Fanfics Brasil - conversas no meio da noite Descobrir - PORTIÑON

Fanfic: Descobrir - PORTIÑON | Tema: Rebelde


Capítulo: conversas no meio da noite

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Já era 2h da manhã e Roberta continuava acordada. Tantas e tantas perguntas rodeavam sua mente naquele instante. Não se sentia mais ela mesma. Parecia que estava pensando com a cabeça da Colucci. E só de mencionar o nome dela em pensamentos, se sentia cada vez mais perdida.


Se revirava na cama. Colocou o cobertor sobre a cabeça para ver se diminuia o volume das vozes que ecoavam ali, tirou o cobertor por sentir um calor infernar, mas depois sentiu frio e se cobriu por inteira.


O sorriso, trejeitos, aquela estrelinha na testa... se pudesse gritaria "MIA COLUCCI" numa tentativa de fazer aqueles cabelos loiros, muito bem retocados, sumirem da sua mente.


Todo seu movimento acordou Josy Luján, que não tinha um sono muito pesado e parecia poder ouvir as engrenagens cerebrais da melhor amiga trabalhando intensamente. Se levantou calma não querendo acordar Lupita, e se aproximou da cama da ruiva, tirando o cobertor e o travesseiro de cima dela e se ajoelhando ao lado.


− O que 'tá acontecendo, Roberta? Não para de se revirar nessa cama, não 'tô conseguindo dormir. - Não estava verdadeiramente irritada com a amiga, só queria entender o que acontecia.


Muita coisa tinha mudado nos últimos dias. A descoberta para Roberta de que seu pai não era seu pai, e sim o professor Reverte, a mentira da sua mãe - que em partes não teve culpa alguma e agora a ruiva conseguia entender isso, mesmo que a mágoa e seu orgulho estivessem em primeiro lugar. Sem falar a mudança total de visual, cortando parte do cabelo, vivendo de tranças e maquiagens escuras.


− Não quero falar sobre isso, Josy. Por favor.


− Tem alguma coisa te incomodando e eu quero saber o que é, amiga. Apenas para te ajudar. Tem a ver com o seu pai? Sua mãe? Fala comigo, não gosto de te ver agoniada assim.


Por fim, Roberta se sentou na cama, toda descabelada, mas não se importou por ser Luján ali. Se fosse outra pessoa, uma loira, ela se importaria em arrumar os cabelos. Deu espaço para a amiga sentar-se na cama, de frente para ela, e começou a chorar quietinha. Não era um choro dolorido, como quando descobriu a verdade, mas de alívio, por saber que podia contar com alguém.


− Josy, eu acho que estou gostando de alguém. − A outra ouviu isso e riu. Óbvio que era aquele infeliz do Diego, fez sua amiga sofrer tanto, se humilhou diversas vezes por ele, para no final ela ainda estar apaixonada por uma pessoa tão ruim.


− Roberta, você tem que esquecer esse riquinho. Ele não serve 'pra você, te humilhou e fez chorar várias vezes. Você aqui, 'mó deprimida, e cadê ele para te ajudar? Para te estender a mão? Nem como amigo seu ele serve.


A ruiva acharia mais fácil se fosse Diego Bustamante o dono de seus pensamentos. Viveram como cão e gato por 1 ano e meio, trocavam beijos ali e aqui, foi enganada por conta de uma aposta, chegou a ouvir que era descartável e substituível dos lábios do garoto que tanto amou. Tudo bem que também dava suas retrucadas, mas ouvir sempre os gritos dele a machucavam muito. As vinganças um contra o outro tinham parado há muito tempo, mas a última, em que ele a prendeu no quarto, prensou nas escadas e forçou um beijo a assustou de verdade. Preferiu manter distância depois disso, não só dele, como da Assembleia dos Estudantes também. Era melhor assim.


− Não é ele, Josy. − A morena se assustou, arregalou os olhos não conseguindo fingir normalidade diante da notícia. Estava verdadeiramente assustada. − É outra pessoa, na verdade, acho que estou gostando dessa pessoa há um bom tempo sem nem perceber.


− E você quer falar comigo sobre isso? Sabe que, desde que não seja um Giovanni ou um Xavier, eu aguento qualquer coisa. − Não se contiveram e soltaram risadas baixas para não acordar a outra amiga. Obviamente esses dois passavam longe, na verdade, nem se quer passavam na cabeça de Roberta. A ruiva suspirou 2 vezes, parecia difícil contar aquilo para alguém, e mesmo que fosse sua melhor amiga ali, sua companheira de alma, era um segredo que não esperava ter que contar tão cedo. Há anos estava entalado na garganta, e quem sabe essa era realmente a hora de contar.


