Fanfic: O Desafio(adaptada) | Tema: Vondy

— Mas que merda, Belinda! — gritou Christopher. — Qual é o seu problema? Eu falei que não estava interessado.

— Você parecia interessado. — Ela ergueu uma sobrancelha e tentou se aproximar outra vez.

Christopher levantou as mãos para impedi-la.

— Sério, não estou interessado. Nem agora, nem nunca.

— Mas caras como você...

— Caras como eu, o quê? — desdenhou Christopher. — Termine o que você ia dizer.

Ela umedeceu os lábios e cruzou os braços.

— Não dizem não.

Christopher assentiu.

— Você está certa.

Belinda abriu um sorriso malicioso ao se aproximar.

— Talvez eu não seja mais esse cara. — Ele saiu do quarto e foi procurar Dulce.

Uma hora depois, ainda não a tinha encontrado e não pudera se desculpar. O único motivo de estar naquele maldito quarto fora que Belinda tinha bebido tanto que ele não queria que ela arruinasse a festa, ao fazer alguma loucura. Ele a vira tomar algumas pílulas antes da última taça de vinho.

Murmurando outro palavrão, Christopher subiu as escadas para tirar um pouco do óleo do corpo e vestir roupas que não o fizessem parecer um prostituto barato.

Era engraçado como, apenas alguns meses antes, ele não teria se incomodado em se vestir daquele jeito. Mas agora só se sentia sujo, usado, nojento.

Pegou uma toalha úmida e começou a limpar o corpo, quando um celular começou a tocar. Ele olhou para o criado-mudo. Era o de Dulce, e a mensagem na tela mostrou que era uma ligação de trabalho.

Ela estava ignorando o celular o fim de semana inteiro, então ele achou melhor ignorá-lo também.

Mas, dez minutos depois, e mais duas ligações perdidas, ele perdeu a paciência.

— Alô? — disparou, no instante em que o aparelho começou a tocar pela terceira vez.

— Quem é que está falando? — gritou um homem.

— Christopher Uckermann. Por quê? Quem fala?

— Mike Cromwell. Sou o chefe da sua namoradinha.

Christopher não teve forças para dizer que realmente não estava saindo com Dulce, e que ela provavelmente estava planejando matá-lo durante o sono.

— O que posso fazer por você, Mike?

— Pode dizer a Dulce que ela tem exatas seis horas para me mandar uma reportagem, ou estará demitida.

— Uma reportagem? — repetiu Christopher. — Qualquer uma?

— Não, seu idiota! — Mike soltou um palavrão. — Sobre o casamento. Ela deveria estar cobrindo o casamento.

— Mas...

O telefone ficou mudo.

Atordoado, Christopher se sentou na cama, ainda com o celular nas mãos. Então tudo aquilo era por causa de uma reportagem? Ela estava sendo legal para conseguir algo dele?

Assim como todas as outras garotas do mundo.

Dulce queria algo dele, mas Christopher começou se perguntar se o que ela queria era outra coisa, e não o que ele estava disposto a dar. Ela só queria seu corpo, talvez?

Algo se quebrou dentro dele. Talvez ela tivesse passado dos limites, mas ele estava furioso. Não, estava mais que furioso. Como ela podia fazer uma coisa dessas com ele? Depois de tudo o que ele dissera? De tudo o que tinham dividido?

Para Dulce, ele era apenas um sorriso e uma reportagem. Mas e para ele? Dulce era o mundo.

Todos os rostos sem nome, todas as conquistas passadas, voltaram à mente de Christopher. Todas as mulheres, todo o sexo, todas as festas... Cada uma delas quisera algo dele — dinheiro, status ou sexo. E Dulce? Ela acabou sendo a pior de todas, porque tinha fingido ser sua amiga. Tinha se inserido tão profundamente na vida dele que a ideia de expulsá-la agora era repulsiva a ponto de ele quase passar mal. Então era assim que se sentia uma pessoa traída. Parecia que tinham enfiado facas em suas costas e em seu peito, e ele experimentava uma perda de controle absoluta de todas as emoções. Certo. Bem, ele odiava esta sensação.

