada de gelo, o que deixava tudo dentro dos imóveis e estabelecimentos, molhados e sujo pela poeira dos sapatos que se juntava ao gelo pisado.


 


— Vamos congelar a qualquer momento com esse frio — Entrando na pequena agência publicitária, abrindo a porta de vidro, Natasha deixou seu guarda-chuva em uma cestinha que ficava n canto direito da porta. — Vejo que não só lá fora, aqui dentro também está um gelo!


 


— Bom dia, senhorita Romanoff, estou bem e você? — Debochou, Wanda, arrumando alguma coisa em uma mesa ao fundo do ambiente. — Estamos no final de novembro — Lembrou — Se não quer sentir frio, feche a porta, acabei de chegar e ligar o aquecedor. — Avisou a morena, olhando curiosamente para o objeto que manipulava — E você não deve estar com tanto frio, você mora a poucas quadras daqui e vem a pé. — Considerou, deixando finalmente a vista de Natasha o que tanto ajeitava. Uma pequena árvore de natal, fofamente decorada e a levou até o pequeno balcão da recepção.


 


— E vamos de decoração de natal — Comentou animada.


 


— Olha, te conhecendo, a última coisa que eu pensaria é que você gosta tanto de natal — Com o dia vinte e cinco de dezembro se aproximando, Natasha parecia cada dia mais animada com a chegada da data. Bem diferente da russa que trabalhava na SSB design, que era bem menos animada, mais concentrada no seu trabalho e a pessoa que dava respostas certeiras.


 


— Uma vez ao ano eu tenho que ser fofa, né?! — Brincou a ruiva, indo até a sua mesa.


 


— O espirito natalino te abraça nessa época do ano, não é?! — Deduziu Wanda.


 


— Não sei, mas o natal é um dos poucos feriados que eu gosto. A comida, os presentes... — Enumerou, pensando no porquê de gostar tanto da data. — Eu não sei, eu só gosto. — Deu de ombros sem chegar em uma grande conclusão. — Mas e você, Maximoff, não fica animada co a chegada do bom velhinho? Se bem que o seu, tá mais para um pseudo sugar daddy. — Brincou se referindo a Bucky, que começava a entrar na faixa dos quarenta e uma quantidade razoável de cabelos brancos e fio brancos em sua barba. Barnes tinha cinco anos a mais que Wanda o que deixava os comentários acidamente maliciosos de Natasha.


 


— O que tem ele, Natasha? — Perguntou no mesmo tom divertido. Aquilo era tão comum que Wanda nem se dava o trabalho de retrucar ou se irritar com isso.


 


— Irão para a Aspen esse ano? — Desde que se conheceram, a cinco anos atrás, Natasha sabia que o casal sempre ia para o paraíso do esqui e montanhas rochosas.


 


— É provável. Ele sempre me avisa de última hora. — Reclamou. — E você? Vai voltar a Rússia? Ou ela vem a você? — Durante as festividades, Romanoff costumava voltar ao país natal, visitando Alexei, Melina, seus pais, e a irmã, Yelena.


 


— Se eu conseguir algum voo de última hora. Yelena está grávida e não pode viajar, ela está na casa dos meus pais, que não vão deixá-la sozinha, mas como eu esperava que eles viessem, eu não comprei passagem e todas as disponíveis são para um dia depois — Lamentou.


 


— Por que Yelena não pode viajar? — Questionou curiosa.


 


— Pelo que eu entendi, ela teve um deslocamento de placenta bem grave e tem que ficar em repouso absoluto — Explicou. — Mas ela e o bebê estão bem — Garantiu ao ver a expressão preocupada da amiga, que assentiu. Depois da rápida conversa, as duas começaram a rotina de trabalho revisando o que deveria ser feito naquele dia em uma pequena reunião.


 


Uma hora depois de terem começado o trabalho, a porta da agência se abriu para Sam, um dos associados da companhia de designe que as cumprimentou e seguiu para sua mesa, sendo seguidos por Bucky que fez o mesmo, com a diferença de que Wanda, ele cumprimentou com um rápido selinho. A equipe estava quase completa, faltava apenas Steve.


 


⛄⛄⛄


 


O frio denunciava que o mês de novembro estava acabando e com ele chegava o início de dezembro, com lembranças não tão felizes da época que se aproximava. Ao contrário das outras pessoas, Steve não achava o mês de dezembro tão maravilhoso e mágico, principalmente o tão esperado dia vinte e cinco.


 


Deixando esses pensamentos de lado, ele afastou as grossas cobertas e seguiu para um banho quente para se aprontar para o trabalho. Ainda tinha o trabalho para distrai-lo da data que se aproximava, mas ao mesmo tempo, era no trabalho que tinha o maior questionamento sobre o porquê de não gostar de comemorá-la.


 


Seguindo para seu closet, Rogers se vestiu, olhando com olhos carinhosos e ao mesmo tempo triste uma foto que seria sua melhor lembrança de dias mais fáceis. Deixando o porta retratos de lado, ele ajeitou os fios de cabelo que saiam do corte, seguiu para a cozinha e tomou um rápido café e saiu pelas ruas enevoadas até seu trabalho.


 


⛄⛄⛄


 


— Bom dia! — Natasha desejou ao ver Steve entrar pela porta.


 


— Bom dia, Nat — Retribuiu o homem, passando pela mesa da ruiva, com um sorriso simpático.