− Josy, eu gosto de meninos... Assim como gosto de meninas. − Pronto, estava dito. O coração da Pardo poderia ser ouvido a quilômetros de distância, a dor da rejeição estava próxima e era quase palpável. Fechou os olhos para não ver a reação da amiga. Se ajeitou na cama, sentou direito com as pernas cruzadas, e suspirou novamente. Abaixou a cabeça e esperou por longos segundos uma resposta.


− Roberta Alexandra, acha mesmo que eu poderia virar as costas 'pra você depois de tudo que passamos juntas? Isso não me assusta, olha nossa idade, tão comum nos descobrirmos nessa época. Acho que fico triste por você não ter me contado antes.


De todas as reações possíveis, essa era a que a ruiva tanto necessitava. Conviveu por tanto tempo com aquele segredo, tudo bem que não era o único, mas com certeza o mais importante. Não se falava muito sobre essas sexualidades, mas chegar ao entendimento de se sentir atraída por homens e mulheres foi complicado, se negando o tempo todo, principalmente por uma loira rondar os seus sonhos mais molhados. Era loucura.


- Obrigada, Luján. De verdade. – A abraçou, sem conter a emoção de ser aceita. − Isso me alivia tanto, sei que escolhi as amigas certas, e mesmo que seja difícil contar para a Lupita, farei isso assim que ela acordar e nos arrumarmos para as aulas. Se for para ter uma rejeição dela, que seja logo cedo.


- Não acho que a Lupe encanaria com isso, mesmo com a religiosidade dela. Ela é uma pessoa sensata, a mais cabeça de nós duas. Ela vai te entender, Roberta. - As duas deram as mãos, como uma promessa silenciosa. Não seria uma sexualidade que abalaria o contato ou a intimidade delas. - Mas pelo que me lembro bem, você disse estar apaixonada. - A ruiva travou, até Josy conseguiu sentir a mão da amiga começar a soar de nervoso. - Você quer me dizer quem é?


− Eu não sei, Josy... percebi que tenho mais medo de revelar de quem estou gostando do que revelar o que eu gosto. − As duas deram risadas mínimas pelo nervoso de Roberta. Bom, poderia ser qualquer garota do colégio, Celina, Vicky, Pilar, Lola... Essa última era bem provável já que quase sempre via as duas juntinhas.


− Que tal eu tentar adivinhar e você me diz se estou perto ou longe? - Quis tentar descontrair esse momento tenso que se instalou entre as duas.


− Pode ser, então. - Soltou as mãos da amiga e as deixou em seu colo, brincando levemente com os dedos.


− É a Lola? - Sussurrou ainda mais baixo por se tratar da irmã de Lupita. Rapidamente recebeu um aceno de não com a cabeça vindo de Roberta. - Raquel? - Ao invés de receber um não, ganhou um tapa na cabeça. Óbvio que não. - Ok, entendi... vamos ver... Celina? - Negou novamente. - Sol? - Outro tapa na cabeça. - Caramba, Roberta... Vicky? - Viu a amiga abaixar a cabeça e negar. Estava chegando perto e nem era preciso a confirmação da ruiva para isso. - Só me resta uma pessoa em mente, Roberta. E eu sinceramente, não iria ficar surpresa..., mas é a Colucci? - A outra suspirou, contou até 5 mentalmente, levantou a cabeça e só pelo olhar que as duas trocaram, a confirmação veio. - Você está apaixonada pela Mia?! - A indagação soou um pouquinho alta e Roberta tratou de tapar a boca da amiga com a mão.


− Quieta, Lujan. Pelo amor de Deus. – Era demais para a morena aguentar. Logo ela, a loirinha patricinha que se importava mais com os fios de cabelo do que com as pessoas próximas a ela.


− Sem querer ofender, mas você é muito mais esperta que isso Roberta. Estou achando o Diego um anjo perto da Mia.


Sem se controlar, a ruiva começou a defender sua "paixãozinha":


− Está louca, Josy? Mia é muito mais sensata e sensível que qualquer garoto que eu já me relacionei. Ela passou o maior perrengue com o Miguel durante esses anos, aprendeu muito com isso. E mesmo que tivéssemos nossas briguinhas bobas, a única coisa que eu conseguia criticar nela era a falta de cérebro, mas nunca realmente achei aquilo. Mia é muito esperta sim, o problema dela é ser sentimental. Mas olha eu, aqui, me revirando na cama há dias apenas pensando nela. Acho que nós duas nos tornamos sentimentais demais.


− Tá bom, adorei seu monólogo defendendo a Colucci, mas esqueceu tudo que ela te fez passar começo do ano passado? Toda aquela história de "cafona" e "mudar seu visual", até sua mãe ela já ofendeu, Roberta.


