Fanfic: O Duque e Eu 🔞 - Evansson - 2° Temporada | Tema: Scarlett Johansson, Hayley Atwell e Chris Evans, Evansson
11 de Abril de 1815
Inglaterra, Windsor
Scarlett
Scarlett acordou mais cedo do que gostaria naquele dia. Seus pensamentos em Christopher a impediam de dormir, chegando à conclusão pela manhã que: Não importaria o que acontecesse ela o amaria e deixar de amá-lo não era uma coisa possível, doía ainda mais.
Christopher, definitivamente, era o problema e a solução
— Scarlett, essa ladainha não está te levando a lugar nenhum! — Reclamou consigo mesma aumentando o trote do cavalo.
Se perdendo entre as boas lembranças, a saudade dos dias em que dormia com ele, o calor dos braços dele a rodeando assim como o cheiro. Sentia falta de se virar na cama e encontrar o abrigo que o peito de Christopher se tornava ao ouvir as batidas do coração. Das conversas que tinham de manhã, dos cafés na cama em meio a brincadeiras e risadas e como as conversas muitas vezes acabavam indo para os beijos e facilmente passando deles.
Mesmo com as boas lembranças, um lado dela – o precavido – acendia um alerta que a levava para as noites sozinha, frias e aos prantos.
No fim, aquilo não levava a nada. Ela sempre acabava no meio das coisas boas e das ruins e não conseguia sair daquela linha. No entanto, nas últimas semanas Christopher estava se mostrando mudado, de verdade, e estava começando a confiar nele de novo. Ele também já tinha entendido que, caso fizesse algo errado, Scarlett não hesitaria em deixá-lo.
Eram excelentes prós.
Sentindo os saltos descompassadamente animados de seu coração, a loura sabia que uma decisão já tinha sido tomada. Mas os saltos descompassados podiam ser pelos declives e buracos na estrada.
— Jeremy precisa cuidar disso — Observou a loura, passando por mais um buraco na terra. O irmão tinha ido para Somerset, ver Hayley, mas quando voltasse ele teria que resolver aquilo. Era o terceiro em menos de um quilômetro atrapalhando consideravelmente o trotar do cavalo e o fazendo sacolejar muito mais do que o normal.
Continuando por seu caminho, Scarlett diminuiu o andar do cavalo ao passar por um desnível, provavelmente causado pela infiltração da água que dias antes era gelo, mas o que mais chamou a atenção foi um certo Duque estirado no chão, com uma carranca engraçada.
— O que faz aqui?! — Chegando ao ponto em que Christopher havia caído, Scarlett diminuiu o trotar do cavalo até fazê-lo parar.
— Ah, admirando o lindo dia frio da Inglaterra — Ironizou ele, se recostando “melhor” no chão — Eu caí do cavalo — Disse bravo. Já estava ali a um tempo e não estava no melhor humor, ainda mais com o que tinha acontecido no dia anterior que entre eles.
— Você está bem? — Questionou preocupada, saindo do cavalo. — Foram os desníveis, não é?! — Comentou sabendo que deveria ter sido aquilo, Evans riu e assentiu.
— Devo ter torcido o tornozelo e quebrado metade do corpo — Reclamou recebendo a ajuda dela para se levantar, sentindo o corpo todo doer.
— Aí, tadinho — Debochou, o amparando. — Consegue fazer impulso para montar? — Duvidou, analisando a altura do cavalo e vendo a dificuldade dele em se mover.
— Posso fazer esse sacrifício — Considerou, avaliando a dor e seria suportável por alguns segundos até montar no animal. Scarlett continuou a dar apoio a ele, apesar de ele ser bem mais pesado que ela, até que ele conseguisse se ajeitar e montar. — Acho que você vai ter que montar comigo — Considerou ele.
— Por que? — estranhou ela.
— Não vou conseguir voltar sem apoio. — Explicou — Vai ter que ir na minhas frente para que possa me apoiar em você. — Completou.
Scarlett pensou por um momento, poderia muito bem voltar pelo caminho que tinha ido e chamar um criado para que fosse ajudá-lo. Porém, demoraria o dobro de tempo e ela queria ajudar.
— Tudo bem, mas só para você se apoiar, não se aproveitar — Advertiu, se preparando para montar no animal.
— Scarlett, querida, com a dor que eu estou sentindo nem que eu quisesse muito isso — Falou forçando um sorriso, mesmo que ela não pudesse ver. — Além de estarmos em cima de um cavalo — Lembrou, praguejando baixinho quando ela se apoiou rapidamente nele para subir no cavalo.
Scarlett se arrumou na cela, tentando uma posição confortável para cavalgar. Evans tentou andar alguns metros sem apoiar nela, para ver até onde conseguiria ir, mas não conseguiu por muito tempo, as mãos, apesar da dor no pulso direito, a seguraram pela cintura para manter um ponto de equilíbrio e sem balançar tanto.
— Por que veio tão cedo cavalgar? — A forma como ele se segurava a ela, deixava consciente de todo o resto, mesmo que não devesse, como da respiração quente dele em sua nuca. E a necessidade de falar, se distrair com algo que não fosse ele a tocando.
— Precisava pensar — Explicou e ela assentiu, afinal aquele também era o objetivo dela também.
Entretanto, ao contrário dos pensamentos de Scarlett, os de Christopher tomaram um caminho que ele não estava totalmente satisfeito.
Depois de muito pensar, ele tinha chego a conclusão de que o melhor seria deixar Scarlett fazer o que tinha pretendido desde que sairá de Londres. E, por mais que doesse, ele sabia que continuar daquele jeito não era o melhor para nenhum dos dois.