 


— Só existe a Natasha aqui, não é Steve? — Implicou Sam, com um sorriso malicioso em seu rosto.


 


— Bom dia, gente — Desejou aos outros um pouco sem graça, seguindo para o aquário que era sua sala, com todas as paredes de vidro, era assim que a chamavam.  


 


Em sua rotina de sempre, que se intensificava mais nesse período, ele se sentou em sua mesa, ligou seu computador e ficou compenetrado em seu trabalho até a hora do almoço, se levantando apenas para ir ao banheiro e tomar água.


 


— Steve, vamos almoçar, quer vir junto — Natasha convidou, colocando apenas a cabeça para dentro da sala.


 


— Nossa, já é hora do almoço? — Espantado com a hora, ele conferiu no relógio do computador.


 


— Não sei qual a surpresa, nos últimos dias, você só sai dessa sala quando alguém te chama — Repreendeu a ruiva, abrindo mais a porta e entrando na sala.


 


— Sempre temos mais trabalho no final do ano, acabo me distraindo — Justificando a ausência, ele anotou mais algumas coisas em um post-it, pegou sua carteira e celular, e seguiu com Natasha até a porta já aberta.


 


— Não vai levar casaco? Vai congelar do lado de fora — Notando que ele não tinha pego o casaco e o tempo frio, ela percebeu que ele estava mais avoado do que o normal, ele morreria congelado caso fosse sem o pesado casaco e qualquer um, por mais distraído que estivesse, se lembraria, pelo frio que estava.


 


— Verdade! — Voltando rapidamente para dentro da sala, ele pegou o grande casaco preto e o vestiu, finalmente indo com Natasha de encontro ao pequeno grupo presente para ir até o restaurante.


 


O restaurante ficava alguns metros de distância da pequena agência, então podiam ir a pé até lá. Wanda, Sam e Bucky, seguiram animados em sua conversa na frente de Natasha e Steve que andavam um pouco mais devagar.


 


Steve, presos em seus pensamentos. Nos fantasmas dos natais passados e Natasha tentava penetrar, mesmo que por pensamento, dentro da mente dele para conseguir desvendar aquele homem que se tornava misterioso todos os natais.


 


Chegava até ser engraçado como trocavam papeis nas últimas semanas do ano. Se fosse fevereiro ou março, quando os flocos de neve começavam a derreter, o cenário seria facilmente ao contrário. Ela concentrada em seus pensamentos, sendo “a misteriosa” mesmo sem querer. Steve estaria falando animadamente sobre alguma coisa que vira no final de semana ou sobre um projeto que tinha pensado cinco minutos antes de saírem para o almoço.


 


Mas, como num passe de mágica, ele se tornava a pessoa calada, presa em sua própria mente e Natasha não chegava a ser a pessoa mais falante do mundo, mas com certeza estava mais aberta do que no resto do ano.


 


A ruiva achava aquilo um tanto quanto estranho, não só o fato da “troca de personalidade”, mas também porque ela sentia algo por aquele homem a seu lado.


 


Chegando ao banbino’s, que apesar do nome italiano servia todo o tipo de comida, o restaurante favorito e todos ali e o dono, Joe, também adorava a todos. O lugar, uma mesa de seis lugares próxima aos grandes vitrais do restaurante, sempre ficava reservado para eles.


 


— Esse ano teremos amigo secreto?! — Questionou Sam, após o almoço, ainda estavam todos sentados na mesa conversando animadamente. Apesar de ser uma tradição, não só familiar, mas entre colegas de empresas, eles sempre tinham a ideia que quase nunca saia do campo das ideias.


 


— Todo ano a mesma coisa, Sam! Larga disso! — Brincou Natasha, rindo assim como os outros.


 


— Todo ano nós falamos que no ano seguinte faremos. Quando será esse ano seguinte? — Perguntou feito uma criança frustrada que queria abrir todos os presentes embaixo da árvore de natal antes da hora.


 


— Eu acho uma boa ideia — Concordando com a ideia do amigo, Wanda se posicionou a favor.


 


— Esse ano temos mais uma apoiadora? — Considerou Steve, falando uma das poucas vezes durante aquele almoço. — Uma reviravolta.


 


— Eles devem estar tramando alguma coisa — Disse Natasha, se ajeitando em sua cadeira e encarando Sam e Wanda, que estavam sentados à sua frente, os olhando de forma interrogatória para eles. — Vocês já planejaram se tirar e se darem presentes caros um para os outros?


 


— Quem sabe? — Argumentou Sam.


 


— Até poderia, estou precisando de um celular novo e seria um bom presente — Acrescentou Wanda, cutucando levemente o amigo com o ombro.


 


— E então, vamos ter um amigo secreto esse ano? — Retomando o ponto principal da discussão, Bucky esperava uma resposta positiva dos amigos.


 


— Por mim — Steve deu de ombros, provavelmente ele seria minoria se negasse participar, o que o obrigaria a participar, então deixaria a decisão para a ruiva de olhos verdes ao seu lado. Era irônico que, como de forma indireta, Natasha era natal o ano todo. O cabelo lembrando as grandes bolas que enfeitavam as árvores natalinas, assim como a roupa do bom velhinho também conhecido como Papai Noel, e os olhos verdes combinando com árvore e os detalhes que ornavam aquela época.


 


— Senhorita Romanoff, a decisão está em suas mãos — Decretou Sam, de forma dramática, apontando para ela em uma reverencia.


