Fanfic: Mestre, Se Entregue! | Tema: Harry Potter
CAPÍTULO 17 – NÃO DESSA VEZ...
A sexta-feira havia chegado, trazendo consigo toda a ansiedade que Severo Snape jamais sentira em toda sua vida. Às vezes, dava-se conta de como tudo isso era louco, inapropriado em tantos níveis diferentes. Mas a felicidade que sentia... era incomparável, insubstituível. Snape sentia-se leve, vivo, com sangue correndo em suas veias. Alguém tinha o aceitado do jeito que ele era, mesmo após mostrar seu lado mais sombrio. Todos os dias acordava e precisava se esforçar para se convencer que tudo não fora um sonho.
Porém, uma sexta-feira nunca havia demorado tanto para passar como naquele dia. O dia se arrastava, entre aulas e mais aulas. Os alunos ansiavam o final de semana tanto quanto Snape. Ainda não tivera a oportunidade de ver Lauren; ela não comparecera ao café-da-manhã, nem ao almoço. Snape decidiu sentar-se embaixo de sua árvore preferida, perto do lago, depois do almoço. Observava o lago, comendo uma maçã. O cheiro de dama-da-noite que exalava da árvore, era idêntico ao de Lauren, e isso fez com que seu peito se apertasse em saudade novamente.
Avistando o Professor Snape sozinho, em horário livre, Draco Malfoy resolvera aproximar-se. Afinal, considerava o professor como um padrinho, após tantos anos sendo protegido por ele.
- Posso me sentar? – anunciou Draco, já sentando-se na grama, ao lado de Snape, que não respondeu nada.
Snape observava o lago, concentrado em sua maçã.
- Como o senhor está? – perguntou o garoto.
Snape detestava papinho furado, mas resolveu respondê-lo, estava de bom humor, surpreendentemente.
- Muito bem, obrigado, Sr. Malfoy. E o senhor?
Draco esperou alguns segundos e suspirou.
- O senhor tinha razão, Professor.
- Eu sempre tenho razão... – ironizou Snape, sorrindo e mordendo a maçã. – Sobre o que, mais especificamente?
- Lauren Niemberg. Acho que estou apaixonado por ela... – murmurou Malfoy.
Snape imediatamente engasgou com a fruta que mastigava. Tossiu várias vezes, fortemente, e após alguns segundos, conseguiu engolir os pedaços e respirar. Arregalou os olhos, que estavam cheios de água pela falta de ar. Draco dava tapinhas nas costas do professor.
- O senhor está bem? – perguntou Draco, observando que Snape já respirava normalmente.
- O quê?! Niemberg?!
- Sim, por quê?! – Draco perguntava, alterado. – Qual o problema? O senhor também vai implicar comigo agora? Já basta meu pai querer escolher quem namoro.
Snape olhava para baixo, fitando a grama. Milhares de coisas passaram em sua cabeça, e imaginava agora Draco e Lauren juntos. Pensava se Lauren poderia sentir o mesmo. Aproveitara que o garoto decidira abrir-se com ele, para sonda-lo:
- Não, problema nenhum. Só estou surpreso, ela é um ano mais nova que o senhor, não é? Achei que gostasse da srta. Parkinson.
- Parkinson é passado. Não sabe aproveitar a vida, está sempre de cara fechada. De carranca já basta meu pai. Mas Lauren...
Snape fervia por dentro. Parecia que seus pulmões não queriam puxar ar, de jeito nenhum. Não podia demonstrar, entretanto, que estava abalado.
- Achei que fossem só amigos. O senhor mesmo disse isso na semana passada.
Draco parecia estar sensibilizado, com dificuldade em encontrar palavras.
- Eu sei! E éramos. Passamos vários finais de semana juntos no verão. Somos ótimos juntos, nos entendemos, nos divertimos. Ambos temos pais ausentes.
Snape dera-se conta que não sabia praticamente nada sobre Lauren. Enquanto a relação dela com Malfoy era profunda, a deles era somente física. Draco a conhecia melhor, de longe.
- E qual parece ser o problema, Draco? – Snape disse, cabisbaixo.
- Primeiro, não sei como dizer isso para ela.
“Ufa... pelo menos ela ainda não sabe”, tranquilizou-se.
- Não sei como dizer que acho ela interessante, divertida, sensível, inteligente... E é tão linda, Merlin! – desabafou Draco, olhando para cima.
O olhar de Snape paralisou no ar, enquanto fincava suas unhas na grama, tentando não esboçar reação nenhuma. Odiava que outros homens reparassem nela.
