Fanfic: A Esposa Virgem (Delena - Adaptação) 2ª temporada | Tema: Delena, Vondy, Romance

Exclamações, de protesto contra a quebra dos regulamentos e de temor pela vida de Damon, ecoaram no ar. Um brilho chamou a atenção de Elena. Viu outra faca voar de onde Christopher se levantara para as costas de Elijah, enterrando-se entre os ombros. Soltando Damon, ele caiu enquanto as aclamações do povo enchiam o ar.

Incapaz de se mexer, Elena continuou onde estava. Ouviu Christopher declarar a morte de Elijah e a vitória de Damon. Com a ajuda de Alice, conseguiu se levantar e então, como se nova vida fluísse em seu sangue, correu em direção ao marido.

Damon enxugou o suor dos olhos e viu a mão estendida para ele. Desejava dispensar o auxílio desnecessário de Christopher, pois queria se levantar sozinho, com dignidade. Todavia, não conseguiu. Estava trêmulo e duvidava que as pernas o sustentassem. Já tinha enfrentado lutas muito piores e, várias vezes, chegara perto da morte. Nunca antes, entretanto, o medo o afligira como nessa manhã.

Não que desse muito valor à vida, embora esta houvesse se enriquecido bastante depois do casamento. Se não fosse por Elena e o filho, ele a perderia de maneira honrada. O temor era pelo futuro deles, caso viesse a perecer.

Essa preocupação o tinha atormentado desde o instante em que aceitara o desafio. Também o havia levado a pensar se Elena não estaria certa ao insistir na necessidade de ter uma família. Se ele tivesse parentes, a quem pudesse confiar a mulher e o filho, não teria sofrido tanto com o medo sufocante.

Firme e sem tremer, a mão continuava estendida para ele. Damon levantou a cabeça e encarou o homem que lhe tinha salvado a vida. Lembrando-se da própria aparição oportuna, quando Christopher estava sob o cerco do inimigo, disse:

Damon: Estamos quites agora.

O Cavaleiro Vermelho sacudiu a cabeça num gesto negativo.

Christopher: Nós somos irmãos.

Damon levou uns segundos para entender a afirmativa e, quando o fez, admirou-se. Na verdade, ele nunca estivera sozinho, pois ali estava a família a quem poderia apelar em caso de necessidade. Olhando a mão estendida, tomou-a, permitindo que Christopher o ajudasse a ficar em pé.

Fitaram-se e Damon viu a compreensão estampada nos olhos do cunhado. Pela primeira vez, aceitou-a, provocando um sorriso de satisfação em Christopher.

Então, viu Elena correndo para ele. Recebeu-a de braços abertos, estreitando-a de encontro ao peito e afundando o rosto em seus cabelos. Trêmulo, inalou profundamente seu perfume inebriante.

Elena: Damon! Graças a Deus! - ela murmurou numa voz suave e reconfortante.

Nesse instante, Alice os interrompeu.

Alice: Meu senhor, os criados do vilão fugiram. E sabe quem eu vi entre eles? Eudo, a quem o senhor expulsou de Belvry. Ele deve ter se mantido escondido todo esse tempo.

Damon levantou a cabeça, mas continuou com os braços em volta da mulher.

Damon: Isso explica de quem Elijah recebeu algumas das informações.

Todos os olhares dirigiram-se para o corpo do oponente vencido e Damon deu-se conta de que não se alegrava com a morte do homem, apenas com a própria sobrevivência. Bastava de vingança.

Alice: Nunca mais vamos ficar sabendo se ele era, ou não, irmão de minha senhora - Alice comentou e, com um soluço, Elena apertou o rosto no ombro do marido.

Damon: Não chore - Damon pediu. - Ele vai ter um funeral digno.

Por consideração a Elena, estava disposto a fazer isso, mas tinha certeza de que o homem não era irmão da esposa. Confiava na memória de Christopher. O Cavaleiro Vermelho era muito sagaz para cometer esse tipo de erro. Entretanto, se Elena precisasse de mais provas, ele as daria em tempo oportuno.

Damon: Quando Darius voltar, ficaremos sabendo - disse ele.

Elena soltou um suspiro de tristeza.

Elena: Agora, não tenho família outra vez. - Damon levantou-lhe o rosto, forçando-a a fitá-lo.

Damon: Não, mulher, sua família está aqui. Christopher, Dulce e sua filhinha, nosso bebê. Nós faremos outros, Elena. Eu também sou sua família - ele sussurrou.

De pé ali na arena da luta, com o vento esvoaçando-lhe a capa e os cabelos castanhos, Elena mostrava-se irresistível. Damon curvou a cabeça e a beijou na boca, selando a promessa feita, enquanto o povo aclamava, gritando os nomes do senhor e da senhora de Belvry.

*******************************

Damon dirigiu-se ao salão e parou à entrada ao ver a esposa cochilando. Sobre sua barriga dilatada, repousava o bordado abandonado. Maravilhou-se com a tranquilidade da cena. Ele jamais imaginara gozar tanta paz como a dos últimos meses.