 


— Faremos um amigo secreto, então! — Anunciou a ruiva, ouvindo uma comemoração geral dos amigos.


 


Os minutos seguintes, que deveriam ser usados para voltar ao trabalho, foram gastos com mais uma rodada de torta de mirtilo e chocolate quente e, é claro, para planejar a pequena comemoração, que logo virou um “grande” evento. Bucky oferecera a sua cabana em Aspen, que geralmente era usada por ele e Wanda naquele período do ano, para que todos comemorassem e trocassem os presentes.


 


Com tudo pronto e organizado, só precisavam tirar os nomes.


 


— Wanda, uma letra legível já é o suficiente — Reclamou Natasha ao ver a morena escrever o segundo nome na folha.


 


— Não enche, Romanoff —Dispensou a outra, continuando com a marcação dos nomes no papel, se demorando um pouco mais com as curvas apenas para irritar Natasha, que bufou revirando os olhos, se jogando em sua cadeira.


 


— Sabe que para qualquer coisa que pedimos a Wanda, ainda mais escritos, demoram três meses para ficarem prontos — Falou Sam, bebendo um pouco de seu café, se juntando as duas. — Mas eu quero meu nome bem bonito, como eu, Maximoff — Pediu o homem, fazendo uma cara “sexy”, mas engraçada, fazendo as duas rirem.


 


— Pode deixar, Samuel, vai ficar linda — Garantiu ainda rindo. — Sharon também vai participar — Lembrando-se da namorada do amigo, ela parou o que escrevia, encarando Sam a espera de uma resposta.


 


— Eu ainda não perguntei para ela, mas vai! — Apressando-se me pegar seu celular e mandar uma rápida mensagem a namora, ele assegurou de que ela participaria. —Vai participar sim, ela adora essas coisas e meus queridos sogrinhos vão para uma lua de mel natalina, então... — Contou de forma dedutiva, já que seus pais já haviam morrido.


 


— Ok, já coloquei o nome dela aqui. — Tapando a caneta, Wanda pegou uma tesoura e passou a recortar todos os nomes que tinha escrito. Ela dobrou um a um dos papeizinhos e colocou em uma das meias decorativas de natal, embaralhando tudo e oferecendo para Sam, que tirasse dois papéis.


 


— Quais as chances de a Sharon ter me tirado? — Com um olhar tentador, Sam balançou o pedacinho branco de papel.


 


— Isso é o que você vai ter que esperar para saber até o dia vinte e cinco, Samuel Wilson — Repreendeu Natasha, tirando seu papelzinho e conferindo quem tinha tirado.


 


— Pelo sorrisinho, posso imaginar quem você tirou — Wanda implicou com a ruiva, que tinha um sorriso tímido.


 


— Pena que, assim como o senhor Wilson, a senhorita vai ter de esperar até o natal — Disse da mesma forma que disse, implicando com a amiga também.


 


— Eu vou tentar conter a minha ansiedade — Comentou em um tom de lamentação muito dramático, é claro. — Vamos, sua vez, Barnes — Chegando até a mesa do namorado, ela esperou que pegasse um nome e o encarou, se esticando um pouquinho para frente, fingindo ler o papel — Se estiver escrito Wanda nesse papelzinho, espero ganhar um anel — Ameaçou ela.


 


— Sim, senhora — Obedeceu batendo continência e guardando o papel sem mesmo ler.


 


— Steve Rogers, retire um papelzinho, por favor — Marchando como um dos guardas da rainha, ela foi até a mesa de Steve, com os braços retos a frente do corpo. Ele riu e enfiou a mão na meia, mexendo bastante entre os dois papéis restantes e puxando um. Sob o olhar atento os amigos, ele abriu e correu os olhos pelas letras, tentando não esboçar nenhuma reação.


 


— Espero que ele não tenha me tirado, pela reação, ou melhor, a falta dela, ele não queria ter pego — Zombou Bucky, guardando seu papel no bolso da jaqueta.


 


— Esse daí tá mais para inimigo oculto — Continuou Sam, se sentando em seu lugar.


 


— Se for um de vocês, vou dar a conta do clube para pagarem, já que enrolam tanto para colocar duas notas no valet — Devolveu o loiro, lembrando das vezes que iam a um clube masculino no centro da cidade e Steve sempre acabava pagando tudo porque, bem, eram Sam e Bucky e eles adoravam “trolar” o amigo com a velha desculpa do esqueci a carteira.


 


— Humm, então vocês vão muito a clubes, hein? — Se intrometeu Wanda, apertando os olhos para o namorado.


 


— Íamos — Corrigiu ele. — Passado. Há muito tempo.


 


— Semana passaaada — Cantarolou Sam, fingindo não participar da conversa. As sobrancelhas de Wanda se arquearam e Bucky acertou uma tampa de caneta na cabeça do amigo. — Au! —Reclamou.


 


— Como se eu não soubesse — Wanda disse por fim, indo até sua mesa.


 


— Meu Deus, vocês são impossíveis — Decidiu Natasha, tentando se concentrar em seu trabalho.


 


— Que tal se voltássemos ao trabalho? — Sugeriu Bucky, vendo uma cliente entrar.


 


Todos voltaram a atenção para seus trabalhos, vez ou outra alguém começava uma pequena conversa implicando uns com os outros.


