Fanfic: Mestre, Se Entregue! | Tema: Harry Potter

CAPÍTULO 13 – NÃO ME PROVOQUE

Lauren Niemberg e o Professor Severo Snape dormiram juntos naquela madrugada e tiveram o melhor dos sonos. Snape adormecera sentindo o calor de Lauren, seu perfume, sua respiração. Seu último pensamento antes de adormecer fora “Como consegui sobreviver todo esse tempo sem isso?”. Logo após, já estava sonhando, abraçado com a menina. Sonhava com uma praia, água extremamente azul, areia branca com alguns rochedos, e o céu estava muito límpido. Snape caminhava sozinho, admirava a paisagem, sentia o vento em seu rosto, e olhava para seus próprios pés. Ao levantar a cabeça, via uma mulher de costas, vestida apenas com uma túnica branca. Ela estava de costas e Snape só conseguia ver seus longos cabelos ruivos que brilhavam com a luz do sol.

“Lílian?”, pensou Snape, com seu coração apertado.

Observava que os cabelos ganhavam cores diferentes conforme se aproximava: a cada metro, os fios abandonavam a tonalidade acobreada e desbotavam-se para um lindo prateado. Agora que estava apenas a centímetros da mulher, todo o cabelo, da raiz às pontas, refletia fios extremamente platinados e vivos.

“Lauren”, respirou Snape, aliviado.

A mulher virou, com um sorriso no rosto. Lauren parecia ter envelhecido alguns anos, na faixa dos vinte. Continuava linda, e como se fosse possível, ainda mais estonteante. A felicidade estava parada bem ali na sua frente. Snape avançou para abraça-la, mas seus braços caíram em vão. O espectro de Lauren virou-se e começava a se afastar de Severo. E novamente, conforme se afastava, seus cabelos voltavam a ganhar tons acobreados.

Quando já estava longe, voltou-se para Snape, e o rosto de Lílian surgiu. Ele nem conseguia mais enxergar direito sua face, mas sabia que definitivamente era ela. Tentava correr para alcança-la, mas seus pés não saíam do lugar.

- Você vai ter que me deixar ir, Severo... Deixe-me ir. Solte... Me solte, Severo.

A voz penetrava na cabeça de Snape e ele sentia lágrimas invadindo seus olhos. Todo seu corpo tremia. Tremia demais, como se um terremoto estivesse se abrindo debaixo de seus pés.

- Professor?? Professor?! Snape, acorde!

Abriu os olhos e sua visão estava embaçada. Aos poucos, acostumando-se com a luz do sol que invadia o quarto, viu Lauren preocupada, tentando lhe acordar. Ela estava ali.

“Meu Deus, ela está aqui... Está tudo bem.”

- O que aconteceu? – murmurou Snape, olhando ao seu redor, percebendo que estava em seu próprio quarto.

- O senhor estava tendo um pesadelo, ou coisa do tipo. Estava ofegante e dizia coisas desconexas. Está tudo bem?

“Era um sonho. Eu estava sonhando...”

Snape sentou-se na cama, passando as mãos no rosto e no cabelo. Respirava fundo, e seu coração voltava ao normal.

- Sim, meu bem... Está tudo ótimo. Foi só um sonho.

Lauren estava ali, naturalmente linda e preocupada com seu Mestre.

- Não se preocupe, venha aqui. – disse Snape, puxando-a para si.

- Eu fiquei com medo... – choramingou Lauren.

- Oh, minha pequena. Está tudo bem. – e beijou-lhe a testa. – Mais do que bem. Estou acordando ao lado da minha menina. Como você dormiu?

- Perfeitamente bem. Me senti protegida. – disse, beijando a bochecha de Snape.

- E está mesmo. Comigo estará sempre protegida. Desculpe lhe assustar. Coisas de velho...

- Ei, pare! O senhor não é velho. É extremamente lindo e sexy... Nunca mais diga isso. Eu também tenho pesadelos, às vezes. – disse aconchegando-se no colo de Snape.

- Vai ficar tudo bem... Aliás, que horas são. – disse, procurando seu relógio.

Já eram 10:30 da manhã!

- Merlin, olha a hora! Preciso ir. – disse Snape, levantando-se rapidamente da cama e procurando suas vestes. – Lauren, vá antes que alguém lhe veja saindo do meu quarto. Vá direto pro Salão Comunal, corra para seu quarto. Não deixe ninguém lhe ver vestida assim! Depois nos falamos.

- Certo. – disse Lauren. – Por que você não sai primeiro e vê se tem alguém no corredor?

