Fanfic: A Esposa Virgem (Delena - Adaptação) 2ª temporada | Tema: Delena, Vondy, Romance

A música tinha terminado e as pessoas pediam para jogar “O Cego Encapuzado”. A confusão de Elena era evidente. Ele deu-se conta de que, no convento, ela não tivera a oportunidade de aprender tais coisas. Inclinou-se para ela e sentiu-lhe o perfume. Assustado, quase se afastou.

Damon: Não passa de uma brincadeira. A pessoa, com um capuz na cabeça, tem de encontrar uma outra - explicou ele.

Elena: Mas eles falam de uma prenda, de um beijo - disse Elena.

Damon: Não se preocupe, freirinha. Ninguém irá tocá-la exceto eu.

A promessa a fez arregalar os olhos e ele sorriu, satisfeito.

Levantando a mão no ar, Damon deu permissão para o jogo. Mas viu-se logo obrigado a ficar em pé, pois um velho cavaleiro o puxava pelo braço.

****: Que tal nosso amo e senhor encontrar a esposa?

Tarde demais, Damon deu-se conta do preço da pró­pria falta de atenção. Não teria aprovado a brincadeira se soubesse que iria participar. Algumas mulheres já forçavam Elena a se levantar e um capuz era enfiado na cabeça dele. Foi levado para o centro do salão onde o fizeram rodopiar várias vezes.

Apesar do vinho ingerido, Damon não se desorientou e começou a busca. Ignorando os risinhos de moças empurradas contra ele, movia-se devagar à procura de um perfume conhecido. Ao senti-lo, pensou em flores do campo, e em cabelos castanhos. Embora uma outra moça lhe interceptasse os passos, ele desviou-se e, em instantes, tomava Elena nos braços.
Os aplausos ecoaram no ar e ele, impaciente, tirou o capuz. Admirou a criatura alta, elegante, de pele sedosa e curvas graciosas. Os olhos castanhos expressavam aturdimento. Surpresos, eles se fitaram.

****: A prenda! Um beijo, meu senhor! - gritaram as pessoas.

A primeira reação de Damon foi a de não atender o pedido. Mas diante de Elena, de faces coradas e lábios entreabertos como se esperasse o toque dos dele, achou natural satisfazer a vontade das pessoas. Baixou a cabeça.

Roçou os lábios nos seus sem a intenção de prolongar o contato, mas este foi tão inebriante que ele aumentou a pressão. Numa receptividade estonteante, Elena abriu mais a boca e a língua dele a penetrou, provando-lhe a doçura.

Quente. Poderosa. Damon a puxou de encontro ao peito e ela não protestou, mas enlaçou-o pelo pescoço. Dedos o acariciavam na nuca e seios apertavam-se nele enquanto Elena tocava-lhe a língua com a sua. Impaciente e ansioso, Damon percorria suas costas com as mãos até que, um barulho ensurdecedor, o fez levantar a cabeça.

****: Deus salve lorde e lady Salvatore! Que sua descendência prospere para sempre! - os habitantes do castelo gritavam.

Descendência? Damon deu um passo para trás e tirou as mãos do corpo de Elena como se este as queimasse! E na verdade ele sentia-se como se houvesse caminhado pelo fogo. Trêmulo, tentou readquirir a compostura, mas as aclamações continuavam.

As coisas tinham ido longe demais. Ele não estava acostumado a tais demonstrações. Nunca as pessoas haviam se manifestado com tanto entusiasmo em volta dele. Como esperar que elas recebessem a esposa com tanto calor? Percorreu os olhos pelo salão.

Precisava repudiá-la antes que fosse tarde demais. Esse era o momento para anunciar que o sangue de Gilbert lhe corria nas veias. Tratava-se da oportunidade de, publicamente, difamá-la e sentir prazer com sua vergonha. Poderia repudiá-la, humilhá-la e garantir que ninguém mais lhe dirigisse a palavra.

Mas quando Damon contemplou aqueles rostos felizes, orgulhosos e cheios de esperança, algo cedeu em seu íntimo. Pela primeira vez na vida, ele levou em consideração outras pessoas antes de si mesmo. Desde que havia tomado o lugar do pai como senhor de Belvry, nunca tinha posto os habitantes do castelo antes de sua pessoa. Naquele momento, ele o fez, mantendo-se calado.