 


⛄⛄⛄


 


— Pronto para Aspen, senhor Rogers?! — Natasha perguntou com um ar malicioso, como sempre, a Steve na saída da agência. Era o último dia de trabalho, a próxima vez que se encontrariam já seria em recesso e em Aspen, na casa de Bucky.


 


Depois de decidirem como passariam aquele natal, os dias passaram voando. O dia em que o bom velhinho chegaria para distribuir os tão esperados presentes se aproximando a cada dia mais, deixando todos ansiosos para comemorarem, menos Steve é claro. Esse estava com o humor de Scrooge de sempre. Vez ou outra, um sorrisinho era arrancado dele, mas era algo bem raro.


 


— Acho que isso não está mais em cheque. Ou eu vou, ou eu vou — Brincou ele.


 


— Sabe, minha irmã e eu adorávamos assistir um filme de natal quando pequenas. — Comentou Natasha como quem não quer nada.


 


— Qual o filme? — Perguntou curioso.


 


— O Grinch. — Contou — Parece muito com você! — Comparou a ruiva.


 


— Eu não vou destruir o natal — Resmungou ele, começando a andar em direção a seu carro — Quer uma carona? — Ofereceu — Sei que você mora perto, mas...


 


— É, não é muito longe, mas se você insiste — Aceitando o convite, Natasha caminhou com ele até o carro estacionado na guia, um pouco mais à frente da agência.


 


— Senhora — Como um cavalheiro, Steve abriu a porta do carro para Natasha fazendo uma reverencia rápida.


 


— Obrigada — Sorrindo, Natasha também fez uma pequena reverencia e entrando no veículo. Steve deu a volta e entrou no lado do motorista, colocando o cinto e dando partida no carro.


 


— Posso? — Levando a mão até o botão que ligaria o rádio, Natasha parou no caminho esperando a autorização do loiro, que assentiu a encorajando a prosseguir.


 


— Sério? — Perguntou ele se virando para ela com um olhar incrédulo ao ouvir a melodia de “All I Want for Christmas is You” da Mariah Carey.


 


— “I don`t want a lot for Christmas / There is just one thing I need / And I don`t care about the presents / Underneath the Christmas tree” — Cantarolou a ruiva junto com a música em resposta a ele. — Vamos Steve, é impossível ouvir essa música sem cantar pelo menos uma nota.


 


— Eu consigo — Garantiu.


 


— Nenhuma dançadinha? — Ela apertou os olhos para ele, o desafiando.


 


— Nenhuma! — Afirmou convicto. Natasha se ajeitou no banco, se virando para ele, observando cada movimento dele que não fosse para dirigir.


 


— Você não é normal — Afirmou ao final da música, se ajeitando novamente no banco.  


 


— Eu diria: Edição limitada — Zombou ele fazendo uma curva que levaria ao endereço da amiga.


 


— Exemplar único — Completou. — Chegamos — Estacionando o carro na porta de uma casa de tijolinhos de dois andares, totalmente decorada para natal. — Quando você montou tudo isso? — Questionou achando surpreendente que o escasso tempo que tinham fora da agência, ela conseguira montar toda uma decoração de natal fora da casa.


 


— Um pedacinho por dia, todos os dias, por uns cinco dias... e voilá — Explicou, como se não fosse nada demais. O que, para ela, realmente não era. — Imagino que a única coisa que remeta ao natal na sua casa sejam os programas de TV — Deduziu com um ar de sabichona.


 


— Eu não me importo muito com isso — Ele deu de ombros.


 


— É perceptível — Concordou. — Acho que já vou indo — Avisou com a mão na maçaneta do carro. Por impulso, ou não, a mão de Steve a deteve, tocando em sua mão esquerda, que ainda estava no banco, apoiando para fazer impulso para sair.


 


Naquela típica cena de romance, Natasha olhou para as mãos ainda juntas e subiu o olhar para Steve, esperando que ele dissesse algo.


 


— Até o natal — Disse por fim, tirando a mão da dela e colocando de volta no volante.


 


— Até — Respondeu decepcionada, saindo do carro. Steve ficou a observando sair do carro, dar a volta e parar em sua janela. — Obrigada pela carona — Agradeceu, dando um beijo levemente demorado na bochecha dele. — Te vejo no natal — Disse ela por fim, se afastando do carro e seguindo para a entrada da casa, acenando assim que a porta se abriu. Steve piscou as luzes do carro e saiu em direção a sua casa.


 


⛄⛄⛄


 


— Você gosta dele! — Acusou Wanda, olhando algumas araras com roupas.


 


Natasha e Wanda estavam fazendo suas últimas compras de natal, Wanda precisava de uma roupa para o dia vinte e cinco e Natasha estava a acompanhando, já tinha comprado tudo o que precisava.


 


A ruiva tinha contado sobre a carona que Steve tinha oferecido dois dias antes, com aquele ar de que nada de importante tinha acontecido, mas que Wanda sabia que muita coisa tinha acontecido.


 


— Gosto, mas não do jeito que está pensando — Repreendeu a ruiva, passando um vestido vermelho sangue que estava pendurado.


 


— Qual é Natasha? Qualquer um vê que ele também gosta de você — Garantiu — O jeito que estou pensando — Completou com um tom de malícia. O arquear de sobrancelhas de Natasha fez Wanda rir de leve, ela até podia ser ótima com seu trabalho, rápida em respostas inteligentes e a melhor em encarar uma pessoa de forma ameaçadora, mas no quesito romance ela tirava um belo zero. — O Steve é um fofo, com todo mundo, mas quando se trata de você ele é cento e dez por cento mais fofo!


