Fanfic: Enquanto Ela Desaparece - Vondy (finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, drama, romance

DULCE

Foi embaçado. O que estava embaçado, eu não sei, mas tive dificuldade em me concentrar. Havia barulhos ao meu redor que eu não entendi e me senti amarrada. Abrindo a boca, tentei dizer algo quando ouvi uma voz gritar alto o suficiente para deixar um zumbido nos meus ouvidos.

"Ela está acordada!"

Quem está acordada? Eu pensei. Então, na minha visão, vi alguém que conhecia. Um rosto que me deu segurança. Minha mãe.

"Dulce? Querida?" Sua voz estava ficando clara e ela estava falando mais suave agora. Eu gostei do jeito que a voz dela me fez sentir.

Eu era a Dulce Espinosa. Eu também sabia disso. Então, por que eu não sabia onde estava ou o que estava acontecendo?

"Jonathon, vá ligar para os meninos." Disse minha mãe. Jonathon era meu pai e os meninos eram meus irmãos. Havia quatro deles. Alfonso, Michea, Jonah e Knox. Por que ela estava ligando para eles?

"Mãe." Eu disse finalmente, e minha garganta estava crua quando eu disse as palavras.

"Shhh, não fale ainda." Disse ela enquanto olhava para mim com lágrimas nos olhos. Percebi que seu rosto estava mais magro, com olheiras sob os olhos. Ela estava doente?

Comecei a perguntar, quando duas mulheres e um homem afastaram minha mãe e começaram a trabalhar ao meu redor. Conversando comigo e me chamando pelo nome. Levei um momento para perceber que eram enfermeiras. Virando a cabeça, finalmente notei o ambiente e percebi que era um hospital.

Por que estou aqui?

O barulho de pneus e meu próprio grito repentinamente ecoaram em meus ouvidos, e vi o terror no rosto de Crawford antes que tudo ficasse preto. Então não me lembrei de nada. Crawford. Onde estava Crawford? Eu tinha que encontrá-lo. Ele estava ferido.

"Ela está tentando se levantar." Disse uma enfermeira, enquanto outra colocou as mãos em mim e me aliviou. "Não tão rápido. Você não pode se mexer ainda."

"Crawford." Eu disse em um sussurro rouco, e comecei a lutar contra eles para me libertar. Eu tinha que encontrar Crawford.

As enfermeiras me segurando estavam conversando gentilmente comigo em palavras que eu não estava ouvindo. Onde estava minha mãe? Eu tive que chegar a Crawford. O caminhão estava vindo direto para nós. Lembrei disso. Ele estava tão assustado.

"Querida, querida, por favor." A voz da mamãe estava lá novamente, inclinando-se sobre mim, e sua mão estava na minha testa enquanto ela me acariciava do que eu sabia que era sua maneira calmante.

"Crawford." Eu disse novamente.

Ela olhou para as enfermeiras.

"O médico está a caminho." Assegurou uma enfermeira a minha mãe.

O que o médico teve a ver com isso? Eu estava dormindo. Eu estava acordada agora e precisava ver Crawford. Eu sabia que ele estava machucado.

"Ele precisa se apressar." Minha mãe disse, parecendo chateada. Ela parecia tão doente. Por que ela estava aqui comigo quando precisava estar na cama?

"Mãe." Eu disse.

"Baby, por favor, não tente falar ainda. Apenas espere no médico.”

"Os meninos estão a caminho." A voz do meu pai, então ele estava lá em cima de mim também. "Ei menina. Já era hora de você acordar. Estou sentindo sua falta de algo feroz.”

Essas palavras fizeram meus olhos lacrimejarem e eu não tinha certeza se isso era porque eu também sentia falta dele ou porque estava com medo. Com medo do que eu estava prestes a descobrir. Com medo do que eu não sabia.

"Papai." Eu disse, e ele se inclinou e deu um beijo na minha testa.

"Você está bem. Deus cuidou de você e você ficará bem.” Ele disse as palavras como se estivesse se tranquilizando, e não eu.

"Crawford." Eu disse, e como minha mãe fez, ele ergueu os olhos para olhar para ela, depois para as enfermeiras.

"A Bela Adormecida está acordada." Disse uma voz nova e profunda, e meus pais deram um passo atrás. Eu os queria perto de mim. Eles eram tudo que eu sabia. Tudo que eu lembrava.

"Ela está perguntando sobre Crawford." Minha mãe disse, e ele assentiu com um sorriso.

Ela tem memória. É algo para agradecer. Ela sabe quem ela é?

"Sim, e ela nos conhece." Disse meu pai.

"Ela está perguntando sobre Crawford e tentando conversar." Acrescentou a enfermeira loira.

O médico era um jovem de cabelos ruivos e olhos gentis. Eu me sentia à vontade com ele, mas queria respostas... E se alguém não me desse, eu estava saindo da cama. Movi minhas pernas e observei as duas se mexendo debaixo das cobertas. Isso foi bom.

