Fanfic: Descobrir - PORTIÑON | Tema: Rebelde
Mia acordou exatamente as 8h, mas desejaria continuar na cama. Ainda dividia o quarto com Vicky e Celina, e mesmo tendo perdoado, não conseguia esquecer a traição das pessoas que tanto chamou de "melhores amigas". Tirou o protetor dos olhos, passou a mão nos cabelos – ainda estava traumatizada pela vez que a Polly Pocket passou cola nos fios dourados –, subiu as escadas, foi ao banheiro e só naquele momento percebeu que era a única do dormitório que já tinha despertado. "Com sorte consigo ser a primeira a sair." Foi o que pensou.
Tomou um longo banho, lavou os longos cabelos loiros, usou seu shampoo francês para hidratar os fios e se segurou para não chorar enquanto imagens de Miguel passavam pela sua cabeça, mas de forma inusitada, também pensou em Roberta. A irmandade e amizade que as duas estavam criando nos últimos dias era um tanto inusitada. Percebia que era mais fácil estar perto da ruiva, abraçá-la e consolá-la quando necessário, ainda que se considerasse uma pessoa um pouco egoísta.
"Olha, você baixa sua bola 'tá? Você não é o centro do mundo, você não compreende isso? Além disso tem meninas muito mais lindas, menos frívolas e vazias como você."
Um ano tinha se passado e Mia ainda lembrava exatamente das palavras do, agora, ex-namorado. A forma que ele gritou, agarrou seus braços e lhe roubou um beijo. Achava tão lindo na época, e agora conseguia sentir apenas nojo. Como conseguiu se enganar tanto? Amou Miguel com todas as suas forças, deu tudo o que podia 'pra ele, e sempre foi recompensada com o pior.
Mas isso não importava agora. Saiu do banho, se enrolou numa toalha, sentou-se em frente da penteadeira e começou a aplicar seus cremes faciais. Percebeu que as outras duas começavam a acordar e ignorou. Não diria bom dia, apenas responderia o básico e seguiria para suas aulas. Secou o cabelo, passou a chapinha, abriu sua gaveta onde guardava suas estrelinhas por cores. Pensando no uniforme e em seu humor, colocou uma verde na testa. Arrumou novamente a franja para cobrir pouco seu acessório. Se encaminhou até o grande guarda-roupa, abriu sua parte e retirou o uniforme muito bem passado e arrumado. Se dirigiu novamente ao banheiro e se trocou, deixando para por as botas lá embaixo, sentada em sua cama.
Assim que estava pronta, viu Celina e Vicky conversando baixinho no andar de cima. Tinha certeza de que falavam sobre ela, mas decidiu ignorar. Hoje não era dia para estresse. Tinha aulas de economia, literatura e artes a manhã inteira e isso já tirava seu ânimo, só de lembrar que teria que tirar sua estrelinha e o gloss sabor morango que usava. Era a primeira vez que usava o uniforme depois de uma semana na 'deprê, era uma volta e tanto. Nada iria abalar isso. E qualquer coisa, buscaria apoio com a pessoa que mais lhe entendia naquele momento, Roberta Pardo.
Saiu do quarto com os pensamentos completamente embaralhados. A garota tinha mudado completamente o visual, muito mais agressivo do que aquelas mechas laranjas e loiras que odiava, mas que secretamente havia aprendido a gostar. Os fios vermelhos ressaltavam tanto a beleza dela, a pele clara, os olhos castanhos sempre acompanhados de uma maquiagem escura. E agora... tranças, rabo de cavalo e franja longa ornavam aquele rosto tão bonito.
Não conseguia acreditar que um dia quis fazer uma mudança radical na ruiva, o orgulho de Mia sempre foi forte, mas sabia que ela era linda como era. Doidinha e tudo.
Logo chegou ao refeitório e pediu apenas por um suco de laranja sem açúcar e um lanche natural. Ignorou os olhares de pena, deboche e curiosidade. Enquanto se alimentava tentava entender o porquê de isso acontecer depois de tanto tempo. Não aguentava mais. O relacionamento acabou e mesmo que Miguel insistisse em correr atrás dela o tempo todo, ela já tinha dado um fim. Foram incontáveis vezes que o mais velho tentou um contato maior e não conseguiu, muitas vezes público, então por que ainda estavam curiosos sobre aquilo?
