Fanfic: A seleção - AyA (adaptada) | Tema: Rebelde

Ao fundo, em um dos cantos, o príncipe mudou de posição na cadeira. Será que estava suando?

— Em nome da família real, quero agradecer-lhes por seu entusiasmo e patriotismo. Com um pouco de sorte, comemoraremos no Ano-Novo o noivado de nosso amado príncipe Alfonso com uma encantadora, talentosa e inteligente filha de Illéa!

Os conselheiros ali sentados aplaudiram. Alfonso sorriu, mas não parecia à vontade. Quando as palmas cessaram, o mestre de cerimônias prosseguiu:

— É claro que teremos muitas horas de programação televisiva para conhecer as jovens da Seleção, incluindo especiais sobre a vida no palácio. Não podemos imaginar ninguém melhor que nosso Felipe Nájera para nos guiar durante esses dias tão emocionantes!

Outra salva de palmas, mas bem menor. Ela partiu da minha mãe, do meu pai e de Diana. Felipe Nájera era uma lenda. Fazia mais ou menos vinte anos que ele comentava os desfiles da Festa da Gratidão, os shows de Natal e qualquer outro evento realizado no palácio. Nunca vi uma entrevista com membros da família real ou com pessoas próximas a eles que não tivesse sido feita por Nájera.

— Anahi, talvez você conheça Felipe! — minha mãe cantarolou.

— Lá vem ele! — festejou Diana, agitando os braços delicados.

De fato, ali estava Felipe, entrando em cena com seu terno azul engomado. Ele devia ter quase cinquenta anos, mas continuava afiado. Conforme caminhava pelo palco, a luz refletia no broche da lapela, produzindo um brilho dourado semelhante ao das notas fortes nas minhas partituras de piano.

— Boooooooa noiteeeee, Illéa! Quero dizer que é uma grande honra participar da Seleção. Que sorte a minha: vou conhecer trinta e cinco belas mulheres! Qualquer idiota gostaria de ter meu emprego! — disse, piscando para câmera. — Mas antes de conhecer essas adoráveis damas, lembrando que uma delas será nossa nova princesa, tenho o prazer de conversar com o homem do momento, o príncipe Alfonso.

Após essa deixa, Alfonso caminhou pelo palco acarpetado até duas cadeiras preparadas para ele e Felipe. O príncipe esticou a gravata e ajeitou o terno, como se precisasse ficar ainda mais arrumado. Ele apertou a mão de Felipe, sentou-se na frente dele e pegou um microfone. A cadeira era alta o suficiente para Alfonso poder apoiar os pés na barra entre suas pernas. Ele parecia muito mais informal assim.

— É um prazer revê-lo, Alteza.

— Obrigado, Felipe. O prazer é todo meu.

A voz de Alfonso era tão empolada como o resto. Ele emitia ondas de formalismo. Eu torcia o nariz só de pensar em ficar na mesma sala que ele.

— Em menos de um mês, trinta e cinco mulheres vão se mudar para a sua casa. Como você se sente?

Alfonso riu:

— Para ser honesto, é um pouco estressante. Imagino que haja muito mais barulho em casa com tantas convidadas. Mas, mesmo assim, estou ansioso para que esse dia chegue.

— O senhor perguntou a seu querido pai como ele conseguiu laçar uma esposa tão linda em sua época?

Tanto Alfonso como Felipe olharam para o rei e a rainha. A câmera focalizou o casal de mãos dadas, trocando olhares e sorrisos. Parecia verdadeiro, mas não dava para ter certeza disso.