Fanfic: O Desafio(adaptada) | Tema: Vondy

Christopher não estava nem um pouco preparado para o que vovó havia planejado.

Eram apenas quatro da tarde, afinal, e as intenções dele incluíam apenas jantar cedo e beber alguns drinques.

Enquanto Christopher apenas tentara deixar Dulce louca por ele, vovó estava fazendo tudo o que ele tinha pensado em fazer, só que muito melhor.

Porque ela trouxera a melhor amiga de Dulce.

— Anahí? — Dulce ficou boquiaberta quando Anahí e Alfonso entraram na casa.

Vovó dissera a eles que bebessem um pouco de champanhe, se sentassem bem quietinhos e esperassem pela festa do século. Palavras dela, não dele.

Depois de duas horas de espera, Christopher estava convencido de que vovó dormira ao volante. Não que ele se importasse... Dulce quis caminhar na praia, e ele foi com ela. Depois ela quis mais champanhe — e ele lhe daria tudo o que ela desejasse. Só queria que ela se sentisse... querida... desejada. E como aspirava a ser o cara que a faria se sentir assim!

Algumas horas haviam se passado desde aquele último beijo, e Christopher já considerava seriamente a possibilidade de trancar a porta da casa para tentar uma nova chance. Foi quando o irmão e a futura cunhada chegaram.

— Surpresa! — gritou Anahí e entrou correndo na grande sala.

— Não acredito que vocês estão aqui! — Dulce correu para os braços de Anahí. — Como vocês...

— Vovó — responderam em uníssono.

Christopher se levantou do sofá e foi apertar a mão do irmão.

— Estou surpreso por vocês terem conseguido pegar um voo.

Alfonso soltou um palavrão.

— Eu também. Mal tivemos tempo de fazer as malas. Só joguei na bolsa umas roupas que estavam no chão e peguei uns negócios com babados para Anahí.

— Lingerie. — A noiva suspirou. — Ele pegou minha lingerie de seda.

Alfonso deu de ombros.

— Sou homem.

— E não posso sair por aí pelada! — praticamente gritou Anahí.

Alfonso não pareceu se importar, o maldito sortudo.

— Você vai ficar bem. — Ele deu uma piscadela.

Anahí corou e desviou os olhos. Depois se virou para a amiga:

— Então, Dulce, vovó disse que Christopher foi seu salvador, hoje.

— Calma lá! — Christopher ergueu as mãos. — Não acabe com minha reputação de mau.

Anahí deu uma piscadela.

— Nem sonharia em fazer isso. Ele ainda é um babaca, Dulce. Espero que saiba disso.

Dulce riu com Anahí.

Christopher não estava rindo.

Nem um pouco.

Será que ele era motivo de piada para todos?

— Então... — Anahí puxou Dulce até o sofá. — Fico feliz por poder contar isso pessoalmente, para ter a chance de ver sua reação.

— Você está grávida! — gritou Dulce.

Alfonso cuspiu o drinque e engasgou.

— Hum, não. — Anahí olhou de cara feia para Alfonso. — E agora são dois babacas.

— Não seria a primeira vez que ela nos acusa. — Christopher ergueu o champanhe para brindar com o irmão e deu um longo gole.

— Você se lembra de Jace Munroe? — perguntou Anahí.

Os olhos de Dulce se arregalaram.

— O Jace Munroe? O quarterback daquela escola que era rival da nossa e que parecia uma versão mais sexy do Justin Timberlake?

— Sim, esse mesmo. — Anahí riu. — Eu o convidei para o casamento!

— Não entendi. — Dulce tirou os sapatos e acomodou as pernas debaixo do corpo, no sofá. Uma pena, porque Christopher estivera observando suas pernas torneadas com atenção. — Por que você convidaria alguém que mal conhece para o casamento?

— Alfonso joga golfe com ele.

— E daí?

— Eles saem, são amigos, e ele está solteiro.

Christopher bebeu o champanhe rápido demais e começou a engasgar, mas disfarçou com uma risada. Mesmo que não achasse a situação nem um pouco divertida.

Dulce se encolheu.

— Não quero que armem um encontro para mim desse jeito.

— Não pense nisso dessa forma. — Anahí botou uma das mãos no braço de Dulce. — Além disso, ele se lembra de você.

