Fanfic: A seleção - AyA (adaptada) | Tema: Rebelde

— Opa! — deixei escapar. Não esperava aquilo. Embora Maite fosse uma das garotas com um rosto sincero e amigo, minha mãe passara a semana anterior me dizendo para ver todas as garotas como inimigas, e um pouco desse jeito ofensivo de pensar entrou na minha cabeça. Eu esperava quando muito um desejo cordial de boas-vindas por parte daquelas meninas que estavam prontas para lutar até a morte por um homem que eu não queria. Em vez disso, ganhei um abraço.

— Meu nome é Maite, e o dela é Karla.

Sim, Karla Kossío, de Allens, uma Três. Seu cabelo também era loiro, mas muito mais claro que o meu. Seus olhos muito azuis davam ao rosto um ar pacífico e delicado. Ela parecia frágil ao lado de Maite.

Ambas eram do norte; talvez por isso estivessem juntas. Karla fez um aceno simpático e sorriu. Só. Não sei se era tímida ou se queria descobrir qual era a minha primeiro. Ela era uma Três de nascimento, então talvez só fosse mais comportada.

— Amei seu cabelo! — irrompeu Maite. — Queria ter nascido loira. Você fica tão bem assim. Ouvi dizer que as loiras têm um gênio difícil. É verdade?

Apesar do dia péssimo, o jeito de Maite era tão animado que eu não pude deixar de sorrir.

— Acho que não. Quer dizer, posso ser difícil, mas minha irmã também é loira e é um doce.

Depois disso, começamos uma conversa agradável sobre as coisas que nos irritavam e as que melhoravam nosso humor. Maite gostava de filmes, e eu também, embora raras vezes pudesse ver algum. Falamos dos atores que achávamos irresistíveis, o que foi estranho. Afinal, estávamos ali para nos juntar ao bando de namoradas de Alfonso. Karla soltava uma risadinha de vez em quando e nada mais. Se alguém lhe perguntava algo, ela dava uma resposta rápida e voltava a exibir seu sorriso reservado.

Maite e eu nos demos bem logo de cara, o que me deu esperanças de talvez sair de tudo aquilo com uma amiga. Embora tenhamos conversado por quase meia hora, o tempo voou. Não teríamos parado senão pelo som marcado dos saltos altos pontilhando o chão. Viramos a cabeça ao mesmo tempo, e pude ouvir a boca de Maite se abrir com um estalo.

Uma morena de óculos escuros caminhava em nossa direção. Usava uma margarida no cabelo, só que tingida de vermelho para combinar com seu batom. Seus lábios balançavam a cada passo, e sua pisada reforçava uma marcha confiante. Ao contrário de Maite e Karla, ela não sorriu.

Não é que estivesse infeliz. Ela tinha foco. Sua entrada foi pensada para intimidar. E funcionou com Karla, de quem escutei um suspiro de “Ah, não” à medida que a recém-chegada se aproximava.

Belinda Peregrín, de Clermont, uma Dois, não me incomodava. Ela pensava que estávamos lutando pela mesma coisa. Só que não se pode provocar alguém que não quer competir.