Fanfic: Bodas de Fogo (Vondy - Adaptação) 1ª temporada | Tema: Vondy, Romance

No dia seguinte, Dulce estava separando suprimen­tos para o exército do Cavaleiro Vermelho quando Alice veio procurá-la, o rosto redondo da serva cheio de preocupação. Acostumada a ver a criada sempre feliz nos úl­timos tempos, concluiu que o problema só podia ser sério.

Dulce: O que foi, Alice?

Alice: Oh, minha lady, é Pasqua. Ele foi convocado para se juntar às forças de Alfonso.

Dulce: Mas ele é um soldado...

Alice interrompeu-a no meio da frase.

Alice: Eu sei. Só que Pasqua não é mais nenhum rapaz, minha lady!

Dulce: Sim, porém trata-se da vida que ele escolheu ­- Dulce retrucou, colocando um ponto final nos argumen­tos da serva. Então parou para imaginar como se sentiria se fosse Christopher quem estivesse liderando os homens e não Alfonso.

Claro que experimentaria uma pontada de orgulho. Mas esse orgulho não duraria nada diante da ideia de seu marido empenhado numa batalha, correndo o risco de nunca mais voltar.

Dulce: Talvez possamos persuadir Alfonso a deixar Pasqua como guarda no castelo - sugeriu, sabendo que Christopher planejava dividir suas forças para que Dunmurrow não ficasse desprotegido.

Alice: Não, minha lady. Pasqua não aceitará isso. O tolo teimoso quer ir lutar!

Sem saber o que dizer, Dulce fitou a criada procu­rando uma solução para o impasse. O que faria caso Christopher estivesse determinado a partir?

Dulce: Talvez se você dissesse a Pasqua como se sente, o quanto está preocupada. Quem sabe não deveria lhe pedir para ficar, implorar até...

Alice: Nunca implorei coisa alguma a homem nenhum . - Alice falou orgulhosa, o rosto corado de indignação  - E não pretendo começar agora. - Segurando a ponta da saia com a mão, ela saiu quase correndo, resmungando baixinho.

Aparentemente Alice mudou de ideia porque horas depois tornou a procurar a castelã, desta vez sorrindo e trazendo um Pasqua nervoso e acanhado a tiracolo.

Alice: Nós dois queremos nos casar, minha lady - a serva anunciou.

Dulce: Alice! Que notícia maravilhosa. - O sorriso de con­tentamento desapareceu tão logo se lembrou de que não havia sacerdote para realizar a cerimônia. - Mas como?

Depois de levar o assunto ao conhecimento de Christopher, ficou decidido que Alice viajaria com os soldados até Belvry, onde o capelão celebraria o matrimônio. Durante a jornada ela seria escoltada não apenas por Pasqua, mas por toda a guarnição. Assim estaria bem protegida.

Nem a possibilidade de virem a se encontrar com o exército de Gilbert no meio do caminho serviu para di­minuir a animação de Alice, tão ansiosa estava para se casar. Dulce sorriu surpresa com o desenrolar dos acon­tecimentos. A mesma mulher que chorara de medo do Cavaleiro Vermelho agora se preparava para enfrentar uma possível batalha sem pensar duas vezes. A vida tem caminhos estranhos...

As duas só voltaram a se encontrar quando a criada veio atendê-la, antes do jantar.

Alice: Você quer que eu trance os seus cabelos, minha lady? - ela perguntou inibida e Dulce sabia que esse constrangimento era devido ao fato de estarem, para se dizer adeus. Alfonso iria partir no dia seguinte.

Dulce: Não, obrigada. - Acostumara-se a usar os cabelos soltos porque Christopher gostava deles assim. - Mas você pode escová-los para mim.

Satisfeita por ter algo para fazer com as mãos, a serva atirou-se à tarefa com empenho, desembaraçando e es­covando os fios longos e sedosos até deixá-los brilhantes.

Alice: Eu queria lhe agradecer, minha lady, por ter feito todos os arranjos necessários para a minha ida a Belvry.

Dulce: De nada. Fico feliz por tê-la ajudado. Caso você e Pasqua desejarem permanecer em Belvry, tenho certeza que Matthew poderá encontrar algo para mantê-los ocupados lá.

Alice: Oh, não, minha lady. Eu nunca seria capaz de abandoná-la aqui. - Por um momento a velha senhora pareceu tão horrorizada quanto nos primeiros dias da chegada a Dunmurrow.

Dulce: Pois lhe asseguro que serei capaz de me sair muito bem - Dulce respondeu rindo. - Estamos adquirindo, novos servos a cada dia que passa. Tenho certeza de que encontrarei alguém para trabalhar como minha criada pessoal.

Alice não pareceu muito satisfeita com a possibilidade.

Alice: Nós voltaremos e mais, trarei gente nossa comigo.

Dulce: Somente aqueles que desejem se mudar. Não quero ver ninguém infeliz aqui.

A criada teve a delicadeza de reconhecer a própria culpa, abaixando a cabeça por alguns segundos. Depois retomou a tarefa.

Alice: Minha lady, eu... eu temo ter lhe dado uma informação errada, embora a culpa não tenha sido exatamente minha. - A vermelhidão do rosto da pobre coitada deixou-a intrigada. O que seria desta vez? - Quando você... - Alice inspirou fundo tomando, coragem e continuou. - Na sua noite de núpcias, minha lady, eu lhe disse algumas coisas... Desde então descobri que essas coisas nem sempre são verdadeiras.

Dulce: Oh? O que foi mesmo que você me disse? - Dulce indagou, tentando disfarçar o sorriso e se manter séria.

Alice: Foi sobre o ato de consumação do casamento, minha lady. Eu lhe disse que era breve e doloroso, quando ne­cessariamente não é nenhum dos dois. Na verdade... pode ser bastante agradável e... demorado.

Dulce precisou apertar os maxilares com força para não rir. Quando enfim se sentiu capaz de controlar o riso, respondeu:

Dulce: Está certo, Alice pois foi o que descobri por mim mesma.

Alice: Verdade, minha lady? - a criada perguntou sur­presa, a escova suspensa no ar. - Você está querendo dizer que o Cavaleiro Vermelho...

Dulce: Estou querendo dizer que a reputação do Cavaleiro Vermelho não é nada em comparação às habilidades dele... na cama.