Fanfic: A Esposa Virgem (Delena - Adaptação) 2ª temporada | Tema: Delena, Vondy, Romance

Dulce: Ela vive há anos num convento, protegida das maldades do mundo. Deve ignorar tudo a respeito da malícia dos homens e de sua brutalidade. Ai, Christopher, o que acontecerá a ela nas mãos de Damon?

Christopher: Seja otimista, Dulce.

Dulce: Vou tentar e também rezar muito por ela. Que Deus tenha piedade da pobre moça.

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Damon afastou-se de Dunmorrow sem olhar para trás. Nada o prendia lá, mas algo o esperava à frente. Embora fosse um homem destemido, mantinha uma boa escolta para acompanhá-lo em viagens. Parando apenas para pedir indicações sobre o caminho do convento, ele ia em busca da noiva.

Não se preocupava com sua aparência. Ela podia ser velha, jovem, feia ou bonita, o importante era ser do sangue de Gilbert. Ansioso por alcançar o destino, Damon forçava a comitiva a prosseguir depressa. Paciência e disciplina, duas de suas qualidades, estavam esquecidas.

****: Para onde vamos? - perguntou uma voz profunda e melodiosa.

Damon relanceou os olhos para o homem a seu lado. Ele usava uma, túnica larga e longa, pois como vários outros do grupo, desdenhava a cota de malha dos cavaleiros.

Damon: Darius!

Perdido com os pensamentos, Damon não tinha percebido a aproximação do companheiro. Darius tinha a habilidade de aparecer de repente. Era também temido pela precisão de seus golpes. Damon o admirava por essas qualidades que os haviam salvado várias vezes quando guerreavam na Terra Santa.

Apesar de ser também chamado de sírio, Damon não fazia idéia de onde ele nascera. A variada população da Síria contava com gregos, armênios, italianos, judeus, muçulmanos e francos que conviviam com uns poucos germânicos e escandinavos.

O nome Darius era egípcio e Damon podia imaginar o homem alto e moreno como descendente de um faraó poderoso. Ele tinha uma postura nobre e uma autoconfiança que não poderiam ter surgido nas sarjetas. A pele dele era de um dourado profundo, mas clara o suficiente para indicar mistura de sangue. Damon refletia se Darius não seria filho bastardo de algum sultão, ou talvez de um cavaleiro que houvesse violentado uma das mulheres nativas no ardor das cruzadas. Nunca havia perguntado e Darius não oferecera explicações.

Desde o encontro tumultuado dos dois, vários anos antes, eles mantinham um acordo tácito: nada de indagações sobre o passado. Ao voltar para a Bretanha, Damon trouxera o homem, que havia se tomado quase tão chegado quanto um amigo, e lhe passado o mínimo necessário de informações. Eles não haviam prestado juramento algum, não faziam planos para o futuro e não se julgavam mutuamente.

Damon: Estamos indo a um convento. Trata-se de um lugar sagrado para mulheres - explicou Damon.

Darius: As mulheres vivem lá sozinhas?! - perguntou Darius, perplexo com o conceito estranho.

Damon: Vivem. Elas juraram fidelidade a Deus.

Darius: O que vamos fazer lá? Acho curioso que permitam a entrada de homens em tal lugar.

Damon: Estamos indo em busca de uma parenta de meu inimigo, a herdeira de Gilbert. Finalmente, vou poder me vingar, Darius.

Darius: Essa parenta é santa?

Damon: Não, mas vive lá com as que são - respondeu Damon. Percebeu que Darius relaxava a expressão. Embora o companheiro não professasse religião alguma, respeitava os lugares sagrados, tanto os cristãos como os muçulmanos.

Darius: Sei. E o que você pretende fazer com ela? — o sírio quis saber.

Damon não respondeu logo, pois ainda refletia sobre os planos. O futuro, tão vazio até pouco antes, agora oferecia possibilidades sem fim. Oprimido pela morte de Gilbert e pelo vazio dos longos meses seguintes, ele ansiava pela recompensa imediata.

Damon: Vou deixá-la sofrer como Gilbert fez comigo - respondeu finalmente.

Darius: Esvair-se em sangue sob o sol escaldante do deserto?!

Damon ignorou o sarcasmo do companheiro. Não queria se lembrar dos dias tórridos e das noites geladas ao relento. Nem do ano vagaroso de recuperação.

Damon: Não. Vou descobrir do que ela mais gosta e privá-la disso como Gilbert tentou fazer comigo. Também descobrirei o que ela mais teme e a farei enfrentá-lo. Vou atormentá-la e sentirei prazer com isso. Executarei minha vingança.

Fez-se silêncio, mas Damon sentiu o olhar de Darius sobre ele. Sabia que o companheiro tinha profundo respeito pelas mulheres. Provavelmente, ele não lhe aprovava os planos, mas não interferiria.

