Fanfic: A seleção - AyA (adaptada) | Tema: Rebelde
— É ridículo imaginar que eu poderia ganhar — concluí. Minha mãe afastou a cadeira da mesa, levantou-se e depois se inclinou sobre a mesa, na minha direção.
— Alguém vai ganhar, Anahi. Suas chances são as mesmas que as de qualquer outra garota.
Então ela atirou o guardanapo na mesa e saiu.
— Christian, quando você terminar, vá para o banho.
Ele respondeu com um gemido.
Diana comia em silêncio. Christian pediu para repetir, mas a comida tinha acabado. Comecei a tirar a mesa assim que os dois se levantaram, enquanto meu pai permanecia lá, bebericando o chá. O cabelo dele estava sujo de tinta de novo, uma manchinha amarela que me fez sorrir. Ele se levantou, tirando as migalhas da camisa.
— Desculpe, pai — murmurei enquanto recolhia os pratos.
— Não seja boba, querida. Não estou bravo — ele deu um sorriso e passou o braço por mim.
— Eu só...
— Você não precisa explicar, querida. Eu sei — ele beijou minha testa. — Agora preciso voltar ao trabalho.
Fui para a cozinha começar a limpeza. Cobri meu prato com um guardanapo — não tinha comido quase nada — e o escondi na geladeira. No prato dos outros não havia nada além de migalhas.
Suspirando, fui para o meu quarto me preparar para dormir. Tudo aquilo tinha me deixado nervosa.
Por que minha mãe me pressionava tanto? Ela não era feliz? Não amava meu pai? Isso não era bom o bastante para ela?
Deitada no colchão deformado, eu passava e repassava a Seleção na cabeça. Acho que tinha suas vantagens. Seria legal comer bem, pelo menos por uns dias. E não havia razão para eu me preocupar: eu não me apaixonaria pelo príncipe Alfonso. Pelo que vi no Jornal Oficial de Illéa, nem ia gostar do cara.
A meia-noite pareceu demorar uma eternidade para chegar. Havia um espelho na minha porta, e antes de sair dei uma olhada no cabelo para ver se estava tão bonito como de manhã. Também passei um pouco de brilho nos lábios, para garantir alguma cor no rosto. Minha mãe fazia uma economia bem rígida de maquiagem: era só para as apresentações ou para sair em público. Mas eu sempre conseguia surrupiar um pouco em noites como essa.
Esgueirei-me pela cozinha, fazendo o mínimo barulho possível. Embrulhei minhas sobras do jantar, um pedaço de pão que estava quase estragando e uma maçã. Era difícil voltar ao quarto a passos tão lentos, assim tão tarde. Mas se eu tivesse feito isso antes, ficaria ansiosa demais.
Abri a janela do quarto e contemplei nosso quadradinho de quintal. A lua quase não tinha luz, e meus olhos precisaram se adaptar para que eu pudesse seguir adiante. Do outro lado do gramado era possível ver a silhueta da casa da árvore, apagada pela noite. Quando éramos mais novos, Diego amarrava lençóis nos galhos para que a árvore parecesse um navio. Ele era o capitão, e eu era seu imediato. Meus encargos em geral se resumiam a varrer o convés e preparar a comida: um monte de terra e galhos socados em uma das panelas da minha mãe. Ele pegava uma colher e “comia” aquela terra, jogando-a por cima do ombro. Isso significava que eu ia ter que varrer mais uma vez o convés, mas eu não me importava. Ficava feliz só de estar no navio ao lado dele.
Olhei para os lados. As luzes das casas da vizinhança já estavam apagadas. Ninguém estava vendo. Saí pela janela, com cuidado. Eu costumava ficar com a barriga toda arranhada por causa da maneira como me arrastava para fora, mas agora sabia exatamente como sair sem me machucar, um talento cultivado ao longo de anos. E eu não queria estragar a comida.
Acelerei pelo gramado, usando meu melhor pijama. Eu podia ter ficado com a roupa que usara durante o dia, mas o pijama me caía melhor. Acho que as roupas não importavam, mas eu me sentia bonita de shortinho marrom e blusinha branca.
Qualquer um podia escalar com uma mão só e sem dificuldade as ripas pregadas na árvore. Eu também tinha aperfeiçoado essa técnica. Cada degrau era um alívio. Não era uma distância muito grande, mas ali eu tinha a sensação de deixar todos os problemas de casa quilômetros para trás. Ali eu não precisava ser a princesa de ninguém.
Eu entrei naquela pequena caixa sabendo que não estava sozinha. Alguém estava do outro lado, escondido sob a noite. Minha respiração acelerou, não pude evitar. Deixei a comida no chão e apertei os olhos para enxergar. A pessoa se mexeu e acendeu um toco de vela. A luz era fraca — ninguém poderia vê-la —, mas bastava. Finalmente o invasor falou, abrindo um sorriso malicioso.
— E aí, linda?
Autor(a): aliceaya
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Arrastei-me mais para dentro da casa da árvore. Era um cubículo de um metro e meio por um metro e meio; nem mesmo Christian podia ficar em pé lá dentro. Mas eu amava aquela casa. Tinha uma entrada pela qual só se passava agachado e uma janela minúscula na parede oposta. Havia uma banqueta velha em um dos cantos para servir de suporte ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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Thaysilva Postado em 05/08/2020 - 02:46:52
Continua
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rbd_forever1234 Postado em 15/07/2020 - 23:13:55
Comecei a ler agora e estou gostando! Se der dá uma passada na minha: https://fanfics.com.br/fanfic/60555/vida-adulta-rbd-amor-amizade-romance-lgbt
aliceaya Postado em 16/07/2020 - 18:27:21
Que bom que está gostando. Pode deixar que passa sim!!!