Fanfics Brasil - Cap. 101 Que Sorte a Minha Ter Você 🍀 VONDY (Adaptada)

Fanfic: Que Sorte a Minha Ter Você 🍀 VONDY (Adaptada) | Tema: VONDY


Capítulo: Cap. 101

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— Você está tão disperso! — Alex comenta, testa franzida, olhar investigativo. — Não parece nem de longe o Ucker observador de sempre.


Ergo uma sobrancelha, invoco a expressão de tédio e bocejo.


— Já garanti que vou fazer todos os pareceres necessários, mas acho que o Rio de Janeiro é o melhor lugar para a siderúrgica, não acha? — pergunto, voltando o foco para o trabalho, e ele concorda. — Além do mais, estou com fome e gostaria de saber qual é o assunto que você precisa conversar comigo, então, se não se importa, gostaria que fosse direto para que eu possa almoçar.


Alex e eu, apesar de termos uma relação cordial, não temos nenhuma intimidade ou mesmo convívio. Trabalhamos bem juntos, somos civilizados um com o outro, não faço nada para sacaneá-lo, nem ele a mim, e só. Por isso mesmo foi uma surpresa quando ele me convidou para almoçar consigo após a reunião que tivemos no andar da K-Eng.


Aceitei a contragosto; preferia comer algo na empresa e já voltar para meu trabalho, pois estava com minha mesa cheia de processos para tomar conhecimento, acumulados, em sua maioria, porque hoje de manhã me foi impossível manter a concentração.


Sim, Alex não me conhece bem, mas acertou no ponto certo: estou disperso. Não é à toa, minha dispersão tem nome, sobrenome, um sorriso provocante e uma boceta fenomenal.


Bufo, não querendo pensar em Dulce Maria por 10 minutos que sejam, mas a tarefa parece ser impossível hoje. Nada, absolutamente nada consegue tomar seu espaço em meus pensamentos.


Eu não esperava ter pesadelos perto dela. Já havíamos dormido juntos tantas vezes e, devo confessar, são as noites em que mais consegui dormir e relaxar na minha vida, mesmo passando boa parte delas transando. Não só tive um pesadelo na noite passada, como foi o mais estranho deles. Geralmente meus pesadelos são meras lembranças do passado, o, que eu enterrei dentro de mim com o tempo, mas que voltam para mostrar que ainda estão em minha cabeça. Eu não posso me livrar de tudo o que aconteceu e de tudo o que passei, e meu eterno inferno é a impossibilidade de esquecer. Ontem não, o pesadelo da noite passada foi uma lembrança abstrata.  


Eu sei o que significou, sei exatamente a qual ponto da minha história se refere, mas nunca o tive tão “cinematográfico” daquela forma. Anjo me salvando da morte e sendo salvo por mim? Loucura, mas que eu tenho consciência de que aconteceu. O último gesto de humanidade que tive antes de eu me tornar totalmente um monstro.


Há anos não pensava sobre isso, nem mesmo me questionava o que aconteceu. Nada daquilo importava mais, nem quem eu era antes, meus sonhos, muito menos a satisfação quando descobri que a única alma condenada àquele inferno seria a minha.


O fato de eu ter feito algo bom não me ajudou a expiar os pecados. Não era assim que funcionava. Eu paguei – continuo pagando – não só pelo que vi, mas pelo que compactuei, pelo que fiz e fizeram comigo.


— Eu acho que temos um acordo implícito de não falarmos sobre o passado — Alex começa, e já sinto o corpo inteiro arrepiar. 


— Não é implícito — respondo seco. — Não quero falar do passado. Mais explícito que isso, impossível!


Meu irmão respira fundo e se aproxima de mim, inclinando seu corpo por sobre a mesa.


— Dessa vez, não poderei acatar sua vontade, Uckermann — ele fala sério, encarando-me. — Sei que você comprou o sobrado da Rua...


Me levanto imediatamente.


— Perdi a fome, vou voltar para a empresa.


Alex se levanta, e eu giro para sair do restaurante.


— Eu nunca te pedi ajuda — paro no instante em que ele diz essas palavras. Todos os muros que levantei ao longo desses anos estremecem, e sinto falta de ar. — Eu não podia te ajudar, então nunca pedi ajuda também.