Queria Scarlett como esposa, mas ela também deveria querer, eles não deveriam brigar a cada vez que se colocavam em um mesmo recinto e tocavam no assunto relacionamento.
— E conseguiu? — Se incomodando com o tom evasivo e a falta de assunto pelo caminho, Scarlett perguntou tentando fazer com que ele falasse.
— Não foi como eu queria, mas consegui — Disse em um tom neutro que Scarlett estranhou, mas relevou pensando ser pela dor e incômodo que ele deveria estar passando. Como se para confirmar o que ela estava pesando, ouviu-se um arquejo de dor. — Se puder ir um pouco mais devagar — Pediu prendendo a respiração por um instante. Até aquilo doía.
— Claro — Acatando ao pedido dele, o trotar do cavalo foi diminuindo. Levaria um pouco mais de tempo para chegarem, mas não tinha outro jeito.
Por algum motivo, Scarlett estava com uma curiosidade extrema para saber o que se passava pela cabeça do Duque, mas sabia que não deveria perguntar.
— Você saiu cedo também, não conseguiu dormir? — Indagou percebi que não estava nem perto da hora em que ela geralmente deixava o quarto dos filhos para se trocar e descer para fazer o desjejum.
— Algumas coisas não saiam da minha cabeça — Justificou — Lembranças... — Completou evasiva e ele imaginava as lembranças, muito provavelmente ligadas a ele, que surgiram e a fizera perder o sono — Mas acho que agora está tudo bem! — o claro de alívio no tom de voz dava a entender que o rumo da solução dos problemas tinha sido satisfatória. — Acha que seu cavalo vai continuar nos acompanhando ou vai estacar no caminho? — Mudando de assunto, ela tentou se virar para ver o animal que vinha logo atrás.
— S’mores é esperto. Vai seguir a gente até chegarmos aos estábulos. — Garantiu orgulhoso do animal.
— S’mores? — Scarlett repetiu sem acreditar no nome do animal.
— Tenho ele desde os treze anos e me lembro que na época estava viciado em comer isso — Explicou com um leve sorriso no rosto pela lembrança.
— E depois você quer que eu deixe você escolher o nome dos nossos filhos — Brincou se lembrando da “reclamação” dele no dia em que Scott nascerá.
— Com certeza S’mores seria o nome do bebê — Ironizou — Considerando que não teremos outros, você não precisa se preocupar com isso — Disse triste. Não queria que aquela fosse a realidade. Queria mais filhos. Mais filhos nascidos de Scarlett. E, se fosse a vontade de Deus, queria uma menina. Uma menina linda como a mãe.
— É. — Concordou a loura, mas sem a firmeza com que sempre falava aquilo, como sempre negava que voltariam a ter algo. E ele estranhou ele não ter contratado. — está tudo bem? Claro, além das dores que está sentindo.
— Sim?! — Respondeu em dúvida — Por que?
— Nada, só que... Você está soando diferente — Comentou tentando botar algo nele, mas era impossível com ele às suas costas.
— Está tudo bem. — Disse em tom apaziguador para acalmá-la — Acha que Simon já acordou? — Mudando de assunto, ele se perguntava se o filho já estaria colocando a casa abaixo com suas travessuras.
— Provavelmente estás enlouquecendo Poppy — Falou convicta de que era exatamente aquilo que o filho estava fazendo — Não sei como ela ainda não pediu para ser substituída.
— Ele não é tão terrível assim — Relevou em defesa do filho.
— Não — Concordou — Aquele pestinha é meu amor — o tom apaixonado dela o fez sorrir, amava aquele lado materno dela.
Eles permaneceram em silêncio mais um pedaço do caminho, já estavam bem próximos dos estábulos. Como Evans tinha dito, S’mores os seguido até chegar aos estábulos e logo foi se dirigindo até sua baía.
Scarlett desceu primeiro do cavalo, ajudando Christopher em seguida.
— Vai precisar de um médico — Concluiu a loura ao ver a situação em que ele se encontrava. Provavelmente teriam que cortar a bota para tirá-la. O pé começava a inchar.
— Exagero — Dispensando as preocupações, Evans colocou a não espalmada no lado esquerdo da costela sentindo arder ao pressionar.
— Vai aceitar ver o médico agora, senhor Evans? — Ouvindo um grunhido de dor vindo dele, ela nem esperou que ele respondesse algo e saiu em direção a casa atrás de um criado para ajudar Christopher entrar em casa e seguir para seu quarto, enquanto ela pedia a outro para chamar o médico , mesmo que não fosse “nada”, apesar do tombo, Scarlett se sentiria mais calma quando ele se consultasse com o doutor da região.
— Esta confortável? — Perguntou ajeitando o travesseiro nos ombros dele.
Depois de ter sido alocado novamente no quarto em que estava ocupando na casa de Jeremy, Christopher tinha tomado um banho para tirar a sujeira da lama e grama e feito o desjejum. Scarlett também tinha ido ao banho enfeito a refeição em seu quarto , no meio do processo Scott pediu por atenção e seu leite, voltando a dormir logo depois de mamar.
Assim que terminou esses afazeres, a loura foi até o quarto do duque ver como ele estava e ali ficaria esperando o médico.