Ao finalizar a refeição, se encaminhou para seu armário e retirou os livros de economia que seriam necessários para aquele semestre. Estava torcendo para que Miguel não viesse com mais uma de suas desculpas ou tentativas de conversa, não aguentava mais. Felizmente conseguiu chegar à sala de aula que já estava um pouco cheia, e automaticamente seus olhos desviaram para a fileira ao lado da porta, onde na terceira cadeira se encontrava Roberta. Ainda toda maquiada, com tranças e o rabo de cavalo. Cruzaram olhares e foi impossível segurar um sorriso. A outra devolveu um mais aberto e com os olhos tentou perguntar se estava tudo bem, se precisava de algo ou algum suporte emocional. Mia apenas assentiu com a cabeça e se sentou na primeira carteira, como sempre. Aquilo estava tão esquisito.
Ligou o notebook, abriu o livro e tentou se concentrar no resumo que fez na aula passada, mas não conseguia. De minuto em minuto virava a cabeça para tentar encontrar o mesmo olhar acolhedor de minutos atrás, mas viu que a ruiva estava entretida numa conversa com Josy, então deixou pra lá.
Empenhou-se em se manter concentrada, principalmente quando o professor chegou. Uma hora de aula sobre a História da Economia e Mia já estava cansada, e prestes a pedir a ir ao banheiro, o sinal tocou, indicando um intervalo de 10 minutos. Tempo suficiente para ela ir ao banheiro, tirar a estrelinha e o brilho labial.
Percebeu que Roberta também se levantou e, em silencio, seguiram juntas ao banheiro feminino. Notou que a outra tinha uma pequena bolsa, como uma necessaire, e já imaginou que ali continha lenços e um demaquilante.
Ao chegarem, ficaram em frente ao grande espelho se encarando e sorrindo, Roberta abriu a bolsinha e tirou dali lenços e o demaquilante. "Bem como eu imaginei" pensou Mia.
− Quer emprestado, Barbie? – O tom irônico e provocativo não tinha mais o mesmo objetivo de irritá-la, mas era como um apelido carinhoso agora.
− Nem preciso de muito, veja. – Se virou para a ruiva, tirando a franja da testa e mostrando a estrelinha verde – Vou apenas tirar e limpar o gloss. Posso guardar minha estrela na sua necessaire? Só para não amassar.
Mia não notou, mas se aproximou tanto da outra, que se Roberta se concentrasse poderia sentir o hálito de menta da amiga. Suspirou e apenas assentiu com a cabeça.
− Vai tirar toda a maquiagem? Vai ficar bem diferente. – Mia tentou quebrar o gelo que se seguiu depois de Roberta lhe emprestar o lenço para retirar o brilho labial. – Não que você fique feia, jamais. Mas é diferente.
Roberta tentou se segurar ao máximo, jurou pela sua mãezinha, por Deus, pelas suas amizades, mas não conseguiu.
− É um diferente bom, pelo menos? – Se virou e a loira percebeu que os olhos já estavam limpos. Respirou fundo e sentiu seu coração acelerar, o que era aquilo? Se afastou e deu uma tossida falsa. E em meio a tudo isso, não conseguiu desviar seu olhar da outra. Parecia magnetismo, Roberta era linda com e sem maquiagem, não conseguia negar aquilo para si mesma. O cabelo ainda estava todo desfiado e picotado, mas nem isso conseguiu desviar a atenção de Mia dos olhos da ruiva. Tão bonitos, limpos e de um castanho tão intensos. Tinha certeza de que Roberta estava desnudando até sua alma com aquele olhar.
− Mudanças podem ser boas ou ruins. – Desviou o assunto, voltando a se olhar no espelho e alisando o cabelo com as mãos – Sabia que, quando você mudou de visual, eu estranhei, mas... Agora parece ser apenas uma parte de você.
− Parte de mim? – Fez uma cara confusa, também se voltando ao espelho para continuar a retirar a maquiagem – Como assim?
− Como todos, você tem seus humores e, às vezes, eles refletem em como nos vestimos ou na cor dos cabelos. Igual quando pintou seu cabelo de ruivo.
