Fanfic: Desejo Concedido (Adaptação - Vondy/Delena) | Tema: Vondy, Delena, Época, Romance

Quando ficou sozinha, Dulce sorriu. Foi até a janela, onde  esperou ver seu marido chegar ao pátio. Pouco depois, apareceram Christian e Gelfrid para treinar com suas respectivas espadas.

Com um sorriso maroto, ela amarrou o roupão com cuidado. Sem que ninguém se desse conta, foi até o quarto de Marlon. Entrou pela câmara secreta e, após serpear por vários túneis, chegou ao lago. Ali, sentou-se no chão, enquanto o ar agitava seu cabelo e acariciava seu rosto.

Enquanto contemplava a majestade daquelas águas, pensou no que Sara havia lhe contado sobre o desespero e a dor de Christopher ao vê-la ferida. Ele a amava! Isso estava mais do que claro, mas precisava ouvir isso de sua boca.

Depois de um  tempo, decidiu voltar. Ao entrar de novo no quarto de Marlon, notou um quadro parcialmente escondido atrás de um armário. Com cuidado, aproximou-se e, ao tirá-lo, sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem quando comprovou que aqueles diante dela deviam ser Morgan e Judite pais de Christopher.

Ao lado deles, duas crianças, que ela reconheceu como sendo Christian e Christopher. E nos braços da mulher, um bebê, que devia ser Violet. Ela examinou com atenção o rosto de todos eles. Christopher era exatamente igual a seu pai. Os mesmos olhos profundos, porte idêntico, o mesmo cabelo. Ao observar Judite, chamou-lhe a atenção um lindo broche em forma de lágrima preso junto ao coração. Christian tinha o cabelo e a estrutura de seu pai, mas os olhos e o sorriso de sua mãe.

Depois de observar a tela durante um tempo, deixou-a onde estava e saiu daquele quarto para voltar ao seu, sorrindo ao pensar no que diria Christopher se soubesse onde ela estivera.

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Os dias se passaram. O episódio que haviam vivido com Omalley parecia esquecido, mas todos o guardavam no coração.

Para Marlon, Dulce passou de importante a essencial em sua vida. Christopher deixou que Dulce voltasse a seus afazeres habituais. Gostava de ver dia a dia os aldeões tomando-lhe mais carinho. Em várias ocasiões, quando as mulheres a encontravam na cozinha, diziam-lhe como seu Lord ficara preocupado no dia em que a vira ferida.

Dulce gostava de isso. Redobrava a confiança em que seu marido por fim a amasse. Mas Morgana, sempre que podia, fazia comentários como: "Ele sempre se preocupou com suas mulheres". Inclusive, no dia em que ele lhe deu um colar de presente e ela o mostrou a todos com felicidade, Morgana comentou: “Christopher sempre foi muito generoso com suas companheiras". Esses comentários a feriam, mas Morgana parecia não notar, ou não queria notar.

E gostava de lhe recordar que antes dela houvera outra mulher na vida de seu marido.

Lucca, feliz com a recuperação da irmã, com o passar do tempo fez muitos amigos de sua idade. Apesar de algumas mulheres oporem resistência a que seus filhos falassem com aquele pequeno sassenach, no fim ele conseguiu o que queria: ser aceito e ter amigos. E então, começou a aprontar novamente.

Certa manhã jogou uns troncos no lago, e ele e mais duas crianças se sentaram em cima e adentraram as águas. Christopher havia saído para caçar com Christian e vários homens, dentre os quais se encontrava Evan. Enquanto Dulce escolhia um tecido que usaria para confeccionar vestidos, pois precisava ampliar seu vestuário pessoal. O castelo permanecia tranquilo, até que vozes alarmadas de mulheres a fizeram correr para saber o que estava acontecendo.

Dulce: O que foi, Sara? - perguntou ao ver a criada ir ao seu encontro e várias mulheres falando em gaélico tão depressa que lhe era impossível entendê-las.

Sara: Milady, seu irmão e os filhos de Fiorna e Edwina estão no meio do lago.

Dulce: Como assim no meio do lago? - rugiu Dulce.

E ao ver as mães daquelas crianças, que a olhavam com cara feia, acrescentou:

Dulce: Não preocupem, eu os tirarei dali.

Nesse momento, apareceu Morgana.

Morgana: O que as crianças estão fazendo ali? - exclamou, indignada.

Dulce não soube o que dizer, e menos ainda quando as mulheres arremeteram contra ela.

Fiorna: Se algo acontecer com meu filho, senhora... - disse Fiorna muito nervosa - Será culpa de seu irmão. Meu filho nunca se aproximou do lago. Está proibido. Ele não sabe nadar.

Sara: Fiorna, não é justo que diga isso á senhora. - Sara tentou mediar.

Mas os nervos das mulheres estavam à flor da pele.

Edwina: Cale-se, amiga dos sassenachs! - grunhiu Edwina fora de si.