Odiava o fato de ser Dulce a pessoa que estava fazendo com que ele se sentisse assim. Nunca tinha esperado muito das outras mulheres, porque sabia a que se resumiam aqueles relacionamentos. Elas queriam algo dele e ele queria algo delas. Todas as partes saíam ganhando. Mas desta vez? Ele se sentia vazio, como se tivesse acabado de oferecer a Dulce tudo o que tinha, na esperança de que ela lhe desse ao menos um abraço e dissesse obrigada — e não de que o atropelasse com um caminhão e fugisse.

Odiava colocá-la na mesma lista das outras mulheres. Odiava permitir que o nome dela se juntasse aos outros. Mas...

Ela acabou se revelando igualzinha às outras.

Christopher foi tomado por uma onda de náusea ao pôr o celular de volta no lugar.

Com as mãos trêmulas, passou os dedos no cabelo. Dulce só quisera mais um pedaço da piada que era Christopher Uckermann.

O que significava apenas uma coisa: ele estava prestes a se arriscar em nome do comprometimento, e sem certeza alguma de que sairia ileso.

Bem, se era uma história que ela queria, então iria conseguir. Não deixaria que Dulce o culpasse por perder o emprego.Uma hora depois, Dulce voltou para o quarto. Estava com as bochechas coradas e o cabelo bagunçado pelo vento.

— Onde você estava? — perguntou Christopher. Dulce revirou os olhos e tentou sair, mas Christopher a segurou pelo braço e a puxou para o quarto. — Eu estava preocupado.

— Ah, me poupe! Você parecia bastante preocupado nos braços de Belinda.

Christopher murmurou um palavrão e se afastou dela.

— Eu não a queria antes e não a quero agora. Mas, também neste caso, confiar na minha palavra significa confiar em mim como pessoa. E também significa que tenho que confiar em você. E eu não confio.

Dulce jogou a bolsa no chão e voou para cima dele.

— Como você se atreve, eu não fiz nada para...

Ele ergueu o celular.

— Mike ligou.

— Você é um babaca! — Dulce arrancou o telefone das mãos dele. — Atendeu meu celular? Isso é pessoal!

— Você tem sorte de eu ser bonzinho.

Ela bufou com desdém.

— Então faça as perguntas.

— O quê? — Dulce olhou as mensagens. — O que você quer que eu pergunte?

— Sobre o casamento. Você sabe, os detalhes, que serviços foram contratados, que celebridades foram convidadas... Os detalhes sórdidos. Pode me entrevistar.

Dulce pareceu desapontada ao encarar os olhos frios e indiferentes do homem à sua frente.

— Christopher, eu não ia fazer a reportagem.

— Eu não ligo. — Ele ligava, mas não queria que ela soubesse disso, porque só o faria parecer patético. — Pode perguntar. — Ele jogou um pedaço de papel e uma caneta na mesa. — Vamos lá, quer ser demitida?

— Não, mas...

— Estou furioso — disse Christopher, sendo sincero. — Mas você não vai perder o emprego por minha causa.

— Nossa, mas você é mesmo um santo! — Dulce bufou. — Não me acha melhor do que isso, Christopher? Acha mesmo que eu trairia meus amigos para me dar bem? Não sou como você!

— Você está sendo escrota.

— E você é um babaca, por me considerar tão baixa — gritou ela.

— Bem, você é uma péssima amiga. — As narinas de Christopher se dilataram quando ele ergueu a voz. — Pensei que você fosse diferente. É por isso que eu...

— Christopher — chamou a voz de Alfonso, abafada, do outro lado da porta. — A festa está acabando, cara. Você já pagou à mulher maluca com os brinquedos eróticos?

— Tem tanta coisa errada nessa frase... — Christopher revirou os olhos. — Estou indo. — Ele andou até a porta. — E você... — ele apontou para Dulce — ... não diga nem uma palavra a Anahí e Alfonso. Nem mesmo que considerou aceitar a oferta do seu chefe. Partiria os corações deles, e os dois já têm muito com o que lidar agora. Vou lhe dar uma maldita história. Vou correr pelado na rua se for preciso. Só deixe os dois em paz.

Enojado, Christopher atravessou a porta enquanto se perguntava se seu coração algum dia conseguiria confiar em outra pessoa.