Fanfic: Enquanto Ela Desaparece - Vondy (finalizada/adaptada) | Tema: Vondy, drama, romance

DULCE

Era o terceiro dia desde que eu acordei quando Crawford entrou na sala. Ele carregava uma dúzia de rosas vermelhas e, no centro, uma margarida. Eu estava assistindo TV, mas minha mente não estava no programa ou nas coisas que minha mãe falava aleatoriamente.

"Crawford." Minha mãe disse, parecendo encantada.

Eu olhei para ele e ele fez o mesmo comigo. Nós não conversamos. Eu não diria nada até ele dizer. Eu tinha acordado de um coma três dias atrás. Onde ele esteve? No treino de futebol? Bington ficava a apenas uma hora de carro.

"Hey." Ele disse enquanto eu me sentava imóvel e sem piscar.

Fiquei calada.

Mamãe se levantou e deu uma desculpa para sair da sala e nos dar algum tempo. Eu não respondi a ela. As palavras que o levam com você estavam na ponta da minha língua.

"Me desculpe, eu não estava aqui quando você acordou. Todo mundo pensou que você gostaria que eu continuasse a praticar. Se eu não aparecesse para praticar, perderia minha bolsa de estudos. Eu tive que tomar uma decisão, Dulce.”

Novamente. Ele teve três dias para encontrar tempo para chegar aqui para me ver. "Eu entendo por que você foi e por que você não estava aqui quando acordei."

Ele sabia ler nas entrelinhas. Ele era um cara esperto. Sempre foi. Eu não precisava soletrar para ele.

Ele colocou as flores no vaso de prata ao lado da mesa de cabeceira e pegou minha mão. “Eu fiquei aqui no começo. Eu não saí. Mas meus pais e sua família insistiram que não era saudável e que você não gostaria que eu fizesse isso.”

Surpreendentemente, ele ainda não entendeu. Talvez ele tenha tido muitas lambidas na cabeça até agora no futebol da faculdade. Eu não esperava me sentir tão dura com ele. Isso era novo. Desde que acordei e percebi que ele não estava aqui, não fiquei com raiva. Apenas desapegada. Eu não consegui explicar. De alguma forma, eu acabara de aceitar que as coisas haviam mudado, e nenhuma lágrima ou mágoa veio com isso.

"Entendo por que você não estava aqui." Repeti.

Ele franziu a testa e passou o polegar sobre a minha mão. "Você não está feliz em me ver agora."

"Faz três dias." Eu finalmente disse. Ele não entenderia o contrário.

Ele suspirou e assentiu. "Eu sei. Não recebi a mensagem de Knox até ontem. Nós praticamos o dia todo e eu bato à noite. Eu não tinha meu telefone carregado até a noite passada."

No entanto, sua namorada estava em coma. Ele não carregou o telefone. Ainda assim, ele não viu nada de estranho nisso. Talvez ele sempre tenha sido assim e eu tenha aceitado. Durante o meu período em coma, parecia que eu havia mudado. Ele não. Eu.

"Entendo." Foi minha resposta.

Antes, eu o beijava, o abraçava e dizia que estava feliz em vê-lo. Eu teria perguntado sobre futebol e tudo o que ele estava fazendo. Eu teria feito e dito o que precisava para fazê-lo sorrir. Agora... Eu simplesmente não me importei.

"Você está machucada." Disse ele, parecendo chateado. “Deus, Dulce, sinto muito. Juro que, se eu não estivesse tão exausto do treino todos os dias, teria pensado no fato de que precisava manter meu telefone carregado. Eu deveria estar aqui assim que você abriu os olhos. Eu nunca vou me perdoar por isso."

Ele parecia sincero. Mas o puxão no meu coração que ele costumava controlar não estava mais lá. Foi porque eu estava dormindo por tanto tempo? Eu não tinha certeza do que tinha acontecido.

A porta se abriu e a enfermeira Mae entrou. “Vejo que você tem mais companhia. Mas é hora de sua reabilitação. Faça esses músculos se mexerem. Estou empolgada em ver o que você pode fazer hoje, pois você nos surpreendeu ontem com sua determinação.”

Eu tinha pressionado até não poder mais pressionar ontem. Eu queria sair daqui e queria minha vida de volta. Ou, possivelmente, uma vida diferente de volta. "Estou pronta. Ele estava indo embora.” Respondi, olhando para Crawford.

“Obrigada por vir me ver. Boa sorte no futebol.” Falei, e ele estremeceu. Fui fria. Eu sabia disso, mas não sentia calor por ele.

"Vou esperar aqui. Eu não quero deixar você.”

Eu não queria voltar aqui depois do treino exaustivo que eles me colocariam para lidar com mais disso. "Não. Prefiro que você não. Vejo você na próxima vez.”

Ele parecia derrotado. Havia uma pequena parte de mim que se sentia culpada por isso. O olhar em seu rosto e a maneira como minhas palavras o afetavam. Eu não tinha certeza se era do hábito que eu tinha de tentar fazê-lo feliz ou se deveria me sentir realmente culpada por como estava tratando ele.

Lembrei-me de que ele levara três dias para chegar aqui para me ver. Três. Até o melhor amigo dele havia me procurado antes dele. Isso tinha falado muito.

"Volto amanhã." Prometeu.

"Tudo bem." Foi tudo o que eu disse. Não tenho certeza se eu acreditei nele.

Ele saiu da sala depois de um longo olhar para mim por mais do que um bem.

Depois que ele se foi, voltei-me para Mae, que se tornara amiga, se uma enfermeira pudesse se tornar amiga. Ela era gentil e gostava de me fazer rir com suas piadas. Eu a preferi a outra enfermeira, Everly. Na verdade, eu havia solicitado apenas que Mae me levasse à reabilitação todos os dias. Nos dias de folga de Mae, outra enfermeira chamada Sam veio ajudar.

"Deixe-me adivinhar. Crawford.” Disse ela, erguendo as sobrancelhas.

Eu assenti. "Sim."

"Ele percebe que está um pouco atrasado?"

Dei de ombros. "Sim, mas acho que não posso me importar o suficiente para dizer mais alguma coisa sobre ele. Antes, ele era meu mundo. Mas agora... Ele não é. Há coisas mais importantes para eu me concentrar.”

Ela assentiu em concordância. "Como chutar a bunda hoje na academia."

Eu ri. Mae me fez fazer isso com frequência. "Sim, como chutar a bunda hoje na academia."