Fanfic: Mestre, Se Entregue! | Tema: Harry Potter

O que Snape encarava era perfeito demais para ser descrito. Se ele tivesse que pensar em algo para demonstrar seu amor por Lauren, talvez não teria pensado naquilo. Em algo tão delicado e sublime. Andava pelo espaço, admirando o que a Sala Precisa havia materializado e só conseguia pensar na reação de Lauren quando visse tudo aquilo.

Parou abruptamente, ao precisar refletir um pensamento que acabara de ocorrer em sua mente: como levaria a menina até o local, numa noite de semana, com o castelo cheio de alunos e monitores?

Sabia que diversos alunos conseguiam sair da cama no meio da madrugada, mas a maioria sempre eram pegos. Pensava em maneiras óbvias de saírem escondidos, e era justamente isso que precisava driblar, pois o lugar-comum os faria serem pegos. Aquilo seria mais difícil do que imaginava.

Snape era versado em vários tipos de magias, poções e encantamentos. Precisaria de um plano muito bem elaborado para primeiro, comunicar Lauren onde queria que ela o encontrasse, e que esse recado chegasse nela e somente nela. Segundo, fazer com que sua viagem das masmorras ao sétimo andar fosse completamente irrastreável e fora de perigo. Terceiro, encontra-lo em uma sala que é desconhecida e só pode ser descoberta se a pessoa estiver precisando exatamente da mesma coisa que você.

O resto, deixaria nas mãos do destino. Só queria que tudo voltasse a ser como antes... Já fizera Lauren sofrer demais. O bilhete que ela havia escrito, provara exatamente quão bem ela havia aprendido a lição. E Snape não aguentava mais de saudades... Ao sair da Sala e fechar a porta atrás de si, seu corpo foi inundado por ansiedade. Rumou para sua sala de aula, onde dentro de dez minutos daria a última aula do dia, então poderia pensar em como colocar seu plano em prática.

Enquanto isso, Lauren subia as escadas da Torre Norte, onde a Professora Trelawney já aguardava os alunos para a aula de Adivinhação. Assim como Draco, Lauren achava Adivinhação uma tremenda besteira, um completo desperdício de tempo. Já estava acostumada com as esquisitices da professora, mas nessa tarde ela estava demais.

Ao passar pela mesa da professora, para se assentar junto de Draco, Sibila encarou a aluna, olhando no fundo de seus olhos. Tomou um susto, como se tivesse acabado de ver um agouro na menina. Quando todos os alunos se assentaram em suas almofadas, ela começou a falar:

- Boa tarde, alunos e alunas. Obrigada por mais uma vez estarem aqui. Devo dizer que... alguns estão mais carregados do que outros. E quero dizer de uma maneira geral... Se tiver alguém que está passando por uma situação difícil... Um dilema... Um problema maior do que consegue enfrentar... – dizia, pausadamente, olhando para Lauren com o canto do olho – Saiba que você precisa olhar para dentro de si novamente. A resposta está dentro de você.

- Isso pode ser mais genérico? – disse Lauren para Draco, baixinho. Os dois deram risada.

Os outros alunos pareciam fascinados com o assunto, mesmerizados com a possibilidade de prever o futuro. Pensavam para quem poderia ser o aviso, e começaram a entreolhar-se.

- Enfim... Hoje iremos estudar a maravilhosa arte da Quiromancia. Sua etimologia provém do grego, Χείρων, "mão", e Μαντεια, "profecia". Como o próprio nome já diz, é a habilidade de ler o futuro nas linhas das mãos de alguém. Capaz de evitar algo ruim de acontecer, ou dar sentido às nossas vidas.

A essa altura Lauren já havia perdido o interesse... Não dava a mínima para prever o futuro. Gostava de viver o presente, e no máximo, tentava enterrar o passado. Mas não podia mentir, que ansiava pela resposta de Snape. Milhões de pensamentos cruzavam sua mente. Snape poderia simplesmente ignorar seu bilhete, joga-lo fora, queima-lo... Ou se tivesse de fato lido, poderia ter ficado ainda mais bravo e decidido ignora-la por mais uma semana inteira.

