Fanfic: Mestre, Se Entregue! | Tema: Harry Potter

Ao chegar em seu dormitório, Lauren encarou o quarto vazio, sem saber o que fazer. Seus pensamentos vagavam pelo castelo, à procura de Snape. Caminhou até a janela e vislumbrou a linda noite que fazia lá fora. O céu não poderia estar mais escuro e a lua não poderia estar mais cheia, convidando a admira-la por horas a fio. E foi o que Lauren fez. Sentou-se no parapeito da janela e recostou sua cabeça na parede.

Só queria que tudo se resolvesse, que Snape desse alguma resposta. Desejava sua presença, seu beijo, seu abraço. Seu cheiro fresco, seu peito forte que a acolhia perfeitamente. E a impotência de tão somente esperar, lhe matava lentamente.

Não sabia mais de nada, e estava cansada de pensar. Tentou esvaziar sua mente e aproveitar enquanto o dormitório permanecia vazio. Ao fitar o negro céu, avistou um ponto muito branco despontar de repente. Pensou, a princípio, ser uma estrela cadente. Mas o brilho não foi embora e continuou se aproximando. Lauren levantou a cabeça e fixou o olhar naquilo que já estava tão perto de si. Uma coruja extremamente branca parou em sua janela, com um pequeno frasco preso em seu bico.

Um líquido azul cintilava dentro do vidro, e enrolada na rolha, pendia um pergaminho. Uma caligrafia muito fina dizia:

“Sob a luz da lua um novo jardim floresce.

Os feixes de luz que passam pelas flores revelam cores antes encobertas, e no orvalho que cai sobre as folhas, o frescor da noite é anunciado. É nesse momento que a flor da Dama da Noite desperta e se 7ransforma na joia do jardim. Suas pétalas delicadas liberam uma inconfundível fragrância que marca o caminho de quem passa. São novas cores e cheiros apresentando os mistérios de um jardim que parece ter vindo do céu.”

Lauren precisou ler e reler algumas vezes para compreender, pois seu coração batia tão forte que quase não conseguia entender as palavras que haviam lhe escrito. Entendeu que era um poema que falava sobre a flor dama-da-noite, que era o perfume que ela mais usava. Mas ao olhar mais de perto para o bilhete, percebeu que algumas letras foram escritas com mais tinta do que outras, mas era quase imperceptível. Rapidamente, compreendeu que havia algo ali a ser descoberto.

- B, E, B, A, S, S. O que isso quer dizer?! – sussurrou para si mesma, colocando sua cabeça para funcionar.

“Beba. SS... SEVERO SNAPE.”

Em seu malão jazia a primeira dama-da-noite que Snape havia lhe dado, onde suas inicias estavam cravadas. Lauren a apanhou e a comparou com a caligrafia do bilhete. Eram idênticas.

- Isso é dele! Ele me mandou isso! – riu, baixinho.

Seu corpo já estava pronto para explodir em jubilo, mas se recompôs. Precisava entender o que fazer com aquilo.

“Certo, ele quer que eu beba isso.” – pensou, apanhando o frasco azul brilhante. – “O que é isso? Será que é seguro?”

E agora? Precisaria confiar totalmente que aquela poção vinha de Snape, e que ele não faria nada para machuca-la.

“E a linha sublinhada? O que quer dizer?!”

- Se transforma... Se transforma... Por que o “t” está maiúsculo? – pensava, andando de um lado para o outro em seu dormitório.

Leu novamente, e mais perto, tentando encontrar algo que pudesse ter deixado passar.

“Espera... Isso não é um T. É um sete! Sete?! Por que?”

Aquilo estava ficando cada vez mais difícil e se surpreenderia se conseguisse decifrar o que Snape estava tentando lhe dizer. Lauren estava começando a ficar nervosa, provavelmente Snape já lhe esperava!

- Calma... Calma. – disse para si mesma, tentando se acalmar, respirando fundo.

“Pensa, Lauren. O que se transforma no 7?”

Ao colocar as palavras em ordem, sua mente deu um estalo. Seu coração acelerou e seus olhos esbugalharam. Sabia onde Snape estava!

Só precisava chegar lá o mais rápido possível, sem que ninguém a visse, pois já passava do horário de dormir. Provavelmente seus colegas estavam todos reunidos no Salão Comunal, conversando, e todos a veriam sair.

“Como ele espera que eu saia das masmorras, a esse horário, correndo o risco de ser pega? Ele não me colocaria em risco dessa for...”

Seus pensamentos interromperam-se ao olhar para o frasco que pousava em sua mão, há vários minutos. Examinou-o e não conseguiu se lembrar de nenhuma poção que tivesse um azul tão vívido em sua coloração.

Snape era o Mestre das Poções. Se ele enviara isso à ela, devia ser seguro, e ele mesmo deve ter testado antes. Não havia mais o que pensar.

- É isso... Vamos lá.