O médico olhou para as máquinas nas quais eu estava ligado e depois para mim. "Sou o Dr. Haufman, mas meu pai também. Por isso, prefiro ir ao Dr. Charlie com clientes com quem trabalho há um longo período de tempo. E você se qualificaria como tal. Agora vamos verificar um pouco dessa memória. Você se lembra do seu número de telefone?” Dr. Charlie perguntou. Por que ele me perguntou algo assim? Não era importante.

Mas quando comecei a falar, percebi que não sabia. Mas eu sabia o meu endereço. Então eu disse isso a ele.

"Ela terá algumas lacunas em sua memória. Isso é normal, mas parece que ela sabe das grandes coisas."

Empurrei os dois braços novamente e olhei para minha mãe. "Onde está Crawford?" Eu perguntei, minha voz ficando mais forte.

"Pegue um pouco de gelo e um pouco de água para beber." Disse o médico a uma enfermeira. Então ele olhou para mim. “Esta é a enfermeira Everly. Ela e a enfermeira Mae foram suas duas enfermeiras mais frequentes no mês passado. Você verá muitos elas."

A enfermeira Everly tinha longos cabelos loiros presos em um rabo de cavalo. Ela me lembrou uma boneca Barbie. Eu queria perguntar sobre Crawford novamente.

Minha garganta estava tão seca.

"É melhor que ela saiba tudo agora. Ela lembra.” Disse o médico, depois olhou para mim.

“Beba um pouco de água. Você teve tubos na garganta até a noite passada, quando começou a se mover e gemer. Esperamos que você despertasse. Sua garganta ficará crua por um tempo. Tomar pequenos goles de água através de um canudo ajudará a aliviá-lo. Se você quiser mais tarde, enviaremos um sorvete.”

Esta não era a resposta que eu queria. Espere... Tubos?

"Por que tubos?" Eu perguntei.

O médico deu a volta e sentou-se na beira da cama como se fosse um velho amigo para conversar. "Você está em coma, Dulce. Por um mês e três dias. Você sofreu um acidente de carro que eu acho que você se lembra.” Ele disse, parando para eu responder.

A enfermeira ruiva me entregou um copo plástico de água gelada com um canudo. Tomei um gole. Eu precisava disso para me ajudar a falar. O líquido frio chocou minha garganta, mas aliviou um pouco a dor. Tomei mais alguns goles. Então eu coloquei o copo no chão.

“Crawford. O caminhão não estava parando.” Falei, pensando no caminhão que parecia ter perdido o controle, disparando direto para nós. Chegara ao nosso lado da estrada de mão dupla, e lembrei-me de Crawford puxando o volante para que o caminhão o atingisse, não eu ou a frente do carro. Mas apenas o lado dele. Então ele olhou para mim, e o terror em seus olhos era tudo que eu lembrava.

“O caminhão que você lembra era por causa de um motorista de caminhão que adormeceu. O caminhão estava vindo em sua direção e Crawford virou o carro para a direita. Ao fazer isso, ele salvou sua vida.”

"Vamos ligar para ele. Ele está bem. Ele apenas visitou alguns dias atrás. Agora, porém, você precisa se acalmar, querida.”

Ele visitou alguns dias atrás? Isso soou estranho. Não é como Crawford. Onde ele estava?

"Liguei para Crawford." A voz de Knox encheu a sala. "Ele está praticando. Deixei uma mensagem para ele.”

Prática? Eu estava confusa. Prática onde? Para quê?

Mamãe assentiu como se isso fizesse sentido, e ela passou a mão sobre minha cabeça para me acalmar. "É tão bom ver seus olhos."

Knox apareceu ao lado dela. "Ei." Ele disse simplesmente, e seus olhos foram instantaneamente cheios de lágrimas.

"Ei." Eu repeti, agora preocupada com ele. Eu nunca tinha visto Knox chorar. Nem mesmo quando ele quebrou a clavícula no ensino médio.

“Já era hora de você acordar. O primeiro ano da faculdade começa em breve. Você não pode perder isso. Não depois de todo o planejamento e preparação que você fez para isso.”

Faculdade. Eu estava indo para a faculdade. Tentei me lembrar mais, mas minha cabeça começou a latejar e eu estremeci.

"Parece que isso é estímulo suficiente por enquanto." Disse Charlie.

"Vamos dar um tempo tranquilo para ela se ajustar e descansar. O resto da família estará aqui em breve, presumo.”

Mamãe assentiu, mas não se afastou do meu lado. "É seguro para ela fechar os olhos tão cedo?" Ela parecia em pânico.

"Sim. Ela está acordada agora. O coma acabou.”

Essas palavras repetiram na minha cabeça quando eu adormeci.