Ele e Elena passavam mais tempo de maneira afável e menos brigando. Embora ainda discutissem, ambos sabiam que chegariam a um acordo. Até os criados não fugiam mais quando os ouviam gritar um com o outro. Na verdade, a satisfação deles parecia contagiosa, pois todos em Belvry mostravam-se mais animados, do que nos outros anos, com a aproximação do Natal.

Entretanto, a essa atmosfera harmoniosa, Damon precisava trazer uma nota de discórdia. Não estava disposto a isso. Seria melhor deixar a esposa dormir e adiar a conversa para outra hora. Mas mesmo enquanto decidia isso, a mulher voluntariosa abriu os olhos e, meio sonolenta, o fitou.

Elena: Damon - Elena murmurou baixinho enquanto ele, mudando de ideia, aproximou-se.

Damon: Darius voltou. Ainda não falei com ele, mas o avistei quando já estava bem perto. Dei ordem a Rowland para trazê-lo aqui imediatamente.

Elena arregalou os olhos e endireitou-se na cadeira. Os lábios formavam uma linha firme. Ela se preparava para receber notícias ruins e Damon não podia fazer nada para consolá-la. Sabia qual seria o relatório do sírio. Sentou-se ao lado da mulher e ficou à espera do companheiro. Este não demorou a chegar.

Ele também parou à entrada do salão e observou a silhueta arredondada de Elena.

Darius: Minha senhora! - exclamou.

Elena: Darius, é muito bom vê-lo de novo. Ainda mais a tempo para as comemorações do Natal.

Darius: Também fico contente ao revê-la, especialmente nesse estado promissor. Meus parabéns ao casal - disse o sírio, curvando-se um pouco.

Damon agradeceu com um menear de cabeça, apesar de não gostar da maneira com que Darius olhava para Elena.

Damon: Você trouxe alguma novidade? - perguntou. Darius sentou-se num pequeno tapete diante da lareira e começou a falar.

Darius: Fui até os pântanos em busca de informações sobre seu irmão, lady Elena. Este havia dito ter servido sob o comando do barão de Mollison, mas não encontrei cavaleiro algum com esse nome. Vasculhei a região toda, questionando as pessoas, ninguém, todavia, conhecia esse nome. Também não achei uma única pessoa que tivesse ouvido falar em Elijah Gilbert.

Damon: O Cavaleiro Vermelho esteve aqui e o reconheceu como o escudeiro de um guerreiro que lutara com Edward em Gales - contou Damon.

Darius: Lamento muito, lady Elena - disse Darius. Com olhar triste, ela baixou a cabeça. - Dos pântanos, fui ao lugar de seu nascimento, onde também conversei com as pessoas. Lá, localizei uma senhora idosa que não só se lembrava de seu irmão como também tinha cuidado dele em seus últimos momentos de vida, ainda na infância.

Embora Elena não lutasse para respirar, Damon a observou com certa apreensão.

Elena: Obrigada por seu esforço, Darius. Imagino quanto lhe custou viajar com este tempo ruim - agradeceu ela. - Talvez, na primavera, eu possa visitar o túmulo de meu irmão. É um alívio saber que ele, realmente, está lá e em paz.

Darius: E o impostor? - o sírio quis saber.

Damon: Está morto. Obrigado, Darius. Naturalmente, você quer descansar da longa viagem.

Já em pé, o sírio curvou-se em frente de Elena e saiu.

A sós com a mulher, Damon sentiu-se impotente. Não sabia se expressar com facilidade e, por isso, não encontrava as palavras certas para consolá-la.

Damon: Eu queria que você tivesse certeza de que o homem, morto na luta, não era seu irmão - explicou ele.

Elena: No fundo do coração, eu sempre soube que ele não era Elijah.

Sem saber o que dizer, Damon manteve-se calado e Elena prosseguiu.

Elena: O coração é uma coisa maravilhosa. Ele vê verdades que a mente não percebe. O meu é muito grande, Damon. Embora você seja o primeiro e o mais importante nele, ainda sobra lugar para outras pessoas.

Sem saber aonde ela queria chegar, Damon continuou em silêncio.

Elena: Existem cantos para Alice, Pasqua, Christopher, Dulce, Elise e até para Darius.

Depressa, ele a fitou. Seus olhos castanhos estavam calmos e límpidos.

Elena: E ainda há lugar para nosso filho. Damon, eu posso amar todos eles sem amá-lo menos.

Atônito demais para falar, Damon continuou fitando-a. Quis refutá-la, mas não conseguiu. Engasgou com as palavras, pois a mulher inteligente estava certa.

Desgraçado egoísta, ela o havia chamado uma vez. Era verdade. Ele queria todo seu afeto para si mesmo e ressentia-se do que ela dedicava a outras pessoas. Até o filho ele lhe dera num acesso de pique e numa tentativa de prendê-la, exclusivamente, a ele. Também havia jurado protegê-la por razões erradas. Não tinha pensado em seu bem-estar, mas na própria paz de espírito.

*******************************