— Lembra? — O rosto de Dulce se iluminou.

Ah, droga. Como ela podia ser tão cega em relação ao próprio charme? Ela era uma garota linda. É claro que aquele mané ia se lembrar dela. O babaca já devia ter saído com umas cem mulheres e finalmente estava pronto para se comprometer com a mulher certa. Exatamente o que Dulce era. Maldito.

— Nós comentamos com ele que você também iria, e, bem... Não sei, mas meu conselho é: vai fundo!

— Com licença — interrompeu Christopher. — “Vai fundo”?

— Hã, sim? — Anahí beliscou o braço de Christopher. — Dulce precisa sair e começar a namorar. Do jeito que as coisas estão, ela vai acabar adotando cem gatos e morando em um trailer no meu jardim.

— Isso não é verdade. — Dulce corou. — Sou seletiva, só isso.

— Acho que isso é culpa daquele acampamento. — Anahí suspirou. — Juro que desde o nono ano você tem dispensado a maioria dos caras que prestam um pouco de atenção em você.

Dulce corou e olhou para as mãos unidas.

— Nono ano? — repetiu Christopher. — Ei, eu estava naquele acampamento com vocês!

Dulce ergueu a cabeça e sorriu.

— É mesmo. Tinha esquecido.

Christopher com certeza não. Tinha ficado com um monte de garotas naquele verão.

Fora o melhor verão de todos. Ele até tivera uma quedinha por Dulce antes de ela começar a agir como louca: um dia eram amigos; no outro, viraram inimigos mortais.

Até aquela noite fatídica em que dormira com ela.

Então foram mais que amigos por algumas horas.

O que o fazia pensar: o que eram agora? Ele não queria que ela saísse com outros caras. Não, ele mataria qualquer um que pusesse as mãos nela.

Não que ele quisesse ser o cara a pôr as mãos nela.

Se bem que... Ele examinou o rosto de Dulce, seus lábios e olhos. Droga, talvez ele quisesse tentar ser o cara sobre quem ela e Anahí falariam, trocando risinhos. Isto é, se as garotas ainda fizessem esse tipo de coisa aos 22.

— Por favor? — pediu Anahí. — Por mim? Só esteja com a mente aberta quando o conhecer, será que é possível? E se alguma coisa acontecer... — Ela deu de ombros. — Aconteceu.

Christopher saiu em resgate de Dulce, ou pelo menos foi o que pensou estar fazendo quando disse:

— Não a pressione, Annie. Estar sozinha não é horrível. Conheço várias garotas que estão bem felizes com suas vidas e carreiras. Nem todo o mundo quer casar e ter filhos.

— Certo. — Anahí apontou para Christopher. — E se você quiser acabar como ele, Dulce, fique à vontade.

— Mas... — Christopher sacudiu a cabeça. — Só estou tentando dizer que a escolha é dela.

— Assim como sua escolha é galinhar por aí. — Anahí deu um tapa nas costas de Christopher. — Cada um faz o que quer, não é mesmo?

Por que ele se sentia subitamente envergonhado por seu passado? E por que estava se deixando intimidar por Anahí?

Dulce o olhou como se esperasse que ele dissesse alguma coisa ou a defendesse, mas Christopher não sabia como agir. Mas notou uma coisa: que ela estava corada. Será que também estava com vergonha?

— Finalmente! — Vovó entrou pela porta da frente com um monte de bolsas nas mãos. — Têm ideia de como é difícil encontrar bons fogos de artifício em Seattle?

— Hã, será que deveríamos ficar preocupados? — Dulce apontou para uma sacola com uma etiqueta na qual se lia “Fogos de Artifício”.

— Não, a não ser que ela também tenha fósforos — respondeu Alfonso, no momento em que vovó pegava um número de fósforos suficiente para incendiar toda a Alki Beach.

— Eu disse a vocês que este seria o melhor aniversário de todos! — Vovó sorriu, deixou as bolsas no chão e andou até Dulce. Em um instante, a aniversariante estava nos braços da senhora. — Você é uma garota especial, então merece um dia especial com a família.

Uma lágrima corria pelo rosto de Dulce quando ela se afastou de vovó e agradeceu.

O aposento mergulhou em silêncio outra vez, até que vovó começou a dar ordens a respeito de um bolo, fogos de artifício e margaritas.