— Alex, não faça isso... — ameaço-o sem o olhar.


Meu corpo inteiro está chacoalhando, mesmo que um espectador qualquer não perceba isso. A tensão emocional que sinto é tão grande que travo os dentes com força. Calafrios sobem pela minha coluna, e eu tenho vontade de gritar.


Ele nunca me pediu ajuda e tem razão quando diz que nunca poderia ter me ajudado. Contudo, sei que tínhamos o mesmo propósito, que era aguentar as loucuras de Víctor, todas elas. Mais um acordo tácito entre nós. Não conversamos sobre isso, nem na época, nem depois, mas tenho certeza de que nossa intenção era a mesma.


Eu gostaria de tê-lo protegido também, e isso consumiu minha alma, me roeu por dentro. Entretanto, ele está certo, não podíamos nos ajudar.


— Eu preciso, senão não faria — sua voz soa desesperada. — Há chances de eu descobrir o que Víctor fez com minha mãe.


Volto a encará-lo, estupefato.


— Sua mãe? Você soube algo dela?


Alex nega.


— Nada conclusivo, mas acabei cruzando com uma pessoa que, quando soube que eu era filho dele, disse tê-la conhecido.


— Isso é loucura! Você procurou durante sua adolescência toda, quase se matou por isso, não há pistas, não há nomes, não há nada!


Vejo a dor refletir em seus olhos verdes, mas logo depois eles voltam a ficar fortes de novo. O garoto é teimoso, vi essa teimosia várias vezes salválo ou quase condená-lo.


— Preciso acessar o sobrado. — Arregalo os olhos e nego, mas ele parece não entender. — Preciso entrar e remexer tudo lá.


— Não!


Ele parece não me ouvir.


— Foda-se, eu vou! — Alex soca a mesa e chama a atenção de uns clientes perto de onde estamos. — Eu sei que, por algum motivo bizarro, você o comprou, trancou-o com tudo dentro e o tem deixado apodrecendo por mais de 15 anos! — Ele abaixa o tom de voz: — Pode ter alguma pista lá.


Nego novamente.


— Não é seguro. — Mudo de estratégia. — Não vou arriscar que você morra lá dentro e eu ainda tenha que responder a...


— Porra, Ucker, não fode! — Alex se aproxima de mim. — Eu sei dos teus motivos, respeito-os. Como disse, nunca te pedi ajuda antes porque sabia que você também precisava e não tinha a quem pedir, mas agora estou pedindo, agora estou contando com você. Não me faça arrombá-lo, porque eu o farei, apenas me dê as chaves de todas aquelas grades que pôs lá.


O pedido dele me desconserta e atinge uma das áreas sensíveis dentro de mim. Os sons do nosso passado enchem meus ouvidos, e ele parece ouvir também – compartilhamos isso. Sei da importância que tem para ele descobrir sua verdadeira história, pois era a principal diversão perversa de Víctor inventar uma a cada bebedeira.


 


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Autor(a): marirbdforever ღ

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 206



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  • isabellearruda Postado em 03/10/2021 - 21:25:36

    Cadê você menina, ama essa história, ansiosa pela sua volta!!!

  • anne_mx Postado em 08/08/2021 - 16:17:56

    Cadê a continuaçãoooo...Uma das únicas fanfics que eu AMO ler <3

  • binha1207 Postado em 11/06/2021 - 12:39:12

    Você não tem noção da minha ansiedade da sua volta! Tô feliz pra caramba.... Continua vai..

  • nathalia_muoz Postado em 03/02/2021 - 00:21:12

    Holaaaa cuando vuelves????

  • binha1207 Postado em 07/11/2020 - 19:45:04

    Ansiosa por sua volta! Estava amando essa fanfic!

  • nathalia_muoz Postado em 30/10/2020 - 00:59:03

    Volta

  • taianetcn1992 Postado em 21/10/2020 - 04:42:15

    eu quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 21/10/2020 - 04:42:06

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 21/10/2020 - 04:41:58

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 21/10/2020 - 04:40:44

    nao esquece daqui




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