Segurou Elena pelo pulso e a puxou através do salão rumo à escada. Todos os acompanhavam como se fosse a noite de núpcias. Damon parou e, com um gesto imperioso, os impediu de continuar. Apenas as aclamações ainda se ouviam.

Só quando já estavam no quarto e com a porta trancada, Damon soltou o pulso de Elena. Ela levou as mãos às faces e, com olhar horrorizado, disse:

Elena: Bebi vinho demais.

Ansioso para pôr a culpa do ocorrido nela, Damon retrucou.

Damon: Sem dúvida! Uma freira embriagada e...

Elena: Não estou embriagada e nem sou freira – protestou Elena indignada.

Damon: Noviça, então. De qualquer forma, você desacredita o convento com sua libertinagem.

Elena: Como se atreve? Foi você quem me beijou! Eu não o tocaria nem para salvar minha alma do inferno! - garantiu ela com os olhos fuzilando.

Damon: Pois fez uma boa imitação lá embaixo.

Elena: Agi em consideração às pessoas.

Damon: Diz isso da boca para fora - respondeu ele, mas percebendo estar discutindo como um menino mimado virou-se de costas.

Ainda bem que o pai não podia ouvi-lo. Depois de alguns instantes, disse:

Damon: Vá se deitar no colchão.

Tão perturbado estava com os acontecimentos, que não percebeu uma leve batida na porta. Mas também não suspeitaria que alguém desobedecesse a ordem para não segui-lo.

Entretanto, duas pessoas faziam exatamente isso. Uma inclinava-se com o ouvido grudado na porta e a outra puxava-lhe a túnica.

Alice: E então? - Alice quis saber.

Pasqua endireitou-se e coçou a barba grisalha. Estava perplexo com o comportamento dos senhores de Belvry.

Pasqua: Eles estão brigando de novo. Como cão e gato.

Alice: Depois daquele beijo? Impossível!

Pasqua: Ouça você mesma - sugeriu ele, afastando-se da porta para que a mulher se aproximasse.

Depois de alguns instantes, Alice murmurou:

Alice: Por todos os santos! Nunca imaginei ouvir Damon Salvatore levantar a voz. - Endireitou-se e franziu a testa - Talvez essa gritaria toda seja um bom sinal.

Pasqua: Como assim? - perguntou Pasqua com ar de dúvida.

Alice: Acho que nosso patrão protesta demais, meu querido. Se não gostasse da mulher, ele a trataria com a frieza que dispensa a todos. Mas está alvoroçado desde que a trouxe para cá.

Sem entender a explicação, Pasqua sacudiu a cabeça.

Pasqua: Em minha opinião, o rapaz precisa de uns conselhos sobre os deveres de marido.

Alice: Tem razão. Talvez você pudesse falar com ele explicar certos pontos.

Pasqua: Ah, é? E depois ser atirado na masmorra por causa de minha boa intenção?

Alice: Alguma coisa precisa ser feita. Caso contrário, não vamos ver lady Elena engordar. Já que não posso cuidar da filhinha de Dulce, quero me consolar com a de meu senhor.

Pasqua: Você nunca conseguirá impedi-los de brigar o tempo suficiente para providenciar uma criança. Aposto.

Alice: É mesmo, Pasqua? Pois aceito a aposta.

Eles tinham dado uns poucos passos pelo corredor quando ouviram a porta do quarto abrir e fechar com estrondo. Pasqua pôs um braço protetor sobre os ombros da mulher, mas a silhueta sombria passou por eles sem notar.

A passos largos, Damon rumou para a escada. Alice correu-lhe atrás e Pasqua os acompanhou mais devagar. Chegou ao salão a tempo de ver o senhor de Belvry abrir a porta e sair para a chuva inclemente.

Pasqua: Com todos os diabos! Que tipo de homem deixa uma mulher linda para enfrentar uma tempestade? - murmurou ele.

Curiosamente, Alice sorriu.

Alice: Um homem inquieto, Pasqua. Talvez lorde Damon anseie por encharcar-se a fim de esfriar o ardor.

Do lado de fora do castelo, Damon ergueu o rosto e deixou que a chuva o lavasse. Fria e revigorante, ela lhe clareava a mente confusa e afastava a angústia.

Poucos dias atrás, quando ia para o convento, pensava que tudo estava a seu alcance. Mas agora, graças ao próprio descuido, a vida escapava-lhe do controle. Tinha de tomar cuidado. Uma vez, isso já havia lhe acontecido e ele jurara não reincidir no erro.

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Continua...