 


— Você está vendo coisas — Respondeu emburrada, olhando um sapato sem muito interesse apenas para não parecer que estava prestando tanta atenção ao que Wanda falava. Steve realmente era um cara muito legal, mas não parecia que tinha tanto interesse nela quanto Wanda estava falando. E tinha sido apenas uma carona, o beijo (que tinha sido na bochecha), não tinha sido nada além de uma despedida de dois amigos, se bem que Natasha tinha notado a respiração dele mais acelerada, de leve, mas estava, e ele segurou o volante com um pouco mais de força.


 


— Vendo coisas ou não, eu tenho certeza de que se vocês tivessem mais coragem, estariam namorando. — Assegurou. — Mas não sei o que te dá quando está perto dele que perde toda a postura de Natasha.


 


Natasha, que ainda olhava sapatos, deixou o calçado de lado e encarou a amiga com a maior expressão confusa que conseguiu.


 


— Como assim eu perco “toda a postura de Natasha”? — Perguntou tentando saber mesmo o que aquilo queria dizer.


 


— Você geralmente é muito direta sobre as coisas que você quer, já sai com você para baladas e sei que quando você se interessa por alguém, você vai e faz. Só que com o Steve, enrolação é a palavra que te resume — Explicou. — O que só prova que você gosta dele.


 


— Então o fato de eu ser menos direta com o cara que é meu chefe — Ela deu ênfase no final — Quer dizer que estou a fim dele?


 


— Humm, se tratando de você, sim! — Confirmou.


 


No fundo, Natasha sabia que o que Wanda estava dizendo era verdade. Ela sempre era muito direta sobre o que queria quando estava interessada em alguém, mas não sabia que poder Steve Rogers tinha sobre ela, que a deixava parecendo uma adolescente com sua primeira paixão, mas Wanda não precisava saber disso.


 


⛄⛄⛄


 


Steve nunca pensou que seria tão difícil de se fazer compras de Natal. Ele sabia que tudo estava o dobro de cheio, com todos querendo comprar as mesmas coisas ao mesmo tempo. Só que ele era uma pessoa prática, sabia exatamente o que queria e aonde deveria ir, com quem deveria falar e, dessa forma, sair o quanto antes daquele shopping lotado de pessoas. Com crianças pedindo a loja toda de brinquedos aos pais, pessoas carregadas de sacola esbarrando em outras pessoas carregadas de sacolas, pessoas que não estavam carregadas de sacolas, mas estavam especulando os preços para saber se comprariam ali mesmo ou no outro shopping, no outro lado da cidade, que tinha uma diferença de preço de vinte e cinco centavos.


 


Depois de uma grande luta para chegar até onde precisava ir, ele agradeceu por aquela loja estar vazia, tinham apenas quatro cliente e o que ele precisava fazer era rápido. Logo uma atendente chegou até ele e o ajudou com o que precisava.


 


— Tudo certo, senhor? — Com um sorriso simpático, a vendedora aguardava pacientemente que ele analisasse o pedido e se desse satisfeito com ele.


 


— Sim, está tudo certo. — Analisando ainda uma última vez o pedido, ele levantou o olhar para a atendente e deu um rápido sorriso. — Pode embalar? — Pediu.


 


— Posso sim, só um momento — Pegando a caixa, ela levou para ser embrulhada e voltou com um lindo pacote para presentes, que Steve levou bem feliz.


 


⛄⛄⛄


 


Estava muito frio, o que era previsível, afinal era vinte e quatro de dezembro. Natasha deixou o carro, indo em direção ao grande portão de ferro preto tocando a campainha.


 


— Claro que não está funcionando — Resmungou consigo mesma, se afastando um pouco do protão, procurando uma brecha para conseguir pular ou coisa assim. O portão era bem grande, mas nada que ela não conseguisse escalar.


 


O gelo e o salto, da bota que usava, tornava as coisas um pouco mais difíceis, mas ela conseguiu. Dando um pequeno salto quando a altura se tornou um pouco menos perigosa e bateu as mãos para tirar o gelo que se acumulara nas luvas de coro.


 


Ela seguiu o caminho até a porta da casa e bateu à porta algumas vezes. Como não teve respostas, ela testou a fechadura e a grande porta de madeira estava aberta, provavelmente porque os sistemas de segurança também não estavam funcionando. Ligando a lanterna do celular, ela passou olhar os cômodos a procura de alguém.


 


— AAAAH! — Gritou ela ao ver um vulto a sua frente com uma faca de cozinha nas mãos.


 


— AAAAH! — Gritou o homem também, se assustando com a garota na casa. — Natasha? — Chamou ele a pós o susto.


 


— É, Steve, sou eu! — Confirmou, apontando a lanterna do celular para si mesma, colocando a mão no peito na tentativa de acalmar o coração.


 


— O que faz aqui? — Abaixando a faca, ele também tentava se acalmar do susto


 


— Vim me certificar se você iria mesmo, Wanda me pediu, já que tinham grandes chances de você cancelar em cima da hora e, pelo que eu posso ver, ela estava certa... — Passando a lanterna pelo corpo do loiro, ele ainda vestia um roupão de banho e, muito provavelmente, por baixo estava nu.


 


— Eu estava me arrumando, mas aí a energia acabou — Justificou apertando ainda mais o tecido felpudo em volta de seu corpo, como se dessa forma ele ficasse magicamente vestido.