- Segundo, ela parece estar interessada em outra pessoa.
- O quê? – Snape olhara para dentro dos olhos de Draco, virando a cabeça rapidamente.
- Sim... Ela está diferente... Radiante, como nunca estivera. Semana passada podia jurar que vi um chupão no pescoço dela, que ela tentou cobrir com maquiagem. Você acredita nisso? Quando perguntei, ela disse que uma mandrágora havia a agarrado na aula de Herbologia...
Snape arquejou, rindo do que havia acabado de ouvir.
- O senhor acha isso engraçado? Isso quer dizer que ela já está vendo outra pessoa! Aposto que é Sykes...
O professor dava corda, demonstrando interesse.
- É? E por que o senhor acha isso?
- O tempo inteiro ele vive em cima dela, tentando chamar a atenção. E mais, a convidei para ir a Hogsmeade comigo, e ela disse que iria precisar ficar aqui, colocando as lições em dia. Se quer saber, eu não acredito, pois ela nunca deixou lição acumular. É uma das melhores de Sonserina! – esbravejou Draco.
Snape tentava entender por que Draco estava desabafando tudo aquilo para ele.
“Talvez eu seja o mais próximo de uma figura paterna que ele tenha”, pensou. Sentia-se mal, pois sabia que, na realidade, era ele quem impedia os dois de formarem um casal. Sentia-se pior em saber que, de todas as pessoas para conversar, Draco havia o escolhido para expressar seus sentimentos. Isso mostrava o quão desesperado o garoto estava.
- Se acalme, Sr. Malfoy. Tenho certeza que tudo se resolverá. – tentava a todo custo encerrar o assunto.
- O que o senhor acha que eu devo fazer? – cochichou Draco.
E agora? Se dissesse para conversar com Lauren, estaria praticamente a empurrando para ele. Se dissesse para guardar o sentimento para si, estaria impedindo Draco de ser feliz.
- Aconselho a guardar o sentimento para si, Draco.
“É minha vez de ser feliz, droga! Não vou deixar isso escapar, não de novo!”, pensava Snape, furioso.
- Como assim? Por quê? – indagava Draco.
- Primeiro de tudo, após tudo que o senhor passou no último ano, achei que finalmente focaria nos estudos. Não é você que quer se sustentar e sair da casa de seus pais, quando se formar? – falava muito rápido.
- Sim, mas... – Draco tentava argumentar.
- Segundo... – interrompeu, o professor – não tire também o foco dela. Se o senhor diz que ela é ótima aluna desse jeito, permita que ela, pelo menos, conclua esse ano, livre de distrações.
“Como se eu mesmo não estivesse fazendo o contrário...”, ironizou em sua própria mente.
- E terceiro. – Snape daria um conselho controverso, sabendo que nunca aconteceria. – Deixe que ela chegue até você. Se ela sentir o mesmo, com certeza, lhe procurará.
Draco ponderava tudo que o professor falara. Olhava para seus pés, tenso. Sua expressão havia mudado.
- É verdade. O senhor... tem razão. Como sempre. – admitiu Draco, levantando-se, batendo a grama de suas calças. – Obrigado, Professor. Por tudo.
E saiu, deixando Snape para trás. O professor agora sentia-se mais culpado do que nunca. Estava impedindo Draco, que considerava como afilhado, de revelar seus sentimentos para a primeira garota que realmente gostava. E segundo, impedia Lauren de estar com alguém de sua idade, de família rica, que com certeza, nunca deixaria faltar-lhe nada. Pensava agora que, na realidade, não tinha muito a oferecer para Lauren. No máximo, poderia proporcionar alguns momentos de prazer aos finais de semana, e ainda assim, escondido de todos. Teria que manter suas emoções ocultas, e, dessa vez, alguém precisaria manter as dela também.
Snape levantara-se, cabisbaixo. A felicidade que sentia se esvaiu um pouco, mas como um bom sonserino, colocaria suas necessidades em primeiro lugar, pela primeira vez na vida. A ansiedade que sentia para sábado chegar logo, transformara-se em temor. Afinal, não sabia se conseguiria manter o segredo de Draco para si.
Autor(a): sereiasnape
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A madrugada de sexta para sábado fora marcada para Severo Snape com muitos pensamentos, dúvidas, culpas, ansiedades... Porém em nenhum momento cogitou não encontrar Lauren. Só estava com muito acontecendo em sua cabeça. Mas a saudade que sentia dela, era o sentimento sobressalente. Naquela manhã, acordara mais cedo do que deve ...
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