Ironicamente, aquela cena era a mesma de alguns anos atrás, no dia em que se falaram pela primeira vez. Quando a jovem cuidará do duque machucado por uma queda de cavalo após Hayley ter feito o caminho oposto aí que o pai tinha orientado
Estava tudo ali: o acidente com o cavalo, alguém da família Johansson causando o acidente – naquele caso a propriedade de Jeremy – e ela tendo que cuidar dele mais uma vez. E, de novo, não seria nenhum sacrifício para ela ficar ao lado daquele homem.
— Sim, estou. Obrigado — Respondeu relaxado, deixando a cabeça afundar no travesseiro macio, sentindo o cheiro de flores e limão emanar dela.
— O médico deve demorar — Avisou imaginando que ele estivesse impaciente.
— Eu definitivamente não preciso — Rejeitando a ideia, olhando o pé que começava a latejar e inchar. Definitivamente precisaria ver o médico. Como se para provar que ele estava errado, Scarlett foi até o pé da cama e tocou levemente o tornozelo inchado causando uma dor absurda. — URGH! — ele urrou de dor e viu o sorriso convencido dela.
— Tenho minhas ressalvas quanto a isso — Zombou.
— Simon e Scott? — Procurando uma distração da dor momentânea, ele se lembrou de que não tinha visto os filhos ainda.
— Simon está tendo aula de francês com a Poppy e Scott está dormindo — Relatou se colocando ao lado dele, em uma cadeira próxima a cama.
— Simon não é muito pequeno para ter aulas de francês? Ou qualquer aula? — Ainda sentido o tornozelo latejar, ele disse entre dentes.
— Não. Na verdade, ele deveria estar fazendo mais coisas, mas como ainda não estamos em casa... — Explicou, puxando um bastidor com o início de um bordado. — Equitação e caça pelo menos — Pontuou pegando a linha para começar. — Você sabe, coisas que todo cavalheiro deve fazer.
— É sei — Concordou o duque, virando a cabeça na direção dela. — Ele vai ser um ótimo cavalheiro — Pensou alto e sorriu ao vê-la sorrir também.
— Não quer descansar até o médico chegar? — Sugeriu começando a bordar.
— Vai estar aí quando eu acordar? — Ele se lembrava de tê-la ao seu lado depois que acordava em Rochford e o sorriso dela era uma das primeiras coisas que via e amava acordar com aquela imagem.
— É claro — Garantiu calma.
E, como prometido, Scarlett estava ao lado dele quando acordará. Na verdade, a voz suave dela que o tinha acordado, com um sorriso lindo no rosto. Christopher poderia dizer que aquilo seria acordar no paraíso, mas desceu ao inferno assim que seus olhos focalizaram no senhor de cabelos castanhos, estatura média e uma maleta em suas mãos.
— Olá Vossa Graça, sou o Dr. Hudston — Se apresentou o homem, mesmo que Christopher não desejasse saber. — A duquesa disse que foi um acidente com cavalo, certo? — Abrindo a maleta, ele tirou um suporte e apoiou o objeto, falando enquanto fazia o processo.
Christopher olhou rapidamente de relance para Scarlett que não fez nenhuma correção ao ser chamada de Duquesa. Bem, se Scarlett não tinha se incomodado...
— Um exagero da parte dela, com certeza — Dispensou, tentando se sentar. Scarlett foi ajudá-lo, colocando alguns travesseiros em suas costas. — Obrigado. — Em resposta Scarlett apenas sorriu, voltando a se sentar na cadeira.
— Isso é o que o Doutor vai dizer — Reiterou a mulher, observando o doutor se aproximar do pé machucado para examiná-lo.
Tocando o pé, torcendo para um lado e para outro, causando arrepios por todo o corpo do homem que estava sendo examinado. Depois de quase cinco minutos de tortura, o médico decidiu que o pé precisaria ser enfaixado e ficar imóvel por alguns dias. E os outros ferimentos passariam com o tempo e usando um unguento que Scarlett logo mandou que fossem buscarem.
— Então é isso, vou ficar duas semanas ou mais nessa cama?! — Soltou Evans indignado.
— É, vai. — Confirmou tentando conter o riso pela cara emburrada dele — Está parecendo com Simon quando não o deixo fazer algo — Comparou e viu ele sorrir. E mais uma vez era impossível não lembrar como eram parecidos, quando sorriam um lado da boca se erguia um pouquinho mais que o outro e os olhos de fechavam levemente formando umas ruguinhas nos cantos dos olhos.
— Onde ele está?
— Ele queria framboesas e a Poppy foi pegar algumas com ele na cozinha. Pedi para que viessem aqui depois. — Avisou indo para a porta do quarto, já tinha se certificado de que ele estava bem.
— Scott?
— Vou vê-lo nesse minuto. Quer que eu o traga? — A resposta veio em um leve balançar de cabeça sinalizando que sim. — Já volto — Saindo do quarto do Duque, a loura avançou algumas portas até o quarto se Scott.
O bebê estava no berço, coçando o rostinho com as mãozinhas e fazendo alguns barulhinhos fofos com a boquinha. Scarlett foi até o berço, sabendo que aqueles movimentos significavam que ele estava acordado e logo começaria a chorar.
— Nem pensar em abrir o berreiro, mocinho — Repreendeu a mãe, pegando o menino nos braços. Sentindo o familiar cheiro da mãe, Scott se acalmou. — Vamos com o papai? — Obviamente ele não responderia, mas ela adorava ver a carinha concentrada do bebê prestando atenção na voz da mãe. Fazendo o caminho de volta para o quarto de Evans, ela o encontrou Simon junto com Christopher, enchendo a boca do pai de framboesas. — Ah, fico feliz que alguém esteja te alimentando — Brincou, indo até a cama e se sentando ao lado de Simon, que estava no meio da cama.
