Fanfic: O Desafio(adaptada) | Tema: Vondy

Aviões.

Todas as viagens do ano anterior haviam sido dramáticas. Ao menos desta vez ele podia ficar tranquilo. Tinha a esposa ao lado, além de Alfonso e Anahí, que decidiram mudar os planos para a lua de mel em cima da hora e ir com eles para o Havaí.

Quem poderia imaginar que Christopher partiria em uma lua de mel? E com o irmão? E mais a garota de quem ele costumava rir. Sem mencionar sua esposa.

Meu Deus, sua vida era quase uma novela mexicana!

Pelo menos vovó não ia junto.

Ele deu uma risada nervosa ao tirar os óculos escuros e carregar a mala de Dulce para o terminal.

— Está rindo de quê? — perguntou ela.

— Nada. — Christopher suspirou. — É que, da última vez que viajei de avião, vovó apareceu de surpresa e decidiu ir junto. A vida nunca mais foi a mesma.

Dulce riu.

— Admita, você está feliz por ela ter se intrometido!

— Vou levar esse segredo para o meu túmulo — resmungou ele, beijando-a.

— Nada disso — repreendeu Alfonso, atrás deles. — Nada de agarração até que estejam na suíte de lua de mel. E mesmo assim, vou fingir que vocês estão jogando damas, ou algo do tipo.

— Claro. — Anahí balançou a cabeça. — Porque é isso que as pessoas fazem na lua de mel.

Christopher bufou com desdém e puxou Dulce para si, beijando-a na testa.

Alguns fotógrafos registraram o gesto, mas ele já estava acostumado com a atenção. Nem se incomodou. Até que os fotógrafos começaram a correr na direção deles.

— Ei! — Christopher acenou. — Agora não, gente.

Eles continuaram a tirar fotos, passando direto por Christopher e Alfonso.

— Uau! — Alfonso olhou para os fotógrafos, que se afastavam. — Eles obedeceram.

— Senador, é verdade? Fontes dizem que o senhor estava com uma prostituta na noite em que sua noiva o deixou.

Jace atravessou a multidão de fotógrafos, indo até Christopher e Alfonso.

— Senhor senador! — Uma repórter correu até Jace.

Soltando um palavrão, ele se virou para se dirigir à imprensa.

— Sem comentários. Agora, se me dão licença...

Christopher e Alfonso formaram uma pequena barreira entre Jace e os repórteres enquanto o grupo se afastava. Em pouco tempo, a segurança do aeroporto chegou e começou a afastar o pessoal da imprensa.

— Merda. — Jace cerrou a mandíbula. — Preciso desaparecer por uns dias.

— Alguém falou em desaparecer? — perguntou uma voz feminina atrás deles.

Todos resmungaram ao mesmo tempo quando se viraram para encarar vovó.

Ela segurava em mãos um cartão de crédito e passou direto por todos.

— Olá. Preciso de três passagens para Maui. Kihei? Qual é mesmo o nome?

— Vovó se virou. — Anahí, querida, onde é a sua lua de mel?

— Minta — sussurrou Alfonso, ao mesmo tempo em que Dulce respondia:

— Kaanapali.

— É claro! — Vovó se virou de volta para o balcão. — Três passagens para lá. Sim, gostaria de usar as minhas milhas.

— Isso é uma piada, não é? — perguntou Christopher.

— Bem que eu gostaria! — Alfonso suspirou. — É como se ela soubesse se materializar.

— Esperem. — Dulce passou por Christopher. — Por que três passagens?

Vovó acenou para alguém atrás do grupo.

— Maite, querida? Venha aqui. Preciso da sua identidade.

Dulce observou, em choque, enquanto Maite se aproximava com uma expressão não muito feliz.

— O que ela tem contra você? — perguntou Christopher. — Fotos pornográficas? Algum momento vergonhoso? Mensagens bêbadas?

Maite lhe lançou um olhar desconfiado.

— Mensagens bêbadas?

Christopher apontou para Alfonso.

— Algumas pessoas não são muito inteligentes. Ele caiu nas teias da vovó por causa de mensagens que mandou quando estava bêbado.

— Três palavras! — Alfonso ergueu três dedos. — Dança do acasalamento!

— Touché. — Christopher suspirou. — Então o que foi, hem, Maite?

Ela mordeu o lábio inferior e olhou para vovó, então seus olhos passaram por Jace. Os dois desviaram o olhar no mesmo instante.

— Ah, não! — disse Christopher. — Escute só, Maite, se teve Benadry l envolvido...

— Você foi drogada. — Alfonso balançou a cabeça. — Acontece com os melhores.

— Vovó drogou você? — perguntou Dulce.

Maite ajeitou o cabelo atrás da orelha.

— Não exatamente. Eu só, hã... Bem, ela...

— Maite! — gritou vovó, alto o bastante para chamar a atenção das pessoas ao redor. — Venha cá. Pare de enrolar. Não temos o dia inteiro! Você também, Jace. Traga esse corpinho lindo aqui. E deixe vovó cuidar de tudo.

Christopher suspirou.

— É como esperar a tempestade. Não importa quantas vezes a gente grite “Furacão, protejam-se!”, as pobres vítimas continuam olhando para o céu, embasbacadas.

— Vovó tem esse efeito nas pessoas. — Dulce deu o braço para ele.

— Não consigo parar de olhar — comentou Alfonso. — É como assistir a um acidente de carro. Você sabe que deveria ligar para a polícia e tentar ajudar, mas não consegue fazer nada além de passar dirigindo devagar, de boca aberta.

— Só Deus pode ajudar os dois agora. — Anahí suspirou.

Os quatro ficaram observando Jace e Maite enquanto vovó comprava bilhetes de primeira classe para o paraíso. Que logo viraria o inferno, já que a maioria dos planos de vovó envolvia dor, humilhação, manipulação... Pensando melhor, Christopher sorriu.

— Por que você está sorrindo?

Ele deu de ombros.

— Imagino que esse tenha sido o sentimento de Alfonso quando viu vovó manipulando nossa vida amorosa.

Alfonso riu.

— Um grande sentimento de superioridade?

— É, isso mesmo.

— Ainda sinto isso — admitiu Alfonso. — É bom saber que ela seguiu para as próximas vítimas.

Alfonso e Anahí seguiram para o aparelho de raios x, deixando Christopher e Dulce sozinhos.

— Acha que nosso encontro foi como um acidente de carro?

— Não. — Christopher sorriu. — Acho que eu não seria idiota o bastante para ignorar você para sempre... ou ao menos gosto de pensar que não seria. Mais cedo ou mais tarde, acabaríamos juntos. Com ou sem vovó.

Nessa hora, vovó passou por eles e bufou com desdém.

— Mané!

— Ou não. — Christopher riu.

— Eu te amo. — Dulce ficou na ponta dos pés e o beijou na boca. Ele nunca se cansaria dela, nunca mesmo. Talvez vovó o conhecesse melhor do que ele conhecia a si mesmo. Afinal, ela precisara de muitas estratégias para fazê-lo deixar o orgulho de lado. E Christopher sabia que, em breve, teria de agradecer a vovó, mais uma vez, a manipulação.