Por algum tempo, nenhum dos dois falou. Então, Darius baixou o olhar.

Darius: Você vai ao convento para matá-la? - perguntou. Damon sorriu.

Damon: Não. Vou para me casar com ela.

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Damon percebeu a aceleração do pulso, mas não tentou controlá-lo. Haviam cavalgado depressa e alcançado o convento em dez dias saboreava a onda de satisfação enquanto esperava a noiva. A vitória era quase sua! Vitória sobre os demônios que o perseguiam há tanto tempo, que haviam destruído os sonhos de um jovem cavaleiro otimista e mudado seu caminho para sempre. Finalmente, executaria a vingança e, então, talvez voltasse a ser o que era.

Darius estava ao lado e Damon o observou. Como sempre, as feições do companheiro não revelavam nada. Todavia, Damon sentiu-lhe a desaprovação. O sírio não apreciava esquemas que envolvessem mulheres. Ele já ultrapassara os limites ao indagar o que aconteceria depois da vingança. Damon não se dera ao trabalho de responder. A moça seria sua mulher e ele teria muitos anos para exercer a vingança na última descendente de Gilbert.

Ela se chamava Elena. Damon a imaginava como uma versão menor de seu inimigo. Teria cabelos negros e pele desbotada como a do tio. Criada em convento, ela devia ser um tipo delicado e imprestável, refletiu, aborrecido. Só precisava olhar para a mulher que comandava a ordem a fim de confirmar a crença. Pequena e encurvada, ela movia-se com a lentidão da idade. Seria fácil forçar uma pessoa assim a satisfazer suas vontades.

Damon: Quero me casar tão logo ela apareça - disse Damon, escondendo a excitação sob a expressão impassível.

****: Isso é impossível, meu senhor. Padre Goode foi visitar uma irmã enferma e o sacerdote mais próximo está em Litton, a um dia de viagem - informou a abadessa.

Damon abafou uma praga e virou-se para um homem atarracado atrás de Darius.

Damon: Renfred, vá buscar o padre.

Renfred: Sim, senhor.

Damon: Faça-o chegar aqui amanhã.

Renfred: Pois não, meu senhor.

O homem saiu enquanto entravam três freiras.

****: Ah, Elena - a abadessa exclamou acelerando a excitação de Damon.

Mas qual das três seria a noiva? Todas usavam hábitos pretos e toucas brancas. Mantinham o rosto abaixado, o que não permitia ver-lhes as feições. A única diferença era a altura da do meio. Observando-a, Damon surpreendeu-se com seu repentino olhar de curiosidade. As três sentaram-se num banco.

****: Elena, querida, tenho boas notícias para você - informou a abadessa e, mais uma vez, a do meio levantou o olhar vivo.

Certamente a criatura desinibida não era a noiva, pensou Damon. Talvez ela apenas não fosse tão discreta como as outras duas.

A abadessa prosseguiu em voz trêmula:

****: O rei mandou um marido para você.

Damon olhou para a do meio e viu-a encarar a velha freira. Suas feições expressavam dissidência e não submissão. Não se comportava como uma religiosa.

Elena: Não acredito. Por que Edward demonstraria interesse por mim?

Damon mal disfarçou o choque. A criatura alta e rebelde era Elena Gilbert?

****: É verdade, minha querida. O rei mandou a notícia da morte de seu tio e a ordem para você se casar com o barão de Belvry com a finalidade de unir as terras.

A moça passou o olhar por Damon numa avaliação rápida. Sim, Elena, conheça seu senhor e lastime-se, pensou ele encarando-a com ar de triunfo.

Sem piscar, ela enfrentou-o. Devia ter uns dezoito anos, calculou ele. Tinha rosto oval, pele acetinada, nariz pequeno e boca bem delineada. Os olhos, ao contrário dos pretos de Gilbert, eram castanhos e faiscavam. Abruptamente, ela os desviou.

Elena: A senhora sabia disso e não me avisou? - indagou à abadessa.

A voz revelava emoção, mais precisamente, raiva. Teria essa moça, de fato, sido educada num convento?, conjeturou Damon.

****: Ora, Elena - começou a abadessa e as outras duas freiras trocaram um olhar como se esperassem uma cena.

Não ficaram desapontadas, pois Elena levantou-se e interrompeu a superiora:

Elena: Não venha com panos quentes. A senhora recebeu a notícia e não me avisou. Ficou com medo de que eu fugisse e esse janota não lhe pagasse uma boa recompensa? - perguntou apontando o dedo para Damon.

Janota? O insulto feito com tanta naturalidade deixou-o fora de si. Foi preciso um grande esforço para não demonstrar a raiva. Tinha vontade de sacudi-la pelos ombros. Mais tarde, ela pagaria por essas palavras e por muito mais.

As freiras não disfarçaram o olhar horrorizado e a abadessa aproximou-se com olhar apaziguador.

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