Fanfics Brasil - Alvo 000 - Presságio Riot

Fanfic: Riot | Tema: HunterxHunter


Capítulo: Alvo 000 - Presságio

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Era noite e a chuva caia de forma pesada contra o telhado da mansão velha, fedida de mofo.
Ainda sim, o experiente Donavan se manteve em guarda no seu terno chique.
Sua arma lustrosa apontada com firmeza para a porta, enquanto seus ouvidos tentavam captar algum som além da tempestade.
Um grito vinha atrás do outro, tiros e lampejos faziam sombra pelas frestas da entrada.
Com medo inconsciente, ele retrocedia, devagar, as mãos tremendo cada vez mais, os olhos cinzentos fixos na porta de mógono.
Então... silêncio.
A mansão ficou quieta, tão quieta que uma agulha poderia ser ouvida ao cair.
O relâmpago veio forte e o raio caiu logo atrás, perto demais da propriedade, fazendo-o estreitar os olhos com a claridade, por míseros instantes.
Mas, bastou esse momento de descuido e ele pode sentir o verdadeiro pânico, ao presenciar a porta, antes trancada com todos aqueles cadeados, agora escancarada.
Suor escorria-lhe pelo queixo barbudo, sua respiração entrecortada, os pensamentos ficando nublados e sem lógica.


— Onde você está!? — Gritou, assustado.


Um guarda chuva caiu no chão e ele atirou naquela direção, mas não acertou nada.
Cedendo a pressão mental, Donavan começou a atirar ao  seu redor, por todos os cantos, destruindo a cama, os móveis, seus vasos importados, tudo em vão.
A munição acabara e ele não viu nenhuma gota de sangue.
De repente, passos vieram por trás e ele olhou para a porta.
Uma silhueta pequena empurrava a madeira e avançava na sua direção, os pés descalços batendo contra o chão de madeira.
O homem de meia idade congelou, olhando para o estado lamentável daquela criança.
Roupas rasgadas, cabelos pretos desgrenhados, a pele morena coberta de arranhões, cicatrizes e hematomas, balas alojadas em feridas novas, a poça de sangue e água que se misturava aos seus pés.


— Você.... você fez isso... ?


Donavan deixou a arma cair ao seu lado impotente, choque e medo tomando conta do seu coração.
A menina andou na sua direção e ele só pode recuar, as memórias da sua vida passando como flashes por seus olhos.
Lentamente, ela olhou para ele, olhos roxos luminosos encarando diretamente sua alma sem emoções discerníveis além de uma profunda concentração.
Quando parou na sua frente, os dois se encontraram, face a face.
Suas íris se transformaram em vermelho, sedentos de sangue, um sorriso mórbido esticou em seu rosto delicado e o sangue de Donavan congelou.


— Morra por favor.


Donavan mal teve tempo de gritar antes que seu corpo caísse, sem vida...
Ela suspirou, sentada na cama esburacada, acariciando os cabelos da cabeça em seu colo.


— O grande irmão está demorando a chegar... — Murmurou para si mesma. — E essa pessoa estranha está olhando pra mim faz um tempo. — Ela olhou, então, para a porta aberta, ligeiramente preocupada com as intenções desse estranho.


Nobunaga congelou, cada músculo por debaixo dos panos roxos de suas vestes ficando tenso.
Ele estava usando seu zetsu a todo momento desde que se aproximara dos terrenos da mansão, tanto ele como Feitan ( que foi quem o acompanhara desta vez por mais surpreendente que isso seja) tinham tomado o máximo de cuidado possível para não alertar ninguém.
Foi uma surpresa agradável encontrar os guardas de Donavan mortos ( uma disputa interna talvez?)
Eles se separaram em busca do item raro que apenas o cafetão possuía e ele analisou alguns corpos, concluindo que alguém fizera a chacina e que fora recente.
Por isso, ele redobrou seus cuidados, até encontrar esse quarto, onde vira pegadas de sangue.
Ouviu alguém murmurar coisas lá e ficou a escutar, tentando deduzir quantas pessoas estariam se escondendo ali, até essa voz revelar sua posição.
Em meio ao seu choque, ele viu a silhueta de Feitan subindo as escadas e ele queria alertá-lo, mas não queria que a pessoa soubesse que havia alguém mais com ele.
Concluindo a linha de raciocínio, ele saiu do seu esconderijo, entrando lentamente no quarto destruído.
A primeira coisa que viu foi um cadáver sem cabeça, no centro do cômodo, o sangue já havia formado uma poça em baixo dele, o corte no pescoço era limpo e sem falhas.
Julgando pelas roupas caras, ele deduziu ser Donavan.
Depois, ele notou a menina na cama, que o encarava com curiosidade nas íris grandes e roxas, as costas esticadas, em alerta, uma cabeça repousando em seu colo.
Com os anos de experiência, ele soube controlar o choque e a repulsa diante das dificuldades, mas sentiu um pouco de dificuldade de não se sentir abalado ao ver isso. Afinal, era uma criança ali.
Ela era uma espécie de escrava dele? Provavelmente.
O assassino resolveu poupá-la e tudo que ela pode fazer foi 'acolher' seu proprietário?