Lauren ficava completamente hipnotizada ao pensar em Snape. Sentia tanto sua falta, queria tanto estar perto dele. Esperava, com todo seu coração, que ele fizesse contato com ela... Seu coração batia tão forte, esperando uma resposta, que pensou em simplesmente levantar, sair daquela sala e procurar por Snape pelo castelo.

“O que me impede?” – foi um dos pensamentos que atravessou sua mente. Mas logo se deu por si e aceitou que não podia fazer nada além de esperar. Qualquer outra atitude poderia culminar em algo que levasse os dois a serem pegos. E por mais que estivesse numa situação “estranha” com Snape, não queria que ele se desse mal. Afinal, ela que havia tomado o primeiro passo em se declarar para ele.

- Você, menina. Tome a mão de seu parceiro. – disse Trelawney, estridentemente, cortando ao meio os pensamentos de Lauren, fazendo com que saísse de seu mini transe.

Entediadíssima, Lauren pegou a mão de Malfoy e virou a palma para cima.

- Diga o que você vê.

Respirou fundo, pois seria difícil controlar seu “entusiasmo” com a tarefa. Sabia de cor a teoria da Quiromancia, mas não acreditava em nada que previa. Rapidamente, disse:

- Draco tem uma “mão filosófica”: dedos longos, de juntas marcantes e irregulares, palma retangular e de ossos grandes. Revela sabedoria e interesse em conhecer a fundo os mais variados assuntos: religião, política, o sentido da vida. – continuou examinando a mão direita do amigo. – Sua linha da vida é ligada à linha da cabeça: indica ser cuidadoso, que pensa muito antes de agir. Por sua vez, sua linha da cabeça é curta: mente inteligente, sabe lidar com os acasos do destino. Também indica praticidade e eficiência no trabalho.

- Nossa! Você realmente sabe do que está falando! – riu Draco, olhando para seus amigos sonserinos.

- Sei uma coisinha ou outra sobre essa bobagem... – disse, recostando-se novamente em sua almofada e bufando.

- Quiromancia não é bobagem coisa nenhuma, mocinha! Mais respeito, por favor. – exigiu Trelawney, balançando o dedo para a menina.

Lauren só revirou os olhos e deu um sorriso de canto, que somente Malfoy percebera.

- O senhor pode dizer o que as linhas das mãos de sua amiga revelam, Sr. Malfoy?

- Ah, professora. Nem se eu quisesse conseguiria. Não entendo absolutamente nada dessa... “matéria”. – debochou.

- Ora, mas é tão simples! Venha, dê-me sua mão, senhorita. – disse, puxando a mão de Lauren, a contragosto, para si.

A professora começou a fazer uma cara de tristeza, quase como se estivesse sentindo dor ao analisar a mão de Lauren.

- Hmm... Oh, minha querida. Eu sinto muito.

Lauren e Draco se entreolhavam, confusos.

- O que foi? O que está acontecendo?! – perguntou Lauren, exaltada, chamando a atenção da sala toda para si.

A professora, só olhava a mão da menina e balançava a cabeça, negativamente... Olhou, mais uma vez, profundamente nos olhos de Lauren, entendendo porquê tinha sentido o que sentiu quando a menina adentrou na sala de aula.

- Você vai ter que tomar uma grande decisão amorosa, minha menina. Talvez a maior decisão da sua vida. Ela vai mudar tudo. Pense bem, você pode se arrepender profundamente...

Lauren lançou um olhar furioso para a professora, sentia-se extremamente invadida e exposta. Arrancou a mão das mãos de Trelawney e foi a primeira a sair da sala ao tocar o sinal do fim das aulas.

- Ei... Espera. – sussurrou Draco, tentando alcançar a amiga, que já estava na metade das escadas.

Alcançando-a, disse:

- Não liga pro que ela falou, Lauren. Quem decide seu destino é você. Esse negócio de adivinhação já mexeu muito comigo, não deixa mexer com você.

- Eu me senti muito vulnerável, Draco. Toda aquela gente me encarando. Ela não tinha esse direito... – disse, chegando ao final das escadas.

- Eu sei. Esquece isso. Já foi... Vem cá. – puxou a amiga para um abraço forte e demorado.

Ali, Lauren sentiu-se amparada e entendida. Sentia o cheiro suave de Draco, que já era tão familiar a ela. Dentro daquele abraço, ela entendeu como seria difícil tomar a decisão que Trelawney mencionara.