— Se por alimentando você quer dizer, forçando, sim ele está — Falando com dificuldade por estar com a boca cheia, Evans mastigou a fruta que estava em sua boca e engoliu. — Chega, não é?! — Pegando o pote da mão dele, o Duque colocou em cima da mesinha de cabeceira.
— Vocês estão sujos — Pegando um guardanapo de linho que tinha na mesinha de cabeceira, ela pegou e se aproximou dele limpando o canto da boca do filho e, dobrando o tecido para um lado limpo, ela limpou o rosto de Christopher. — Pronto. — Deixando o guardanapo de lado, a loura baixou o bebê gordinho em seu macacão amarelo e o entregou ao pai.
— Acabou de acordar? — Morando os olhos bem atentos do menino, ele deduziu que o filho tinha acabado de acordar, como de fato tinha acontecido. Scarlett assentiu e se sentou ao lado de Christopher, pegando Simon em seus braços e o apertando um pouco.
E ali estava tudo o que ela precisaria para aquela vida e as próximas. Só precisava de um momento certo para falar com Christopher, fazê-lo entender que estava dando aquele passo, um voto de confiança, mas que qualquer meio deslize dele ela estaria pegando o primeiro cabriolé de aluguel que a levasse o mais longe possível dele.
— Olha lá, Scott, a mamãe está com uma cara estranha — Tirando Scarlett de seus pensamentos, Christopher agitou o bebê em seu colo. Assim como a loura, Evans contemplava aquele momento com a diferença de que queria guardar na memória cada segundinho com aquelas pessoas, pois logo não as veria. — No que está pensando?
— Que ele não cabe mais no meu colo como antes — Lamentou apertando os braços ainda mais ao redor do filho que sentia que seria sufocado. — Ele cresceu tanto.
— Só isso? — Duvidando do argumento, ele a analisou por vários segundos até ver a expressão neutra se transformar em um leve sorriso despreocupado. — O que vai fazer o resto do dia?
— Como alguém resolveu se acidentar, o planejamento é ficar o dia dentro de casa. — Relatou com desdém. — E também parece que vai chover hoje — Analisando o céu que começava a se fechar, ela imaginava que logo choveria. Afinal ainda estavam na Inglaterra chover era a única certeza além da morte.
— É, vai chover mesmo. — Concordou, voltando a se revistar na cama e deitando Scott em seu peito, duvidava que o bebê fosse dormir, mas poderia mantê-lo calmo aninhado ali. — Não precisam ficar aqui o dia todo, não quero atrapalhar vocês — Dispensou, mas queria que ficassem.
— Apesar de eu querer muito deixá-lo no tedio absoluto, tenho certeza de que o mocinho aqui vai ficar o dia todo perguntando por você — Garantiu beijando a bochecha de Simon. — Acho que ele se apegou ainda mais a você.
— É, acho que sim — Ouvir aquilo era muito bom, o coração batia um pouco mais forte e o coração se aquecia.
Os quatro passaram a tarde naquele quarto e poderiam ter passado a vida.
18 de abril de 1815
Londres, Inglaterra
Lisa
— Bom dia, senhora Lisa — Assustado, Robert abriu a porta de seu escritório para a senhora que costumava lhe dar boa broncas em seu tempo de menino. — Não esperava sua visita.
— Isso o que quer dizer uma visita surpresa — Brincou a senhora de cabelos louros.
— E o que devo a visita? — Perguntou tentando reprimir um bocejo, mas não conseguiu. Ainda era manhã, mas não tão cedo só que Morgan tinha tipo problemas para dormir e Gwyneth se basicamente o expulsou do quarto para cuidar da filha.
— Quero que envie isto aí Christopher — Pediu direta, entregando um envelope lacrado a ele. — E não adianta dizer que não sabe, conheço você desde que é um menino, você sabe exatamente onde eles estão.
— Posso saber o que tem na carta? — Olhando o envelope, ele imaginava que o amigo estava encrencado, Lisa geralmente não se envolvia até que achasse que deveria e, quando acontecia, a tempestade era grande.
— Se está tentando saber se Christopher Evans está encrencado, sim ele está — Garantiu — Vocês tendem a subestimar e achar que as mulheres não estão vendo o que acontece bem de baixo dos narizes — Repreendeu — Acha que não sei que ele a encontrou e que ela estava grávida — Apesar do Grã-duques tentar contorná-la e dizer que ele tinha ido procurá-la por lugares mais distantes, mas ela conhecia o filho e o marido que tinha — E a essa altura o bebê já deve ter nascido e eu não vou ficar sem ver meus netos pelas confusões deles.
— Imagino que não — Concordou baixinho — Bom, já que a senhora insiste, vou enviar a carta — Avisou sabendo que não teria outra forma a não ser fazer o que a Senhora Evans pedia.
— Fico feliz com isso — Abrindo um grande sorriso, Lisa se virou no cômodo indo em direção a porta — E Morgan? Onde está?
— Com a babá, no andar de cima — Avisou. Lisa não precisava de toda aquela cerimônia e decoro, era da casa.
— Vou vê-la — Disse seguindo o caminha para o quarto da menina, que era basicamente sua neta também.
26 de abril de 1815
Windsor, Inglaterra
Christopher
Depois de ler a carta furiosa da mãe, Evans estava na dúvida de voltar a Londres, ainda mais sem Scarlett e os meninos, a mãe ficaria um fera e não seria uma coisa bonita de ver, quem dirá ser o alvo dela. Mas não tinha escolha.
