Fanfic: A Esposa Virgem (Delena - Adaptação) 2ª temporada | Tema: Delena, Vondy, Romance

Um ruído fez Damon acordar assustado. Ao abrir os olhos e se deparar com a penumbra do quarto, lembrou-se de Elena. Curvou-se sobre ela e viu que continuava respirando.

****: Acalme-se, lorde Damon. Vou ficar com lady Elena enquanto o senhor desce para comer alguma coisa.

Ainda meio sonolento, Damon virou-se e viu Alice abrindo a veneziana para iluminar o quarto. Quando teria ela entrado ali?

E que horas seriam? Ele não se lembrava de quando a noite começara, ou acabara. Agora, raramente deixava o quarto. As horas transformavam-se em dias e estas, em semanas, enquanto a esposa piorava. A luminosidade invadia o quarto. Como o sol podia brilhar? Uma blasfêmia, pensou e amaldiçoou um mundo que seguia em frente enquanto o dele desmoronava.

Alice aproximou-se e parou ao lado da cadeira onde ele se afundava.

Alice: Vá se alimentar, meu senhor. Vou mandar chamar alguém para arrumar o quarto.

Damon não queria comer nada, mas mesmo assim, desceu ao salão. Lá, não suportando os olhares melancólicos dos criados, saiu para o pátio.

Maldição! A frustração o dominava. Tinha sido soldado a vida inteira, cavaleiro e combatente da Guerra Santa. Lutar era tudo que sabia fazer, mas desta vez o inimigo era invisível. Só lhe restava enterrar a espada no chão enquanto clamava ao céu.

****: Meu senhor?

O olhar apreensivo dos soldados fez Damon se controlar. Sem responder, puxou a arma da terra e a embainhou outra vez. Passou a mão pelos cabelos e pela barba por fazer. Mais do que alimento, ele precisava de um banho, mas não o habitual de água quente no quarto. Gritando uma ordem para um rapazinho ir lhe buscar roupa limpa, Damon dirigiu-se ao riacho que corria atrás da muralha do castelo.

A água estava gelada, mas tirou-o da letargia, estimulando a circulação. Embora o ar lhe provocasse mais frio, era um bem recebido contraste com o calor que lhe consumia o estômago e o peito.

Quando voltou ao salão, sentia-se mais preparado para enfrentar os criados. Não viu reprovação em seus olhares, mas preocupação. Damon forçou-se a receber os votos de restabelecimento da esposa e, quando uma mulher idosa lhe entregou um buquê de flores para levar a Elena, ele até conseguiu agradecer.

Não tinha se dado conta de quanto gostavam dela. Embora havia pouco tempo em Belvry, Elena os tinha influenciado com a vida vibrante que, agora, se esvaía.

Damon rumou para a escada. Sentia necessidade de ver se a mulher ainda respirava, ou se o tinha deixado para sempre.

A porta do quarto estava aberta e ele parou no umbral. Alice lavava o rosto de Elena com um pano molhado como ele fizera tantas vezes nos últimos dias. Um criado, um rapazinho magro e louro, parou de espalhar palha limpa no chão e encostou-se na parede. A atitude displicente e o olhar cético dirigido a Elena fizeram o sangue de Damon ferver.

****: Você esta perdendo tempo, Alice. Essa aí não ficará com a gente muito tempo mais. Então, lorde Damon se casará outra vez e a nova esposa terá os filhos que você tanto quer criar. Uma pena ela não morrer de parto em vez...

Damon nem percebeu o próprio movimento. Numa fração de segundo, ele alcançava o rapaz e, segurando-o pelo decote da túnica, começou a bater-lhe com a cabeça na parede.

Damon: Não se atreva a falar dela! 

Só quando Alice segurou-lhe o braço, Damon parou. Por pouco não matava o rapaz.

Damon: Qual é seu nome? - indagou.

Alice: É Eudo, meu senhor, filho de um cidadão da aldeia. Ele foi chamado para nos ajudar - explicou Alice.

Damon: Não precisamos desse tipo de ajuda - esbravejou Damon para, em seguida, dirigir-se ao rapaz a quem ainda segurava: - Suma daqui! Você está expulso de Belvry, do castelo e de qualquer grão de terra que me pertença. Entendeu?

Mal podendo falar, Eudo aquiesceu e Damon o atirou em direção à porta, onde o rapaz desapareceu correndo.

Fez-se silêncio e Damon olhou para a cama. Elena continuava a respirar com dificuldade. Ele não devia ter provocado tal comoção no quarto. Tão doente, a mulher precisava de silêncio e tranquilidade. Mas quando ele havia lhe proporcionado isto? Algo voltou a doer no peito dele. Virou-se para Alice e disse:

Damon: Agora, nos deixe sozinhos.