- Boa ideia.

Snape correu até a porta e a abriu lentamente. Olhou pela fresta, não havia ninguém no corredor.

- Está vazio, vá, vá, vá!

A garota já estava atravessando a porta, quando Snape lhe puxou e beijou-lhe os lábios rapidamente pela última vez, e a empurrou de volta para fora. Lauren correu para o Salão sem olhar para os lados, e chegando lá, agradeceu por estar vazio. Subiu as escadas para seu dormitório, que também se encontrava vazio. Seu coração batia rápido, e no seu rosto estampava um sorriso de quem tivera aprontado.

Sentia-se nas nuvens, como se não existissem mais problemas no mundo. Snape era tudo que ela queria. Estava namorando o professor mais lindo de Hogwarts! Nada poderia acabar com a felicidade que sentia. Sua noite fora simplesmente perfeita. Duvidava que existia garota mais sortuda no mundo. Encostada na porta, suspirava em êxtase. Lembrava de tudo que tinham feito na noite anterior. Snape parecia estar dentro de sua mente, pois sabia absolutamente tudo o que fazer para a deixar louca. A garota havia descoberto várias coisas sobre si, que não fazia ideia que gostava. Se sentia protegida com ele. Não possuía mais inseguranças sobre seu corpo, personalidade ou pouca experiência, pois ele a fazia se sentir a mulher mais linda do mundo.

- Meu Deus, eu estou apaixonada por ele... – admitiu em voz baixa, colocando as mãos na boca.

A porta do banheiro do dormitório se abriu num estrondo.

- Está apaixonada por quem, Lauren? Quem é o azarado?

Natalie Jones, a garota que Lauren detestava e, infelizmente, dividia o quarto desde o primeiro ano, estava parada na sua frente, com a sobrancelha levantada, e os cabelos alaranjados presos num coque no topo da cabeça.

- Não é da sua conta, Jones! – respondeu Lauren, com uma expressão de nojo.

- Ah, se é! Acha que eu não percebi que você passou a noite fora?

Agora Lauren estava completamente enrascada.

- Não sei do que você está falando. Deve estar delirando. – disse Lauren, correndo para apanhar roupas novas em seu maleiro, tentando desviar o olhar de Natalie.

- Você ainda tem a coragem de mentir? Pare de se fazer de sonsa, agora mesmo estava parada na porta! Você acabou de chegar, isso sim!

- O que está insinuando, Natalie? – esbravejou a garota.

- Estou dizendo que você passou a noite no dormitório de algum garoto... – disse Natalie, se aproximando de Lauren.

- É o que você acha?

- Tenho certeza!

Lauren olhava dentro dos olhos de Natalie, fitando-a com raiva.

- Então por que você não prova? – sibilou Lauren, lentamente.

- Ah eu vou provar! Não se preocupe com isso. – virando-se para sair do dormitório.

A porta bateu-se atrás de Natalie, deixando Lauren preocupada. Se a garota descobrisse que Lauren estava se agarrando com um professor, era o fim para ela e para Snape. Precisava ser mais cuidadosa a partir daquele momento.

Não importava, nada tiraria sua felicidade. Fazia 22 graus lá fora e aquele seria um ótimo domingo. Foi direto para o banheiro, e tomou um banho morno. Enquanto se ensaboava, relembrou que Snape havia conhecido cada centímetro daquele corpo, que agora pertencia a ele. Lauren riu com a ideia de pertencer a alguém. Era romântico e excitante, ao mesmo tempo. A hora que fechou o chuveiro, olhou-se no espelho e observou a gigantesca marca de chupão que jazia em seu pescoço. Lauren arregalara os olhos e riu de seu reflexo. Imediatamente apanhou seu estojo de maquiagem e tratou de cobrir aquela marca.

Abriu seu malão, tentando decidir qual roupa iria usar para assistir os testes de quadribol. Escolheu um vestido azul-céu com margaridas amarelas, que possuía vários babados. A peça era solta nas coxas, mas delineava suas curvas perfeitamente, com um belo decote em V nas costas. Calçou sandálias brancas de tira, sem salto. Penteou os cabelos, perfumou-se e saiu para o Salão Comunal. Apanhou uma barrinha de chocolate de uma das mesas, e saiu comendo pelo castelo.