— Tem certeza? — Downey perguntou ao ver a expressão de tristeza do amigo.
— Acho que não tenho muito o que pensar agora — Lamentou.
As últimas semanas tinham sido um belo vislumbre da vida que ele poderia ter tido com Scarlett, mas deixou passar por seus dedos como água.
— Ela vai demorar mesmo? — Robert tentava retardar a partida, quem sabe, se a visse, ele mudasse de ideia.
— Ela foi fazer compras, acho que vai sim — Confirmou, impaciente fechando a valise. — Está tudo pronto — Pegando suas poucas coisas na mão, ele saiu do quarto dando uma última olhada no lugar em que tivera ótimas memórias.
A casa estava vazia, comparada aos outros dias, afinal Scarlett e os meninos tinham saído. Os criados estavam todos em seus afazeres no andar inferior, então não teria problemas em sair, a carruagem de Robert já estava pronta.
— Se despediu dos meninos?
— Ficamos o dia junto ontem — Era de partir o coração se lembrar de quão próximo ele tinha ficado dos filhos, e em tão pouco tempo, para se afastarem em seguida.
— Um dia de despedida — Consolou, abrindo a porta da carruagem.
— Pois é — Ele assentiu cabisbaixo, entrando no veículo.
Scarlett
Era o dia!
Tinha decidido contar a Christopher que, no final, ele não tinha estragado tudo, que poderiam tentar mais uma vez, de verdade.
— Essa animação toda tem algum motivo especial?! — Notando o entusiasmo fora do normal para a patroa, Anne se perguntava o que teria acontecido.
— Não, nenhum — Respondeu de forma nada convincente.
— Ah, sim. Imagino que não tenha a ver com um certo duque que está te esperando em casa — Zombou a mulher, fingindo analisar um tecido exposto. Estavam na modista, não que precisassem, ao menos era o que Anne pensava.
— Não, não tem nada com ele — Apesar da frase, o sorriso de orelha a orelha não deixava negar que a estava pensando em Evans.
— Deixa eu adivinhar... Você resolveu perdoa-lo? — Sentindo o rosto esquentar, sem saber exatamente o porquê, Scarlett assentiu tímida. Era estranho dizer aquilo para alguém, tornava a coisa ainda mais real. — Espero que dê certo, de verdade. Ele não fez nada certo, mas você merece ser feliz, mesmo que seja com aquele homem.
— Vossa Graça é um ótimo pretendente — Debochou a loura.
— Ah, sim — Concordou no mesmo tom debochado. — Vai conversar com ele hoje?
— Vou. Por isso estamos aqui — Explicando o motivo de estarem na modista, quando não tinha nenhum evento importante, Scarlett parou diante de um balcão esperando ser atendida. Anne arqueou uma sobrancelha, tentando entender, até perceber que estavam na parte de roupas de baixo.
— Fico feliz que meu quarto fique longe dos meu — Agradeceu, com um sorriso malicioso, aguardando para serem atendidas.
Christopher
— Você ainda pode desistir — Considerou Robert perante o olhar distante e o semblante triste de Christopher, tinham acabado de sair da casa de Jeremy e não estavam muito longe. — Vocês ainda tem dois filhos, que legalmente seriam seus... — A ideia seria bem trabalhosa, considerando que seria um longo processo.
— Não quero que ela seja obrigada a voltar. A quero de livre e espontânea vontade, não porque estou ameaçando ficar com os nossos filhos. — Disse sem desviar a atenção da janela da carruagem, observando a paisagem sem realmente prestar atenção no que os olhos focavam. — No final, se eles estiverem feliz, eu ficarei feliz. — Concluiu.
— Bom, sua mãe vai te matar — Lembrando da carta com a leve ameaça de Lisa. Christopher sorriu ao se lembrar, estava com saudades dela.
— Eu lido com isso depois — Rindo, ele se recostou no assento e fechou os olhos, se concentrando nas memórias recentes em Windsor.
Scarlett
A loura não se lembrava de ficado tão ansiosa desde que estava grávida de Simon e teve que contar a Christopher.
Saindo da modista com os embrulhos, Anne e ela foram atrás de Poppy e Simon que estavam na loja de brinquedos. E, quase vinte minutos depois, finalmente saiam da loja de volta para casa.
As mãos dela suavam de ansiedade e o pé esquerdo não parava de balançar. A carruagem parecia andar na lentidão de uma lesma e só chegariam no dia seguinte.
— Está tudo bem? — Poppy perguntou, também estranhando o nervosismo.
— Ela está ansiosa para voltar aos braços de um certo duque — Disse em um tom meloso e debochado. Brincou Anne, floreando como em um conto de fadas.
— Vão voltar?! — Esperançosa, Poppy virou-se para a loura, pronta para ouvir a reposta. De verdade, achava que os dois deveriam se permitir mais uma vez, via o amor na forma que eles se encaravam.
— Eu o amo — Foi a única coisa que disse e foi como dizer tudo, porque era mesmo. Mas os olhos brilhando, a voz apaixonada e o suspiro encantado no final... Scarlett apaixonada estava de volta.
— E ele também — Garantiu Poppy, retribuindo o sorriso que Scarlett lhe dava.
Scarlett voltava a prestar atenção na estrada, tentando mover a carruagem mais rápido com a força da mente, precisava chegar em casa o quanto antes. Não só porque precisava dizer o que sentia a Christopher, mas porque sentia uma grande necessidade de estar lá.
