Fanfic: A seleção - AyA (adaptada) | Tema: Rebelde
Christopher era um Seis. Eles trabalhavam como ajudantes e estavam apenas um degrau acima dos Sete, porque tinham uma educação melhor e aprendiam a trabalhar em ambientes fechados. Christopher era mais inteligente do que qualquer pessoa que eu conhecia e era muito bonito, mas dificilmente uma mulher se casava com alguém de uma casta mais baixa. Um homem de casta inferior podia até pedir sua mão, mas raramente recebia um “sim” como resposta. E, quando pessoas de castas diferentes se casavam, tinham que preencher um monte de papelada e esperar uns noventa dias para poder tomar as outras medidas legais necessárias. Já ouvi mais de uma pessoa dizer que essa burocracia pretendia dar ao casal a chance de mudar de ideia. Assim, essa intimidade bem depois do toque de recolher de Illéa poderia nos meter em um problema sério. Isso sem falar no quanto minha mãe me infernizaria se soubesse.
Mas eu amava Christopher. Fazia quase dois anos. E ele me amava. Com ele ali sentado, alisando meu cabelo, eu era incapaz até de pensar em participar da Seleção. Eu já estava apaixonada.
— E o que você acha disso? Quer dizer, da Seleção? — perguntei.
— Acho normal. O coitado precisa dar um jeito de arrumar uma namorada.
Senti o sarcasmo, mas queria saber sua opinião de verdade.
— Christopher...
— Tudo bem, tudo bem. Por um lado, acho meio triste. O príncipe não sai com ninguém? Quer dizer, será que ele não arruma ninguém de verdade? Se eles tentam casar as princesas com outros príncipes, por que não fazem o mesmo com ele? Deve ter alguma nobre por aí que sirva para ele. Não entendo. E é isso. Mas... — ele suspirou. — Por outro lado, acho uma boa ideia. É emocionante. Ele vai se apaixonar na frente de todo mundo. Gosto dessa história de felizes para sempre e tal. Qualquer uma pode ser a próxima rainha. Dá esperança. Me faz pensar que eu também posso ser feliz para sempre.
Ele passava os dedos em volta dos meus lábios. Aqueles olhos castanhos penetravam fundo na minha alma, e eu sentia aquela química incrível que só tinha com ele. Eu também queria ser feliz para sempre.
— Então você está incentivando as gêmeas a entrar no concurso? — perguntei.
— Sim. Quer dizer, a gente já viu o príncipe algumas vezes. Ele parece ser um cara legal. Quer dizer, é um imbecil, com certeza, mas é simpático. E as meninas estão empolgadas; é engraçado de ver. Elas estavam dançando pela casa quando cheguei do trabalho hoje. E ninguém pode negar que seria bom para a família. Minha mãe está otimista, porque temos duas participantes em casa.
Era a primeira boa notícia que eu recebia sobre essa competição terrível. Não podia acreditar que tinha pensado tanto em mim que nem cheguei a me lembrar das irmãs de Christopher. Se uma delas passasse, se uma delas entrasse...
— Christopher, você tem noção do que isso significaria? Se Karen ou Alessandra ganhassem?
Ele me abraçou mais forte, acariciando minha testa com os lábios. Uma de suas mãos subia e descia nas minhas costas.
— Só pensei nisso hoje — ele confessou. O tom rouco de sua voz não deixava espaço para nenhum outro pensamento. Eu só queria que ele me tocasse e me beijasse. E era exatamente isso que aconteceria naquela noite se seu estômago não tivesse roncado e me acordado para a realidade.
— Ei, trouxe um lanche para nós — eu disse com delicadeza.
— Ah, é? — pude notar que ele tentava não soar empolgado, mas um pouco de sua impaciência acabou transparecendo.
— Você vai amar esse frango. Eu que fiz.
Peguei o embrulho e entreguei a ele, que começou a beliscar a comida sem afobação. Deu uma mordida na maçã, insinuando que era nossa, mas abri mão da minha parte e deixei que comesse o resto.
Se a alimentação era uma preocupação na minha casa, na de Christopher era uma tragédia. Ele tinha um trabalho muito mais exigente que o nosso, mas ganhava um salário bem menor. Nunca havia comida suficiente. Ele era o mais velho de sete irmãos. Assim como comecei a ajudar em casa logo que pude, Christopher fez o mesmo. Ele passava o pouquinho de comida que lhe cabia para as irmãs e a mãe, sempre cansada de tanto trabalhar. O pai tinha morrido três anos antes, e a família dependia dele para quase tudo.
Vi com satisfação Christopher lamber o tempero do frango dos dedos e partir para cima do pão. Eu não fazia ideia de quando havia sido sua última refeição.
— Você cozinha tão bem. Um dia vai dar muitas alegrias e quilos a mais para alguém — comentou enquanto mastigava a maçã.
— Vou dar alegrias e quilos a mais para você. Sabe disso.
— Ah, engordar!
Rimos, e ele me contou as novidades desde a última vez que nos vimos. Christopher tinha trabalhado no escritório de uma fábrica e ia ficar mais uma semana nesse serviço. Sua mãe tinha finalmente conseguido um emprego fixo de faxineira na casa de alguns Dois da nossa região. As gêmeas estavam tristes porque a mãe as fizera largar o curso de teatro da escola para que pudessem trabalhar mais.
Autor(a): aliceaya
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— Vou ver se arranjo um trabalho aos domingos para ganhar um pouquinho mais. Detesto ver as duas abandonarem uma coisa que adoram — ele disse, esperançoso, como se fosse mesmo conseguir. — Christopher Uckermann, nem se atreva! Você já trabalha demais. — Aaah, Any — ele sussurrou ao meu ouvido. Arrepiei. — Você s ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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Thaysilva Postado em 05/08/2020 - 02:46:52
Continua
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rbd_forever1234 Postado em 15/07/2020 - 23:13:55
Comecei a ler agora e estou gostando! Se der dá uma passada na minha: https://fanfics.com.br/fanfic/60555/vida-adulta-rbd-amor-amizade-romance-lgbt
aliceaya Postado em 16/07/2020 - 18:27:21
Que bom que está gostando. Pode deixar que passa sim!!!