 


— Mesmo? — Duvidou, o encarando de forma acusatória.


 


— É mesmo! — Garantiu


 


— Certo. — Ainda desconfiada, Natasha deu uma olhada ao redor, apesar de nada conseguir ver afinal estavam no mais completo breu. — Tem algum lugar em que eu possa esperar enquanto você se arruma?


 


— Você não tinha vindo só para ter certeza de que eu iria? — Argumentou querendo ela fosse por onde tinha entrado — Já viu que eu vou, agora pode ir — Dispensou. Natasha arqueou uma sobrancelha diante da dispensa.


 


— Nós vamos para o mesmo lugar, porque você não termina de se arrumar e, como pessoas normais, vamos juntos? — Argumentou calma. Natasha apenas estudava as reações dele, sabia que ele não era o maior fã das comemorações natalinas, mas não imaginava que ele pularia as comemorações depois de ter confirmado com os amigos que iria.


 


— Por quê? — Repetiu ele, engasgado com a questão. Natasha se limitou a assentir, com um leve sorrisinho. Se ele não estivesse tão empenhado em fazê-la desistir de ir, ele teria se derretido com aquele pequeno sorriso, que abria uma pequena linha no canto da boca no lado direito. Não chegava a ser uma covinha, por ser muito perto dos lábios, mas era a coisa mais fofa que ele já vira. — Bem, porque imagino que suas coisas já estão muito bem acomodadas no seu carro — Usando a primeira coisa que veio à mente, ele achou que seria o suficiente.


 


— Não tem problema. Trouxe apenas duas malas. — Solucionando o problema, a ruiva se assustou quando a lanterna do celular se apagou. Steve aproveitou esse momento para praguejar baixinho pela desculpa não ter colado, mas em segundos a luz já estava de volta em sua cara. — Quer que eu te ajude a se trocar? — Perguntou a ruiva com um ar malicioso, que o fez corar.


 


— N-não precisa — Recusando a ajuda, ele se virou e voltou pela porta que tinha entrado, que dava em direção a uma escadaria para o segundo andar. — Se seguir pelo corredor, tem a cozinha, caso queira alguma coisa e a sala a esquerda, se quiser se acomodar — Ofereceu ele. Natasha assentiu e seguiu em direção a sala, enquanto ele subia.


 


No andar de baixo, Natasha olhava curiosa a sala de Steve era bem masculina, afinal apenas ele morava ali, com sofás de couro preto, uma mesa de centro rustica e grandes janelas, o que trazia uma bela iluminação natural. Na parede da lareira, que estava acesa, tinham algumas fotos dele em viagens no período da faculdade, muito provavelmente, ele estava bem novinho nas fotos.


 


— É, eu teria um crush nele — Concluiu a ruiva, em um tom assustadoramente alto para a informação. Ela continuou sua tour e passou a olhar a parede oposta tinham mais fotos e com curiosidade, ela se aproximou para ver o que tinha.


 


Eram mais fotos de viagens. Algumas outras eram de infância, um Steve loirinho e bochechudo em meio a vários brinquedos. Uma outra dele no colo de uma mulher, também loira, que tentava limpar a boquinha suja do bebê. A russa passou a ponta dos dedos na moldura de madeira e sorriu, continuando a observar, eram muitas fotos, a parede toda para ser mais precisa.


 


— Mas o quê? — Parando em uma fileira específica, Natasha notou um Steve de mais ou menos uns cinco anos em meio a vários embrulhos de presente com uma árvore de Natal ao fundo.


 


Então, Steve Rogers, já tinha sido uma pessoa que amou o Natal.


 


— Nat... — Ele entrou na sala e a voz sumiu assim que a viu em frente a parede de quadros. Tinha esquecido daquele detalhe e que, provavelmente, ela se dirigiria até ela.


 


— Steve Rogers, quem diria, você já foi o amante de Natal — Comentou ela, se virando para ele.


 


— Eram épocas mais fácies — A forma com que ele disse aquilo fez o coração de Natasha se apertar. Tinha um toque de dor naquela afirmação e aquilo doeu nela também.


 


— Eu posso dizer o inverso — Ela forçou um sorriso mínimo, se afastando da grande parede e indo para o sofá, onde se sentou. A pouca iluminação que tinha no ambiente vinha da lua, ela tinha desligado a lanterna do celular.


 


— Sobre a infância? — Questionou ele, se sentando em frente a ela. Natasha assentiu.


 


— Meus pais me tiveram muito cedo, não tinham nenhuma estrutura. Em relação a nada, financeira ou emocional — Contou ela sem saber exatamente o porquê, mas precisava falar — Eles tinham brigas homéricas por várias razões e razões nenhuma. Era horrível. Eu tinha uns seis anos, por aí. — Ela fez uma pausa e levantou o olhar para ele. Ela estava passando os dedos pelos fios da calça jeans.


 


— Eu sinto muito — Lamentou ele — Mas isso melhorou algum dia?


 


— No ano seguinte, meu pai arranjou um emprego melhor, as coisas melhoraram. Minha mãe também conseguiu um emprego em um lugar bacana... — Finalizou de forma sugestiva.


 


— A situação financeira melhorou, as coisas mudaram — Completou ele imaginando o que ela completaria.