Qualquer um que passasse por ela, poderia ver sua incontestável felicidade. Lauren exalava serotonina e seus olhos brilhavam. O vento que fazia naquela manhã balançava seus cabelos louros para lá e para cá. Ao chegar na quadra, rumou para a arquibancada e os garotos que estavam sentados ali olharam para ela. Todos os alunos de Sonserina estavam presentes, e havia alguns alunos de outras Casas, que compareceram para bisbilhotar o teste do time rival. Pelo que parecia os testes já haviam começado, pois o capitão do time, William Rees já estava no ar, voando junto com outros alunos, gritando várias instruções e organizando quem seriam os próximos. Automaticamente, os olhos de Lauren começaram a procurar o Professor Snape. Olhou para os lados e o avistou de longe, sentado à sua esquerda, a uns 80 metros de distância. Sua pele branca e vestes negras eram impossíveis de passarem despercebidas.

Lauren caminhava lentamente, aproximando-se do professor, que estava assentado na última fileira do topo da quadra, tendo uma visão panorâmica dos alunos. O professor estava concentrado, e só percebeu que havia alguém perto dele quando cabelos prateados relancearam, atrapalhando sua visão. Lauren se assentara na fileira de baixo, bem na frente dele. A garota recostou apoiando-se em seus braços, jogando a cabeleira para trás. Tudo passava em câmera lenta, como sempre acontecia quando Snape botava seus olhos na menina.

Lauren olhou para trás e disse em alto e bom som, rindo:

- Ah, bom dia, Professor Snape. Nem percebi que o senhor estava aí... – provocava.

Snape olhou para os lados rapidamente e alguns alunos que estavam próximos os observavam. Ou melhor, observavam Lauren, que estava, usualmente, estonteante. Snape precisava agir naturalmente, mas por dentro fervia de raiva, pois a garota estava colocando ambos em evidência.

- Bom dia, Srta. Niemberg. – disse Snape, gravemente.

Era essencial que disfarçasse, mas Lauren tornava tudo mais difícil. A menina apanhara os cabelos, trazendo-os para frente, revelando o escandaloso decote em suas costas. Aquelas costas perfeitas, curvilíneas, brancas, delirava Snape. Sua atenção fora desviada, quando uma figura montada numa vassoura parara abruptamente a centímetros deles. Draco Malfoy tinha acabado de aterrissar com sua vassoura na arquibancada, na frente de Lauren.

- Você veio! – disse Draco, puxando a garota para si, e lhe abraçando com força. Estava nitidamente feliz por Lauren estar ali.

Snape observava furiosamente. Sua expressão havia mudado, ocupando em sua face uma carranca monstruosa. Ardia em ciúmes e parecia que fuzilaria Malfoy com os olhos, se pudesse.

- Eu disse que viria! – ria Lauren, apertando Draco. – E aí, como está indo?

- Ah, Rees é duro, mas nós sabemos que eu sou o melhor apanhador de Hogwarts. – disse Draco, piscando para Snape.

A vontade de Snape ajudar Draco desaparecera completamente. Queria era arrancar as mãos dele de cima da garota que o pertencia, e surrar o fedelho até aprender a não tocar no que era seu. Mas não podia fazer nada disso, pois entregaria na hora que estava envolvido com a aluna. Engoliu em seco, da forma que pode, e parecia que engolia espinhos. Toda a saliva de sua boca havia evaporado, e sua respiração ficara curta de repente. Não podia impedir Lauren de ter amigos, não tinha esse direito. Mas, definitivamente, não gostava da proximidade deles. Ele era o único que podia toca-la. Era sua!

“Calma, Severo... Ponha sua cabeça no lugar. Respire.”

- Se quiser manter-se no time é melhor estar lá no campo, Sr. Malfoy. Se desejar ficar na arquibancada posso arranjar isso imediatamente. – disse tudo mais rápido do que pretendera.

- É claro, senhor. – disse Draco, semicerrando os olhos para o professor. – Te vejo mais tarde, Lauren. – beijou-lhe a bochecha e montou novamente em sua vassoura, rumando de volta para o campo.

Snape avistou Draco ao longe, desejando que um balaço o atingisse na cabeça naquele momento. Reclinou-se suavemente para frente, apoiando-se em seus joelhos, até chegar bem perto da orelha de Lauren.

- Não. Gostei. Disso. – disse Snape baixo, sibilando cada palavra lentamente.

Lauren virou a cabeça levemente e disse, divertindo-se:

- Eu sei. – e riu baixinho.

“Vamos ver se vai rir depois... Vai se arrepender de estar me provocando.”, pensou Snape.

O professor não pretendia mostrar seu lado ciumento agora. Assim como não pretendia ter de disciplina-la tão cedo.