Fanfic: As Crônicas de Ametiel - Jornada pelo Tempo | Tema: Personagens Originais, Arcanjos, Batalhas, Romance, Amizade, Aventura, Mistério, Suspense, Drama, Aç

Com o tempo eu me tornei ainda mais autossuficiente, e devido minhas habilidades, me virar nunca foi problema. O que sempre me incomodou foi a sensação de estar faltando algo, um vazio por não saber quem sou, a sensação da falta de fazer parte de alguma coisa. Mas tudo isso começou a mudar naquela manhã, quando me embrenhando num pomar para saquear alguns pessegueiros e matar a minha fome, eu a vi debaixo das cerejeiras. Uma linda garota que desenhava a paisagem à sua frente. Me lembrava muito Akemi, o que me despertou um saudosismo sem tamanho. Eu a observava silenciosamente, a julgar pelas suas roupas parecia pertencer a uma família rica ou importante naquele lugar, e embora fosse linda e provavelmente desfrutasse de uma vida maravilhosa e confortável, parecia muito triste. Isso me incomodou. Ela fazia seu trabalho concentrada quando eu acabei caindo da árvore onde estava. A pobre garota se assustou e ficou à distância enquanto eu me levantava idiotamente do chão tentando expressar alguma reação ou esboçar alguma explicação àquela doce jovem:

― Quem é você? – ela me perguntou assustada.

― Olá, eu não sou ninguém, apenas uma pessoa errante... Me desculpe o mau jeito, não foi a intenção assustá-la, eu estava apenas apanhando algumas frutas quando caí daquela maldita árvore. Perdão por tê-la interrompido e assustado. Não precisa ter medo, não vou machucá-la...eu prometo.

Eu diria ainda mais alguma coisa se não tivesse me contorcido com uma dor repentina em meu braço esquerdo caindo de joelhos logo em seguida. Foi realmente algo muito forte. A garota antes assustada correu para mim, ela me ajudou a levantar e me levou para perto de onde desenhava, havia água ali e ela a usou não apenas para me dar de beber, como também para tratar as escoriações que ganhei com a queda. Com algum tempo esquecendo toda aquela situação de susto e tensão, começamos a conversar:

― Nossa, seus desenhos são lindos! Você desenha realmente bem! - eu disse admirando-os.

― Obrigada, eu agradeço a gentileza...mas não são tão bons assim. – ela disse modestamente.

― Não são? Modéstia sua! Eles são perfeitos! Você tem muito talento! Senhorita... ahn... me desculpe, eu não sei o seu nome ainda...

― É verdade! Me desculpe! Eu sou Takanashi Rin. Mas pode me chamar apenas de Rin. É um prazer conhecer você... ahn... me desculpe, qual seu nome pessoa errante? – ela disse com o rosto levemente corado.

― Ametiel. Eu me chamo Ametiel, é um prazer conhecê-la.

― O prazer é meu, Ametiel. Você pertence a qual família? Eu sou dos Takanashi de Akebono. E você? – ela me perguntou com um sorriso gentil.

― De família nenhuma. Me criaram num orfanato. – respondi com o mesmo sorriso.

― Oh, sinto muito! Me desculpe. - ela me disse corando de vergonha.

― Ah, não precisa se desculpar, está tudo bem. Isso não é algo que me incomoda. – sorri para ela.

Ficamos conversando um pouco mais quando ela teve que se despedir, já havia passado tempo demais fora de casa e poderiam sentir sua falta:

― Me desculpe, tenho que ir agora ou vão perceber minha ausência. Hoje recebo visita de meu noivo e preciso estar em casa quando ele chegar. Agradeço pelo agradável diálogo, eu estava um tanto desanimada antes da sua chegada, mas agora você conseguiu me devolver o ânimo novamente. Muito obrigada! Até mais!

Senti meu coração apertar, eu podia ver a tristeza se aproximando dela novamente. Mergulhei a não no meu pequeno alforje e retirei um pêssego de lá, o mais bonito que eu havia apanhado e caminhando em sua direção eu o estendi a ela:

― Ei, espera, já faz algum tempo que estamos aqui, você deve estar com fome. Leve isso, você pode comer no caminho se quiser.

Ela tomou o pêssego nas mãos e sentiu o cheiro doce exalado pela fruta:

― Obrigada, foi o melhor presente de aniversário que poderia ter recebido hoje...uma ótima companhia e a fruta mais linda que já vi! – ela agradeceu com um sorriso.

― Hoje é seu aniversário?

― Sim.

― Minhas mais sinceras felicitações! – disse estendendo minha mão.

― Agradeço muito. – ela retribuiu o gesto antes de partir – Até mais, Ametiel...

― Até mais, Rin...

Eu a fiquei observando ir, me perguntando se algum dia nos veríamos de novo. E ela, como se pudesse ouvir meus pensamentos, me disse um pouco antes de sair do alcance dos meus olhos:

― Caso queira ver mais dos meus desenhos, eu sempre venho aqui em manhãs como essa...

Naquele momento eu tive certeza de que retornaria para apanhar mais pêssegos todos os dias até que nos encontrássemos de novo.