 


— E, acho que eles se sentiam culpados pelos anos anteriores e naquele Natal foi...mágico? — Ela se perguntou com um riso estrangulado. — Acho que sim, foi o ano em que o papai noel acabou me dando a lista toda de presentes e um plus de uma irmã.


 


— Sua irmã nasceu no Natal? — Perguntou surpreso


 


— Não. Se fosse assim, Yelena seria ainda mais insuportável — Brincou, mas sabia que irmã diria que era a luz da vida deles, o milagre natalino. O que não deixava de ser verdade, mas ela não precisava saber. — Mas minha mãe anunciou que ela estava grávida no dia. Eu não achei nada divertido, era o último embrulho que tinha e eu queria que fosse mais um brinquedo, porém...


 


— Você ficou feliz com a irmã no final — Concluiu ele e ela assentiu.


 


— No fim, a mensagem natalina de renovação e luz acabou fazendo sentido na minha vida. Depois de anos, meus pais estavam bem, eu estava bem e teria alguém para se juntar a aquela felicidade. — Completou com um grande sorriso.


 


— Uma bela história — Retribuindo o sorriso, Steve se recostou no sofá sentindo as labaredas da lareira o aquecerem. — Acho que posso dizer o inverso — Repetiu a fala dela de minutos antes os fazendo rir.


 


— Quer contar? — Ela queria saber, é claro, mas não queria ser invasiva a ponto de fazê-lo falar algo que o incomodava tanto.


 


— Meus pais faleceram na manhã de Natal — Confessou com um olhar perdido. Ele nunca tinha dito aquilo a ninguém, nem mesmo a Sam ou Bucky, eles sabiam que os pais de Steve já tinham morrido, mas nunca souberam as causas e muito menos que era esse o motivo de ele detestar a data. — Eles sempre adoraram o Natal, era a época em que até o papel higiênico tinha decoração. — Exagerou e Natasha riu da brincadeira — Meu pai adorava o Natal e fazia toda a casa participar com ele Lembro da minha mãe fazendo caretas todas as vezes que ele se virava para colocar algo no presépio depois de explicar o que aquilo significava. — O olhar e a fala nostálgica entregavam que Steve estava revivendo cada palavra dita. — É claro que ela fazia apenas por brincadeira, afinal ela também amava o Natal.


 


— E você amava a data, tanto quanto eles — Observou a ruiva.


 


— Era quando eles ficavam mais tempo em casa, tínhamos nossas brincadeiras, piadas, costumes... Era algo muito bom, só nosso.


 


— Entendo. Senão fosse a Yelena e eu não ter mais opções de viagem, minha família estaria aqui ou eu lá. E, com certeza, nesse momento, meu pai estaria me arrastando para a cozinha para ajudar a fazer o kutja. — Natasha riu, sendo seguida por Steve. — AKA, kutja é um prato típico natalino russo com grãos, mel, frutas secas e nozes.


 


— Ainda me pergunto por que você não foi alguns dias antes — Disse sincero. Natasha sabia que poderia pedir para sair com mais antecedência, quando as passagens estivessem disponíveis, para ver a família.


 


— Acredite, eu amo minha família, mas ficar com os Romanoffs mais do que eu já fico pode ser enlouquecedor — Explicou em um tom de brincadeira — Mas os biscoitos de gengibre do senhor Alexei me fariam ficar mais um ou dois dias. E só! Mais que isso eu ficaria louca.


 


— Provavelmente, se eles estivessem vivos, a casa já estaria cheirando a biscoito de gengibre — Recordando-se de quando a mãe retirava a assadeira cheia de biscoitinhos em forma de homenzinho, ele podia sentir o cheiro como se eles realmente estivessem saindo do forno naquele momento. — São lembranças boas.


 


— E o que, exatamente, fez essa data perder as lembranças boas? — Ela não queria pressioná-lo, de verdade não queria, mas estava bem curiosa para saber o que acontecera para que Steve parece de colecionar boas lembranças e sentimentos em relação a data.


 


— Quando eu tinha oito anos, acordei como sempre e corri para o pé da árvore, ansioso demais para abrir meus presentes para esperar meu pai ou minha mãe a potente câmera da família para gravar o momento. Abri o primeiro e quase morri de felicidade quando vi que era o vídeo game que eu queria — Apesar da parca iluminação, Natasha podia ver claramente o brilho nos olhos de Steve. Ele tinha voltado a ser aquele menino e revivia todas as suas emoções, que ela suspeitava que fossem ficar feias muito em breve. — Eu fiquei tão feliz que peguei a caixa e corri para o quarto dos meus pais, nem tinha tocado nos outros embrulhos, abri a porta sem bater e teria sido duas vezes melhor se eu tivesse tropeçado na escada e quebrado meus dentes ou coisa assim.


 


— Por quê? — Natasha inclinara a cabeça levemente para o lado, tentando pensar no que poderia ter assustado tanto um garotinho de oito anos.


 


— O vermelho no quarto não era apenas das bolas de Natal que meu pai tinha espalhado, mas do sangue deles respingados na parede, cabeceira, chão e, principalmente, nos travesseiros. Eles foram assassinados — Contando pela primeira vez o que o fizera não amar o Natal como o resto do mundo, ele até se sentiu um pouco mais leve. Guardava aquele segredo, quer dizer não era exatamente um segredo, mas guardar apenas para si todos aqueles anos era algo que doía e pesava sem que percebesse.