− Ah, entendi, - deu uma pausa e riu – você deve ter ficado feliz quando tirei aquelas mechas laranjas do cabelo, não é? Uma vez Barbie, sempre Barbie. – Ainda estava rindo enquanto tirava o batom vermelho escuro.
- Ei, claro que não – o riso da ruiva era tão contagiante que não se segurou, acabando por rir também – Já tinha me acostumado. E, de qualquer forma, você é linda, não importa a cor do cabelo.
Aquela frase mexeu com Roberta. Suspirou e continuou tirando a maquiagem, Mia jurava ter dito algo errado, mas se enganou quando a menor virou para si e lhe observou com um olhar tão carinhoso que acalentava seu coração ainda acelerado. Chegou mais perto da loira, guardou tudo na necessaire e levantou a cabeça novamente, encarando mais de perto.
− Pode não ser tão importante para você, mas... Ninguém nunca tinha dito algo assim para mim. Diego, Joaquim, Xavier... Nenhum deles me disse que sou linda independente da cor do meu cabelo.
Era certo que Mia Colucci teria um dos seus famosos desmaios se não fosse suas mãos apoiadas na bancada do banheiro. Roberta sendo carinhosa, amiga... e agora desabafando com ela o que parecia ser um segredo. O que era aquilo, afinal? Não estava entendendo nada, e com nada poderia incluir: suas mãos suando, pernas tremendo, coração acelerado e as famosas borboletas no estômago que sentia apenas com Miguel. Precisava falar alguma coisa, qualquer coisa.
− São homens, eles não apreciam a beleza diante deles. – Caramba, podia ser pior? Mais uma vez admitindo em voz alta que Roberta Alexandra Pardo era linda. Mas não estava mentindo, apenas reparando demais na sua amiga/inimiga de longa data.
Roberta por outro lado só faltava pular de alegria, a mulher que estava apaixonada admitindo sentimentos. Ok, não eram sentimentos propriamente ditos, mas mesmo assim. Disse que lhe achava linda, e que outros não conseguiam enxergar isso, mas ela sim. Mia lhe achava linda, com ou sem maquiagem. Com as mechas no cabelo ou sem, ruiva ou com o cabelo todo picotado. Ela ainda lhe achava linda.
− Acho que precisamos voltar a sala de aula, já deve ter passado os 10 minutos. – A ruiva disse e Mia se assustou. Já tinha levado uma baita bronca da professora no começo do ano, não queria outra.
Correram juntas para a sala e por sorte, professora Julia ainda estava entrando, e não viu mal algum em deixar as meninas entrarem também, já que era visível que elas estavam se aprontando para sua aula.
Cada uma foi para o seu lugar ainda revivendo a cena do banheiro.
Estava tão distraída que nem percebeu os gritos, reclamações e a leitura da professora Julia. Apenas pensava naqueles olhos azuis, ainda tristes, mas que pareciam estar melhores. A franjinha toda desarrumada depois de tirar a estrelinha e o cabelo loiro, comprido e cheiroso que Mia sempre estava tocando para arrumar. Como conseguiu se apaixonar por uma mulher que era completamente oposta a si? Quem sabe o ditado "Amor e ódio andam lado a lado" seja verdade.
Lembrou quando ouviu de alguém, lá no começo do 4° ano, que separadas eram incríveis, mas juntas seriam imbatíveis. Se fossem namoradas, seriam imbatíveis mesmo? Já realizaram diversos planos juntas, e mesmo tentando diminuir a loira, ela continuava ali, dando ideias. E tudo no final dava certo.
Autor(a): rbdplatina
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A aula de artes tinha acabado de terminar, os alunos foram saindo pouco a pouco, e só restou o grupo RBD na sala já que Diego disse que teria algo de muito importante para comunicar. − Aproveitando que já estamos todos juntos, quero dizer que a RBD... Saí em turnê! – Na mesma hora Giovanni correu até ele e come&cc ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
tammyuckermann Postado em 03/07/2021 - 00:59:42
Achei essa fic hoje… não creio que vc abandonou :( queria tanto continuar lendo, o enredo tá ótimo
-
candy1896 Postado em 30/07/2020 - 18:31:56
Continuaa
-
candy1896 Postado em 25/07/2020 - 22:07:06
Continuaa
-
siempreportinon Postado em 24/07/2020 - 10:51:18
Já gostei! Continua