∞
Chegando a propriedade do irmão, Scarlett mal esperou para que abrissem a carruagem e a ajudassem descer do veículo. Abriu a porta e saiu em disparada para o quarto em que ele estava hospedado nós últimos dias. E em uma cena muitos parecida com a que Christopher tinha presenciado a algumas semanas, Scarlett se deparou com o quarto vazio.
— Christopher?! — Ela chamou alto, entrando mais no quarto. — Evans!!! — Ela tentou mais uma vez, indo para o banheiro que tinha no quarto. Mas era impossível que ele tinha levado todos os pertences para dentro do cômodo, mas o coração precisava ter certeza primeiro.
Vendo o ambiente igualmente vazio, Scarlett se apressou em sair e procurar um criado, que confirmou a saída do duque alguns minutos antes, acompanhado de um outro senhor muito elegante que Scarlett só pode deduzir por ser Robert, o único que ajudaria Christopher e que sabia onde eles estavam.
Por um momento ela sentiu tudo rodar. Teria sido aquela sensação que Evans tinha tido depois que ela se fora? Era diferente de tudo o que ele já a tinha feito sentir. E, assim como Christopher, não podia simplesmente deixá-lo ir. Se bem tinha ouvido, faziam apenas alguns minutos que Evans tinha saído, assim não seria difícil alcançá-lo a cavalo.
— Sele um cavalo, por favor — Scarlett pediu apressada a um criado que estava nos estábulos. O homem não demorou em fazer o pedido da loura que montou no cavalo em segundos.
Ele não deveria estar muito longe e não seria difícil de encontrá-lo, só havia uma estrada para Windsor e Londres, e ficava razoavelmente perto de onde estavam. O coração batendo ainda mais acelerado que o normal, não só pela esforço e adrenalina, mas também pela possibilidade de não chegar até ele, era algo imediatista, talvez, visto que nada aconteceria – ou não deveria acontecer – até que ela o alcançasse. O que ela esperava que acontecesse logo, estava completamente fora do usual para andar a cavalo, com vestidos de passeio e botas nada adequadas ao momento, seus cabelos já estavam voando ao vendo, pela grande velocidade que ela usava, e em algum momento ela devia ter perdido o juízo para estar em público daquela forma.
Entrando na estrada que a levaria a Londres, a loura não via nada além de muita vegetação e a estrada de terra. Atiçando o cavalo para que fosse mais rápido, mesmo que eles estivessem indo rápido o suficiente. Alguns metros de corrida, ela avistou uma carruagem preta e seu coração palpitou mais forte, imaginando ser Evans, mas ao parear com a carruagem não era ele. Voltando a avançar com o cavalo, ela se via chegando a Londres, mas não achando o duque.
— Que inferno, Christopher! — Praguejou a loura, sentindo os músculos começarem a doer pela intensidade que seu corpo batia contra a sela do cavalo. Talvez ela devesse desistir, aquilo deveria ser um sinal de que eles não vieram juntos.
∞
Christopher
— Está com fome? — Robert perguntou parando sua leitura do jornal daquele dia.
— Humm? — Distraído em seus pensamentos, Christopher não tinha prestado atenção ao que o amigo dizia.
— Está com fome? Deveríamos parar para comer — Repetiu, fechando o livro e o marcando com o dedo.
— É, acho que sim — Concordou, precisava fazer uma pausa, pensar fora da carruagem. Sem contar que precisava andar um pouco, recomendações médicas depois de ter tirado o gesso.
Robert deu dois toques na lateral da carruagem, indicando que o condutor parasse em alguma estalagem. Ainda era cedo e provavelmente ainda teria algo do café da manhã.
— Tem ideia do que vai fazer agora? — Indagou Downey, quebrando o silêncio mais uma vez.
— Fazer o que?
— Com a sua vida, oras. Casar mais uma vez, ter filhos...mais filhos — Explicou paciente.
— Talvez eu vá para a Grécia — Sugeriu dando de ombros, não era certo que faria aquilo.
— É um bom destino — Avaliou, sabendo que parecia bom para o amigo ter uma distração. — Acho que chegamos — Adivinhou quando a velocidade começou a diminuir e sair da estrada. Mas antes que eles pudessem parar e descer com calma, algo se chocou contra a lateral da carruagem.
— O que foi isso? — Ficando em alerta, Christopher saiu do interior do veículo saber o que tinha acontecido e, se ele não estivesse tão preocupado e confuso, teria ficado bravo pelo acidente causado o cavalo e o condutor tinham se chocado contra a carruagem, certamente vinha em alta velocidade e não conseguiu parar a tempo. Chegando próximo ao condutor, ele viu que se tratava de uma mulher e que ele conhecia — Scarlett?!
— Christopher — Ela respondeu gemendo pela dor do impacto, né segundo seguinte ele estava ao lado dela, procurando qualquer vestígio de um ferimento mais grave. — Achei você — Ela sorriu se aparando nos braços dele.
— Que diabos você está fazendo? — Vendo que ela não estava gravemente ferida ou coisa parecida, ele pode se acalmar e ficar devidamente bravo.
— Não podia deixar você ir, eu quero te ter de volta. — Disse e ela espera que aquilo explicasse tudo. Porque explicava. Christopher a olhou por longos segundos, enquanto processava aquilo em sua mente.
— Você o que?! — Não era possível. Não teria sido mil vezes mais fácil ela ter dito nas semanas anteriores? Nos dias em que ficaram juntos, observando cada detalhe um do outro em silêncio, quando o único som a preencher o ambiente eram as respirações calmas dos filhos que dormiam.
