Fanfic: Desejo Concedido (Adaptação - Vondy/Delena) | Tema: Vondy, Delena, Época, Romance

Dulce: Duvido. - sorriu ela, começando a desmanchar sua trança. - Meu avô sempre me disse que para que um lobo nos pegue e nos leve consigo ao fundo do lago, primeiro temos que tocá-lo. - disse lembrando-se do espírito aquático do folclore celta.

Miles: Milady, meu avô... - continuou Miles, subindo na rocha - Quando era jovem, numa tarde ensolarada, viu surgir das águas um lobo transformado em um lindo cavalo negro, metade cavalo, metade peixe, e levar um aldeão que estava dormindo à beira do lago.

Franzindo a testa de um jeito engraçado, Dulce perguntou:

Dulce: É verdade? 

Miles divertido pela expressão, sorriu.

Miles: Milady não acredite em tudo o que conto. Meu avô era muito exagerado, especialmente quando bebia cerveja.

Ambos sorriram. A Escócia era uma terra de lendas.

Dulce: Meu avô e Max adoravam se sentar à noite conosco e nos contar histórias. - sorriu Dulce ao recordar - Eles falavam sobre o pássaro que vive nos lagos, Boobrie, ou sobre o solitário elfo Ghillie Dhu, que habita os bosques de bétulas, vestido só com folhas e musgos fresco.

Miles: Eu não acredito muito nessas coisas, são histórias de velhos. - disse ele. E surpreendendo-a acrescentou-lhe o olhar: - Assim, milady, como não creio que deva dar ouvidos ao que sua irmã lhe disse no bosque. Meu Lord toma suas próprias decisões, e nunca permitirá que ninguém a afaste dele.

Dulce: Oh, meu Deus, que vergonha! - exclamou ela, cobrindo comicamente o rosto ao recordar seus insultos. - Não me diga que escutou tudo? Christopher vai querer me matar por tudo o que saiu da minha boca! 

Miles para acalmar sua senhora, afirmou:

Miles: Não pense que foi de propósito. Eu estava me banhando no lago quando ouvi seus gritos e de sua irmã.

Ao ver que ela olhava para ele, Miles disse, com honestidade:

Miles: Nunca contarei o que gritou. Mas permita que lhe diga que em nosso clã, à exceção do Lord, ninguém ordena a ninguém o que deve fazer.

Isso fez Dulce sorrir e sentir que Miles a apoiava. Envergonhada por tudo o que havia dito sobre Christopher, sussurrou:

Dulce: Miles, eu me sinto péssima. Por minha culpa e meu destempero, alguns guerreiros zombaram de meu esposo.

De súbito, umas gotas de chuva imensas anunciaram a tempestade.

Miles: E seu esposo... - respondeu Miles, ajudando-a a se levantar - Já cuidou disso. E se de algo tenho certeza é de que meu Lord jamais a abandonará. Nós crescemos juntos, eu o conheço muito bem e sei que, quando olha para você, algo acontece aqui nele. - disse tocando o coração - Eu vejo isso nos olhos dele para você.

Isso a surpreendeu. Nunca teria imaginado que ouviria Miles, aquele Highlander grandalhão de cabelo claro, falar de amor.

Dulce: Miles! - exclamou Dulce - Sua mulher deve ficar encantada com seu romantismo.

Os dois sorriram com cumplicidade.

Miles: Estou com saudade de minha linda Maura. - admitiu ele, sentindo-se perturbado ao pronunciar esse nome. E voltando para olhar para Dulce, disse: - Milady, ele está atormentado pelo que aconteceu no outro dia. Basta observá-lo para ver em seu rosto a angústia por causa de sua distância.

Desceram da rocha e correram até chegar aos outros, que, acostumados às mudanças do tempo, comiam como se nada estivesse acontecendo. Dulce se despediu de Miles e se sentou com as mulheres debaixo de uma cobertura feita com paus e capas.

Christopher, distante, mas atento aos movimentos de sua esposa, sorriu ao ver John, o cozinheiro, sem ninguém lhe dizer nada, aproximar-se dela para lhe oferecer um bom prato de comida, que ela aceitou com um sorriso grato.

Christian: O que você pensa que vovô dirá quando a conhecer? - perguntou Christian.

Christopher: Ele se apaixonará assim que ela abrir a boca. - respondeu Christopher a seu irmão, que descansava ao seu lado apoiado na árvore.

Seu avô sempre havia mimado e adorado Violet, sua falecida irmã, que, assim como Dulce, havia crescido cercada de homens e fazendo o que tinha vontade.