— O irmão não falou de alguém como você. — Ela falou, sem se mover. — Ele disse que haveria  a trupe da espada, os números, cavaleiros  e o rei para derrubar... ah, já sei! — Ela jogou a cabeça para o lado. — Você é o coringa? 


Nobunaga franziu a testa.
" Cartas... elas está usando termos de cartas. Os guardas de fora era as espadas comuns, números, os guardas pessoais os cavaleiros, então Donavan era o rei. Seguindo por essa ordem, ela é o assassino e está aqui por ordens desse irmão. "


— Lamento, mas não sou amigo deles. — Resolveu dizer.


Ela piscou algumas vezes, antes de se levantar, olhando para a cabeça com um leve desprezo.


— Entendo. Você está de passagem? — Inclinou a cabeça para o lado.


— Pode-se dizer que sim. — O espadachim ouviu passos pararem por trás e ergueu a mão rapidamente para Feitan que parecia prestes a atacar a criança.


Vendo o sinal de seu colega, o homem mais baixo assumiu uma posição neutra, franzindo a testa para a criança que acabara de o notar.


— Hey. — Nobunaga queria se aproximar, mas achou melhor ficar ali, para não incitar desconfiança nela. — Qual é o seu nome?


A menina arregalou os olhos na sua direção, então franziu a testa, como se estivesse prestes a ter um ataque de fúria.
Uma aura violenta emergiu ao seu redor, fazendo Nobunaga e Feitan se prepararem para o que estava por vir.
Tão rápido quanto veio, isso se dissipou, com uma luz azul nas suas íris.


— Nome? Eu não preciso de um. — Ela sorriu, quase doentiamente doce.


— É mesmo...? 


Manipulação. " Foi o que eles pensaram ao se entre olharem.


— Ouvi você falar sobre seu irmão. Ele estará aqui em breve?


Uma outra vez, seus olhos mudaram de cor para o azul, quase se tornando neon.


— Meu grande irmão é maravilhoso! — Ela não respondeu.


" Vai ser assim? " Feitan se aproximou de Nobunaga, ignorando o olhar severo que o homem mais velho lhe lançou.


— Não vamos atacar você. Ele nos devia algo e viemos buscar. — Explicou, passando para o guarda-roupa, consequentemente lhe dando as costas.


Seus olhos voltaram ao normal depois dessa afirmação, qualquer vestígio de Nen sumira.
" Comandos básicos e perguntas desencadeiam alguma reação nesse Nen. Ela nem percebe que está sendo manipulada. Tudo o que ela sabe é que viram buscá-la em breve. Temos que nos apressar. "
Eles começaram a vasculhar o quarto, enquanto ela se jogou de volta na cama, encarando o teto.
Não é a primeira vez que ela ajuda seu irmão com suas coisas, apesar dela não entender o porque disso tudo. No entanto, ela nunca conheceu ninguém durante essas viagens e ela estava muito curiosa sobre essas pessoas, mas toda a energia ao redor deles pedia que ela não os questionasse demais.


— Hey. — Nobunaga disse depois de um tempo de não encontrar nada. — O nome, Zoldycks é familiar pra você? — Ele não pode evitar.


Ele não costuma a se meter na vida dos outros, mas essa menina conseguiu aguçar sua curiosidade.
Como ela enfrentou tantos guardas sem ser gravemente ferida, ele suspeitava que ela fizesse parte daquela família tão secreta.
Faria sentido deles plantarem algo sobre ela para que ela não revelasse informação alguma.