— E-eu pensei sobre isso todos os dias desde que o Scott nasceu, em como Simon está mais apegado a você e como nós somos bons juntos e que, apesar de você me enlouquecer, eu amo você — Não era exatamente da forma que ela gostaria de dizer aquilo, toda suja e arranhada, deitada semi-ferida no meio de uma estrada, cheia de poeira com Robert e o cocheiro e Robert os encarando observando com uma cara de “o que raios está acontecendo?!”, mas ela sentia que se não dissesse naquele momento nunca seria dito, afinal um dos dois sempre acabava fugindo. era o que precisava dizer antes que... Bem, ela não sabia o que poderia acontecer, mas considerando que um dos dois sempre fugia, era bom ser dito logo.
— Scarlett, você não existe — Foi a única coisa que conseguiu dizer no momento. Eles tiveram tanto tempo nos dias anteriores, enquanto ele se recupera do tornozelo pateticamente quebrado, mas ela precisava causar um acidente para declarar que o amava. E era perfeito, porque eles eram daquele jeito, completamente fora do decoro, do que deveria ser correto nas regras da sociedade inglesa.
— Que bom que se resolveram, porém ainda estamos no meio da estrada e ela se jogou contra uma carruagem — Intervindo no momento, Robert os lembrou de onde estavam e que deveriam se levantar — Ele te deixou louca, foi? — Disse divertido, a ajudando a se levantar.
— Talvez — Assentiu sorrindo e aceitando a ajuda — Estou cheia de poeira — Não era muito difícil ficar coberta de pó depois de cavalgar até o meio do caminho entre Londres e Windsor, além de ter se chocado contra a carruagem — Acho que machuquei a mão — Testando o pulso, depois de ter batido no vestido para tirar o excesso de poeira do tecido, ela sentiu um pouco de dor.
— Espero que tenha sido seu único ferimento, Scarlett — Em um tom repreendedor, Christopher tomou o pulso direito, que era o que ela estava segurando e analisando, e passou a analisar. — Acho que não quebrou.
— Óbvio que não, se tivesse quebrado estaria morrendo de dor — Considerou a loura e Robert decidiu que eles, de fato, voltavam a ser um casal.
— Não que queiram saber, feliz casal, mas vou arrumar uma mesa para que possamos comer algo — Avisou, saindo do campo de visão dos dois.
— Está tudo bem, Christopher, não precisa analisar cada músculo — Já impaciente com a minuciosa inspeção do duque, a loura puxou a mão para que ele não tivesse mais acesso ao membro ferido.
— Tudo bem, acho que não está tão ferido. — Considerou, deixando que ela afastasse o braço. Ele a puxou delicadas para fora da pequena confusão que estava em volta da carruagem levemente amassada e o cavalo que andava sem rumo pela estrada, indo para dentro da estalagem. Christopher não demorou para ver Robert no restaurante do lugar e seguiu para lá.
— Vocês fiquem aqui enquanto eu resolvo a carruagem — Ordenou Downey, puxando uma cadeira para Scarlett se sentar. — Espero que vocês conversem de forma adequada dessa vez — Comentou saindo do restaurante e indo resolver a questão do veículo.
— Então... — Christopher ocupou a cadeira a frente da loura, esperando que ela esclarecesse melhor. — Isto quer dizer que estamos resolvidos?
— Você me enlouquece, fez muita coisa errada até aqui, mas tem tentado resolver e eu amo você. E também seria cruel da minha parte afastar você dos meninos. — Disse quase perdida no toque dele em sua mão. — E as últimas semanas, graças ao seu tornozelo quebrado, foram boas lembranças de quando você não tinha estragado tudo. Mas não precisamos lembrar mais disso.
— Eu fui um idiota, eu sei — Considerou sorrindo, ela estava ali por ele e só podia ser o paraíso. — Por que não me disse isso em Windsor? Precisava ter se estabacado contra a carruagem e quase se matar?
— Eu estou bem! — Garantiu, mesmo que seu pulso ainda doesse — Pensei que deveria ser em um momento fora daquele quarto, com você recuperado. Não imaginei que iria embora tão rápido depois de ter tirado o gesso. — Explicou. —Na verdade, não imaginei que fosse embora.
— Você estava decidida a não me dar outra chance, mesmo que insistisse demais para isso. Daí achei que fosse hora de ir, deixar você seguir com seus planos e ficar com as memórias — Dramatizando um pouco a última parte, ele esclareceu o que ela tinha perguntado, se distraindo com o carinho que fazia na palma da mão dela. — É claro que eu não estava pronto para dar esse passou mas saber que estava te limitando a algum tipo de felicidade me deixava igualmente pior.
— Só estava decidida na sua frente, não podia deixar que pensasse que seria tão fácil — Admitiu com uma cara sapeca, contrastando com o olhar indignado dele — Você me magoou muito, sabe disso.
— Eu sei e não me orgulho disso — Concordou em um tom neutro. Não esperava que ela perdesse completamente a memória daqueles anos, mas esperava que não voltasse a tê-las dali para frente. — Só espero te dar memórias felizes.
— Eu sei que vai — Assegurou sentindo o coração esquentar por saber que aquilo era verdade.
Por um momento, Scarlett se perguntou se estava perdendo algo naquela conversa, Christopher a olhava com tanto amor e admiração, que ela podia sentir a intensidade daquilo tudo.
— Eu amo você, Scarlett. — Declarou por fim, e era a única coisa que precisava ser dita no final de tudo.