Christopher: A presença de Morgana me incomoda. - comentou Christopher.

Christian: Fique tranquilo, irmão. Ela terá que aceitar que a partir de agora a senhora da casa será Dulce.

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Uma vez acabado o cozido de John, Dulce olhou ao redor tentando encontrar seu marido, mas foi impossível. Onde estava?

Antes de retornar a marcha como já havia parado de chover, ela se dirigiu ao lago, onde havia visto algumas ervas que lhe serviriam. 

Lucca: Que procura? - perguntou Lucca, atrás dela.

Dulce: Olhe, venha aqui. - disse ela, arrancando umas folhas. - Estas folhas são de tussilago. Servirão em breve, quando começar a fazer frio e você passar a tossir.

Lucca: Ah, que nojo! - disse o menino, franzindo a testa ao recordar o sabor daquilo.

Dulce: Onde está Evan? - perguntou ela estranhando por não ver o grandalhão.

Lucca: Eu o deixei ali. - disse o menino, apontando para o acampamento. - Acha que veremos Kieran de novo?

Dulce franziu a testa ante a pergunta de seu irmão:

Dulce: Não sei, meu tesouro. Por que pergunta?

Lucca: Porque ele é meu amigo e me ensinou muitas coisas. - e com um sorriso que desarmou sua irmã, Lucca disse: - Além do mais ele nunca me tratou como uma criança, e sei que ele também quer ser meu amigo para a vida toda.

Dulce: Isso é maravilhoso! - assentiu Dulce.

E levantando-se, disse:

Dulce: Muito bem. Ajude-me a encontrar mais ervas, mas tenha cuidado para não cair no lago, está bem?

Com tranquilidade, os dois irmãos começaram a procurar ervas que mais tarde pudessem servir como medicamentos. Até que, de repente, Dulce ouviu a voz de seu marido e seu cunhado. Aproximou-se silenciosamente enquanto Lucca continuava colhendo tussilago.

Christopher: Essa mulher... - disse Christopher com voz grave - Terá que aceitar o que eu disser. Eu sou o Lord. E se eu decidir que ela vai viver com os criados porque não a quero perto de mim ou de minha família, ela aceitará, gostando ou não.

Christian: Isso me parece adequado, irmão. Afinal... - respondeu Christian - Você a conhece melhor que eu.

Christopher: Tem razão! - assentiu Christopher - Eu sei que ela tentará qualquer manobra para me desacreditar diante de vovô. Não confio nela, nem em seu sorriso, nem em suas falsas palavras.

Após alguns instantes de silêncio, Christian disse:

Christian: Ambos sabemos que ela nunca foi e melhor opção para Donan.

Christopher: Eu a detesto. - respondeu Christopher, mexendo no cabelo e recordando Morgana e suas artimanhas. - Se a suporto é pelo desgosto que daria a vovô se eu a expulsasse. Mas pode ter certeza de que, quando eu voltar a Donan as coisas vão mudar.

Christian: Espere chegar, irmão. - propôs Christian levantando-se - Uma vez ali, se vir que apesar de tudo ela continua igual, terás duas opções: tratá-la como uma criada ou devolvê-la ao lugar de onde veio.

Christopher: Pode ter certeza... - riu Christopher amargamente, levantando-se com Christian - Que essa bruxa, quando eu chegar, será tratada como o que é: uma criada.

Quase aponto de sufocar, Dulce começou a puxar o ar, tentando respirar. Assustada diante do que havia ouvido, ela se levantou, tentando acalmar seus pensamentos. Começou a chover de novo.

Lucca: Dulce! - gritou Lucca, entusiasmado, correndo para ela - Olhe quantas encontrei.

Mas, ao dizer isso, o menino tropeçou na raiz de uma árvore e caiu no lago. Quando Lucca tirou a cabeça da água começou a chorar. E então Dulce caiu em si.

Dulce: Pare já de chorar e tente segurar minha mão! - gritou ela, tentando se aproximar do menino em cima da rocha. Mas era impossível alcançá-lo.

Lucca: Não alcanço. - gemeu Lucca.

Ela amaldiçoou aquele contratempo.

Dulce: Fique tranquilo. Bóie como lhe ensinei que já tiro você daí.

Dulce soltou as folhas que levava nas mãos para segurar-se em um galho, que, ao suportar seu peso, quebrou. A moça caiu na água junto com seu pequeno irmão.

Lucca: Que desastrada! - gritou o menino ao ver sua irmã encharcada, com os cabelos no rosto, olhando os pontos em seu braço. - Quem vai nos tirar daqui agora?

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