— Não.


Seus olhos não mudaram.
Foi uma resposta verdadeira e que não demandava nenhuma importância para o nen imposto no seu corpo.


— Não está aqui. — Feitan murmurou, se retirando, não interessado nas informações da menina.


— Vocês querem isso? 


De baixo do grande travesseiro intocado, ela puxou uma joia delicada e reluzente um tesouro arquelógico que sumira do museu há algumas semanas que estava sob posse de Donavan a todo esse momento e que valia tanto quanto uma licença Hunter no mercado negro.


— ... Só pode ser brincadeira... — O homem mais novo estava começando a se irritar.


— Oh, irmãzinha. — Uma voz brincalhona soou atrás deles. 


Um homem esbelto e alto os encarava, a aura furiosa que eles presenciaram na menina antes, esbanjava de seu corpo em grande quantidade.
Ele sorria, sadicamente, um plano passava por sua mente, enquanto seus olhos vermelhos fitavam os desconhecidos com desprezo.


— Você é tão preciosa! Manteve isso guardado para mim?


— Mano! — Ela saltou da cama, prendendo o espelho contra o peito. — Não mesmo! Estava ali o tempo todo.


Feitan estremeceu.
" O tempo todo... "
Eles reviraram a maldita casa esse tempo todo e o espelho estava de baixo dos travesseiros.
O tempo todo...


— Não brinca comigo... — Bufou, seu Nen tornando-se mais espesso.


— Sério!? Aqui!? — Nobunaga gritou, mas ele não lhe deu ouvidos, enquanto falava coisas sem sentido em outra língua.


O homem percebeu que algo ruim estava prestes a acontecer.
A aura daquele homem gritava 'morte'.
" O poder da menina não será o suficiente pra isso. " Ele lambeu os lábios, os olhos se estreitando. " Pra enfrentar esse cara eu preciso de alguém diferente. E eu achava que não encontraria ninguém tão útil quanto essa menina. " Ele suspirou internamente. Ele gostava dela. " Seria melhor fugir... Mas, eu realmente preciso pegar esse espelho. Neste caso..."


— Irmãzinha, essa vai ser nossa última brincadeira. Joga aqui! — Assumindo a pose de um agarrador, ele esperou pelo objeto.


" Vou usar sua força mais uma vez! "


— Ok! Toma essa!


Sua condição foi ativada.
Merda! " Nobunaga pensou.
A manipulação agiu, deixando suas íris vermelhas e ela jogou o espelho como se fosse uma bola, viajando em alta velocidade entre os ladrões, mas sendo segurado facilmente pelo homem mais novo que, com um sorriso, fugiu.
Nobunaga congelou.
Ele havia colocado a mão na frente do objeto e tinha certeza de que iria pará-lo... mas, o espelho passou por ele.
Por entre seus dedos, sua pele, carne e ossos e ele não sentiu nada.
Foi como se um véu de seda gélida o envolvesse e o frio se espalhasse por seu sangue.
Quando ele olhou para o homem, perseguindo-o com En, ele viu que sumira completamente da propriedade.
" Não pode ser... "


— Ah... Mano! A brincadeira já acabou? Eu venci? — Ela andou até Nobunaga. — E o que aconteceu com ele?


Feitan estava possesso, mas fazia de tudo para conter sua raiva.
Ele também vira o que aconteceu e isso o apaziguou o suficiente para o autocontrole.


— Ele... vai ficar bem. — Nobunaga olhou de sua mão para a menina, resolvendo arriscar. — Então... qual é mesmo o seu nome?


— Hm? Eu não te falei antes? — Ele negou com um aceno de cabeça paciente. — Ah. Desculpe por isso, tio. — Nobunaga estremeceu, mas não disse nada.  — Me chamam de Ume. Muito prazer!