Isso atraiu o olhar de Dulce. Ela viu a raiva nos olhos da mulher, e entendeu que, se algo acontecesse com aquelas crianças, ela seria a culpada.

Dulce: Não se preocupem. - respondeu Dulce.

Tentou se aproximar delas, mas elas desprezaram seu toque.

Dulce: Eu os tirarei imediatamente do lago.

Recolhendo a saia azulada com a mão, Dulce correu seguida por Sara, Morgana e as outras duas mulheres. Ao chegar à margem do lago, viu seu irmão e as crianças, que brincavam sobre os troncos sem ter consciência do perigo que corriam.

Morgana: Vou chamar a guarda. - disse Morgana - Eles vão tirá-los dali.

Dulce: Não é preciso. - disse Dulce, afundando os pés no barro - Eu os tirarei.

Morgana: Christopher vai se aborrecer quando souber. A senhora do castelo não deve fazer essas coisas. - censurou Morgana.

Farta de que todo mundo a julgasse, Dulce gritou:

Dulce: Escute, Morgana! - disse com raiva, enquanto Fiorna e Edwina as observavam. - Quem está ali é meu irmão, e as outras crianças não sabem nadar. Por isso, não vou esperar que a guarda venha para tirá-los enquanto eu fico aqui sem fazer nada. E se Christopher se aborrecer comigo, isso é problema meu, não seu.

Morgana: Muito bem... Eu a adverti. - assentiu a mulher, contrariada, afastando-se para o lado.

Dulce: Lucca! - gritou Dulce, atraindo o olhar do seu irmão.

Ao ver a cara de sua irmã, o menino soube que havia se metido em uma bela confusão.

Dulce: Não se mexa até que eu chegue aí.

Nesse momento, as crianças se deram conta de onde estavam.

Ulsen: Estou com medo! - gritou Ulsen, o menor dos três.

Ao ver sua mãe na margem, agarrou-se no tronco e começou a tremer.

Sem perder um instante, Dulce tirou a capa, o vestido e os sapatos, ficando só com a camisa de linho.

Morgana: Por todos os santos, que está fazendo? - escandalizou-se Morgana.

Dulce, sem perder tempo nem para olhar para ela, respondeu:

Dulce: O que fiz minha vida toda. Tirar esse diabinho de confusões.

E, sem mais, pulou na água. Seu corpo estremeceu devido às águas frias do lago.

Sara: Milady! - gritou Sara - Não sei andar, mas diga-me o que posso fazer para ajudar.

Dulce: Seria bom se ficasse perto de mim na água enquanto der pé. Assim, poderei lhe passar as crianças para que as tire, sem que eu precise fazer várias viagens.

Sara: Está bem. - assentiu a moça, olhando com apreensão as águas escuras.

Dulce: Sara. - disse Dulce, avançando no lago - Tire um pouco de roupa. Senão, não conseguirá se mexer pelo peso.

Sara sem hesitar um só instante, tirou a roupa. Se ela pudesse ajudar sua senhora, ajudaria. Fiorna e Edwina, paralisadas de medo, observavam-nas.

Morgana: Estão em plena luz do dia! Sua atuação é indecorosa. - escandalizou-se Morgana - Vou buscar peles. Irão necessitá-las quando saírem da água.

Sara: Por São Fergus, que água fria! - queixou-se Sara, observando com valentia seus pés e depois seus joelhos, irem ficando debaixo d'água.

Quando não dava mais pé, Dulce lançou-se na água e começou a nadar energicamente até chegar aos troncos que as crianças haviam utilizado para flutuar.

Dulce: Lucca! - gritou para seu irmão, tentando puxar os troncos para a margem - Prepare-se para o castigo que vou lhe dar. Como lhe ocorreu uma ideia dessas?

Lucca: Mas não aconteceu nada! - queixou-se o menino.

Dulce: Lucca! – sibilou Dulce com raiva, tremendo. O lago estava congelado. - Essas crianças não sabem nadar e se caírem na água podem se afogar. Em que confusão se meteu?

Lucca: Mas... - protestou o menino.

Dulce: Cale-se e não se mexa! - ordenou Dulce praguejando.

A margem do lago estava se enchendo de mulheres.

Dulce: Agora, preciso que não se mexam. Tentarei levá-los em cima dos troncos até a margem. Não sabem nadar, não é?

As crianças, com exceção de Lucca, negaram com a  cabeça.

Dulce: Está bem. Se alguém cair na água, a primeira coisa a fazer é mexer as mãos e os pés e procurar um tronco para se agarrar, entendido?

Com toda a tranquilidade que pode, Dulce empurrou os troncos por alguns metros em direção à margem, onde as mulheres os esperavam. A operação parecia transcorrer tranquilamente, até que súbito Ulsen se mexeu, os troncos se desnivelaram e os três caíram na água. Então, foi o caos, tanto na água quanto na  margem, onde as mulheres começaram a gritar histéricas.

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