De uma só vez, Lauren tirou a pequena rolha do vidrinho e o virou rapidamente. O líquido era mentolado e desceu queimando em sua garganta. Rapidamente, procurou um espelho para assistir ao que iria acontecer consigo, já que não sentiu reação nenhuma em seu corpo. Assim que mirou seu reflexo, enxergou seus prateados cabelos ficando transparentes, depois seu rosto, seus ombros, tórax, cintura e pernas. Seu uniforme desaparecera. Até ficar completamente invisível. Não conseguia acreditar que Snape havia inventado uma Poção de Invisibilidade!

Não fazia ideia de quanto tempo duraria, então tratou de apressar-se. Abriu a porta de seu dormitório e desceu as escadas correndo. Como imaginara, o Salão Comunal de Sonserina estava apinhado de alunos conversando, brincando, alguns tentando ler. Teria de ser cuidadosa para não esbarrar em ninguém.

Lauren teve certeza que estava invisível ao constatar que ninguém havia reparado em sua chegada. Espremeu-se entre os alunos, tentando ao máximo não encostar em nada. Avistou Draco conversando no canto da lareira com Pansy Parkinson, e concluiu que não havia tempo de sentir ciúmes. Precisava chegar até Severo.

Com muito esforço chegara até a porta, e agora precisaria abri-la, sem fazer alarde. Girou a maçaneta levemente, encolheu-se na parede e puxou a pesada porta, abrindo-a o mínimo possível. Saíra e fechou-a com muita delicadeza atrás de si.

Estava quase comemorando a primeira conquista, quando de repente avistou três alunas chegando para adentrar no Salão. Lauren estava há centímetros das garotas! Com um rápido movimento, se jogou para o lado, tropeçando no chão ao lado da porta. Seus sapatos rasparam no chão, soando como uma lixa. As alunas olharam para os lados, tentando identificar de onde vinha tal som. Não viram nada, deram de ombros e entraram no Salão.

Lauren prendia a respiração, com medo de ser descoberta. Quando viu o corredor vazio, sentiu-se segura para caminhar novamente. Hogwarts estava extremamente quieta e escura naquela noite de quinta-feira. Chegava até a dar arrepios em Lauren. O castelo era maravilhoso, mas a noite, confessava sentir medo do inesperado e desconhecido.

Porém a pressa em chegar a Severo era maior. Engoliu em seco seu medo, e apertou o passo. Era uma longa caminhada das masmorras até o sétimo andar. Seu coração batia rápido demais, sua respiração ofegante, mas não cessava seu caminhar. Ao chegar às escadas, já começara a sentir borboletas em seu estômago. A ansiedade era extrema. Lauren queria pensar em algo específico para dizer a Snape a hora que o encontrasse, mas não conseguia nem mesmo fazer isso. As batidas de seu coração inundavam seus ouvidos. Havia apenas alguns alunos e monitores subindo e descendo escadas, já que o horário de dormir se aproximava. A menina tomava muito cuidado para não esbarrar em nada, nem ninguém.

Ao chegar no quarto andar do lance de escadas, avistou Spencer Sykes fazendo a ronda da noite, com sua varinha em mãos, iluminando os corredores. O que fez Lauren apressar-se ainda mais. Já no quinto andar, Lauren temia o fim do efeito da poção. Seu corpo já quase não aguentava mais o esforço, e a sensação de não conseguir vê-lo era muito esquisita para a menina.

“Vamos... Só mais um pouco.”

A ansiedade em encontrar seu professor favorito era tanta, que mal percebeu que já havia chegado no sétimo andar. Todas as partes de si palpitavam, podia sentir suas mãos suadas. Ao virar no corredor, avistou a enorme parede que abrigava a Sala Precisa. Lauren parara, respirara e tentara se recompor. Milhares de pensamentos invadiram sua cabeça, todos ao mesmo tempo. O quanto amava Snape, o quanto ele havia mudado completamente sua vida em menos de um mês, o quanto tinha sorte de ter sido escolhida por ele. Nem conseguia mais pensar em Draco, Spencer, ou qualquer outra pessoa. Seus pensamentos só gritavam o nome de Severo Snape.

Despertando de seu breve transe, Lauren sacudiu tais pensamentos, e retornara a caminhar, rumo a Severo. Algo na janela à sua direita chamara sua atenção, enquanto caminhava. Parara abruptamente ao ver seu reflexo no vidro do corredor. Olhara para baixo e seu corpo já havia aparecido novamente, por completo. Lauren arregalara os olhos, dando-se conta que precisaria correr para não ser pega!

Simplesmente deu um impulso e começara a correr, cada metro parecia um quilômetro! Ao chegar no corredor que cruzava a Sala, parou e olhou para os dois lados, antes de prosseguir. Vazio. Colocara-se bem na frente da parede, e já sabia como funcionava. Era necessário pensar naquilo que mais precisava no momento.

Respirara fundo, fechara os olhos e deixara Snape invadir toda a sua mente.

“Preciso encontrar Snape. Preciso encontrar Snape. Preciso encontrar Snape.”

Uma porta branca com arabescos pretos materializara-se, e rosas verdes pendiam do batente, envoltas de pequenos caules e espinhos. Lauren admirava a mágica acontecendo diante de seus olhos, com um coração esperançoso. Não podia acreditar que tinha dado certo. Atrás daquela porta estaria seu grande amor e ambos já conseguiam sentir a presença um do outro.