Fanfic: Mestre, Se Entregue! | Tema: Harry Potter

Após o almoço, os alunos da Sonserina rumaram para a Sala de Poções, onde teriam mais uma quinta-feira de aula com o Professor Snape. A maioria gostava da aula, e até simpatizava com o estilo do Mestre lecionar. Lauren Niemberg, porém, foi a última a entrar na classe, de cabeça baixa. Levantou o olhar somente para ver onde havia restado carteira para se assentar. E a única que restava era bem na frente do Professor.

“Ótimo... Isso vai ser maravilhoso.” – pensou, ironizando a situação.

Fazia o máximo de esforço para não cruzar olhares com Snape. Seu coração batia rápido e não conseguia mais separar o namorado do professor. Se viessem a terminar, seria impossível voltar a vê-lo como um simples professor de Hogwarts. Snape era tudo que Lauren conhecia sobre amor, paixão, prazer, intimidade, confiança.

- Semana passada falamos sobre antídotos e todos vocês fracassaram miseravelmente em preparar uma simples poção. Espero que nenhum de seus amigos seja envenenado, porque com certeza morreriam diante da incompetência de vocês. – disse Severo Snape, com sua voz rouca e grave, que estremecia todo e qualquer aluno. – Exceto... pela srta. Niemberg. Parabéns novamente. – disse, lentamente.

Seu coração acelerou ainda mais ao ouvir seu nome sair da boca do Professor. Não levantou a cabeça, e se comprimiu ainda mais em sua cadeira. Temia desmoronar ali mesmo. Inspirava e expirava lentamente, tentando evitar uma outra crise de pânico. Sentia-se tão sozinha, desesperada pelo carinho e atenção de Snape.

Snape começou a lecionar, ainda falando sobre antídotos, mas a mente de Lauren vagueava. Arrependia-se amargamente de tê-lo provocado ciúmes tantas vezes, de responde-lo mal, de não ter tido a maturidade que era preciso para namora-lo. Sua voz, que explicava a matéria, entrava em seus ouvidos como o próprio sabor da saudade. Aquela mesma voz que, apenas dias atrás, dizia o quanto a amava e era importante para ele. Só queria voltar para aquele dia, aquele momento. Daria qualquer coisa para ser a tão amada menina de Severo Snape novamente.

“Eu preciso fazer alguma coisa... Ele já fez tanto por nós. Se arriscou tanto, muito mais do que eu.” - uma chama de esperança acendeu-se em seu coração. E era reconfortante.

É isso... Seria sua número 1 novamente. Aquela situação era amarga e solitária, e já estava cheia de sentir-se deprimida. Lauren estava cansada de somente sentar e esperar Snape perdoa-la. Sabia que não havia sido nenhuma santa e que havia se rebelado contra Snape de propósito diversas vezes.

“Ele deixou bem claro suas regras... Eu que não cumpri minha parte. E ainda deixei o boato sobre Sykes se espalhar. Ele deve estar se gabando para Sonserina inteira que estou caidinha por ele, e com certeza isso já deve ter chegado nos ouvidos de Snape. Preciso reverter isso, já!”

Um sorriso esboçou no canto de sua boca, com um plano inteiro se formando em sua cabeça. E a primeira parte começava agora. Apanhou a pena que repousava à mesa, ao lado direito de seu pergaminho e a molhou no tinteiro. Com sua fina e delicada caligrafia, escreveu:

“Cada segundo sem você é mais cinzento que o dia que faz lá fora. Sinto sua falta. Sinto muito... por tudo.”

Não assinou, pois não queria correr riscos, mas no momento que a aula acabara, Lauren enrolou o pedaço de pergaminho, como em um rolinho, e demorou para guardar seu material na mochila, propositalmente. Olhou disfarçadamente para trás, constatando que todos os alunos já atravessavam a porta para sair, e levantou-se. Não queria parecer sensual para Snape, e sim arrependida. Por isso, olhou fundo em seus olhos e aproximou-se. Snape observava a atitude inesperada da menina.

Lauren estendeu o braço com o pergaminho em seus dedos e o entregou na mão do Professor. Por uma fração de segundo, suas mãos tocaram-se e ambos se arrepiaram. A garota não disse uma palavra, mas seu olhar dizia tudo por ela. Respirava calmamente, certa do que estava fazendo. Deu dois passos para trás, ainda olhando profundamente nos olhos do Professor, e virou-se para ir embora.

Severo, por sua vez, permaneceu com os pés colados no chão, boquiaberto. Seu coração batia extremamente rápido, sem entender o que havia acabado de acontecer. Já estava acostumado com as inúmeras surpresas em relação à personalidade de Lauren, mas não esperava ler aquelas palavras tão doces.

“Ela está arrependida... Aprendeu a lição. Já chega.”

Os últimos cinco dias haviam sido tão difíceis para Snape quanto para Lauren. Sua alma dominadora não era nada sem a doce submissão de sua menina. Era incompleto, e andava mais mal humorado do que de costume. Percebia que ela estava sofrendo, pois por mais que parecesse estar longe, estava sempre a observando de longe. Viu que havia se reaproximado de Draco e não a culpou por isso. Não devia estar sendo fácil para ela, e se ela não tivesse feito o primeiro contato, ele teria.

Ler àquelas palavras fez seu coração apertar-se em saudades. Não fazia ideia do quanto havia sentido a falta de Lauren, até o presente momento. Mesmo extremamente irado com as atitudes da menina, não podia deixar de ama-la. Não após tudo que viveram, sentiram e descobriram juntos.

“O feitiço virou contra o feiticeiro, não é, Severo?”

Sentiu uma urgência em seu corpo, de sair correndo e procurar Lauren. Dizer o quanto sentia muito que houvesse chegado a esse ponto, e que sentia sua falta mais do que tudo. Tentava não ser inundado com todas aquelas aflições em sua mente. Mas a cada vez que pensava no quanto havia feito Lauren sofrer, ao lembrar de ver seus olhos inchados a semana inteira, do quanto ela precisava dele. E ele dela... Arrependeu-se amargamente de ter lidado com a situação daquela forma.

Agora era a hora de demonstrar que estava disposto a mudar, de uma vez por todas. Sentou-se na beirada da mesa de sua sala, completamente vazia e silenciosa. Fechou os olhos e sentiu uma única lágrima percorrer toda a extensão de seu rosto. Tinha a sensação que a cota de erros para aquele relacionamento já havia se esgotado. Não havia mais espaço para dor, ciúmes doentios, palavras dolorosas. Releu as palavras de Lauren, e percebeu o quanto sua fragilidade e sensibilidade eram ímpares. Nenhuma outra mulher no mundo seria capaz de despertar o que ela despertava nele.

Era a última chance de fazer tudo certo. Rumou para o corredor do sétimo andar e, ao mirar a parede de blocos, deixou sua mente vagar e seu coração falar.

“Preciso demonstrar a Lauren todo meu amor.” – pensou, com os olhos fechados.

Ao abri-los, finas maçanetas de prata se formavam na parede. Snape rapidamente olhou para os lados, certificando-se que não havia ninguém no local, e voltou sua atenção para a mágica que acontecia diante de seus olhos.

Uma porta branca com arabescos pretos materializara-se, e rosas verdes pendiam do batente, envoltas de pequenos caules e espinhos. Snape abrira a porta, ainda admirando as rosas e adentrou na Sala Precisa. E o que a Sala havia preparado para ele, era inacreditável.