− Tudo isso é passado, Josy. Ela é completamente diferente agora, adora a minha mãe, não tenta mais impor suas roupinhas chiques em mim e do jeito que estamos próximas, acho que se eu voltasse com meu cabelo escuro e mechas, ela acharia bonito. – Sorriu ao falar a última frase tendo certeza. Mia ainda conseguia ser mesquinha em alguns momentos, mas era tão raro. O relacionamento entre as duas melhorou muito, e Miguel, querendo ou não, na dor e nos sorrisos, fez com que ela amadurecesse.


− Caramba, Roberta. Você tá gostando mesmo dela. Seu olho chega a brilhar e esse sorrisinho não engana ninguém.


− Eu só não consigo esquecer, esse é meu problema. Eu fecho meus olhos e me vem momentos dela na cabeça, nenhum deles é romântico, mas meu coração deseja que seja, entende?


Claro que entendia, passava pela mesma situação com Téo, a traição do outro ainda lhe doía, mas pensava nele constantemente. Era como um vício. E entendeu que a amiga passava pela mesma coisa.


− Amiga, quando notou que poderia estar sentindo algo mais? Foi o mesmo que o Diego?


− Não, não. Com o Diego eu fui arrebatada, invadida de sentimentos do dia 'pra noite. Só consegui notar que o amava quando ele fez aquela despedida linda para mim no porão dos ensaios. Mas depois, tudo o que ele me disse quando voltei de viagem... até hoje não esqueço uma só palavra. E depois veio a aposta... sinceramente, não sei como pude gostar de alguém tão horrível assim... gritava o tempo todo comigo, me humilhou boa parte do primeiro ano, quando eu apenas queria ajudar. – Abaixou a cabeça novamente, não se sentia bem lembrando isso, e como uma boa amiga, Josy notou e começou a acariciar o cabelo de Roberta.


− Mas agora é diferente, não é? O que sente com a Mia? – Como era desconfortável falar o primeiro nome daquela garota, não odiava ela, mas não gostava também.


− Foi gradativamente. Eu primeiramente me senti atraída naquele desfile organizado pela Sol. Ela apareceu do nada, usando aquela saia e aquele top lindos, cheia de brilho. A vi como se fosse o sol, me segurei para não ir falar com ela depois. Sabe o sentimento de, não querer tocar naquela obra de arte? Foi isso que senti. – Josy estava assustada, mais do que quando descobriu quem era a paixão de sua amiga. O jeito de falar, os olhos brilhando, o nervosismo que era notável pelo fato de Roberta não parar de mexer as mãos. – Depois eu descobri que ela e Miguel voltaram. Tentei deixar pra lá de todas as maneiras possíveis, Josy, eu tentei, eu juro. Mas fomos nos tornando mais próximas. E agora, com tudo isso da traição e o lance da minha mãe, parece que somos inseparáveis. Que nada pode nos impedir de sentir o que sentimos.


− Então era por isso que preferia estar com ela, do que comigo? – Era um verdadeiro desencargo de consciência. Luján se sentia excluída e só tinha Lupita nos últimos dias, mas agora conseguia entender. Era paixão, e nada poderia mudar isso. Mia Colucci não fazia o tipo de intencionalmente magoar alguém. Não mais.


− Josy, eu sinto muito, de verdade. É que estamos passando por situações tão parecidas, eu consolo ela e ela me consola. Ficar perto dela nesses tempos e nessas condições estão difíceis. Tudo que eu queria era moer o Miguel na porrada e ir abraçar ela, dizer que tudo ficará bem, mesmo isso não sendo uma certeza e estando fora do meu alcance.


Olhou para o lado e viu que já era 3h da manhã. Precisaria acordar cedo para as aulas e seu novo 'look' levava um bom tempo de preparo.


− Podemos continuar essa conversa amanhã? – Josy logo entendeu e concordou. Deu um abraço longo na amiga, sussurrou que estaria sempre ali com ela, e foi para sua cama. As duas dormiram rapidamente, cada uma com um pensamento diferente. A ruiva ainda pensava naqueles olhos azuis, que andavam tão tristes. E a morena só se questionava em como tudo aquilo iria acabar. 



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Autor(a): rbdplatina

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Mia acordou exatamente as 8h, mas desejaria continuar na cama. Ainda dividia o quarto com Vicky e Celina, e mesmo tendo perdoado, não conseguia esquecer a traição das pessoas que tanto chamou de "melhores amigas". Tirou o protetor dos olhos, passou a mão nos cabelos – ainda estava traumatizada pela vez que a Polly Pocket passou cola nos fios ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • tammyuckermann Postado em 03/07/2021 - 00:59:42

    Achei essa fic hoje… não creio que vc abandonou :( queria tanto continuar lendo, o enredo tá ótimo

  • candy1896 Postado em 30/07/2020 - 18:31:56

    Continuaa

  • candy1896 Postado em 25/07/2020 - 22:07:06

    Continuaa

  • siempreportinon Postado em 24/07/2020 - 10:51:18

    Já gostei! Continua


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