Todo o nen se fora.
A menina de olhos roxos vinha de uma aldeia velha, nos limites da fronteira do desconhecido.
Era protegida por enormes montanhas, difíceis de escalar e habitadas por animais e bestas extremamente mortíferas.
Seu clã estava praticamente extinto, o lugar era formado principalmente por ruínas e restos mortais, mas aqueles que puderam sobreviver se tornaram fortes.
Inconscientemente despertando seus nen, lutando e matando a fim de garantir a sobrevivência da próxima geração.
No entanto, toda árvore tem seu fruto podre.
Gero era seu nome e ele era da geração mais jovem, ao lado da sua 'irmãzinha' de clã, Ume.
O jovem de olhos vermelhos desenvolveu uma espécie de ambição: ele achava-se estar no topo, acima de todos ao seu redor.
Sua ambição só aumentou ao conhecer as pessoas que ultrapassaram as montanhas para chegar até eles, aquele pequeno grupo de Hunters...
Logo depois de desenvolver sua habilidade, ele resolveu abandonar sua aldeia, indo embora com esses homens e levando sua irmã consigo.
Seu objetivo com a sua irmã era muito simples: controla-la.
Ele o fez desde tenra idade, convencendo-a de que sabia o que era melhor para ela.
Depois, quando ele , num ato de desespero, resolveu usar seu poder nela para que ela pudesse salvá-lo, ele conseguiu acesso ao nen que ela não havia desenvolvido ainda.
Verdade seja dita, ele temeu seu poder mais que tudo.
Mas, ela não conseguia usá-lo por vontade própria.
Ele não entendia o motivo e pouco lhe importava, havia uma chance daquele poder ser resultado da sua habilidade, mas ele não ligava pra isso, desde que lhe fosse útil.
Para ativar seu poder, ele precisava que o controlado oferecesse sua vida para ele e que perdesse sua identidade, era a condição como manipulador.
Então, Ume passou-se a se chamar 'fantasma', a irmãzinha do 'grande irmão'.
Mas, uma situação imprevista aconteceu.
Pessoas que poderia superar o poder de Fantasma estavam no seu caminho.
Se ele não entregasse aquele espelho a pessoa que tinha sua vida na mão, ele estaria acabado.
Também, ele não se importava com o que pudesse acontecer com ela.
E foi assim que ele a abandonou a própria sorte, com as memórias corrompidas e o nen enfraquecido.
A pobre Ume não fazia ideia do que estava acontecendo, mas ela, ao olhar para os rostos daqueles estranhos, percebia, aos poucos que seu grande irmão a abandonara.
Para seu clã a fuga e o abandono são imperdoáveis.
Seu pequeno corpo se encheu de fúria e ela cerrou os punhos.
" Como ele pode fazer isso comigo ? " Ela pensou.
Mas, sua fúria apenas acabou com sua energia restante e, sem que se desse conta, ela perdeu a consciência.
Nobunaga suspirou, olhando do espaço vazio ao seu lado, para a menina caída no chão.
Se companheiro mais novo saiu atrás do homem assim que ela caíra, mas ele sabia que seria uma corrida inútil.
Ele viu o sangue se espalhar rapidamente e não pensou duas vezes ao pegá-la e correr com o corpo enfraquecido até sua companheira de cabelos rosa.
De fato, ele nem pensou na possibilidade dela lhe negar ajuda. Ele não pensou.
Mas, ele resolveu consigo mesmo:
" Vou curá-la e então deixa-la em qualquer lugar. "
Porque esse ladrão se preocupou em salvar essa criança, a quem ele não deve nada?
Simplesmente, por compaixão.
O espadachim já se encontrou em estado semelhante: 


Ferido, faminto, abandonado...


Ele já passou por tudo isso que essa criança estava passando.
Não ia doer fazer alguma coisa boa pra variar.
Quando Ume acordou, ela se lembrava de pouco.
Lembrava-se da saída da aldeia, da fome que sentira, das silhuetas que vira e da raiva, principalmente da raiva.
Mas, ela não sabia ao certo qual era o motivo da sua raiva.
Sabia que havia saído com seu irmão e que agora ele não estava mais ao seu lado.
Algo havia lhe acontecido?
Ela não conseguia lembrar.
Por isso, ela resolveu que era seu dever encontrá-lo.
" Não importa o que ... "



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Autor(a): moonbiscuit

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Atenção: Essa fanfic contém spoilers do anime/mangá HunterxHunter.Boa leitura!   Nen ( Força Mental) é uma técnica que permite um ser vivo usar e manipular seu próprio fluxo de energia vital (conhecida como aura). O termo "Nen" também pode ser usado para se referir à aura. Com o Ne ...



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