— Eu também te amo, Christopher.
E se aquele momento fosse uma história de conto de fadas, teria sido o felizes para sempre.
Enquanto isso em algum lugar na França
Tinham sido anos, quatro anos para ser mais exato, negligenciado esquecido. Longe de tudo e todos, em um mundo relativamente novo e desconhecido.
Tirando o que trazia de seu baú, a pessoa reorganizava as suas poucas coisas no quarto da pensão em que estava hospedada.
Ainda não podia revelar sua presença em Paris, esperaria mais um momento, então ficaria ali escondida por mais alguns dias, semanas quem sabe.
Mas agora, três anos depois, estava de volta e teria sua vingança. Scarlett e Christopher teriam o que mereciam.
22 de setembro de 1815
Christopher
Kent
Faziam um cinco que estavam em Kent e o duque não se lembrava de ter sido tão feliz. A única coisa que faltava para completar aquela felicidade toda, eram os papéis do casamento que ainda estavam sendo organizados. E bem, eles podiam ter mais um bebê, uma menina, mas Scarlett ainda não queria mais filhos, Scott só tinha seis meses.
Falando em filhos, Scott estava cada dia mais parecido com Christopher, tirando um detalhe ou outro que lembrava Scarlett. Simon estava mais esperto e sendo um garotinho encantador que eles amavam.
Depois de terem se resolvido, Scarlett e Christopher decidiram que era hora de terem um tempo apenas para a família dele, sem pais, tios e irmãos, então, mesmo com os protestos de todos – por correspondência, que chegou as mãos do casal com muitas exclamações – que queriam muito conhecer o pequeno Scott, eles foram a Kent.
A casa tinha sido comprada a alguns anos e deveria ser o lar em que Simon deveria crescer, mas não teve a oportunidade de conhecer até aquele momento e passava a ser um lar para eles. Talvez não voltassem mais a Londres ou a Somerset, ali era menos complicado e mais eles.
— Simon, vem comer alguma coisa! — Scarlett chamou o filho pela décima vez desde que tinham se instalado no gramado próximo ao lago, o menino tinha se encantado pela água e nos peixinhos que ali nadavam.
— O deixe, Scarlett — Pediu despreocupado, dobrando as mangas da camisa branca que vestia, ficando ainda mais relaxado.
— Ele mal tocou no café e não quer comer o que trouxemos. Ele precisa comer — Reforçou já bem impaciente.
— Ele só não deve estar com fome. Tenho certeza que assim que ele estiver com vontade ele vem comer alguma coisa — Insistiu, a puxando para mais perto. Os dois estavam sentados em uma manta de piquenique grande estendida no gramado, Scott dormia a alguns centímetros de distância em uma cestinha para bebês. — Quer esquecer ele por um segundo, Poppy está cuidando dele como sempre — Pediu, colocando o rosto na custava do pescoço dela.
— Você só quer que eu te dê mais atenção — Considerou se deixando levar pelos beijinhos que ele lhe dava na região.
— Fico feliz que tenha percebido. — Disse satisfeito — E agora nós poderíamos aproveitar que os dois estão ocupados nós poderíamos nos ocupar no quarto — Soltou malicioso.
— Vamos parando — Se soltando do abraço dele, ela se afastou alguns centímetros sabendo aonde aquela conversa os levaria.
— Por que? — Choramingou ele
— Ainda é dia, sabia? — Contou como se fosse alguma novidade, apesar de estarem do lado de fora.
— Não ouvi nenhuma reclamação da sua parte semana passada — Alfinetou se lembrando do momento. Estavam voltando de um passeio pelos arredores e, de repente, o momento ficou muito propício.
— Você não vai me convencer desse jeito — Considerou sorrindo com a lembrança e enrubescendo.
— Humpf! — Resmungou ultrajado, voltando a se colocar atrás dela. Scarlett relaxou, deixando seu corpo repousar sobre o dele, era tão bom finalmente estar com ele daquela forma, ter a família que sempre sonhou. — No que está pensando? — Ele não estava vendo seu rosto, mas podia sentir que estava sorrindo.
— Que isso tudo foi o que sempre quis — Virando um pouco a cabeça, ela encontrou com o olhar dele, igualmente feliz e apaixonado. — E eu amo você.
— Eu também te amo — Disse beijando a testa dela. — E esse é o melhor sonho que eu poderia viver. — Sorriu meloso e ela se derreteu. — entretanto poderíamos adicionar uma filha, não acha? — Considerou com uma cara fofa.
— Daqui dois anos podemos pensar na possibilidade — Repetiu pela milésima vez desde que ele tinha enfiado na cabeça que queria mais filhos. Ela também queria, é claro, mas Scott ainda era um bebê.
— Estraga prazeres — Murmurou brincando. — Falando sério, sempre foi você. Mesmo quando eu queria me convencer de que não, de que o amor que eu sentia não era tudo isso. Era sempre você. — Scarlett se virou para ele, envolvendo seu rosto nas palmas de suas mãos e o beijou. Ele estava dado a aquelas declarações românticas e ela amava ouvir todas as vezes. — O que mais eu preciso dizer para levar isso para o quarto? — Provocou ofegante após o beijo, com a testa colada com a dela.
— Me dê mais momentos felizes — Disse simplesmente.
E ele daria. Teriam todos os momentos felizes dali para frente e porque eles mereciam e, especialmente, porque ele devia isso a ela. Ah, e sobretudo, porque se amavam.
Porque se amavam.
Fim
Autor(a): lety_atwell
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