Apos a saída da criada, Damon olhou para Elena, mas a sobrinha do antigo inimigo não lhe notou a presença. Nos últimos dias, ela ou dormia profundamente, ou delirava. Estava tão diferente da mulher corajosa com quem ele se casara. Todavia, não se alegrava ao vê-la enfraquecer.

Na verdade, apesar dos planos para atormentá-la, ele nunca sentira prazer com seu sofrimento. A vingança passara a significar menos, enquanto a mulher passava a significar mais. Seu prazer derivava de outras coisas: de seu comportamento imprevisível, de seu olhar faiscante quando brigavam, ou erótico e apaixonado ao fazerem amor.

Finalmente, Damon admitia não querer mais se vingar. Desejava, apenas, seu ressurgimento. Em pé ao lado da cama jurou esquecer a vingança se ela se recuperasse.

Damon jamais jurava em vão. Não temia mais o vazio que o atormentara antes de ter a possibilidade de se vingar. Elena o tinha preenchido com muitos sentimentos desconhecidos até então. O maior deles era a aflição do momento.

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Damon não esperava que o céu se abrisse, mas algo deveria acontecer. Todavia, o juramento não mudara nada. Elena continuava febril e tão doente quanto antes. Reconhecendo a própria arrogância, riu alto e a mulher virou a cabeça em direção ao barulho. Tomando-lhe a mão, ele desculpou-se por perturbar seu repouso e por todas as crueldades que lhe tinha feito. Depois, recostou a cabeça no travesseiro.

Cansado como estava, quase cochilou, mas quando Elena se mexeu, ele voltou a ficar alerta. A esperança surgiu e morreu logo ao vê-la se debatendo e delirando. Muitas vezes, ela chamava o nome de pessoas desconhecidas, provavelmente das companheiras do convento, e até chegara a balbuciar o de Alice, mas jamais o dele até esse momento.

Elena: Damon.

Atônito e ainda segurando sua mão, respondeu:

Damon: Estou aqui, Elena.

Ela murmurou algo incompreensível e abriu os olhos. Damon aproximou-se mais a fim de entendê-la.

Elena: Você não pode contar...

Damon: Contar o que? A quem? - ele perguntou embora soubesse que a mulher delirava.

Elena: Não deve contar a Damon - Elena disse, ficando mais agitada.

Petrificado, ele não sabia o que pensar. Iria descobrir alguma perfídia inesperada? Ou confirmar a suspeita sobre a mulher e o sírio?

Elena começou a virar a cabeça de um lado para o outro. Apesar das desconfianças, Damon preocupava-se com sua angústia.

Elena: Ele me despreza e odeia - ela balbuciou.

Damon: Quem?

Elena: Damon.

Damon: Não, não, Elena. Não é verdade.

Elena: Você sempre diz isso, Alice, mas nunca viu como ele me fita com os olhos brilhando de ódio.

Damon: Não sou Alice e sim Damon. Juro, Elena, eu não a odeio.

Elena: Alice, você precisa me prometer não contar nada a ele.

Damon: Sou Damon, Elena, seu marido.

Elena: Prometa!

Sua expressão aflita, fez Damon murmurar:

Damon: Prometo.

Ela relaxou e fechou os olhos. Desesperado para mantê-la acordada e falando, mesmo algo sem sentido, Damon apertou-lhe a mão e perguntou:

Damon: Qual é o segredo que precisamos guardar? - Por um longo tempo, Elena não respondeu. Então, ele ouviu-lhe a voz fraca.

Elena: Você não pode contar a Damon que eu o amo - sussurrou ela, entreabrindo as pálpebras e revelando os olhos cheios de lágrimas.

Damon ficou petrificado com a confissão. Não tentou mais impedi-la de dormir. Curvado sobre ela, continuou segurando sua mão, que, de repente, mostrou-se molhada de lágrimas. E estas não eram da esposa.

Damon perdeu a noção do tempo. Uma vez, ouviu Alice bater na porta, mas não a atendeu. Sentia-se consumir pelo desespero cada vez que olhava para a silhueta imóvel da mulher.

Elena estava morrendo. Precisava encarar o fato. Pensou no momento em que tivera notícia de sua existência. Ouvindo seu nome, havia sido arrancado do vazio infernal e, nas semanas seguintes, ela o tinha inundado com sua vitalidade e paixão ilimitada. Imaginou a vida sem ela. Teve vontade de derrubar o castelo com as próprias mãos.

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Será que Elena vai se recuperar?

Só assim para o Damon esquecer essa vingança.

Continua....