 


Natasha estava sem uma reação. Na verdade, sua primeira reação fora se levantar e andar de um lado a outro pela sala. Se imaginava como o pequeno Steve tendo seus pais roubados em uma data como aquela em que ele esperava saltar da cama e encontrá-los na sala para abrir os presentes, comer os biscoitos e ouvir estórias dos natais passados.


 


Mas ao mesmo tempo se perguntava quem seria o monstro que faria aquilo. No Natal. Com uma família!


 


— Mas... Por quê? — Ela, definitivamente, não conseguia entender.


 


— Eles eram agentes do FBI — Disse como se aquilo justificasse tudo — Digamos que eles eram muito bons no que faziam e começaram a descobrir um esquema corrupto na repartição, um grande esquema. Eles estavam prestes a entregar uma solicitação para começar a investigação, mas descobriram e, na cabeça dos membros, a única solução viável era a morte — Relatou com um sorriso triste.


 


— Mas ninguém viu ou ouviu nada? — Ainda chocada, ela se sentou ao lado dele, esperando que terminasse a história.


 


— Silenciadores, câmeras de segurança desligadas, chaves mestras... foi um tanto quanto fácil entrar no meio da noite e com os únicos adultos dormindo profundamente por estarem altos pelo eggnogs batizados — Expressou triste.


 


— Agora entendo por que você sempre foge.


 


— Ver a decoração e a alegria natalina sem eles aqui parece algo muito errado — Explicou. Natasha concordou silenciosamente. Nesse momento eles repararam que a nevasca tinha aumentado e ficara observando por longos minutos — Acho que nem viagem e nem luz por hoje — Tentando aliviar o clima, ele comentou com um ar mais relaxado, se levantando e indo até a janela. Natasha o observou de costas para ela.


 


— É o que parece. — Concordou ela, se juntando a ele. Ela já tinha tirado as botas e estava apenas de meia no carpete felpudo, o que a deixava alguns centímetros mais baixa que Steve. — Não acha que seus pais iriam querer que você se lembrasse dessa data pelo que era e não por um acidente terrível?


 


— Provavelmente sim, mas fazem trinta anos que essa data não tem mais o mesmo sentindo, não teve nada nem ninguém que me fizesse querer isso. Meus avós faleceram muito antes de eu nascer, meus pais eram filhos únicos, assim como eu. Então não tive nada que me fizesse quer amar o Natal de novo. — Dando de ombros ele se virou para ela, esperando que ela entendesse. — A única pessoa da família que tinha sobrado, uma tia avó distante, não era uma grande entusiasta dessa data. — Sabendo que ela perguntaria com quem ele tinha passado a infância ele logo respondeu.


 


Natasha ficou longos minutos em silêncio. Ela tinha se comovido com a história. Não só porque era uma história comovente, mas porque gostava de Steve, gostara dele desde o momento em que pisou na agência para deixar seu currículo. Ele era uma pessoa gentil, atenciosa e tinha uma timidez fofa, que a derreteu. Saber desse lado de sua vida lhe dizia duas coisas: 1) Ele tinha uma criança interior que ainda não tinha superado aquele luto e precisava se acalentada. 2) Ele confiava nela, mais do que em Bucky e Sam porque ela sabia que eles não sabiam daquela informação, e talvez aquilo estivesse ligado a algum sentimento.


 


— Sabe que eu gosto de desafios, não sabe? — Aquela pergunta era retorica, é claro que ele sabia. Vira e mexe Bucky e ela faziam competições muito idiotas do tipo: Quem bebe uma garrafinha de água mais rápido. Mesmo sem saber o que ela queria com aquela pergunta, ele assentiu — O que acha de me deixar ser a pessoa que salva o seu Natal?


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


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Devo dizer que eu adoraria ter parado por aqui, afinal eu sou um pouco propensa a finais um pouco menos felizes. Mas, é natal.


 


Ou quase.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Três anos depois


 


O frio de Aspen era de outro mundo, nem parecia os Estados Unidos que conheciam.


 


Steve levava o pesado trenó ladeira acima, aonde Natasha o esperava com um daqueles sorrisos que o fariam dizer sim para qualquer loucura que ela propusesse.


 


— Por que eu ainda deixo você me manipular? — Interrogou ele ao chegar ao lado dela no alto do morro. Sam e Bucky ainda estavam lá embaixo brigando sobre qualquer besteira que eles conseguissem pensar. Natasha estava linda, apesar de estar totalmente coberta com as roupas de esquiar, ele conseguia ver apenas seus olhos e boca. Também conseguia ver um pequeno vislumbre da correntinha de ouro que ele lhe dera há três anos atrás quando a tirara no amigo secreto que não tinha sido exatamente do jeito que haviam planejado.


 


— Você disse que eu poderia tentar fazer qualquer coisa para te animar no Natal — Lembrou a conversa de anos antes. Três para ser mais exata, quando ela se comovera com a história que ele lhe contara, depois de mudar radicalmente os planos para aquele Natal, Steve descobriu que poderia amar novamente a data. Não só a data, mas também a pessoa que o fizera feliz novamente.


 


— E eu não me arrependo disso — Garantiu se aproximando dela e a beijando.


 


A manhã do dia vinte e cinco voltaria a ser feliz, ainda mais naquele ano em que ele tinha uma surpresa a mais para ela, que poderia envolver ou não um certo anel de diamantes que estava na família a gerações.


 


Mas, essa, é outra história de Natal.



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Autor(a): lety_atwell

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